Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Por favor, não me odeiem! Eu juro que tentei fazer tudo o que tinha a fazer o mais rapidamente possível, mas não foi o suficiente. Me perdoem!
Como sempre, lembrar que o universo do Senhor dos Anéis pertence ao Professor Tolkien!
Boa leitura



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Em Lágrimas e Lembranças

– Então, o que estás a dizer é que eles podem ter escapado para esta floresta? – Perguntou Gimli a Aragorn, tentando olhar para dentro da floresta, mas era noite.

– Sim, isso mesmo.

– Fangorn. – Disse Liz, os olhos brilhantes. – Que alegria! – Ela disse sarcasticamente. – É para entrar? Entramos.

– Mas… Esta floresta… - Gimli exclamou.

– Não vamos desistir agora. – Legolas disse.

– Não ia sugerir isso, mas talvez pudéssemos descansar durante a noite…

– Os Cavalos! – Exclamou Legolas, vendo que os cavalos haviam desaparecido.

– Isto é muito estranho.

– Vamos entrar, não temos tempo para mais nada. Sei que as histórias que contam de Fangorn não são as melhores, mas eu não sinto perigo. Os cavalos estavam felizes. – Disse Liz. – Tenho medo, mas…

– Entramos amanhã. – Decidiu Aragorn.

Depois de acender uma pequena fogueira, os quatro sentaram-se, olhando para as chamas.

– Celeborn aconselhou-nos a não entrarmos muito em Fangorn… - Legolas comentou. – Sabes porquê, Aragorn?

– Fangorn é antiga, muito antiga. – Disse Aragorn. – Antiga como a floresta ao lado das Colinas dos Túmulos, e é muito maior. Elrond diz que as duas são aparentadas, as últimas fortalezas das poderosas florestas dos Dias Antigos, nas quais os Primogénitos perambulavam quando os homens ainda dormiam. Mas Fangorn guarda um segredo próprio. E não sei qual é.

— E eu não quero saber — disse Gimli. — Que nada que vive em Fangorn se incomode por minha causa!

– Existem tantas coisas na Terra Média… - Liz comentou, olhando para Gimli. – Isto é enorme. A floresta de Fangorn já existe desde os Primogénitos, o que significa que, se existem coisas ainda não reveladas acerca dessa era, então Fangorn tem-las. Desejo conhecer toda a Terra Média…

– É improvável que o consigas, pois como tu disseste, isto é enorme, ou seja, é preciso muito tempo para a conhecer. Tempo que os humanos não têm, que tu não terás… - Disse Gimli tristemente. – Pudera eu trocar contigo, Liz, pudera eu entregar-te a vida eterna. Pudera tu seres aquela que amo acima de todos.

– Oh, Gimli, então... No coração ninguém manda. Além disso, eu aceito a vida que me foi dada. É já uma dádiva fazer parte disto. É uma dádiva ter-vos conhecido aos nove. Já aprendi tanto com cada um de vocês. Tu, Gimli… - Ela apertou-lhe a mão e ofereceu-lhe um sorriso. – Tu és dos melhores seres que poderia ter cruzado o meu caminho. E poder chamar-te meu amigo é das melhores coisas que Eru me deu.

– Falas como se te despedisses.

– Não, amigo Gimli. Falo como se o fim fosse amanhã e pode ser… Mas hoje, hoje desejo que saibas… aliás, desejo que vocês os três saibam que, se a vida como a tenho agora acabar, então eu vivi plena de dádivas e, só por isso, vale a pena ter nascido.

Enquanto Aragorn, Gimli e Legolas se deitaram, fitando a floresta à espera que algum monstro surgisse, Liz deitou-se sobre a relva, fitando as estrelas e contando-as enquanto pensava no seu pai.

Ibetu era uma das melhores pessoas que conhecia. Era um poderoso elfo e, ainda assim, não tinha os mesmos preconceitos que a maior parte do seu povo tinha: preconceitos que visavam sobretudo os humanos como criaturas facilmente corrompíveis; Há muito tempo que deixara o seu pai sozinho alguns anos depois da morte da mãe e ainda lhe custava pensar nisso.

– Porque é que estou a pensar nisto? – Ela sussurrou para si mesmo, notando que Legolas a ouvira, mas fingia não o ter feito, sentindo que ela estava a ter um momento particular.

Liz virou-se de costas para os companheiros de viagem, sentindo lágrimas silenciosas descerem pelo seu rosto.

– Por que é que o meu coração não esquece?

