Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi.... foi rápido (mais ou menos, né?)

Boa leitura!!



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O Voo sobre Celebrant

Galadriel olhava a Irmandade ao longe enquanto esta conversava no dia seguinte à sua chegada. Quando chegara, a Irmandade estava exausta e havia sido submetida ao seu olhar. O grupo parecia bastante unido apesar das duas perdas e ela acabara de mandar procurar por Gandalf. O Mago com certeza não iria embora antes de concluir a sua Missão. Quanto a Liz, tanto ela como Celeborn sabiam quem era, pois Elrond fizera questão de lhes contar. No entanto, eles não tinham a capacidade de detetá-la, talvez por ela estar longe, ou por ela ter partido depois de enfrentar os Orcs, ou por ela simplesmente não querer ser encontrada. Era bom, porém, saber que havia uma pessoa naquela Irmandade que acreditava que Liz ainda vivia. No entanto, Galadriel sabia que isso não era o bastante.

- Aragorn, filho de Arathorn… - Galadriel sussurrou quando o Humano foi ter com ela depois de se afastar do grupo. – Que queres?

- Eu tenho uma coisa que quero confiar-te! – Aragorn respondeu. – Podemos afastar-nos um pouco?

Galadriel anuiu com a cabeça, andando lado a lado com o Humano.

- Olhaste dentro da minha cabeça, sabes aquilo que tenho. – Ele começou, enquanto andavam. – Liz confiou-mo para dar a Undomiél.

- Não! – Galadriel respondeu prontamente, virando-o e vendo o anel na palma da sua mão. – Aqui não queremos nada que nos faça sucumbir ao poder.

- Este não é um fardo como o Anel Um. – Aragorn explicou.

- Como podes dizer isso, Aragorn, filho de Arathorn? – Perguntou-lhe ela. – O Anel Um foi o causador de muitas guerras, o da Paz, não. O Anel Um fez mais vítimas que o da Paz. Todos estes factos são verdadeiros. Mas a Guardiã sofreu por ele, e não foi só por causa de a sua mãe ter sido morta à sua frente. Quando Liz fugiu de casa, ela percebeu a verdadeira grandeza das coisas. – Galadriel olhou-o nos olhos. – Aragorn, durante muitos anos, vários Elfos lutaram contra aqueles que queriam o Anel de Paz para o seu proveito próprio. Muitos anos fugiram os seus pais e ela, enquanto muitas mortes aconteciam. E ela apercebeu-se disso quando fugiu, quando cresceu para entender.

- Eu não pensei que fosse tão grave assim.

- Mas é. – Galadriel suspirou. – E se ela realmente deixou a Terra Média, pouca esperança nos resta.

- Ela passou o fardo a Arwen.

- Eu tomei conhecimento disso, Aragorn, mas se quiseres que esse Anel lhe seja passado, terás de voltar atrás e ir até Undomiél. – Galadriel concluiu.

- Mas eu não posso! Gondor precisa de ser salvo! – Ele exclamou.

- Então, lamento! – Ela deixou-o frustrado, olhando para o anel na palma da sua mão.

- Oh, Liz! – Ele sussurrou, sentando-se no chão e fechando a mão. – Oh, Liz, que fizeste tu? Que fiz eu? Alguém tem de voltar atrás, Galadriel tem razão, mas essa possibilidade não se apresenta boa para qualquer um de nós.

- Aragorn! – Gimli apareceu junto com Legolas e Frodo. – Que se passa?

- Estou apenas pensando para mim próprio, Mestre Gimli! – Ele respondeu, levantando-se e sorrindo. – É tão bom estar aqui! Nunca me senti tão seguro desde que partimos de Rivendell.

- Liz tinha razão em nos ter sugerido para irmos para aqui! – Gimli concordou com um sorriso. – Este é realmente um ótimo lugar. Apetece-me nunca partir!

- Mas temos de o fazer, Mestre Gimli, temos uma Missão a cumprir, embora eu te compreenda. – Legolas falou solenemente.

- Eu sinto-me culpado… - Frodo sussurrou para eles. – Ela meteu-se à minha frente para me proteger. – Todos perceberam que ele falava de Liz.

- É uma coisa que não percebo. – Disse Legolas. – Ela podia ter-te derrubado. As flechas não estavam suficientemente baixas para acertar-vos no chão.

