Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi, mais um capítulo para vocês. Este é curtinho, mas é de coração.

Relembrar que Senhor dos Aneis pertence ao grande Professor Tolkien!

Boa leitura!



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Entregando-se

Não tinham passado a uma milha quando Legolas parou suavemente, sussurrando no ouvido de Arod. De seguida desceu do cavalo e Liz seguiu o seu exemplo.

– O que se passa? – Perguntou a ruiva enquanto dava uma maçã verde a Arod, que lhe acariciou o rosto e os seus cabelos com o seu nariz, fazendo-a sorrir.

– Mirkwood é muito especial. – Ele explicou-lhe. – Tem muitos costumes e tradições, por isso, eu guio, eu lidero, eu mando, ok?

– Ok, príncipe! – Ela fez uma vénia irónica.

– Vamos! – Disse Legolas subindo rápida e graciosamente e ela seguiu o seu exemplo.

Arod corria velozmente e, enquanto cavalgavam, por um momento, Liz esqueceu tudo, esqueceu o Anel Um, a guerra que viria, esqueceu o seu Anel de Paz e o fardo que era para ela e imaginou-se livre. Com o cabelo e o seu próprio vestido a voar ao sabor do vento, sentiu que a sua alma estava a flutuar e a conhecer o prazer da liberdade, porque Liz nunca fora, de facto, livre. O seu Anel sempre a prendera, nunca a permitira viver a vida e, ali junto a Legolas, ela teve um vislumbre da liberdade, mas depressa isso acabou. Acabou quando Liz se apercebeu de que não podia se deixar envolver naquele sentimento que tinha por Legolas, não quando ele não sentia nada por ela a não ser resignação. Mas era difícil para ela manter o sangue frio quando pensava em Legolas e era ainda mais difícil quando os seus braços envolviam a cintura do loiro e sentia o seu cabelo suave na cara… Não! Tinha de chegar até ao fim, tinha que derrotar o Olho e, depois, fugir da Irmandade sem nunca se arrepender, sem nunca olhar para trás, sem nunca viver…

– Vamos demorar pelo menos uma semana. – Legolas sussurrou. – Esperemos que os Orcs ainda se estejam a preparar.

– Vai tudo correr bem. – Liz disse com a voz embargada, pois estava a chorar, e libertou um pouco da sua paz. – Acalma o teu coração!

Eles não pararam nem um segundo e, em seis dias, estavam às portas da floresta de Thranduil.

– Temos que descer. – Legolas disse, olhando para o céu. – Vai chover. Vou mandar Arod à frente para encontrar abrigo junto à cidade. Nós teremos que ficar pela floresta para não nos molharmos. Ainda por cima está escuro…

– Claro. – Liz entrou junto com Legolas, libertando o cavalo, que correu. – Mas não devias ser recebido pelo teu povo? Seria mais rápido.

– Neste tempo, todos devem estar na cidade para ficar mais protegidos. A união faz a força. – Explicou Legolas. – Mas peço desculpa por o meu reino não te agradar. – Disse ele rudemente. – Por outro lado, conforta-me saber isso, pois assim já não me darás o golpe do baú, certo?

– Por acaso, gosto de Mirkwood. – Ela retorquiu, exasperada. – Mas pensava que estavas seguro de que me resistirias. – Troçou ela.

– Tu, a sério… - Legolas sussurrou, vendo que começara a chover. – Anda! Temos de procurar um tronco oco. Há alguns por aqui.

– Eu não sei por que razão me achas interesseira. Eu nunca mostrei qualquer interesse por poder ou por riquezas… - Ela tinha lágrimas nos olhos. – Eu… o Boromir… Eu não sei o que se passou com ele… Se eu tivesse cedido… - Ela interrompeu-se. – Será que não és capaz de ver que eu não sou nem um pouco interesseira?

– Como posso eu ser capaz de ver uma coisa que não é verdade? – Perguntou ele, pondo todo o desprezo na sua voz e no seu olhar que percorria o corpo da ruiva. Sem conseguir se conter, ela deu-lhe uma chapada forte, arrependendo-se logo de seguida.

– Desculpa, Legolas! Foi mais forte do que eu… Tratas-me sempre tão mal, mas tu não és o meu inimigo. Desculpa! Fui tão estúpida!