Há precisamente 23 anos, a mãe de Liz havia sido assassinada cruelmente por simples mercenários, e tudo poderia ter sido evitado se Liz tivesse revelado onde estava o seu anel de paz.

“- Não lhes digas, Liz!”

– Pára! – Ela pediu a si própria, fechando os olhos e colocando-se em posição fetal, ao ouvir a voz da sua mãe na cabeça minutos antes da sua morte.

Liz respirou fundo, recordando-se do fatídico dia como se fosse hoje.

“Liz andava pela floresta com a sua mãe, as duas cantavam e sorriam sempre que podiam.

– Mãe! – Ela exclamou, apontando para uma planta. – Olha, é uma rosa de Mirkwood! Por que está a crescer aqui uma rosa de Mirkwood? Este é o reino do pai, não é Mirkwood.

Melody imitou a posição da filha que estava de joelhos, fitando a rosa com surpresa.

– Ainda tens as pétalas que Legolas te ofereceu? – Ela perguntou com um sorriso.

– Sim, mas não enterrei nenhuma delas, eu só guardo o frasco para sentir o cheiro porque me faz lembrar Legolas. Além disso, as plantas não nascem das pétalas.

– Claro que não? Estava só a perguntar-te. – A mãe retorquiu suavemente, aproximando a sua mão da rosa, que se desviou ao sentir o seu toque.

– Oh… - Liz aproximou a sua mão da rosa, que a acolheu sem hesitar e Melody aproveitou para também o fazer. Desta vez, a rosa acolheu-a também.

– Algumas rosas de Mirkwood têm uma vida própria. – Melody falou sabiamente, os olhos brilhantes. – Normalmente elas nascem do amor de dois seres.

– Ela nasceu do meu amor e do de Legolas? – Perguntou a menina.

– Penso que sim. – Respondeu a mãe suavemente. – Tu e Legolas ficaram muito amigos e ela sente isso.

– Eu gostava tanto de o ver de novo. – Confessou Liz. – Eu gosto tanto dele. Houve uma vez, depois de ele me preparar a festa de aniversário que ele se magoou.

Thranduil obrigou-o a participar de um duelo estranho para capitães de Mirkwood, porque queria saber se Legolas era realmente o mais indicado para a posição. Os duelos tinham vários concorrentes e duraram alguns dias, mas Legolas estava a sair-se muito bem, sem precisar de magoar ninguém, só subjugar, foi incrível. Todos os movimentos perfeitos dele com o arco e com a espada sempre que preciso. – Liz sorria, lembrando-se de tudo. – Sempre que ele ganhava, ele olhava para Thranduil, que continuava sério, mas eu conseguia perceber o orgulho que ele sentia nele. Depois ele olhava para mim muito seriamente, como se não me quisesse lá, mas ao mesmo tempo feliz por eu estar a vê-lo. Numa noite, enquanto contávamos as estrelas, como sempre fazíamos, ele perguntou-me porque é que eu insistia em ver os duelos. E eu respondi-lhe que era para aprender a lutar.

– Ainda és muito nova para isso.

– Foi exatamente isso que ele disse. – Liz informou, olhando a mãe com surpresa. – Eu disse que ele tinha razão, e disse que via os duelos porque gostava de o ver e tinha medo que ele se magoasse e eu não estivesse lá para o ajudar. E ele disse novamente que eu era muito nova para isso, para gostar de o ver, para me preocupar com ele. Eu não percebi porque ele disse isso, é normal nós nos preocuparmos com as pessoas que amamos, foi o que eu lhe disse, e ele sorriu, abraçando-me suavemente. Os abraços do Legolas são únicos.

– Sim? – Perguntou-lhe a mãe.

– Sim… - Liz sorriu largamente. – Ele abraça e depois, suavemente, mexe-me nos cabelos, é muito bom.

– Mas estavas a contar que ele se magoou…

– Ah, sim! – Ela falou. – No último dia, ele estava a lutar e foi ferido com uma seta na barriga. Ele olhou para mim imediatamente porque eu fui a única que gritou. De seguida, ele deu uns golpes ao Marius, o elfo que lutava com ele, e subjugou-o. No fim, quando todos o aplaudiam, eu saí dali e fui para o meu quarto chorar na minha cama.

– Porquê?