- Ela provavelmente não teve tempo de fazer tal. – Aragorn mentiu, sabia muito bem o porquê de ela não poder tocar em Frodo. – Agora, vamos juntar-nos a Boromir e ao restante dos Pequenos! – Ele disse e voltou para junto do resto da Companhia com os outros três logo atrás de si.

- Eu acho que devíamos homenagear Liz. – Disse Merry assim que os outros quatro se sentaram ao pé deles.

- Eu concordo com o Merry. – Boromir sussurrou. – Os Elfos fizeram o mesmo com Gandalf, mas não homenagearam Liz, pois não a conheciam, mas nós sim.

- A Liz adorava morangos e amava a Natureza! – Frodo exclamou. – Lembro-me da delicadeza dela a comer os frutos vermelhos, como se tivesse pena de saber que eles, uma hora ou outra, iriam acabar.

- Vejam, é de noite! – Pippin olhou para o céu estrelado. – Um dos passatempos de Liz era contar as estrelas do céu.

- E ela dançava tão bem! – Gimli exclamou. – A fogueira, ela era uma tremenda dançarina.

- Ela era uma ótima dançarina, como se de um Elfo se tratasse. – Concordou Aragorn.

- E era linda! – Boromir exclamou. – Não só por fora, que foi o que me prendeu inicialmente a atenção, mas por dentro. A criatura mais bela no interior e no exterior que alguma vez conheci. – Ele tinha alguma dor no olhar.

- Ela sabia como eu amo as flores e jardinagem, e muitas dicas me deu para fazer florescer as flores mais lindas de toda a Terra-Média. – Sam tinha os olhos a brilhar.

- Coragem ela tinha dentro de si. – Merry falou.

- Sim… - Pippin concordou. – Ela confessou-me que adorava a balada de Leithian, que conta a história de Beren e Lúthien. – Ele olhou para Legolas. – Podes cantá-la um pouco, caro Legolas? Bem sei que é longa, mas uma parte…

- Não! – Respondeu ele, deixando todos surpreendidos. – Eu não compactuo com esta homenagem póstuma.

- Mas porquê, Elfo teimoso? – Gimli parecia exaltado. – Sabemos que não gostavas dela, mas ela fazia parte do nosso grupo e morreu por todos nós.

- Para, Mestre Gimli! – Legolas levantou-se, olhando para o céu. – Quando as estrelas se apagarem, eu cantarei a balada de Leithian em homenagem a Liz.

- As estrelas não se vão apagar nunca, seu imbecil! – Boromir exclamou igualmente exaltado.

- Ainda bem! – Legolas sorriu, deixando-os.

- O que…? – Frodo estava chocado. – Nunca pensei que ele a desprezasse tanto assim.

- Por vezes, as pessoas pensam de maneira muito diferente. – Aragorn explicou calmamente. – O que para ti pode ser desprezo, para Legolas pode ser diferente.

- Eu vou procurar aquele Elfo e dar-lhe uma lição. – Gimli deixou-os igualmente, indo pelo caminho do loiro.

Ele avançava rapidamente e conseguiu alcançá-lo facilmente, já que o loiro avançava devagar.

- Ouve lá, seu Elfo inútil! Como podes desprezar tanto assim a memória de Liz? – Ele perguntou com alguma raiva.

- Mestre Gimli, eu já disse o que tinha a dizer! – Ele virou-se para o Anão.

- O que se passa? – Perguntou Gimli, vendo vários Elfos correndo alarmados na mesma direção.

- Não estão a falar muito alto. – Legolas respondeu. – Penso que detetaram movimento à beira do rio Celebrant. Acham que podem ser Orcs. Não, espera! Ao que parece, alguém conseguiu passar o rio. Orcs eles pensam, pois encontraram algumas dessas criaturas em Lórien, no lado de lá de Celebrant.

- Mas e os sentinelas Elfos que estavam de guarda?

- Estão bem, ao que parece! – Legolas percebeu.

- Mas então a senhora Galadriel corre perigo! – Ele exclamou. – Temos de a proteger!

Gimli começou a andar para junto do resto do grupo enquanto Legolas lhe explicava por que razão não aceitara cantar a balada de Leithian.

- O que se passa? – Perguntou Aragorn, já todos estavam levantados, pois haviam sido alarmados pelos Elfos que corriam.

Legolas respondeu-lhe assim que chegou com Gimli

- Devemos proteger Galadriel! – Exclamou Gimli urgentemente.

- A senhora Galadriel é mais forte que muitos homens valorosos! – Aragorn respondeu, tentando acalmar o Anão. – Não conheces os seus feitos?