– Tu não foste, tu és estúpida! – Legolas exclamou num sussurro. – Aqui! Este tronco! – Ele disse, entrando num tronco oco, cuja entrada estava tapada por ervas e ramos espessos. – Liz! – Chamou Legolas quando Liz não entrou. – Entra!

– Eu estou farta do modo como me tratas. – Ela disse, entrando e com um tom final de como quem não quer saber de mais nada vindo de Legolas.

– Eu vou acender uma fogueira. – Legolas anunciou, olhando estranhamente para ela. – Também temos de comer alguma coisa. – Ele acendeu uma fogueira com alguma madeira seca e Liz estendeu algumas mantas no chão.

– Preciso de trocar para uma roupa seca… - Ela falou. – Importas-te de te virar para me dar privacidade? – Ela perguntou, indiferente.

– Claro, eu viro-me! – Respondeu ele embaraçando, mas virando-se. – Podes virar-te também e assim também eu me troco.

– Ok! Já me virei!

Quando os dois se trocaram finalmente, sentaram-se e puseram as suas roupas a secar no calor. De seguida, começaram a comer umas lembas.

– Liz… - Legolas falou suavemente. – Eu não quero que penses que sou assim tão mau, eu não te sei explicar, mas…

– Legolas… - Ela interrompeu-o, tentando largar o assunto. – Tu queres ser rei de Mirkwood? – Ela queria falar de outra coisa, qualquer coisa que a fizesse esquecer daquela tensão entre os dois. – Queres suceder ao teu pai? Desculpa a pergunta, mas uma vez contaram-me que o rei de Mirkwood terá de se submeter a uma esposa escolhida pelo Rei Thranduil.

– Tens razão sobre isso da esposa. Mas o meu pai está de acordo com o ser que eu escolhi. – Ele respondeu.

– Queres dizer que afinal sempre encontraste o amor? – Ela perguntou, sorrindo. Estava feliz e triste ao mesmo tempo. Acreditara que o coração de Legolas ainda não pertencia a ninguém, mas enganara-se. – Isso deve ser tão bom… Amar… amar e ser correspondido.

– Ainda não a amo dessa maneira, mas acredito que, com o tempo, a amarei. – Ele retorquiu.

– Bem, tempo os Elfos têm. – Liz disse, e voltaram de novo ao silêncio.

– Liz, a escolha do Boromir… Tu não tens culpa de ele ter decidido seguir um caminho…

– O pior é que tenho… - Ela retorquiu. – Eu tinha dito ao Boromir que seria muito difícil eu vir a apaixonar-me por ele, mas ainda assim, havia algo que o impedia de aceitar isso a cem por cento. Ele dizia que compreendia, mas sempre tivera uma certa esperança. No entanto, um dia ele viu essa esperança ser destruída pela realidade dos factos e não aceitou bem. Por um momento, um momento, Legolas!, ele cedeu à influência do Anel Um e quis apossar-se dele. Um momento! E eu tive culpa disso. Eu podia amá-lo, sabes? Ele é tão bom, tão bravo, tão imponente, tão lindo! Ele fazia-me sorrir e dizia-me palavras belas… Mas o meu coração… Ele deve gostar de sofrer… O Boromir seria perfeito para mim, seria possível.

– Mas tu não sentes tal por ele, ou sentes?

– Não. – Liz respondeu. – O amor é muito complicado. Quando eu era criança, eu sonhava amar como os casais se amam. Eu sonhava sentir tal sentimento, e parecia-me algo bastante possível, bastante acessível, porque em criança eu conheci as pessoas certas, pessoas amáveis que me mostraram o amor das mais variadas formas, mas eu cresci e em toda a minha vida de adulta, tive alguns vislumbres de amor, mas nunca os reciproquei. Que vida triste!

Liz olhou para a fogueira pensativamente e, de seguida, para Legolas, começando a cantar:

Aqui junto a ti

Vejo o céu estrelado

Mas o que me prende o olhar é a lua…

Tão bela e serena, bem podia ser tua.

Mas não…

Ela é tão poderosa

Ninguém merece tal beleza

Possui tantas faces, por isso dizem-na mentirosa

Mas não…

Ela é misteriosa, natureza incompreendida.

Uma alma perdida, que brilha na escuridão.