– Eu… Passados uns quinze minutos, o Legolas entrou no meu quarto e fechou a porta que eu tinha deixado aberta e sentou-se ao meu lado, acariciando-me os cabelos, dizendo que eu não precisava de ficar preocupada. Eu olhei para ele e ele ainda estava com sangue. Foi tão assustador… - Ela colocou-se em silêncio, lembrando-se do que acontecera:

«-Liz, está tudo bem. – Ele assegurou-lhe, mas não a impediu de rasgar um pouco da sua túnica para que ela visse o seu ferimento.

– Não! Isto é errado. – Declarou ela, deitando-o de costas para limpar a sua ferida com água e fazer um curativo. – Isto não devia ter acontecido. Perdoa-me por ter fugido, eu só me senti impotente, não te quis ver sofrer. Sou uma fraca.

– Não… Simplesmente tiveste medo do sofrimento, isso é normal. – Legolas falou, olhando-a enquanto ela contornava a ferida. – Mas não podes fazer mais isto. As pessoas que te amam e que tu amas vão querer sempre que tu estejas ao seu lado nos bons e maus momentos. Tu tens que estar lá sempre para as apoiar.

– Eu prometo que estarei sempre ao lado das pessoas que eu amo, eu prometo que não as abandonarei no sofrimento. – Liz disse, olhando-o nos olhos e deitando-se ao seu lado com a cabeça apoiada no pescoço do loiro, que sorriu.

– Eu tenho a certeza que serás uma grande mulher e que cumprirás essa promessa. Queres ir contar as estrelas?

– Não. Hoje quero dormir contigo, pode ser?

– Sim, claro que sim. E eu vou dormir o meu sono élfico, diferente do teu, mas vou fechar os olhos e dormir contigo.

– Obrigada e boa noite! Achas que me podes ensinar a lutar?

– Claro! Eu farei de tudo para que consigas proteger-te, porque eu também me preocupo contigo. Eu também te amo, Liz!»

“- Ele disse que me amava. – Liz levantou-se. – Legolas é muito especial, eu gosto muito dele. Agradeço a Eru ter-me colocado no caminho de um amigo tão especial como ele.

– E só o amas como amigo? – Perguntou a sua mãe, levantando-se igualmente.

– Sim, como querias que fosse? Como tu e o ada? Nana, Legolas é muito velho para mim.

– Isso não quer dizer nada, melinyel! O amor não escolhe idades. – Ela sorria suavemente. – Vá, vamos para casa.

Liz viu o sorriso da mãe morrer e a sua expressão tornar-se numa de preocupação e percebeu porquê ao ouvir passos que não reconheceu. Alguns segundos depois, dez homens moribundos apareceram com espadas em punho.

– Onde está o Anel? – Perguntou um deles.

– Não sei do que fala, meu caro senhor. – Respondeu Melody como se não soubesse o que se passava.

– Não te faças de desentendida! Onde está o Anel da tua filha?

De seguida, os homens avançaram para elas, separando-as.

– Mãe! – Gritou Liz, tentando soltar-se dos braços dos quatro homens que as agarravam.

– Onde está o Anel de Paz? – O homem perguntou novamente no ouvido de Melody.

– Eu não sei! – Ela recebeu um murro na face. – Não se atreva a fazer isso de novo.

– Porquê? Vais matar-me? – Ela recebeu outro golpe, que a deixou a sangrar.

– Onde está o Anel da tua filha? Está com ela? Revistem-na!

– Eu não tenho o meu anel comigo, escusam de o procurar. Nunca o vão encontrar. – Liz disse, segura, fitando os olhos dos homens.

– Onde está ele então? – Perguntou um deles.

– Eu nunca vos direi.

– Não? Nem mesmo se a vida da tua mãe estiver em perigo? – Perguntou o homem que falara primeiro. – Rapazes, mostrem do que somos capazes! – Dito isto, cinco homens começaram a desferir golpes em Melody, que tentava ripostar como podia.

– Parem! Parem, por favor! – Liz tentava soltar-se, ferindo alguns dos homens mas não o bastante para se soltar.

– Diz-nos então aquilo que queremos saber.

– Não, filha, não digas. Eu não tenho medo da morte, Liz, foi uma dádiva que me foi dada por Eru. Sabes que não precisamos temer Eru.

– Nana… - Liz chorava serenamente, mas falou de seguida seguramente. – Nunca vos direi.

– Não? Talvez a ideia da tua mãe mude. Imagino que ela não quererá que a sua filha perca a sua inocência, não é verdade?

– Não se atreva! – Melody falou fracamente.