- Lembro-me que Liz falou que as mulheres eram tão boas como os homens e que deu exemplos de figuras femininas do povo élfico para provar isso. E uma delas era Galadriel. – Gimli falou, tentando raciocinar.

- Exato! – Legolas acenou positivamente. – E que ela sabia muitas Histórias verdadeiras, eu não posso negar.

- No entanto, é melhor vermos como ela está! – Gimli falou mais calmo e o grupo avançou todo junto com as armas em punho e prontas para qualquer perigo.

- O que fazem aqui? – Perguntou Galadriel, assim que os viu à porta do Salão.

- Os Elfos estão alarmados… Pensam que a floresta está em perigo! – Explicou Aragorn.

- Sim… Eu sei, mas perigo não pressinto! – Ela falou suavemente. – Apenas uma surpresa me atravessou na noite quando os meus guardas me informaram que alguém passou voando o rio Celebrant.

- Voando? – Perguntou Legolas com o arco virado para o ar no caso de haver algum perigo. – Acaso uma criatura alada desconhecida?

- Não! Acho que não era uma criatura alada, meu caro Legolas! – Celeborn disse. – Somente disseram que uma criatura voava sobre Celebrant.

- Mas então se não era alada…? – Gimli não percebia aquilo.

- Foi o que os meus guardas me disseram, surpreendendo-me. Alguém atravessou Celebrant voando.

Legolas franziu a testa, tentando assimilar a informação e pensar racionalmente sobre ela. Foi nessa altura que ele percebeu um movimento atrás de si e se virou, aprontando o arco para disparar.

- Voando? – Perguntou a figura à frente da mira do Elfo de Mirkwood. – Permitam-me dizer quão criativos os Elfos de Lórien são, senhores Galadriel e Celeborn!

- Não devíeis ficar surpreendida, Liz! É fácil ser-se enganado por vossa beleza! – Brincou Galadriel, vendo a ruiva cair de joelhos, fraca.

- Liz! – Reagiram todos, avançando para ela.

- Hey! – Ela levantou a palma da sua mão. – Estou muito fraca para uma festa! – Ela meteu a mão na sua barriga. – Consegui estancar os meus ferimentos, mas preciso de me tratar. Aragorn, podes aproximar-te, por favor? As tuas mãos têm poder curativo.

- Liz! – Ele correu para ela, ajoelhando-se e olhando-a enquanto lhe apertava os ombros. – Liz, o que tens?

- Para além dos ferimentos na coxa e na barriga, um Orc ainda me atingiu o braço esquerdo, por isso, tive que trocar o arco pela espada.

- Não estás a deitar sangue da tua boca? Porquê? Pensei que tivesses perfurado um órgão interno qualquer… - Ele respondeu, analisando-a.

- Não creio que isso tenha acontecido. – Ela respondeu prontamente. – Creio que trinquei a minha língua com a dor. Sou tão estúpida! – Ela riu com a sua idiotice, mas, mal começou, doeu-lhe. – Ah, acho que parti algumas costelas!

- Vamos mergulhá-la nas águas de Liben! – Galadriel avançou para eles, acompanhada por Celeborn. – Não só vai ajudar-te a limpares todo esse sangue, como tem certos poderes curativos.

- Pena que não possa restaurar as costelas partidas! – Celeborn sorriu para a ruiva. – A tua gargalhada é mágica, pelo que consegui ouvir.

- Obrigada! – Ela levantou-se com a ajuda de Aragorn. – Podes abaixar o arco, Legolas, creio que não sou um perigo no meu estado. – Ela falou friamente para o Elfo, que abaixou o arco.

- Vamos as duas sós. – Galadriel falou altivamente e Aragorn largou a ruiva que seguiu lado a lado com a loira, fugindo da vista de todos.

- Oh, Ilúvatar! – Boromir exclamou, ajoelhando-se. – Obrigado!

- Todos nós pensámos que ela estava morta! – Gimli exclamou. – Devemos esperar por ela aqui, quero saber se está bem!

- Sim, esperemos! – Aragorn disse ao perceber que todos queriam esperar ali.

- Eu vou deitar-me! – Anunciou Legolas prontamente.

- Nem pensar, aguardas connosco! – Gimli estava furioso.

- Eu não obedeço a ti, Gimli! – O Elfo respondeu, olhando-o profundamente.

- Podes ir, Legolas! – Aragorn autorizou e ele deixou-os.

- Mestre Gimli, os Elfos vivem os momentos de outra maneira. – Explicou Celeborn ao Anão.