Todas as estrelas lá no céu são os que a amam

Mas aquele que ela quer, o seu verdadeiro amor…

É o Sol, tão imponente quanto ela

Tão inalcançável como ela

O amor tem dessas coisas:

A lua tão perdida ama o sol tão achado.

Dois seres que se completam…

Um amor impossível!

A última nota ficou a vibrar no ar e a troca de olhares era intensa entre os dois.

– É tão triste. – Legolas disse por fim. – Penso que é triste porque a percebo.

– Sim… - Liz tinha pequenas lágrimas a deslizar pelo seu rosto.

– Não chores! – Legolas sussurrou, aproximando-se dela e limpando-lhe as lágrimas serenamente, aproximando os seus lábios. – Liz…

A ruiva fechou os olhos, acariciando o nariz do loiro com o seu, sentindo a respiração dele, que se aproximou ainda mais. Quando a ruiva sentiu que o beijo ia acontecer, ela abraçou o elfo, escondendo o seu rosto no pescoço dele, pensando que aquela situação era injusta para ambos. Ela não era tola, tinha visto alguns dos olhares do elfo, sabia que ele estava encantado com a sua beleza, mas ela sabia que isso não era suficiente e, se Legolas a beijasse sem a amar, provavelmente arrepender-se-ia, ainda para mais pensando que ela era uma interesseira, mulher da vida, enfim…

– Liz… - Legolas separou-se do abraço delicadamente, fazendo-a olhá-lo fundo nos olhos. – Eu… Eu quero… Eu preciso… Por favor!

E, dito isto, Liz cedeu, beijando-o. Um beijo que foi ganhando intensidade quando Legolas correspondeu, aproximando o seu corpo do de Liz. Não havia mais palavras, simplesmente gestos e era o suficiente. Liz abraçou Legolas, beijando o pescoço dele suavemente, fazendo-o sorrir de prazer. Liz desabotoou a camisa dele calmamente, como se aquilo fosse algo natural, algo de todos os dias, mas os beijos que ela deu pelo tronco de Legolas eram ávidos, ávidos por mais, ávidos por tudo aquilo que o elfo lhe tinha a oferecer. As suas mãos percorriam o corpo do loiro, catalogando todos os altos e baixos, todas as perfeições da pele clara.

– Sim… Eu quero isso… E isto – Legolas disse, puxando-a para um outro beijo e despindo-lhe o vestido branco suavemente, olhando de seguida longamente o seu tronco completamente nu.

– Eu quero tudo contigo, Legolas. – Liz retorquiu de volta, pegando nas mãos do loiro e colocando-as na sua cintura, vibrando ao sentir o toque prazeroso.

Legolas subiu as suas mãos pelas costas da ruiva, acariciando-lhe uma das suas mamas, fazendo-a gemer. De seguida deitou-se sobre ela, beijando-lhe o pescoço, o corpo inteiro.

– Mais… - Ela sussurrou, mas foi suficiente para ele ouvir e, olhando-a intensamente, Legolas disse:

– Eu quero-te! Por favor, deixa-me fazer-te minha! – Liz respirou fundo, fazendo um grande esforço para não fechar os olhos de prazer.

– Só se me prometeres que te farás meu também. Que eu te farei meu também.

– Eu prometo. Por Eru, eu prometo! – Legolas exclamou, entrelaçando os seus dedos com os de Liz e ambos sorriram abertamente até se inclinarem de novo para se beijarem.

Alguns minutos depois, quando ambos já estavam completamente nus, foi algo natural para Liz abrir as suas pernas e acolher Legolas, como se não fosse a primeira vez que se entregaria e, para ela, não era, pois há muito ela já se entregara a ele de uma maneira muito mais importante do que de corpo: de alma e de coração.

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Liz acordou horas mais tarde com um barulho lá fora e, lembrando-se da noite, sorriu. Estava tão bem com o que se havia passado que podia pular de alegria embora a Terra Média estivesse em guerra. Ela estava feliz, finalmente tinha cedido ao seu amor, e essa era a melhor sensação. Não, melhor ainda era não ter sido rejeitada pelo ser que amava. Melhor ainda era ter sido amada e volta pelo ser que amava. Mas onde estava ele?

– Legolas? – Ela sussurrou.

