Memórias De Bruxas Semideusas escrita por Amanda Rocha, Lux Malfoy


Capítulo 2
A fuga do orfanato


Notas iniciais do capítulo

Então, demoramos, mas aí está o capítulo! Ficou meio grandinho porque o meu P.O.V. relata meio que os dois lados, mas acho que ficou legal. Então, enjoy >



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P.O.V Madison

Era mais um dia calmo no orfanato, me surpreendi por alguém não ter vindo me zuar com as mesmas coisas de sempre.

Madison, já está na hora de levantar. - Diz a Sra. Thompson. Acredite, ela é MUITO chata.

Por favor Sra. Thompson, me deixe ficar mais um pouco! - Quase implorei.

Não! Você sabe que tem horário marcado para levantar. Levante-se, agora! - Fala em um tom severo e sai, já vai tarde...

Levante-se agora! - Falei imitando a voz irritante dela. - Ahh nojenta! - Fui no banheiro e coloquei uma roupa comum que usava sempre. Escovei meus dentes e ajeitei meus cabelos. Eu sempre que me olhava no espelho me sentia diferente. O que eu mais admirava em mim era meu sorriso e meu queixo fissurado. Por que eu não podia ser como as outras garotas? Por que eu não tinha amigos? As vezes, ouço uma voz de um homem dizendo que tudo iria melhorar. Só que eu não sabia de quem era a voz. Hoje mesmo eu iria tentar fugir desse inferno! Pois nem queira passar o que eu passei... Mas se não der certo, dane-se! Pelo menos eu tentei. Mas eu irei tentar sempre. Eu dividia meu dormitório com 4 garotas metidas., então deixaria para arrumar minhas coisas quando elas estivessem no jardim pois é bem capaz de elas abrirem o bico e dizer que eu irei fugir!

P.O.V. Gwen

Odeio segunda-feira. Realmente odeio. O motivo? Bom, pelo simples fato de eu ter que me acordar sete horas da manhã para ir a escola. Tudo bem que eu tenho que acordar às sete todos os dias, mas por alguma razão na segunda feira parece pior. Enfim, a primeira coisa que eu faço quando acordo é ir dormir novamente. É, eu sei, é estranho, mas há algo mágico em acordar e saber que você pode dormir novamente. E ainda é totalmente vantajoso, pois sempre que eu acordo as meninas do meu dormitório já saíram. E falando nelas, considere-se muito feliz por não ter que ir dormir todas as noites ouvindo a tagarelisse ridícula sobre o tamanho das unhas delas. Foi com um enorme bocejo que eu abri os olhos pela segunda vez para iniciar uma incrivelmente monótona manhã de segunda-feira onde a minha aventura começaria. Se eu soubesse do que ia acontecer eu não estaria triste daquele jeito... Olhei no relógio e não me surpreendi nem um pouquinho ao ver que faltavam apenas cinco minutos para a primeira aula começar. Já era comum para mim me arrumar as pressas e correr feito uma louca pelo orfanato, e foi isso o que aconteceu. Meu cabelo estava todo bagunçado, para variar, e talvez fosse por isso que as pessoas ficaram me olhando daquele jeito, mas, acredite, depois de treze anos no orfanato você se acostuma. A escola fica bem em frente ao orfanato e, para a minha incrível tristeza, era a vista principal da janela do dormitório. Quando cruzei o portão, o tiozinho (também conhecido como porteiro) ficou me encarando.

Bom dia para você também! - eu disse, com o sorriso mais falso que eu consegui dar. O tiozinho murmurou alguma coisa como "sempre atrasada...", mas que antipático. Depois eu é que sou a anti-social...

Entrei na escola e fui direto para a minha sala, preparada para ter mais um dia de aprendizado sobre coisas que eu esqueceria cinco minutos depois das avaliações... Eu não gostava de escola. Nunca gostei. Para mim parecia uma prisão, assim como o orfanato. Você não podia sair da sala sem o consetimento de um adulto, tinha hora para chegar e sair, e era obrigado a obedecer as ordens da "autoridade". Um verdaeiro filme de terror, para mim... Aliás, minha vida no orfanato era assim. Um pesadelo que eu só queria acordar. Eu sempre notei o jeito que os pais me olhavam quando iam adotar crianças, era como se eu não estivesse para adoção! Desde então eu simplesmente descartei a hipótese de alguém me adotar. Eu passaria minha vida inteira naquele orfanato até ter idade para viver sozinha.