- O senhor Celeborn está aqui, não está? – Exclamou Gimli.

- Pronto, cada um reage como reage, independentemente da raça a que pertence. – Celeborn respondeu sabiamente, tentando acalmar todos eles, enquanto os seus pensamentos o levavam para Galadriel e Liz…

*Enquanto isso, no lago Liben…*

- Ahh… - Liz mordeu o lábio inferior, para não gritar muito alto enquanto Galadriel lhe descobria os ferimentos e a despia totalmente.

- Tem calma, Guardiã, percebo o teu sofrimento.

- Eu sei, mas estou sem paciência! – Ela explicou um pouco irritada. – Arranca a faixa da minha barriga, que se lixe!

- Como quiseres! – Galadriel obedeceu e Liz mordeu o seu próprio braço para não gritar.

- Ótimo, mais uma ferida para juntar às poucas que já tenho! – Falou ela ironicamente, vendo os seus dentes marcados na pele. – Posso entrar? – Perguntou ela, apontando para o lago.

- Claro!

Liz entrou calmamente nas águas, sentindo-as adentrar o seu corpo e acalmar as dores que sentia. Fechando os olhos, pensou no que acontecera.

- Como escapaste aos Orcs? – Perguntou Galadriel, sentando-se altivamente numa rocha.

- Bem, com pontaria, espada e correria. – Ela respondeu simplesmente, abrindo os olhos e olhando-a. – Tive também um pouco de sorte, admito.

- Não foi sorte, Guardiã. – Galadriel explicou-lhe. – Não és poderosa apenas por causa do Anel de Paz. Há algo dentro de ti, Liz! – Galadriel entrou no lago mesmo vestida. – Não foi por acaso que foste a escolhida para esse fardo. A verdade é que és a criatura mais corajosa que alguma vez vai existir, e a mais forte também, e não é por causa do Anel.

- Tolices! – Ela sorriu.

- Não duvides de mim.

- Não é de ti que duvido, Galadriel. – Liz falou profundamente. – Mas de mim.

- Eu sei! – Ela olhou-a nos olhos profundamente e Liz sentiu a sua mente ser invadida

- Não me faças isso! – Liz implorou. – Ainda estou muito fraca! E estou vulnerável sem o meu Anel!

- É quando se está mais fraco, que se descobre a essência das pessoas. – Galadriel afirmou seguramente, abaixando as mãos para o tronco de Liz e mexendo nas suas costelas. Liz engoliu um grito de dor. – Não estão partidas, apenas deslocadas! – Ela mexeu com alguma força.

- Ahh… - Ela mordeu o lábio inferior enquanto sentia as suas costelas a voltar ao seu sítio certo.

- Menos vulnerável?

- Por favor, Galadriel, esta não é a hora indicada! – Liz falou, sentindo as lágrimas nos seus olhos.

Galadriel ignorou-a e adentrou a sua cabeça, vendo os seus desejos. Ela percorreu as memórias da ruiva e percebeu Legolas nelas.

- Eu posso dar-to, sabes? – Ela falou dentro da sua cabeça. – Bem conheces o meu poder, sabes que sou capaz de dar o que quiser. Liz, se queres Legolas, eu dou-to, se me deres o teu Anel de Paz, se me fizeres sua portadora legítima! – Galadriel ofereceu-lhe. – Vá lá, tu própria não gostas desse fardo, vá…

- Não! – Liz respondeu na sua cabeça também, suportando o seu olhar. – Bem sei que me mentes, bem sei que me dizes aquilo que pensas que eu quero ouvir, mas estás enganada, Galadriel… Eu realmente penso em Legolas quando penso em amor de amantes, mas não é por o amar dessa maneira, mas sim por causa de uma promessa que fizemos um ao outro há anos.

Galadriel saiu da mente da ruiva, que respirou fundo.

- Bem sei dessa promessa, vi-a na tua mente. – Galadriel falou, sem se abalar. – Mas penso que estiveste quase a cair na tentação, e isso não te torna uma pessoa de muita confiança.

- Mentes! – Liz contrariou-a calmamente. – Eu não o amo dessa maneira e jamais cairia numa tentação de amor forçado. Jamais entregaria o meu Anel sem morrer primeiro.

Liz avançou pelo lago, queria chegar à margem, onde lhe esperava um vestido que provavelmente lhe haviam deixado.

- Sim, é para ti, mas ainda não disse tudo! – Galadriel virou-se para ela, que rodou ainda na água para a olhar.