– Nana! – Liz gritou, sentindo os homens que a seguravam subir o seu vestido. Não era tola, sabia o que o homem queria dizer com aquilo. – Nana, eu não vou dizer nada.

– Liz… - Melody olhou para ela, olhando os homens tentarem rasgar as suas roupas com as mãos sem sucesso, uma vez que o vestido que ela usava era muito resistente.

– Eu nunca vos direi onde ele está, porque nele e em mim estão o destino da Terra Média. Se esse anel cair em mãos erradas o nosso mundo chegará ao fim, e eu não quero isso. Eu quero que toda esta beleza continue. Mesmo que vocês me manchem, mesmo que nos matem, eu continuarei a querer o mesmo. – Liz respondeu profundamente, enquanto sentia parte do seu vestido ser rasgado por uma faca e mãos apalparem as suas coxas e o seu peito coberto. Algumas mãos subiram para as suas nádegas, magoando-a.

– Diz, filha! Diz e eles param!

– Eu não posso, Nana! – Liz disse, sentindo as suas lágrimas.

– Eu sei, filha, eu sei. Perdoa-me! – Melody falou, soltando-se e desferindo alguns pontapés e murros, conseguindo pegar numa das espadas dos criminosos.
Liz lembra-se dos homens a soltarem para ir para o combate, todos, exceto um que a prensava contra a parede e em quem ela sentia uma ereção. O homem insinuava-se contra ela, ainda vestido, provavelmente esperando que mais se juntassem a ele.

– És bela demais. Imagino daqui a alguns anos. Sabes uma coisa? O teu destino é ser uma puta. Todos os homens irão pagar para fazer o que eu vou fazer contigo hoje, e tu vais contar como foi que isso aconteceu e vais falar de mim. Nunca me vais esquecer.

– Não! – Ela soltou-se dele, pegando numa faca que ele tinha no bolso e cravando-lha no peito, matando-o.

De seguida, pegou numa espada, lutando ao lado da mãe, que já havia derrotado três homens.

– Liz, corre e vai avisar o teu pai!

– Não te vou deixar sozinha! – Liz disse, chorando.

– Vamos juntas… - Melody falou, matando mais um homem. – Anda! – Ela correu rapidamente, a mãe logo atrás de si.

– ADA! – Gritou Liz com toda a sua voz. – ADA!

– Liz! – A ruiva sentiu uma espada golpear-lhe o braço direito, mas ela também havia treinado a manusear a arma com o braço esquerdo.

– Nana!

Liz viu uma espada ser cravada em Melody que tombou no chão, respirando com dificuldade.

– Ah!

Ela avançou para os cinco homens que restavam furiosamente, mas não fez mais nada, porque de repente viu flechas atingirem um por um os homens até surgir o seu pai e mais alguns elfos.

– Melinyel! – Ele sussurrou, vendo-a com alguns cortes, mas os seus olhos caíram rapidamente em Melody deitada na relva.

– Filha! – Liz viu a avó correr, ajoelhando-se ao lado da sua mãe.

– Melody, meu amor! – Ibetu ajoelhou-se do outro lado, acariciando a face da sua mulher.

– Nana, está tudo bem? – Liz ajoelhou-se ao lado do pai, fitando a mãe que chorava e sorria suavemente. – Nana?

– Eu amo-vos tanto! – Ela disse com dificuldade, olhando cada um dos três rostos. – Mãe, tu não imaginas o quanto te estou agradecida por me teres posto neste mundo, por me teres criado desta maneira, por me teres feito a mulher que Ibetu ama, a mulher que ama Ibetu.

– Eu sei, filha, eu também te amo. – Midernia beijou-lhe o rosto com lágrimas nos olhos.

– E tu, Ibetu, és e sempre serás o ser da minha vida, o único a quem amei desta maneira. O único a quem me entreguei como mulher. Eu nunca te disse o que me fez apaixonar por ti… Eu apaixonei-me por ti, porque olhei nos teus olhos e vi liberdade. Não me sentia presa a nada, Ibetu, e tu prendeste-me a ti e, de algum modo, isso deu-me a liberdade. Agora entendo porquê. Só se é livre verdadeiramente quando se é presa a alguma coisa. Só temos medo do que acontece quando amamos alguém, mas quando encontramos alguém que nos faz sentir livres então é porque é alguém a quem amamos o suficiente, tanto que não tememos mais nada, nem a morte, porque sabemos que nem isso abalará o nosso amor.

– Eu também te amo.