– Levanta-te! Já amanheceu e já não chove. Temos de nos apressar. Veste-te! – Ele falou friamente, aparecendo e desaparecendo sem sequer a olhar.

O sorriso da ruiva morreu ao sentir que aquilo não era comportamento próprio do amor e Liz nem sequer se permitiu chorar ao se aperceber que aquela noite havia sido uma entrega pela parte de ambos, no entanto, eles não se entregaram ao mesmo: enquanto Liz se entregou ao seu amor e à paixão que sentia por Legolas, este entregara-se ao desejo que sentia pela ruiva – desejo e nada mais.

Liz vestiu-se rapidamente, arrumando tudo e deixando o local como se nem ela nem Legolas tivessem estado ali, como se aquela noite não tivesse acontecido (mas acontecera).

– Legolas, será que podemos ao menos falar sobre o que aconteceu? – Ela perguntou calmamente, enquanto ele seguia à frente.

– Não há tempo a perder. Tenho que avisar Thranduil, meu pai. E ainda temos de regressar a Rohan.

Liz calou-se, seguindo atrás de Legolas rapidamente, pois o Elfo era veloz, e ela dava-se por si a admirar, de vez em quando, a beleza da Floresta Negra, que, alheia à tristeza que dominava o coração da ruiva, continuava imponente e acolhedora, uma casa.

Quando chegaram à clareira, um grupo de elfos já os esperava, provavelmente avisados pela chegada de Arod.

– Príncipe Legolas, não o esperávamos tão cedo. – Um dos guardas disse, curvando-se perante ele.

– Não há mal, Limus. – Legolas disse, vendo os outros Elfos também se curvarem. – E só estou de passagem para falar com o Rei. De seguida, regressamos à nossa missão.

Liz sentiu os olhos pousarem nela e sorriu amavelmente, embora reconhecesse alguns olhares de desprezo, provavelmente por ela ser humana – ou aparentar ser.

– Claro. Vamos! – Eles seguiram a sua escolta e Liz aproveitou para olhar para a árvore onde ela e Legolas haviam gravado os seus nomes. Junto à sua raiz, duas rosas encarnadas de Mirkwood estavam lado a lado.

– Temos duas visitas. O Rei Ibetu e a Senhora Dithinia estão cá. – Um outro guarda disse. – Convidados de teu pai, Legolas.

– Obrigado pelo aviso, Fenwin.

Quando ambos entraram no grande salão, Liz sorriu ao ver Ibetu, Dithinia e Thranduil erguidos lado a lado à sua espera, mas foi apanhada de surpresa quando toda a guarda e Legolas se ajoelharam perante o rei, dizendo:

– Rei Thranduil! Êl síla ned lû e-govaded vín! – Thranduil olhou para ela e Liz, notando que estava a envergonhar-se perante todos, nomeadamente do seu próprio pai e avó, ajoelhou-se e disse:

Gohena-nin! Êl síla ned lû e-govaded vín!

Êl síla ned lû e-govaded vín! – Thranduil respondeu de volta, abraçando Legolas logo de seguida, e a guarda dispersou.

Liz foi abraçada por Dithinia e, de seguida, por Ibetu, que sussurrou:

– Minha filha! – Ela aninhou-se nele, percebendo que ele sempre soubera quem ela era. Claro, era seu pai, nunca conseguiria passar despercebida por ele.

– Há quanto tempo! Finalmente cedeste e vens tomar o teu lugar como rei? – Perguntou Thranduil ainda abraçado ao filho.

– Ada…

– Então, então, Legolas, estás mais do que pronto. – Thranduil retorquiu com um sorriso, separando-se do abraço. – Hoje vamos fazer uma pequena celebração em homenagem a Melody, por isso a presença da sua família. Tens que trocar de roupa. Aliás, têm os dois! – Liz deu um salto quando a voz de Thranduil falando na Língua geral se tornou mais próxima. – Então, Liz, certo, a única mulher da Irmandade do Anel?

– Sim, esse é o meu nome. – Ela sorriu.

– Que beleza! Não deve ser nada fácil estar no meio de tantos homens.

– Hum… - Liz mordeu o lábio inferior, não sabendo o que dizer ao certo. – É natural até. – Ela decidiu dizer por fim. – Porque sempre fui uma humana muito independente e isso geralmente afasta as outras mulheres, de modo que a maior parte dos meus amigos são do sexo oposto ao meu.