- Eu é que ainda não disse tudo, Galadriel. – Liz falou raivosamente, sentindo ainda muitas dores. – Muitos anos de sabedoria tens tu, anos que uma jovem como eu nunca compreenderá inteiramente, anos de sabedoria que eu nunca alcançarei, mas uma coisa eu sei. Não sou eu aqui a tentada! – Liz apontou-lhe o dedo. – É a ti que todo o poder te tenta! O do meu Anel de Paz tenta-te, mas aquele que mais desejas é o Anel Um, pois pensas que não o vejo? Fui feita para perceber a cobiça das criaturas perante o Um Anel e o meu próprio Anel! Tu é que tens de ser testada ao poder! – Ela virou-se, andando lentamente para a margem.

- Liz! – Galadriel alcançou-a pertíssimo da margem e apertou-lhe o pescoço contra a terra. – Conheces a minha história, destaco-me pela minha sabedoria, mais do que me destaco pela minha força física, mas também sou forte e a história o conta. – A Liz custava-lhe respirar. – Se o que dizes é verdade, o que me impede de te matar aqui e depois convencer Arwen a passar o fardo para mim?

- Olha para mim, Galadriel! O que mais queres é o Anel Um, não o meu. Agora, larga-me! A vida está a deixar-me… - Ela sentia as lágrimas a cair dos seus olhos.

- Queres saber uma verdade, Liz? – Galadriel falou imponentemente. – A verdade é que tu amas Legolas e só não sucumbes à tentação porque sabes que ele te odiará ainda mais do que aquilo que já te odeia. É por isso que o tratas tão friamente.

- Para! – Liz fê-la soltá-la e foi para a margem onde vestiu o vestido azul-escuro que lhe haviam deixado. – As tuas palavras são duras e magoam! – Ela vertia algumas lágrimas, visivelmente perturbada. – E preciso de descanso, pois o meu corpo ainda não está curado! – Ela passou a mão pelo seu pescoço, enquanto tentava parar as lágrimas.

Liz começou a andar para uma das direções enquanto contava as estrelas, tentando acalmar as suas lágrimas e pensando nas palavras de Galadriel que, apesar de duras, eram verdadeiras. No entanto, não era apenas por Legolas que não sucumbira à tentação. A missão do Anel da Paz, a de destruir Sauron de uma vez para sempre, já lhe pertencia e ela iria com ela até a cumprir ou até a matarem.

- Ainda tens muitas dores? – Liz virou-se repentinamente para Legolas que lhe falara.

- Ah… - Ela sentiu uma pontada na sua coxa. – Sim, muitas… Algumas… Poucas. – Ela virou as costas para ele e seguiu o seu caminho, mas conseguiu-o ouvir perseguindo-a. – Legolas, estou exausta para desconfiares de que sou um perigo para todos.

- Eu posso levar-te para onde estamos instalados. – Ele ofereceu prontamente. – Não desconfio de ti neste momento, Liz.

- Não quero estar ao pé de ti, Legolas, preciso de repousar serenamente. Vou arranjar um sítio calmo para mim. Obrigada!

- Ao pé de mim…? – Legolas perguntou. – Não podes fazer isso, Liz, não por causa de mim! – Legolas parou em frente a ela. – Eles perderam a esperança de que ainda vivias, e querem estar junto a ti. – Liz baixou a cabeça. – Por que choras, Liz? Acaso a invasão de Galadriel à tua mente te afetou?

- Insensíveis são os Elfos… - Liz suspirou. – Creio que os anos que já viveram vos façam desprezar um pouco as demais criaturas.

- Não digas mentiras, Liz. Nós, os Elfos, somos as criaturas mais delicadas que existem. – Legolas subiu-lhe o rosto. – E as tuas lágrimas afetam os Elfos mais sensíveis.

- Então creio que nem tu ou Galadriel façam parte desse grupo de Elfos. – Ela enfrentou-o friamente, tentando parar as lágrimas.

- Não digas isso, Liz… E escusas de ser tão fria, não te fica bem. – Ele falou, meio zangado.

- Se não gostas de mim como sou, conheces a solução: afasta-te! – Ela mandou, passando por ele.

- Liz… - Ele continuou atrás dela. – Não percebo por que razão estás tão irritada. Bem sei que te sentes frustrada, porque eu sou o único que vê o quão interesseira és, mas daí a irritares-te assim…

- Legolas, como é que não ouviste os Orcs? – Perguntou ela, virando-se violentamente para ele. – Como é que a tua audição não os ouviu?