– Ibetu, Eru colocou-te no meu caminho e, por isso, eu já estou grata. Não quero mais nada, apenas que ele me dê a oportunidade de me encontrar de novo contigo depois da minha morte. Não como fez com Tinuviel, não… Eu quero apenas ver-te uma última vez depois de morta e eu espero que ele atenda a esse meu pedido. Por favor, quando finalmente fores para as Terras Eternas, depois de sentires que a tua missão aqui acabou, depois de tudo, fala com Mandos e pede para me ver de novo, uma última vez, porque eu quero saber se a tua missão acabou bem, eu vou querer saber da felicidade de Liz.

– Eu prometo! – Ibetu beijou-lhe os cabelos suavemente e, de seguida, os lábios. – Amo-te tanto! Não me deixes! Ainda não! Mas se deixares, eu não te esquecerei e eu ver-te-ei de novo. É uma promessa.

– Liz!

– Nana, não vás! Tu não podes abandonar-me! – Liz interrompeu-a com lágrimas.

– Minha filha, minha linda filha, és a luz dos meus olhos. Hoje, vi a mulher que te tornarás, e tenho tanto orgulho, Liz, tanto orgulho na pessoa em que te tornaste. És a criatura mais bela de sempre tanto por dentro como por fora. Mantem-te forte e corajosa como hoje. Promete-me que nunca desistirás da tua missão mas, acima de tudo, promete-me que nunca desistirás de ti.

– Eu prometo! – Ela chorava, desesperada. – Nana, eu devia tê-lo impedido. Perdoa-me!

– Não há nada para perdoar. Tu és a minha filha, é meu dever proteger-te. Estou feliz por ter vivido o que vivi contigo. Gostaria de viver muito mais este amor, esta vida, com todos vocês. Gostaria de te ver uma mulher, de te poder abraçar mais. Devia ter-te beijado mais, mas não me arrependo de nada do que vivemos, Liz. És e sempre serás a pessoa mais importante da minha vida. Amo-te, filha! És a luz dos meus olhos.

– Nana! – Ela deu-lhe um beijo. – Por favor, não vás! Por favor, cura-a, Ada! Cura a Nana! – Liz tentou usar alguma magia, mas sem muito sucesso. – Ada!

– Melinyel, está tudo bem! – Melody disse-lhe com um sorriso. – Promete-me que não esquecerás a tua mãe.

– Nunca! Nana, eu amo-te tanto! Perdoa-me!

– Não há nada a perdoar, Liz, já te disse. És a melhor coisa que me aconteceu.

– Fica!

– Eu amo-vos! – Ela disse, e Liz viu a luz dos seus olhos morrer.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – Ela gritou, olhando para o céu. – NANA! – A sua voz doía mas não mais que o coração. – NANA! ERU, NÃO MA TIRES DE MIM! NANA!

O resto dos dias, ela fechou-se no seu mundo, vendo a mãe ser velada durante dias. Povos vindo visitá-la e o seu pai sempre do seu lado, chorando suavemente com a sua avó.

Foram os momentos mais difíceis da sua vida. Não conseguia falar com ninguém e só comia porque havia prometido à mãe nunca desistir de si própria.
Durante meses não conseguia fitar ninguém. Quando acordava das suas poucas horas de sono, erguia-se, preparava a sua própria comida e escondia-se num dos cantos da floresta.

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Um ano e meio depois, fitava o vazio quando sentiu alguém sentar-se ao seu lado. Fechou os olhos, pensando que fosse alguém para matá-la, mas quando sentiu o odor, abriu-os e virou-se para fitar Legolas nos olhos. Tocou-lhe suavemente no tronco, vendo se era real. O loiro sorriu suavemente.

– És mesmo… Legolas! – Ela abraçou-o fortemente, sentindo as suas lágrimas caírem fortemente e aspirando o cheiro do loiro, enquanto a mão direita de Legolas ia para os seus cabelos acariciando-os.

– Perdoa-me não ter vindo antes. – Ele sussurrou-lhe ao ouvido.

– Não há nada a perdoar. Estás aqui agora! – Ela falou, abafada pelo tronco do loiro. – Legolas, ela foi-se. A minha nana foi-se.

– Eu sei, mas vai ficar tudo bem.

– Não, não vai! Legolas, ela foi-se para sempre! Ela morreu! Não há Terras Eternas para ela. Eu nunca mais a vou ver! Nunca mais vou ver o sorriso que ela me dava todos os dias, mesmo quando eram dias maus. Nem na hora da sua morte ela deixou de sorrir, e tudo para que eu ficasse bem! – Ela separou-se do loiro. – Mas tu não compreendes isto, pois não, Legolas? Porque tu não sabes o que é perder para sempre! Eu sei, e é horrível! Este vazio! Sinto-me vazia!

