Encontrei Damon no meio do grupo dos “populares”. Eu sabia! Ele mais um  típico garoto vazio sustentado apenas pela beleza.

Bem no fundo estava um pouco triste por ele estar com eles agora. Mesmo que não tivesse parecido, eu tinha gostado dele. Do exterior, claro.

Passei direto por ele e sentei no meu lugar. Ainda precisava falar com ele, só não sabia se vai mais a pena.

- bom dia.

Ele se sentou no mesmo lugar de ontem – atrás de mim.

- oi?

Ele sorriu confuso.

- posso falar com você? É que é um assunto meio chato.

- claro. Manda.

- é que ontem você nos disse que era daquela cidade, Centralia e eu decidi pesquisar um pouco sobre ela - Ele arregalou um pouco os olhos, em um movimento quase imperceptível – e descobri que ela foi totalmente destruída em um incêndio, mas ah uns 50 anos atrás.

- e...? – ele perguntou.

- e? Como assim... e? Você não vai me explicar isso?

- pesquisou a cidade? – ele fez uma cara tipo ‘você é louca?’

- responde minha pergunta.

No momento em que ele abriu a boca, a bruxa entrou na sala de aula.

Rrrr que raiva! Mas ele ainda vai explicar isso!

No intervalo das aulas corri até a biblioteca e pesquisei sobre aquelas cidades que Damon tinha falado que já conheceu. Eu sei que posso estar parecendo uma maluca, mas se fosse com você, provavelmente faria o mesmo. Sem contar que isso me daria mais argumentos.

“Bodie – Califórnia: com o fim do ouro... desabitada no final do século 19.”

“Pyramiden - Noruega: om o fim da União Soviética, a cidade perdeu a força e, em 1998 foi abandonada.”

“Bullfrog – Nevada: em 1907, encerrou o último negócio da cidade. Um dos símbolos da cidade (o hotel) sofrera um incêndio em 25 de junho de 1906. Em 15 de maio de 1909, ocorreu o encerramento da estação de correios e Bullfrog transformou-se numa cidade fantasma e abandonada.”

Qual era o nome das outras cidades mesmo? Ah não importa! Saí correndo pela escola em busca do mentiroso-Damon, mas no meio do caminho esbarrei em alguém.

- Srta. Elena? O que está fazendo fora da sala de aula? – o Sr. Fill me segurou.

- ah, érr... Eu já tava indo.

- pois deixe que eu te acompanho.

Virei os olhos. Teria que falar com Damon no almoço.

Quando o sinal finamente tocou, corri para o refeitório. Meus amigos já estavam na minha mesa, e Damon também. Corri em direção a ele.

- oi linda! – Caroline disse.

Sem pensar puxei Damon para longe das mesas. Ele me acompanhou, sorrindo.

- pode explicar agora?

- o que?

- você sabe o que. Ah, e pode explicar também como você já conheceu aquelas cidades destruídas a mais de séculos? São todas cidades fantasmas.

Esperei para ver se ele respondia, mas ele não fez nada!

- Bullfrog foi abandonada em 1909!

- você é realmente inteligente hein?

Juntei as sobrancelhas. O que? Ele tava me zoando?

- Você mentiu não foi?

- não. – ele deu de ombros.

- não?

- não.

- então explica. Por que disse que visitou e até nasceu naquelas cidades que nem existem mais?

- porque eu realmente nasci e já visitei aquelas cidades. – ele sorriu despreocupado.

- você é louco! – balancei a cabeça.

Ele riu. Voltei para a mesa e ele se sentou ao meu lado e começou a conversar com os meus amigos, como se a nossa estranha conversa jamais tivesse acontecido!

Na saída, fui surpreendida por Damon me chamando.

- o que foi?

- pra onde você vai?

- pra casa? Pra onde mais eu iria?!

Ele riu.

- vem comigo.

- pra onde?

- vem.

Ele me levou para uma praça. E se sentou em um banco em frente ao rio. O rio estava lindo com o sol iluminando a água limpinha. Eu me sentei a seu lado.

- então, pode fazer todas as perguntas que quiser. – ele disse se inclinando pra frente.

- hum... Você tem mesmo 19 anos?

- não. – ele arregalou os olhos e logo depois começou a rir.

- pensei que falou sério quando me mandou perguntar.

- e falei. E eu respondi sério.

Como assim?

- ok... Aonde você tava antes de vir pra cá?- continuei.

- Londres.

- ok, essa eu sei que ainda existe.

Ele riu.

- como você passou por todas aquelas cidades se elas não existem mais?

- quando eu as visitei, elas ainda existiam.

- como? A maioria delas foi destruída ou abandonada a muito tempo atrás.

- justamente.

- você ta dizendo que viveu a séculos atrás? – levantei a sobrancelha.

- séculos não, tempos.

- ta, tipo um imortal? – essa conversa tava muito esquisita.

- tipo isso.

- você. É. Completamente. Louco. – falei pausadamente.

Ele riu.

- você é louca. Você pesquisou todas as cidades que eu já visitei.

Abaixei a cabeça.

- então você é imortal?

Ele riu.

- sou mais que isso.

- o que você é?

- o que você acha que eu sou?- ele se virou pra mim.

- eu não sei... Se você é mais do que um imortal então você é...

Ele riu.

- vampiro.

- “Acredite no amor. Acredite na magia. Acredite em Papai Noel. Acredite em você mesmo. Acredite nos seus sonhos. Se não o fizer, quem o fará”? – Jon Bom Jovi.

Eu sorri.