Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 32
Algo diferente


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora. Mas sabe quando você tem ideia, mas não sabe como colocar em pratica? Foi isso que aconteceu e só durante dias que consegui concluir e mesmo assim na correria.
Perdão pelos erros e perdão pelo capítulo pequeno haha Compensarei no próximo.
Obs: foto de hoje... Kate.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/388660/chapter/32

Não me lembro de ter me movido, mas quando pisquei novamente estava a pelo menos dez metros da cena de sangue.

Forcei as mãos no chão e procurei a lanterna no escuro. Senti a palma da mão esquerda ser perfurada.

– Ai! - reclamei encontrando a lanterna e a pegando com a mão direita. Iluminei onde havia me cortado e puxei uma lamina fina de gelo.

Iluminei a minha frente e pude ver a Bia se afastando em passos bruscos para trás, mas não tentando fugir e sim para dar espaço a Kate que caia de joelhos.

Pude vê-la com uma expressão de dor e as mãos pressionando firmemente uma estaca brilhante e afiada de gelo fincada no seu abdômen. A Bia se aproximou e elas trocaram um olhar que nunca vi fazerem antes.

O rosto da Kate exibia ódio, algo que ela nunca mostrou. A Bia se aproximou dela e ergueu as mãos, segurou a cabeça da Kate e num movimento forte e firme, com um estalo, girou o pescoço da loira. Ela caiu imóvel no chão e ouvi a Bia soltar o ar.

Relaxei os ombros e ela se virou me lançando um olhar frustrado. Dei de ombros me sentindo um total inútil.

...

Empurrei com força a porta para ter certeza de que não poderia ser quebrada. Encostei a mão sobre a mesma e logo raízes grossas surgiram se espalhando e travado a saída.

– Sabe que isso não vai me prender aqui, não é?

Me virei fechando a cara para a Kate que estava sentada na cama de pernas cruzadas.

– Mas é o suficiente para te manter aqui por pelo menos dois dias. - falei voltando minha atenção a porta.

Ela suspirou e ouvi seus passos em direção a janela.

– É uma perda de tempo. - falou batendo os dedos na parede.

Me virei para encara-la. Ela deu de ombros e sorriu.

– Não sou eu a inimiga aqui, anjo. - falou me olhando.

– Não tenho mais tanta certeza disso. - franzi as sobrancelhas.

– Não posso mais controlar, anjinho. - falou vagando pelo quarto. - Não está mais em mim. Isso é o predador que existe dentro do meu corpo e acabou escapando. Não posso para-lo.

– Claro que pode. - olhei em volta. - Já fez isso antes.

– Antes de estar sob efeito de feitiço.

Fiquei em mudo. Não dava para argumentar.

Ela respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo picotado. Depois me encarou de um jeito que me lembro raramente. Como se eu fosse algo novo, prestes a ser estreado.

– Sabe anjo... a sede é tão forte que mal posso escutar meus pensamentos. - ela caminhou na minha direção. - Mas posso amenizar quando faço algo físico que aumente a adrenalina, a emoção e crie sentimentos.

Ela ficou tão próxima que me senti claustrofóbico. Estendeu a mão, deslizando a ponta do dedo indicador pelo meu pescoço.

– Isso, claro que você entende. - sorriu.

– Não. Eu não entendo, Kate. - tentei me afastar, mas só fiquei encurralado na porta.

– Qual é Felipe! - ela revirou os olhos que pude notar estarem incrivelmente dourados, quase hipnotizantes. - Já fizemos isso antes e pelo que me lembro, você é bom no que faz.

– Kate....

– Se lembra anjinho? - ela passou a mão pelo meu rosto e desceu pelo meu peito, abdômen...

Segurei seu pulso quando sua mão chegou ao cos da minha calça. Fixei meus olhos nos seus e uma mistura tênue de malicia e raiva dançava ali.

– Está vendo. Essa não é você. - a fitei. Ela revirou os olhos novamente.

– Não anjo. - puxou seu pulso da minha mão. - Esse não é você. Olha só no que a Bia te transformou.

Balancei a cabeça e olhei o chão por segundo.

– Você sabe que é verdade. - ela falou se afastando de mim. - E não gosta disso.

– Isso não importa. - resmunguei.

– Não minta pra mim Lipe. - se aproximou novamente. - Sabe que não pode, não é?

Ergui os olhos e ficamos nos encarando por um tempo considerável.

– É melhor ficar sozinha. - falei me virando e encostando a mão na porta.

– Ela pode controlar você. - ela chegou a boca perto do meu ouvido. - Mas não pode controlar os impulsos do seu corpo.