– Percebo… - Os olhos de Thranduil brilhavam enquanto ele lhe colocava uma mecha do seu cabelo por detrás da sua orelha esquerda. Muito provavelmente Thranduil estava a notar as parecenças que ela tinha com a pequena Liz que ele conhecera.

– Hum… - Ela olhou para Dithinia, que sorria abertamente, percebendo o desconforto da neta.

– Pai, eu e a Liz vamos ficar apenas alguns dias, pois temos de voltar a toda a velocidade para Rohan… A nossa missão ainda não acabou.

– Eu sei. – Thranduil falou, continuando a olhar para Liz. – Eu notaria se algo tivesse mudado para melhor, meu filho.

– Claro! – A voz de Legolas estava tensa. – Pai, uma guerra está a chegar à nossa floresta.

– Eu sei. Os Orcs estão a preparar-se para a batalha. Devem chegar dentro de alguns dias. Já estamos a preparar todos para a guerra, mas não sei se será suficiente.

– Ajuda virá. – Liz decidiu falar. – O Gandalf disse que ajuda viria, mas estava atrasada e nós só viemos trazer essa mensagem de esperança. Não desesperem, ajuda virá!

– Pai, eu ainda não estou preparado para ser rei.

– Claro que estás! Eu mesmo te preparei. E quanto a esposa, ambos concordámos sobre Rosez. Aliás, eu já a mandei chamar.

– Pai… - Legolas foi interrompido pela entrada de Rosez, mais bela do que nunca, impecavelmente limpa e vestida, fazendo Liz sentir-se mil vezes inferior a ela.

Rosez abraçou Legolas fortemente, esquecendo todos os cumprimentos formais e não sendo olhada por Thranduil por causa disso, como ele fizera com Liz. De seguida a elfo loira separou-se do abraço e dando uma distância a Legolas, colocou o seu punho fechado direito sobre o seu próprio coração, sendo que esse era o sinal que dizia que um ser amava outro e por isso se submetia a ele. Liz sentiu a tristeza tomar novamente conta de si ao ver que jamais seria capaz de se submeter ao loiro pois era sua crença que o amor não tem a ver com submissão.

– Rosez… - Ela viu com algum alívio, Legolas colocar a mão estendida no seu coração, indicando que ele não se sentia assim em relação a ela, mas ao mesmo tempo dizendo que aceitava o seu amor, com esperança de que ele o dominasse e entrasse no seu coração.

Rosez deu-lhe um meio sorriso que morreu ao pousar os seus olhos em Liz, que rapidamente falou:

– Eu peço perdão, mas pouco sei dos costumes daqui. Existe alguma formalidade que tenho de realizar perante a futura esposa do príncipe? – Ela perguntou diretamente a Rosez, cujos olhos se tornaram desconfiados.

– Pai, eu e a Liz estamos esfomeados. Podemos comer? – Legolas perguntou rapidamente.

– Sim, vamos almoçar. Rosez, serás bem-vinda na mesa.

Eles entraram numa bela e grande sala. Ao centro estava uma grande mesa retangular e, em cima dela, para além da loiça e da comida, velas de todas as cores. Cada cor simbolizava um sentimento e o sentimento que reinasse o rei ditaria a vela que seria acesa. Antes de se sentar, Thranduil acendeu a vela amarela que simbolizava felicidade. Era óbvio que estava feliz por ver o seu filho bem e a salvo.

De seguida, todos se sentaram mas, no segundo seguinte, Liz e Rosez ergueram-se. Ao ver o sucedido, Liz riu suavemente, cativando o riso geral, exceto por parte de Rosez e Legolas.

– Penso por bem que não deva ser a futura esposa do príncipe a servir hoje. Eu mesma o farei se sua Majestade me achar digna de tal honra. – Ela olhou para Thranduil que, sorrindo abertamente, disse:

– Mais do que digna, cara Liz! Por favor, Rosez, senta-te!

Rosez assim fez e Liz começou por servir o Rei e, de seguida, Legolas, trocando ambos olhares intensos. Legolas perguntava-lhe com o olhar “O que pensas que estás a fazer?” e Liz respondeu simplesmente com o olhar “Não tens nada que ver com isso.” De seguida, serviu todos por ordem e a si por último.

