Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 31
O assassino é amaldiçoado


Notas iniciais do capítulo

Olá amorecos! Como vão?
Booom, foi mal pela demora(novamente)
Estava curtindo as férias U.u Como foi a de vcs? Espero que beem,.
Hoje tem revelação importante e foto do Dan boy magia



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O Rick ficou surpreso por apenas poucos segundos. No minuto seguinte vi uma bola de fogo se formar nas suas mãos e ele mira-la em direção ao Daniel.

Minhas pernas se moveram devagar demais e apenas um "não!" saiu da minha boca em vão. A bola acertou no peito do Daniel queimando sua camisa. Ele olhou por um instante o estragado e depois encarou o Rick com ferocidade. Quando se moveu vi apenas seu vulto sair do lugar onde estava e reaparecer frente a frente com o Rick. No segundo depois suas mãos se fecharem em volta dele e suas presas se fincarem no seu pescoço.

– Daniel - gritei o mais alto que minha garganta permitia.

Ele largou o Rick no chão e me encarou confuso, os olhos dançando do meu rosto para as arvores, do Rick e do sangue escorrendo nas folhas e por fim para o meu rosto de novo.

Me agachei no chão puxando o Rick para ver o estrago. Ele gemeu levando a mão ate o pescoço e me olhou de um jeito esquisito.

Puxei sua mão.

– Ai, ai, ai, ai!! - gemeu fazendo uma careta.

Encarei a ferida contando pelo menos quatro furos em cima e seis em baixo na mordida.

– Meu Deus! - sussurrei.

– Se eu for morrer vai ser bem rápido. - o Rick resmungou se esforçando e ficando sentado.

– Não vai morrer. - o Daniel falou na nossa frente.

O olhei perplexa vendo que sua aparência já tinha voltado ao normal. Ele baixou os olhos e pude ver o arrependimento estampado na sua face.

– Ele vai ficar bem. - falou novamente. - Desculpe.

Avançou um passo e eu ergui a mão em defesa sem me dar conta do poder na ponta dos meus dedos. Seu corpo foi arrastado para trás com a força do ar e ele me encarou com uma expressão indecifrável.

– Que diabos é você? - perguntei por fim enquanto ouvia o Rick resmungar algumas coisas que não me dei ao trabalho de ouvir.
Daniel não respondeu, apenas encarou o chão.

– Daniel. - chamei. - O que você é?

– Um demônio. - resmungou o Rick pressionando o pescoço.
Ignorei-o e fiquei de pé andando ate o Daniel. Parei na sua frente e encarei-o. Os olhos bicolores se focaram nos meus e quase senti que ele não falaria.

– Dan. - estiquei a mão segurando a sua.

Ele suspirou e olhou por cima do meu ombro, provavelmente para o Rick, depois me encarou de novo.

– Hibrido. - falou quase inaudível. - Eu sou um hibrido Claire.

***

Rick

Senti minha pele se repuxar fechando nos furos no meu pescoço. Minha cabeça latejava de uma maneira impossível e meu corpo estava mole. Olhei para cima vendo as arvores girarem sem fim, depois a Claire se levantou me deixando ali, zonzo e foi para perto do monstrinho.

Não ouvi o que eles falavam, mas senti uma raiva se acumular dentro de mim. E se não estivesse me sentindo um saco de batatas teria levantado e quebrado aquele imbecil. Ciúmes? Claro que não! Só não gosto dele perto dela.

Coloquei as mãos no chão e com muito custo fiquei de pé olhando minha camisa suja de sangue. Xinguei o lobo monstro por dentro e caminhei cambaleando ate me escorar numa arvore.

– Os pombinhos vão demorar muito? - perguntei para que ouvissem.

A Claire se virou e veio na minha direção. Me encarou como se fosse me derrubar de novo no chão, mas ao invés disso segurou meu braço e me arrastou.

– Aiiiiiiiii! - reclamei.

– Ai? Isso é culpa sua. - falou.

– O que? - perguntei confuso.

– Se você não tivesse começado uma pancadaria, nada disso teria acontecido.

– E você nunca descobriria que o seu lobinho é um monstro. - falei rabugento e virei o pescoço fuzilando o Daniel que nos seguia em silencio.

