Os três apareceram à beira de um penhasco. Percy tomou um susto ao olhar para ele, deu um salto para trás praguejando. Anoitecera de novo, e logo atrás dos três havia um rochedo longo e estreito e lá na ponta, há no mínimo duzentos e cinqüenta metros do chão havia dois pilares gigantes com no mínimo cinqüenta metros cada e extremamente grossos.

 Algo se moveu nas sombras a frente de Dohko, ele se preparou para um ataque e serrou os punhos. Uma cadela gigante saiu de dentro dos arbustos, um cão infernal, Percy a conhecia era a Srta O’Leary e havia alguém em cima dela, pequeno demais para ser Tyson e grande demais para ser Ella. Era Nico di Angelo.

-Nico? – Perguntou Percy.

-Percy – Respondeu Nico desmontando.

 Um farfalhar ouviu-se à direita do quarteto. Percy sacou Contracorrente, Nico desembainhou sua espada de ferro estígio e Dohko e Manigold se preparam. Um garoto do tamanho de Percy, também asiático, saiu de trás das árvores à direita, ele era um pouco mais musculoso que Percy, com cabelos castanhos espalhados e incríveis olhos vermelhos. Da cor... Da cor do sangue, Percy ficou olhando para aqueles olhos durante alguns segundos.

 Ele tinha uma armadura incrível também, só que prata, com grevas e manoplas, um tipo de elmo que mais parecia uma tiara. Ela era basicamente uma placa de peito, placas de ombros, joelheiras, botas de aço e prata para os pés, incríveis luvas também prata, que se transformavam em braceletes à medida que chegavam ao cotovelo do menino, e uma espécie de saia de aço em prata.

-Tenma! – Exclamou Dohko.

-Dohko! – Disse o menino em resposta. – Manigold.

 Ele soltou o último nome como se fosse uma maldição. Percy não conseguia ver o porquê de eles o compararem aquele menino chamado Tenma. Ele não parecia ter nada de especial, exceto os olhos.

 Manigold riu em resposta e se mexeu inquieto.

-Percy – Murmurou Dohko. – Esse é Tenma de Pégasus. Ele é um Cavaleiro de Bronze.

 Percy não entendeu o porquê de a armadura ser prateada, mas assentiu.

-Olá – Disse Percy. – Sou Percy Jackson, filho de Poseidon. – O garoto Tenma não fez nenhuma careta ou menção ao nome Poseidon e apertou a mão de Percy e Nico pigarreou, Percy havia se esquecido do amigo. – Esse é Nico di Angelo, filho de Hades.

 Depois disso aconteceu tanta coisa ao mesmo tempo, que Percy precisou de um momento para processar. Nico praguejou e xingou Percy. Tenma murmurou: “Hades?” e “Alone!” empurrou Percy e correu na direção de Nico que de alguma forma desceu para o chão e reapareceu encima de uma árvore nas sombras. Manigold e Dohko pareceram não entender o que acontecia.

-Filho de Hades?! – Gritou Tenma. Sua voz era temível quando ficava com raiva. – Eu vou matar você! Meteoro de Pégasus!

 Percy achou bobo ele gritar aquilo, mas depois percebeu que aquilo não tinha nada de bobo. Meteoros realmente saíram meio que do punho do garoto e foram na direção de Nico, que ficou parado até que um borrão dourado passou na frente dos meteoros azuis que explodiram contra o muro dourado. Era Dohko, o cavaleiro estava com a face franzida e recuara alguns centímetros no ar. Ele caiu no chão e Tenma correu até ele murmurando “Bakka!”.

-Por que ficou na frente?! – Gritou Tenma. – Bakka!

-Não me chame de bakka, Tenma! – Murmurou Dohko se levantando e limpando a armadura. – Ainda sou seu mestre. E não vai lutar com o garoto. Ele tem pouca ligação com o Hades que conhecemos. Não sente? Ele não possui cosmo.

-M-Mas... – Gaguejou Tenma.

-O que tem o Hades de vocês?! – Percy soou como Percy, lento e burro. Ele se xingou por perguntar isso, mas Nico desceu da árvore e respondeu:

-Ele é um recipiente, o tal do Alone – Respondeu Nico. Sua jaqueta de aviador estava cheia de fuligem e com folhas que pareciam perder a cor em contato com sua pele. – Meu pai não é Hades-sama. Ele é Hades, só Hades. É como se fosse Plutão o deus romano e Hades o grego, são as mesmas divindades, só que deuses diferentes em personalidade, aparência e essas coisas.

-Outro deus?! – Perguntou Percy retoricamente.

Nico soltou uma risadinha e pigarreou.

-Ah, sim. Hã, Tenma, Dohko, Manigold temos de ir salvar Annabeth.

-E Atena – Disseram Dohko e Manigold, mas ao mesmo tempo Tenma disse: E Sasha.

-Quem é Sasha?! – Perguntou Percy ao mesmo tempo que Tenma perguntava: Quem é Annabeth?!

-Annabeth, minha namorada, ela é filha de Atena. – Disse Percy.

-Filha?! Bakka, o que está dizendo?! – Tenma disse aquilo de um jeito que deu uma pontada de raiva em Percy,

-Annabeth é filha da deusa Atena – Disse Percy. E depois de ver a expressão de Tenma explicou: É como se fossem a mesma divindade, mas com personalidades e aparências diferentes. Como Poseidon e Netuno, entende? Atena é a mãe de Annabeth, mas a Atena que você conhece é outra, só que tem o mesmo espírito divino.

-Hum... Acho que sim. Mas, estamos perdendo tempo. – Tenma virou-se para Dohko e disse: Vamos recuperar Sas... Atena e essa... Filha dela, Annabeth.

-Vamos- Respondeu Manigold. - Mas quem manda aqui somos nós, Tenma e Percy. Vocês são só pirralhos fracos. A primeira prova de vocês é escalar esse rochedo, e você também filho de Hades, está meio magricela, presumo que tenha de permanecer aqui em baixo.

-Não – Respondeu Nico sombriamente. – Sem mim vocês nunca resgatariam Atena.