O dia então amanheceu. Acordei precisamente quando o primeiro galo cantou. Apesar do som estar longe, toda aquela ressaca por ter bebido demais e acabar embriagado na noite anterior, fez a minha cabeça doer, como se simplesmente pudesse explodir. Sendo assim, o mais simples barulho poderia despertar-me daquele sono, que era pesado, porém meu corpo estava sensível.

"Eu não amo mais você"... Era tudo que eu conseguia lembrar da noite que se passou. Não lembrava das outras palavras ditas, não lembrava do que fiz, apenas de um hotel barato e um coração partido. Tudo que se passava naquele segundo em que as poucas lembranças que me restavam acabaram fazendo eu sentir-me um perdedor. E era isso que eu era. Não, não poderia acabar assim, correrei atrás do meu erro, e recuperarei o coração da minha beija-flor.

Ao aproximar-me lentamente da casa em que a dona eterna do meu coração reside, vi uma cena que acabou comigo. A minha beija-flor abraçava outro, e tinha como consolo os ombros dele, e chorava muito. Ambos estavam parados em frente à residência em que ela habita, ele parecia tão cuidadoso ao secar-lhe as lágrimas.

Meu coração se encontrava apreensivo - sendo que a culpa de tudo era minha - ao ver aquela nessa em que ambos assemelhavam-se à amantes. Mas nada daquilo doeu tanto quanto as ultimas palavras que ele lhe proferiu, enquanto ia embora.

– Melhore, minha pequena beija-flor. - E então, ecoou na minha mente: "Não responda nunca, meu amor, nunca, à qualquer um na rua: beija-flor..."