– Você é um idiota sabia? - a Claire sussurrou, mas ouvi.

– O idiota sou eu? - perguntei indignado. - Ele vira um monstro e eu sou o idiota? Ele poderia ter te comido se eu não tivesse aparecido.

Ela me encarou boquiaberta e balançou a cabeça parando abruptamente.

– Vai embora! - falou apontando para a saída da floresta.

– Não. - franzi a testa.

Ela suspirou e fechou os olhos por um segundo.

– Vai embora Henrique. - falou vagarosamente como se falasse com uma criança.

Fiquei petrificado sem saber se ela só me queria longe ou se me queria longe para ficar com o outro.

Engoli a saliva da boca e me virei para o encarar o Daniel. Ele olhou para o chão evitando meu olhar. Voltei a olhar a Claire e senti uma pontada no peito.

– Não vou deixar você sozinha com ele. - falei por fim.

– Como você viu ele não é perigoso. - falou. - Preciso falar com ele sozinha.

– Não é perigoso? Eu ainda não morri. Pode demorar para acontecer.

Ela me olhou de baixo para cima e deu de ombros.

– Você não parece prestes a morrer.

Trinquei os dentes e fechei a cara. Pisei duro passando por ela e deixando os dois sozinhos como queriam.
...

Entrei pelos fundos e dei de cara com a Bianca. Ela arregalou os olhos, provavelmente ao olhar minha camisa suja e veio me fazendo mil perguntas como: O que houve? Quem te feriu? Cadê a Claire? Foi um vampiro? Lobo? Bruxa? Está sentido dor? Meus deus! Vou te ajudar a fazer curativo.

– Bia. - coloquei a ponta do meu dedo limpo nos seus lábios. - Estou bem.

– Tem certeza? - me olhou preocupada.

– Tenho. - fiz careta involuntária. - Só preciso de uma camisa e...

– Eu pego. - correu escada acima quase se chocando com o Felipe que descia.

Ele a olhou confuso e depois me fitou de sobrancelha erguida.

– O que foi isso? - apontou para minha roupa.

– Um demônio. - respondi puxando a camisa para cima e a tirando.

– Que? - ele desceu as escadas.

– O Daniel. - suspirei.

– Daniel? Por que?

Fiquei mudo e me sentei no sofá ligando a TV com o controle.

– Rick?

– Porque nós brigamos. - respondi parando num filme de dinossauros.

– Por que brigaram? - perguntou se sentando no outro sofá.

– Poxa vida, você e a Bia convivem tanto que você aprendeu a fazer interrogatórios igual a ela. - balancei a cabeça vendo um tiranossauro atacar os civis.

– Por que vocês brigaram? - ele ignorou meu comentário.

– Porque eu peguei ele e a Claire quase transando na mata. - respondi seco.

Ele ficou em silencio por tempo demais e tive que olha-lo para ver se tinha dito algo que não ouvi. Ele manteve uma expressão de confusão misturada a divertimento no rosto e por fim falou com um sorriso de canto:

– Ficou com ciúmes?

– Não é isso. - respondi rapidamente. - Só.... acho que ela poderia escolher melhor e bem... nós ainda não terminamos oficialmente.

– Sei... - sorriu revirando os olhos. - E como ele te causou tanto sangue?

– Isso é o mais intrigante. - estalei os dedos. - Ele virou uma espécie de.... vampiro possuído.

– Não é um lobo?

– Parece que é mais do que isso. - dei de ombros voltando a atenção a TV.

– Vampiro e lobo? - ouvi o Felipe falar mais consigo do que comigo.

– Um hibrido. - a Bia falou vindo da escada. - Mas como?

Ela caminhou ate mim e ao invés de me entregar a camisa azul que estava nas mãos, se aproximou virando meu pescoço e deslizando os dedos sobre minha pele. Falou alguma coisa, mas não escutei. Estava ocupado demais vendo meu corpo reagir a seu toque frio e inesperado. Então ela se afastou e me olhou como se fosse um quadro mal feito.

– Se te mordeu. - não sei como descobriu. - Por que não morreu como um dominador morreria por uma mordida de vampiro ou lobo?