Depois de um dia cansativo no que eu gosto de chamar de cativeiro, eu estava com um enorme galo na testa e uma detenção. O galo é resultado da brincedeirinha que Patty e as Patinetes - o apelido que eu dei às meninas metidas lá do orfanato - pregaram em mim. E a detenção é resultado da minha vingaça contra elas. Mas é claro que a Sra. Crantt não entendeu que para ser uma vingança, deve ter havido um ataque antes. Eu até tentei explicar isso pra ela, mas, assim como todas as vezes, a minha opinião foi ignorada. "Tenho certeza de que elas não colocaram o pé para você cair de propósito...", ela me disse com aquela voz de quem fez umas quinhentas cirurgias nas cordas vocais e ainda não deu resultado. Geralmente, minha teimosia me obriga a ficar batendo boca com ela por mais um tempão, mas quando aquele galo começou a latejar eu dei o braço à torcer e voltei para o orfanato. Cara, eu sou a pessoa mais preguiçosa do mundo. Depois de me entupir de salgadinho (que, só para deixar claro, eu tive que "pegar emprestado" da cozinha), eu fui fazer o tema e de repente... PUF! Acordei com o barulho de alguma coisa sendo quebrada no andar de baixo. Me levantei pronta para ir lá ver quem foi o idiota que estava estragando o meu sono quando alguém adentrou o dormitório.

Então, lembra que eu disse que no meu dormitório só tinha garotas metidinhas? Essa aqui é uma exceção. Ela é um ano mais nova que eu, e tem dislexia também, a diretora nos colocou no mesmo dormitório pra ver se a gente virava melhores amigas ou coisa assim. É claro que não funcionou. Apesar de eu e ela sermos zuadas por quase toda a escola, eu não sou do tipo que faz amizade muito fácil, então nunca falei com ela realmente, acho que é pelo fato de ela ser meio loira, e eu tenho essa mania de não gostar de gente loira (na verdade, eu não gosto da grande maioria das pessoas, independente da cor do cabelo, mas tenho mais tendência a não ir com a cara de loiras).

Olha, você tem que vir rápido, está havendo um incêndio no andar de baixo!! ela gritou.

Incêndio? - ergui a sobrancelha. Tá bom... Eu sei que tem um galo na minha cabeça, mas eu ainda estou lúcida, então vá pregar peças em outra pessoa!

Garota, eu estou falando sério! Não é brincadeira, acha que eu iria brincar com uma coisa dessas? Anda, vem rápido! - Falei a puxando pelo braço.

E aí, mesmo contrariada, eu segui a Madison. Ah é, esse é o nome dela. Eu nem sei porque segui ela, afinal quais as chances de um incêndio no orfanato (se bem que seria uma ideia, e uma boa oportunidade de fugir)? Mas eu decidi que ia perdoar ela mesmo se não fosse verdade, sabe como é, a coitada tem dislexia, déficit de atenção e sabe lá mas o quê, deve até imaginar coisas. Aí você se pergunta: Mas, Gwen, você não tem essas coisas?, então eu respondo que não. Tudo bem, eu tenho. Mas ainda não foi provado, nenhum médico veio me medicar como se eu fosse deixar isso acontecer, não que eu tenha medo de médicos ou coisa assim... -, mas a supervisora disse que eu apresento sintomas de dislexia e déficit de atenção. O que não prova nada pra mim. Então eu vejo as letras se mexendo, e daí? As aulas começam muito cedo, o que eu posso fazer? Meus olhos apenas não enxergam bem nessa hora da madrigada...

Foi só descer até o segundo andar pra ver a correria.

Bloody Hell! Então realmente tem um incêndio! eu exclamei, apavorada. Depois me virei irritada para Madison. Por que você não me avisou?