– Pensei que soubesses pouco dos nossos costumes, Liz. – Thranduil apontou.

– Poucos, mas pelo que me disseram, Mirkwood tem tantos costumes, que poucos se transformam em alguns rapidamente. – Ela sorriu, arrancando uma risada alta do rei.

– O pior é que tens razão. Mirkwood está impregnada de costumes e tradições. Alguns não muitos bons para ser sincero.

– Mas o senhor é Rei, com certeza pode mudar algumas coisas. – Liz ofereceu gentilmente, bebendo um pouco de vinho.

– Sim, claro, mas ainda não vi a necessidade. – Thranduil olhou para Legolas. – O meu filho mais velho, a quem tudo isto devia interessar, não se importa com nada disto. Sabe todas as tradições, aprendeu-as todas como um bom príncipe, mas desde cedo que não as questiona.

– Pensei que não quisesses que as questionasse. – Legolas retorquiu. – Quando o fiz uma vez, tu simplesmente me ignoraste.

– Sim, recordo-me. E ignorei-te porque tu não foste capaz de me responder a uma única pergunta que te fiz naquele dia. Talvez queiras questionar esse costume e responder-me agora à questão. – Thranduil disse severamente, desafiando-o.

– Não. – Ele respondeu friamente. – Foi uma ação estúpida. Percebo agora essa tradição. Peço perdão por a ter questionado. Ouvi a pessoa errada.

– Bem… - Ibetu interrompeu, vendo que o olhar de Thranduil mostrava algum desapontamento. – Contem-nos! Como está a Irmandade?

Liz esperou Legolas responder, fazendo como ele lhe instruíra: deixá-lo liderar.

– Quando começámos a caminhar decidimos ir pelos Montes Brancos, porque a passagem a sul estava a ser vigiada por Saruman, mas o mesmo Saruman impediu a nossa passagem pelos Montes Brancos, então optámos por Moria.

– Quem escolheu ir por Moria? – Perguntou Rosez, que pouco sabia da Irmandade, pois não tinha acesso ao tipo de informação que os outros tinham.

– Todos concordámos, até mesmo Legolas, ok? – Liz retorquiu. – E Moria estava horrível, os Anões escavaram demasiado fundo e atraíram muito as atenções. Orcs e goblins dizimaram-nos e um Balrog foi despertado. Logo nos apercebemos de que a nossa passagem não iria ser fácil.

– Moria sempre foi um perigo. Esperemos que finalmente os Anões deixem de ser teimosos e desistam de reconstruir o reino. – Rosez desejou.

– Pois eu desejo ver Moria de novo, mas na sua glória, e Gimli, o nosso companheiro anão tem desejo de a reconstruir. – Liz sorriu.

– Existe um Anão na companhia? – Perguntou Rosez horrorizada. – Deve ser horrível aturar tão gananciosa criatura.

Liz suspirou fundo, tentando acalmar-se. Legolas olhou-a intensamente, avisando-a para não se descontrolar.

– Diga-me, Senhora Rosez, conhece Gimli, filho de Gloin? – Ela perguntou amavelmente.

– Não.

– Então como pode dizer que ele é uma criatura gananciosa se nem a conhece?

– Está na sua natureza! – Rosez exclamou.

– Assim como está na natureza dos Elfos serem bons e nem sempre isso acontece, não é verdade? – Liz respondeu, vendo que Rosez olhava-a agora com hostilidade. – Como por exemplo, os Uruk-hai.

– Claro, tens toda a razão, Liz! – Ibetu disse amavelmente.

– E Gimli é um dos melhores seres que eu conheci. – Legolas disse por fim, surpreendendo Rosez e Thranduil que, para além da surpresa, tinha também curiosidade.

– Que bom! – O rei disse.

– Sim. – Legolas respondeu curtamente. – Em Moria, Gandalf encontrou-se com Balrog e caiu num precipício e pensámos tê-lo perdido para sempre. Foi a primeira perda da Irmandade. E, mesmo com grande dor, continuámos o nosso caminho, mas os Orcs encontraram o nosso rasto e… - Legolas interrompeu-se, olhando para a ruiva com dor no olhar. – Liz ficou para trás, coberta no seu próprio sangue e pensávamos que tínhamos tido uma segunda perda. Lembro-me perfeitamente que quando estávamos em Lothlórien Boromir quis voltar atrás, mas Aragorn não o permitiu. – Liz sentiu uma lágrima solitária no seu rosto. – Mas Liz conseguiu sobreviver e foi ter connosco. – Ele sorria agora.