De repente a Claire apareceu na porta com uma expressão esquisita e logo atrás dela o Daniel monstro. Ele respirou fundo e falou quase com tristeza.

– Porque não tenho veneno. - engoliu em seco. - Porque estou amaldiçoado por uma bruxa original.

***

Bianca

A Claire me olhou rapidamente, mas logo entendi seu olhar de: preciso conversar. Assenti para que somente ela visse e segui me sentando ao lado do Felipe.

– Se é duas criaturas, como não pode ter veneno? - o Felipe foi o primeiro a perguntar.

– Estou amaldiçoado. - o Daniel respondeu sem muito entusiasmo.

– Por que foi amaldiçoado? - perguntei.

Ele suspirou como se lembrar da historia doesse e começou a falar:

– Matei uma bruxa original em 1942. Ela vivia em uma cidade no interior bem perto da minha família. Nunca tínhamos problemas, ate descobrirmos o seu segredo. E naquele tempo ser uma bruxa era perigoso demais, assim como ser um lobo ou vampiro, quem dirá os dois juntos. E eu era. Como é possível? Meu pai era um lobisomem de sangue puro e minha mãe uma humana comum. Meu pai tinha inimigos demais para combater e um deles eram os vampiros.
Quando minha mãe ficou gravida, a noticia se espalhou e logicamente os amigos e os inimigos ficaram sabendo. A gravidez durou seis meses inteiros por proteção dos aliados do meu pai, ate que em uma noite a proteção falhou e os vampiros conseguiram atacar. Minha mãe foi mordida e antes de mais nada se transformou, mas não só ela.

– Você também. - ouvi a Claire sussurrar completando.

O Daniel assentiu.

– Deixa eu ver se entendi monstrinho. - o Rick se manifestou se remexendo no sofá. - Seu pai era um lobo e quando engravidou sua mãe humana os genes dele passariam para você que seria um lobo júnior. Mas sua mãe foi mordida na gravidez e o veneno do sanguessuga também passou para você e ai quando nasceu, tinha genes de lobo e de vampiro, se tornando assim as duas criaturas assassinas. Um hibrido.

O Daniel assentiu novamente e o Felipe se mexeu desconfortável ao meu lado.

– Isso é impossível. - resmunguei.

– Não. Estou aqui, não estou?

– Mas onde a bruxa entra na historia? - perguntou o Felipe.

– Quando completei vinte e um anos, uma guerra estava marcada entre os aliados de meu pai e os vampiros devido a tudo. Mas os vampiros conseguiram uma aliada mais forte do que nós. Uma bruxa original. Houve lutas e no fim.... meus pais foram mortos e eu consegui vence-la, mas antes de morrer ela me lançou um feitiço: Eu seria as duas criaturas para sempre, mas não teria veneno algum para transformar nada a minha volta e a única maneira de sobreviver seria tomando somente sangue humano. Teria de viver com a maldição de ser um hibrido sem poder transformar ninguém, ou seja, a minha única defesa é minha transformação.

– Que merda. - o Rick deu uma risadinha e o Felipe tossiu, provavelmente segurando o riso.

– Você disse antes dela morrer... então toda bruxa que é morta lança uma maldição ao seu matador, assassino, sei lá? - perguntei esticando a mão e apertando o braço do Felipe.

– Está se referindo a Liz? É provável que a vampira loira que a matou esteja amaldiçoada.

– A Kate não parece amaldiçoada. - o Rick falou mudando de canal na TV.

– As aparências enganam.

– Ou... - a Claire finalmente falou algo. - Talvez não só ela e sim todos nós. Talvez agora estejamos lançados a maldição.

***

Claire

Depois da Bia insistir mais e mais, eu decidi tomar um banho, pegar uma roupa emprestada e ir embora. Com maldição ou sem maldição ainda tínhamos um problema. A garota da casa queimada.

Fechei a porta do quarto e me senti aliviada ao ver uma troca de roupas me esperando. Um short jeans, uma blusa vermelha meio transparente e os meus velhos tênis all stars. Vesti rápido demais e encarei meu reflexo.

Estranhei os shorts, mas tudo bem. Procurei uma escova e com custo desembaracei as mechas do cabelo. Suspirei vendo a mulher no espelho parecer ter levado um soco com o esforço.