– É sempre difícil, mas vai ficar tudo bem, tens de acreditar nisso.

– Legolas, não é uma dádiva, é uma maldição. A morte que Ilúvatar deu aos humanos é uma maldição! E a minha mãe não merecia essa maldição. Aqueles homens mereciam, mas a minha mãe não. Eu merecia essa maldição e não a vou ter! Legolas, não há justiça em Eru.

– Não digas isso, tu não mereces a morte. És a mais bela criatura tanto por dentro como por fora.

– Eu causei a morte da minha nana. Eu devia ter dito onde estava o meu Anel e a minha mãe continuaria ao meu lado. Eu devia ter matado o homem que lhe desferiu o golpe antes, mas eu não o fiz. Se eu não fosse tão fraca, a minha mãe estaria viva. Eu tenho que ser forte, eu não posso estar sempre à espera que me defendam. Da próxima vez, pode ser o meu pai, ou a minha avó. Eu não posso permitir que isso aconteça.

– Ouve, Liz! Vai ficar tudo bem!

– Não vai, Legolas, não vai! Tu não sabes o que é sofrer. Não sabes o que é perder alguém para a morte, para uma maldição.

– Tens razão, eu não sei o que é perder alguém para a morte, mas sei o que é sofrer. Eu estou a sofrer contigo, Liz, eu estou a sentir a tua dor. Eu sinto-a com todo o meu ser, é como se eu tivesse perdido a minha própria mãe.

– Desculpa!

– Não me peças desculpa! Eu quero ajudar-te! Tens que sair deste vazio. Tens que te abrir de novo ao mundo. – Ele disse, limpando-lhe as lágrimas e fitando-a. – Tens que voltar para o teu pai, para a tua avó… eles precisam de ti.

– Tens razão, e eu também preciso deles. – Liz acariciou o rosto de Legolas. – Estás cada vez mais belo.

– Tu também! – Legolas retorquiu, sentindo Liz pegar nas suas mãos, contornando o anel que ela lhe havia feito.

– Gosto tanto de ti! – Ela disse, olhando-o nos olhos. – Obrigada por teres vindo.

– Sempre! A Melody era uma pessoa muito bela por dentro e por fora e percebo quão difícil é, mas os vivos precisam de ti.

– Tens razão! – Ela deitou o seu rosto no tronco do loiro que se deitou sobre a relva. – Posso?

– Claro que podes, Liz! – Ele disse, acariciando-lhe os cabelos enquanto a ruiva chorava como se a alma lhe quisesse sair do peito.”

–*

– Liz!

– Eu já fiz tanta coisa errada nesta minha vida, Legolas, eu já quebrei tantas promessas… - Ela sussurrou ainda de costas. – Perdoa-me!

– Toda a gente tem os seus maus momentos. Não há nada a perdoar!

– É claro que há! – Ela exclamou, sussurrando.

– Está tudo bem…? – Ele perguntou, pegando-lhe na mão e metendo-os na posição conchinha.

– Não! Hoje é um dia difícil para mim, apenas isso. Obrigada por te preocupares.

– Não gosto de te ver sofrer, devias sorrir sempre. – Ela sorriu suavemente, apertando-lhe a mão. – Exatamente assim. Esse sorriso lindo que arrebata corações. – Disse ele, mesmo sem lhe ver o rosto.

– Obrigada! E perdoa-me, mesmo!

– Não percebo… Eu… Não há nada a perdoar.

– Há imenso… mas eu não mereço. – Ela sussurrou ao mesmo tempo que Legolas apertava o abraço e afundava o seu nariz nos cabelos da cor de fogo de Liz, que se sentiu adormecer enquanto chorava.


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Notas finais do capítulo

Não podia deixar de agradecer a recomendação da Cherry, porque eu adoro ler as recomendações. Obrigada! Obrigada também a todos os leitores, que são cada vez mais. A todos os que não comentam, gostaria de pedir que o fizessem, pois eu respondo a todos os comentários sempre que consigo. E assim, sinto-me mais próxima a vocês e sinto mais motivação a escrever, porque não escrevo só para mim.
Espero que tenham gostado do capítulo! Eu prometo que voltarei em breve!

Kiss kiss,

CR, a autora