Madison me olhou incrédulo e eu sacudi a cabeça. Alunos e funcionários corriam por todo o saguão, todos gritavam como se já estivessem sendo queimados. Frescura, na minha opinião. Além do mais, o fogo ainda estava apenas no térreo.

Fiquem calmos! gritou a coordenadora do orfanato, a Sra. Andria. Nunca gostei muito dela (ela era loira). Façam uma fila calmamente, não se assustem, já chamamos os bombeiros. Vamos, façam uma fila! Iremos sair pela saída de emergência e...

Fez-se um breve silêncio e um segundo depois absolutamente todos os alunos se amontoaram na porta e saíram correndo. Não sei como, mas nesse momento o meu cérebro me mostrou a luz. Enquanto todos saíam correndo para fora do orfanato, eu corri para o outro lado. O refeitório estava completamente cheio de fumaça, foi quase difícil chegar até a geladeira. Peguei uma mochila que estava atirada por ali e a enchi completamente com as coisas que eu achei necessária para a sobrevivência coisas como chocolates, refrigerantes, salgadinhos, só o essencial e, quando o alarme de incêndio tocou outra vez, avisando que o fogo se alastrara para o primeiro andar, eu saí desembalada pela sala enfumaçada, quase caí de cara no chão quando tropecei em um banco, e corri pra fora dali.

Venham, rápido! ouvi o grito da diretora. Segui a voz dela e saí pela saída de emergência. O pátio nunca esteve tão cheio daquele jeito, quase não era possível ver os portões. Todos corriam de um lado para o outro, gritavam desesperados, era a oportunidade perfeita para mim. Sem olhar para trás, eu simplesmente corri para fora dos portões. O porteiro não estava (graças a Deus), parecia que tudo estava a meu lado. Parei depois de dar uns dois passos pra fora e olhei por trás do ombro, seria a última vez que eu veria aquele orfanato. Meus treze anos de sofrimento ali seriam apenas uma lembraça depois daquele. Com um suspiro e um sorriso, não hesitei. Saí correndo pela noite fria, com os ventos em meus cabelos e apenas a luz dos grandes prédios e lojas me guiavam. Estava livre, finalmente livre. A não ser...

Gwen! Gwen, espera aí!

Eu demorei a perceber que era comigo, até gritarem mais umas duas vezes o meu nome. Me virei e adivinha quem era? A tonta da Madison! Aquela garota tinha me seguido até aqui.

É melhor voltar! gritei, dando as costas e recomeçando a correr. E se contar para alguém sobre mim eu vou... Vou... Bom, você vai se dar mal!

Mas eu não vou contar! ela retorquiu. Quero ir com você!

Eu parei de vez. Ela disse isso mesmo?

Como é que é? perguntei erguendo a sobrancelha.

Eu disse que quero... ela ia repetir, mas eu a interrompi.

É, é, eu ouvi. Mas eu não estou indo na padaria, estou fugindo. Não vou voltar nunca mais, então pode voltar e...

Eu também quero fugir!

Tudo bem, esse não era o meu plano inicial. O meu sonho de liberdade era apenas para mim, liberdade para a Gwen, ninguém mais! No máximo um cachorrinho, mas isso não vem ao caso agora... Eu teria ficado discutindo com ela a noite inteira se fosse preciso pra que ela me deixasse em paz, mas eu não estava a mais de dez metros do orfanato, e era perigoso alguém nos ver. Simplesmente aceitei o fardo que queria me acompanhar, e nós seguimos sozinhas pela escuridão daquela rua pacata de Nova York, a rua em que eu nunca mais chegaria nem perto. Meu futuro começava ali, e tudo o que eu estava desejando enquanto me corria sem destino pela cidade grande, era que este fosse melhor do que o meu passado...


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Notas finais do capítulo

Até que não ficou TÃO grande... Mas então, gostaram??? O que acham que vai acontecer com elas?? E agora, somente as duas sozinhas pela perigosa Nova York. E onde está o maldito sátiro?? Tudo isso no próximo capítulo de,,, ~suspense~ "As Aventuras de Duas Bruxas Semideusas"... ~pausa dramática~
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