Duas batidas na porta e deduzi que era quem eu queria ver assim que seu perfume de brisa do mar entrou no ambiente.

– Entra. - falei percebendo minha voz cansada.

Ela passou pela porta com um sorriso e a fechou novamente.

– Tudo bem? - perguntou se sentando na cama e me observando.

– Eu não sei. - respondi mesmo sabendo que era mentira.

Me aproximei me sentando na sua frente e ela sorriu, mas seus olhos a entregavam. Passou a mão pelo cabelo que agora batia na altura dos ombros e penteou a franja sobre a testa. Um claro sinal.

– O que está te preocupando? - perguntei.

– A mesma coisa que está perturbando você. - respondeu. - Ou pelo menos uma parte.

– Te garanto que você não vem tendo problemas com homens, porque o Felipe é um anjo. - falei puxando uma mecha do cabelo para atrás da orelha.

– Não o tempo todo. - deu uma risadinha. - Agora os seus problemas com homens... você pode resolver.

– Me diga como então. - tentei sorrir.

Ela me fitou por um instante, talvez esperando que eu já soubesse a resposta.

– Você gosta do Daniel, mas o Rick... você ama. - deu de ombros. - Então já sabe a resposta.

....

Assim que desci as escadas o Felipe me encarou erguendo uma sobrancelha. O Rick me lançou um olhar indecifrável e o Daniel um sorriso amarelo.

– Precisamos ir. - falei. - Ainda tem a garota da casa.

– Nossa vizinha? - perguntou o Felipe.

– É. - assenti. - Eu volto amanha pra gente resolver ou tentar entender essa historia de maldição da Li.,

– Tudo bem. O Lipe já ligou para a Caroline e ela vai vir hoje trazer noticias da cidade e... nos ajudar com isso. - a Bia falou.

– Ok. - tentei sorrir.

Me despedi e sai ainda tentando organizar meus pensamentos. Ouvi passos atrás de mim e parei. O Daniel parou ao meu lado e suspirou.

– Vou pela floresta. - falou. - Você pode pegar carona.

Olhou em direção a moto, onde o Rick nos observava no escuro.

– Dan...

– Tudo bem. - ele se virou para mim. - Eu entendo.

Encarei seu rosto. Meu coração palpitava freneticamente e eu sabia onde deveria ir. Estendi os braços e ele correspondeu me abraçando.

– Desculpa, mas eu...

– Tudo bem Claire. - falou se afastando e dando um sorriso. - Acho que não se pode competir com um dominador.

Tentei sorrir e ele se aproximou depositando um beijo na minha testa.

– A gente se vê, já que pelo jeito o bando não vai partir tão cedo. - ele balançou a cabeça.

– Isso é bom. - sorri sincera.

Deu de ombros e deu um sorriso torto mostrando suas covinhas, depois se virou e seguiu para a escuridão da floresta.

Ainda ouvi o som das suas roupas se rasgando enquanto ele se transformava em um lobo.

...

Me arrastei ate onde o Rick estava e quase pude ver ele esconder um sorriso de deboche.

– O lobo te abandonou? Sou sua segunda opção? - perguntou assim que cheguei perto.

Não respondi, apenas estiquei a mão acertando seu rosto com um belo tapa. Ele me olhou extremamente confuso.

– Cala boca. - falei.

– Por que fez isso? - perguntou indignado.

– Por você ter sido um idiota.

– Acho que voc...

Estiquei a mão de novo o acertando com outro tapa.

– Mas que diabos...

– Esse foi por ter batido no Daniel. - falei suspirando.

– Aquele idiota estava quase comendo vo...

Não o deixei terminar voando minha mão na sua bochecha de novo.

– Esse foi por ter interrompido meu beijo, ate porque eu beijo quem eu quiser.

– Claro, é muito normal fazer sexo na floresta.

– Foi só um beijo. - falei lentamente.

– Não ia ser por muito tempo ate que el...

Lhe acertei outro tapa.

– Esse foi por ter sumido todo esse tempo e ainda deixar o Daniel te morder.

– Ficou louca?

Estiquei a mão de novo, mas ele foi mais rápido segurando meu pulso. Pensei por um segundo e estiquei a mão esquerda lhe acertando em surpresa.