– Em Lothlórien descansámos, mas depois tivemos de seguir e quando paramos nas Argonath fomos atacados por mais Orcs, que levaram Pippin, Merry, ambos hobbits e Boromir. – Liz continuou. – Frodo e Sam seguiram de barco para a outra margem e continuaram o caminho para o Mount Doom sozinhos. Legolas, Aragorn, Gimli e eu fomos atrás dos Orcs que levavam os nossos companheiros de viagem. E seguimos o rasto deles até Fangorn, onde reencontrámos Gandalf, o Branco.

– Gandalf, o Cinzento, queres tu dizer. – Rosez corrigiu.

– Não mais. – Liz respondeu. – Agora Gandalf é o feiticeiro branco, o feiticeiro que Saruman devia ter sido. Quando o reencontrámos, ele disse-nos que Pippin e Boromir estavam sobre a proteção de Barbárvore, Fangorn ele mesmo, a alma da floresta, uma Ent.

– E quanto a Boromir? – Perguntou Rosez.

– Boromir seguiu o seu caminho. – Thranduil disse, surpreendendo Liz e Legolas. – Existem meios de comunicação que Elfos e Feiticeiros utilizam sem que seja necessário algum encontro pessoal. Sabemos as provações que Boromir passou na Missão e sabemos que ele empreendeu o seu próprio caminho. É um pouco irónico que sendo ele um senhor de homens, a sua maior provação tenha sido uma mulher. – Ele disse, bebendo um pouco de vinho.

– Bom, por agora, estamos todos bem e isso é que importa. – Disse Legolas, terminando o relato.

– Que sorte! – Rosez disse, oferecendo-lhe um enorme sorriso.

– É uma vitória numa missão como esta. – Disse Legolas.

Agradecimentos

Antes de mais quero agradecer a todos vocês, leitores, pelo vosso apoio, em especial a todos os que comentaram e recomendaram a história(Morgana Crystalyn Black):

Malu Padalecki: Muito obrigada! (E grande nome btw, supernatural ♥ )

joyce hygurashi: muito obrigada, eu peço desculpa por tantos atrasos, mas eu realmente sinto dificuldade em ter tempo para publicar. Eu prometo que vou tentar mais arduamente.

Tasha Reis: Muito obrigada pelo comentário e, mesmo que não comente regularmente, comente vez ou outra, só para não me esquecer de você. E muito obrigada por achar a melhor história que está lendo no momento.

Poupee Chiffon: Muito obrigada, linda! Eu fico tão feliz quando recebo elogios tão bons. Eu também adoro os dois, mas eu escrevo a história, por isso a minha opinião não é muito imparcial. Obrigada!

Black Angel: Muito obrigada pelo comentário. Eu também adoro os flashbacks e conhecer mais da história deles. Não deixarei a história morrer nunca.

Morgana Crystalyn Black: Muito obrigada, linda! Eu sei que me atraso muito por vezes. Mas eu nunca desistirei, mesmo que demore dois meses (espero que isso não aconteça). Eu não tenho palavras para agradecer sua recomendação. Ela é tão linda, e quase me fez chorar (não estou mentindo). Tudo o que posso prometer é que colocarei toda a minha força de vontade nesta história e terminá-la da maneira que ela e vocês, leitores, merecem. Muito obrigada!

RitaMonS: Muito obrigada pelo comentário e pelas suas críticas construtivas. Acredito e sei que Legolas não é bruto, simplesmente se coloca na defensiva em relação a Liz. Muito obrigada pelo elogio à minha escrita, me deixa feliz.


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Notas finais do capítulo

Vocês não sabem quantas vezes escrevi e reescrevi esta cena. Tanto que eu gostaria de fazer, mas pareceu-me certo eles entregarem-se um ao outro em Mirkwood, um local que significou tanto para a relação deles. De qualquer maneira, adoraria saber a vossa opinião, por favor comentem em peso, porque estou realmente insegura.

Kiss kiss,

CR, a autora



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