- Eu… - Legolas baixou o olhar envergonhado, mas não ia admitir que estava demasiado atento a ela e aos seus movimentos. – Eu não sei. – Ele olhou-a e viu o olhar glacial dela.

- Eu sei… - Ela respondeu. – Tu desconfias de mim, Legolas, pensas que eu sou uma interesseira, que quer poder, provavelmente pensas que quero o Anel Um para mim. – Liz afirmou calmamente. – E eu sei que, como descendente de Thranduil, tens algum dom de Visão do futuro. Tu estavas com esperança de que eu morresse, por isso, não nos alertaste antes…

- Como podes dizer isso? – Ele perguntou, realmente furioso. – Nós somos um grupo, Liz, eu seria incapaz de tamanha maldade!

Liz sentiu as lágrimas verterem calmamente e ergueu o rosto para o céu. Era tão difícil sentir-se tão vulnerável em frente a Legolas. No entanto, ao mesmo tempo, era natural, pois o Elfo já a tinha visto assim mais vezes do que qualquer um, exceto Ibetu.

- Desculpa, Legolas… - Liz falou, sem virar o rosto para ele. – É só que… Eu tive tanto medo de morrer. – Ela sussurrou. – De morrer sem saber o que é amar alguém e ser correspondida.

- Oh, Liz… - Ela sorriu quando percebeu que Legolas chorava. Não que ela gostasse que ele sofresse, mas ele só chorava por ela, porque conhecia o seu medo.

- Preciso de descansar. – Ela olhou para ele, que acenou positivamente. – Leva-me para onde vocês estão instalados, por favor! Tens razão, eles querem estar junto de mim.

- Vamos! – Ele seguiu à frente e ela seguiu-o. – Eu vou chamar os outros. – Ele avisou, depois de Liz se deitar numa cama que ele preparou com folhas. – Eles vão gostar de falar um pouco contigo.

- Obrigada! – Ela agradeceu, unindo brevemente as suas mãos.

Liz fechou os olhos enquanto ouvia Legolas se afastar. O Elfo virou-se e olhou-a demoradamente. Nunca perdera a esperança de ela estar viva e, agora que a via, o seu coração pulava de alegria, e ele não percebia porquê. Ele desprezava-a e sempre fizera questão de lhe salientar isso, então por que razão se preocupava tanto com ela? Por que razão se preocupava com o facto de ela poder vir a apaixonar-se por Boromir? Por que razão sonhava tantas vezes com ela durante o tempo que podia dormir (à maneira élfica, claro)? Por que razão pensava que Liz era a criatura mais simpática, mais enigmática e encantadora que ele alguma vez conhecera? Por que razão sentia cada vez mais que aquele anel que ele trazia no seu anelar esquerdo precisava voltar para Mirkwood? Por que razão parecia que ele estava completamente apaixonado por ela?

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Espaço de agradecimentos

Quero agradecer a todos os leitores... 20 leitores! Que bom! Quero agradecer, em especial, àqueles que deixaram comentários nos dois anteriores capítulos:

Tathiane Rodrigues de Souza: Continue lendo a fic, sua linda! E me delicie com os seus comentários! Você é uma leitora completamente completa, perceba a redundância... Muito obrigada!

Emilly Cecélia landwoight: Bem vinda e muito obrigada pelo comentário. Ainda não decidi sobre Haldir... 

Garota Review: Boromir é fofo, ponto. Muito obrigada!

Aline: Eu gosto tanto de suspense e de vos atormentar. Delicioso! Muito obrigada!

Nathalia Lopez Lobo: Muito obrigada! Você é maravilhosa acompanhando todas as minhas histórias!

Black Angel: Oh meu Deus! Eu nem reparei na sua recomendação, podia ter-me alertado por mp, não, aliás, devia tê-lo feito! É linda e maravilhosa e deliciosa e tudo de bom. Os seus comentários são enormes e você é uma leitora linda e querida e fantástica. Muito obrigada! Muito obrigada! (mais umas mil e quinhentas vezes muito obrigada!)

Quel: Sim, a imaginação não tem limites e a sua fofura também não. Muito obrigada pelo comentário!

Uchiha Alexia: Bem vinda, leitora nova! Muito obrigada pelo seu comentário e eu espero que continue amando a história.

Acho que tá tudo. Se falhei alguém, me avisem!


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Reviews são bem vindos!

Kiss kiss,

CR, a autora