– Esse foi por que agora?

– Não sei. Foi divertido bater em você. - sorri vitoriosa.

Ele me encarou fazendo caretas, como se tentasse pensar em algo. Puxei meu pulso e segurei seu rosto entre as mãos.

– E esse. - me aproximei lhe beijando. No começo ele ficou tão atordoado que não correspondeu. - Esse foi porque eu te amo seu idiota.

Um sorriso se espalhou lentamente pelo seu rosto e ele me puxou me abraçando com força. Sussurrou alguma coisa no meu ouvido como "desculpa!", mas o ignorei. Apenas respirei fundo sentindo seu perfume e o calor da sua pele. Meu corpo relaxou sob seus braços e eu sabia que meu lugar era ali. Não me contive ao sorrir.

– Eu... - ele se afastou para me olhar.

– Cala boca. - resmunguei lhe puxando de novo. Juntando nossos lábios. Seu calor se espalhou por cada célula do meu organismo e uma sensação de alivio invadiu meu ser.

Deixei-me levar pelo seu aperto firme na cintura, a ponta do seu nariz tocando no meu, sua língua vasculhando minha boca ou meus dedos nos seus cabelos.

Não sei quanto tempo ficamos abraçados, mas era a melhor coisa que senti em meses. Quando nos afastamos ele sorriu deslizando a ponta dos dedos pelo meu rosto e passando a mão pelo meu cabelo.

– Eu sou um idiota. - falou e eu assenti. - Mas eu te amo Claire. Isso nunca vai mudar.

Sorri calorosamente e ali se fechava o buraco e a dor no meu peito. Eu tinha de volta o meu dominador.

***

Felipe

O silencio tomou conta da casa. Toda essa historia de maldição martelava na minha cabeça. Uma parte de mim se recusava a acreditar, mas a outra dizia que já era tarde demais.
Olhei o ponteiro do relógio da cozinha andar vagarosamente contando os segundos. Oito e doze. A lua brilhava tímida no céu e a floresta parecia querer me engolir.

O que poderíamos fazer afinal? Como quebrar uma maldição de uma bruxa que está morta? Como conviver com um feitiço que nem sabemos como é? Tantas perguntas, que talvez não teriam respostas.

Minha cintura foi abraçada e eu reconheceria aquele abraço ate no fim do mundo.
Ela suspirou e encostou a testa no meu braço.

– O que está pensando? - perguntou baixo.

– Estou pensando se vamos dormir em paz hoje ou se vamos receber mais uma noticia ruim.

Ela limpou a garganta e eu me virei lentamente ficando de frente para ela.

– O que está pensando? - perguntei vendo-a olhar o relógio.

– Quanto tempo vai levar ate sentirmos que estamos amaldiçoados ainda mais.

– Ainda mais?

– Já estamos com maldição Lipe. Se lembra da coisa dos dominadores não poderem ficar juntos? Acho que nós dois quebramos algumas regras em relação a isso. - falou dando um sorriso torto.

– Nunca gostei de seguir regras mesmo. - sorri estendendo a mão e levantado seu queixo. - De qualquer maneira, estamos juntos nessa não importa o que aconteça.

Ela assentiu e voltou a me abraçar. Respirei no seu cabelo vendo que tinha cheiro de morango. Ele ergueu a cabeça e sorriu.

– Eu amo você. - sussurrou.

Sorri acariciando sua bochecha. Ela se esticou na ponta dos pés colando nossos lábios. Girei nossos corpos e segurei sua cintura com firmeza a tirando do chão e sentando-a na bancada de pedra da cozinha.

Remexi no seu cabelo e passei os dedos pela franja sobre a testa que estava comprida, quase tampando seu olhos. Ela abriu as pernas e as travou na minha cintura me puxando para si.

– Eu também te amo. - respondi distribuindo beijos pelo o seu pescoço, clavícula, queixo e a boca.

Pedi passagem com a língua, enquanto ela cedia abraçando meu pescoço e soltando suas pernas a minha volta. Me lembrei de respirar e me afastei abrindo os olhos. Afundei a cabeça no seu peito e ela encostou o queixo nos meus cabelos.
Perdi a noção do tempo ate ouvir um tossido na minha esquerda. Nos viramos no mesmo momento e lá estava a Vick vestida numa roupa de moletom azul.

– Desculpa atrapalhar.... - apontou para nós. - Mas a sua irmã chegou.

Assenti voltando a Bianca que me encarou. Suas pupilas se dilataram sob meu olhar e ela esticou os braços. Segurei sua cintura colocando seus pés no chão novamente.

Me lembro de ter abraçado a Caroline e ter sorrindo ao ver como estava bonita numa blusa verde e calça escura que destacava seus olhos e os cabelos repicados cor de chocolate. Mas quando ela falou sobre a cidade, meu sorriso se foi e senti a Bia apertar minha mão com os dedos frios.

– Pode ser um vampiro jovem. - Caroline continuou. - Ou um assassino.

Olhei brevemente para o canto da sala onde a Vick ouvia tudo em silencio. Por um breve instante me passou pela cabeça de que ela era uma vampira jovem, mas como estava matando pessoas na cidade se estava aqui?

– Vamos procurar hoje. - falei de repente.

Vi a Bia e a Carol trocarem um olhar preocupado.

– Nos afastamos. Os gatos saem e os ratos fazem a festa. - falei. - Podemos procurar.

Olhei para a Bia e ela assentiu.

– Vamos patrulhar e encontrar o assassino em serie.

...

Bati na lanterna pela terceira vez ate que se acendeu completamente. Ainda me sentia mal por deixar a Vick sozinha com a Carol, mas ela afirmou que seus feitiços estavam fortes o suficiente para protege-la de uma vampira jovem.

Eu e a Bia voltaríamos em uma hora caso não encontrássemos nada.

– Acha que é só um vampiro? - ela perguntou logo atrás de mim.

– Eu não sei. - respondi iluminando nosso caminho em meio as arvores.

– E se o encontrarmos? Vamos...

– Vamos ter certeza de que está consciente o suficiente para matar pessoas.

Ela ficou em silencio, mas eu podia sentir sua mão agarrada a minha camisa e sua respiração descompassada.

– Tudo bem ai? - perguntei depois de um tempo enquanto percebi que tínhamos chegado ao limite da cidade.

– Não. Sinto que tem alguma coisa errada aqui e...

Nos viramos em direção ao som de algo se quebrando.

A Bia soltou minha roupa e eu me virei andando atrás dela. Pude ouvir sua mão se fechando e a agua se transformando em gelo sob seus dedos.

Ela parou estendendo a mão num sinal de pare e ficamos em silencio ouvindo o som das corujas e de.... Um grito me fez dar um pulo. Primeiro pensei estar perto demais, mas logo conclui de que era para o leste.

– Por aqui. - a Bia falou e no mesmo instante correu para o escuro.

Fiquei confuso por um segundo longo demais e por fim pus meu corpo ao trabalho. Corri pisando em galhos e desviando das arvores com facilidade. Senti meu corpo leve e minha audição ficar mais aguçada. Os passos da Bia ecoavam longe de mim ate que pararam.

Corri mais rápido e parei ao seu lado entendo o porque do fim da corrida. Ouvi o som de um pequeno rosnado e senti o cheiro de sangue fresco. O que quer que estivesse no escuro se levantou, pois ouvi seus passos.

Não pensei duas vezes antes de postar na frente da Bia. Bati duas vezes na lanterna e iluminei a nossa frente. Pude ver sangue na terra, um calçado perdido e um homem se contorcendo no chão com as mãos no pescoço onde o sangue fluía livremente.

Fechei uma das mãos em punho e quase pude sentir as raízes se movimentarem debaixo da terra, apenas esperando meu comando. Iluminei mais a frente e meu corpo congelou.

– Meu deus! - a Bia falou atrás de mim dando um passo a frente.

Lá estava o nosso assassino, nosso vampiro, nosso descontrolado. Os cabelos loiros picotados sujos de sangue, a calça jeans conhecida suja de poeira e o rosto divinamente assustador sob olhos vermelhos e presas expostas.

Prendi a respiração tentando fazer minha mente se materializar na verdade. Nosso assassino era uma velha conhecida. E a Bia se adiantou ao perguntar o óbvio:

– Kate?


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Notas finais do capítulo

;)



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