Acho que me arrepiei ate o ultimo fio de cabelo, mas ignorei isso e movi as mãos fazendo as raízes recuarem e por fim abri a porta, fechando-a em seguida e lacrando tudo o que era possível.

Me arrastei escada abaixo e encontrei a Bia enroscada num cobertor sentada no sofá e a Vick olhando pela janela.

Me sentei ao lado da Bia e ela me olhou fixamente esperando uma conclusão. Suspirei e falei com uma voz monótona:

– Aquela não é mais a Kate.

***

Claire

Desci da moto e joguei o capacete no Rick que praguejou alguma coisa. Corri em direção ao carro do Vicente. Ele estava parado colocando alguma coisa no porta malas.

– O que está fazendo? - perguntei contornando o carro e ficando perto dele.

– Indo embora. - respondeu sem me olhar, jogando outra mala no carro.

– O que? Por que?

– Porque prometi que levaria o bando embora. - falou ajeitando a roupa e me olhando. - Eu disse que não era permanente, Claire.

Encarei-o atônita demais para argumentar. Ele respirou fundo e passou as mãos no capo do carro. Olhou em direção a moto do Rick e sorriu torto.

– Então vocês finalmente reataram?

Olhei na mesma direção que ele e o Rick estava da mesma maneira com que o deixei. Encarei o Vicente e ele sorriu esticando a cicatriz.

– Ainda estamos resolvendo isso. - respondi. - Mas vocês não podem ir. Como a garota vai ficar?

– O Daniel vai cuidar disso. - falou olhando por cima do meu ombro.

– Quer dizer então que ele vai ficar? - meu coração se alegrou.

– Em uma missão especial. - ele sorriu de canto e senti meu próprio rosto formar um sorriso. - Só não deixe um triangulo amoroso surgir.

Assenti sorrindo sinceramente pela primeira vez pra ele.

– Vai voltar algum dia? - perguntei sentindo uma pontada de esperança.

– Não sei. - ele suspirou. - Talvez.

Assenti e suspirei também.

– Onde eles estão? - perguntei.

– Lá dentro. - apontou para a casa.

Me virei seguindo para a casa do lago, mas antes olhei para trás e falei:

– Quando estiver indo, me avise. Ate os velhos inimigos precisam se despedir.

– Com certeza dominadora. - ele sorriu calorosamente e eu segui meu caminho.

...

Entrei na casa e dei de cara com a garota da casa incendiada sentada no sofá. Ela arregalou os olhos se assustando comigo, mas no instante em que o Rick passou pela porta resmungando alguma coisa de "estou com fome!", ela relaxou encarando-o fixamente.

– Tudo bem? - perguntei tentando me aproximar devagar para não assusta-la.

Ela assentiu e olhou em direção a cozinha onde o Daniel voltava com um copo de agua. Ele sorriu pra mim e trocou um olhar zangado com o Rick.

Me aproximei do Daniel e perguntei o mais baixo possível.

– Vai mesmo ficar?

Ele suspirou e remexeu no cabelo.

– Ela é minha responsabilidade. Preciso ficar.

– Fico feliz de ter você por perto.

Ele me encarou por um segundo e quase pude deduzir algo oculto no seu olhar, mas ele assentiu e deu um meio sorriso.

– Como ela está? Vocês conversaram? - perguntei tentando desviar o assunto.

– Está abalada. Não falou muita coisa além de ficar repetindo que é culpa dela. - ele falou mais baixo.

Me virei para a garota que tomava goles pequenos da agua. Ela mantinha um olhar fixo na parede ou no Rick.

– Posso? - gesticulei para o sofá.

Ela assentiu e eu me sentei ao seu lado.

Me fitou rapidamente com olhos grandes e castanhos. Por algum motivo senti algo familiar naquele olhar. Parecia ter quinze ou dezesseis anos, talvez.

– Então... quantos anos você tem? - decidi começar com algo mais fácil.

– Dezesseis. - respondeu com uma voz fina.

– E... a quanto tempo você... bem, se transformou? - confesso que minha voz saiu embaraçosa.

Ela olhou para o Daniel como que em procura de ajuda, mas respondeu colocando o cabelo liso atrás da orelha.

– Há mais ou menos um ano.

– Você se lembra quem transformou você? - olhei de esgueira para o Daniel.

– Não o vi como humano. Nem me lembro direito. Acho que desmaiei no dia.

Encontrei o olhar do Rick, que ate então estava quase invisível encostado na parede. Ele moveu os olhos e assentiu como se nossos pensamentos estivessem conectados.

– Acha que pode ser... - comecei.

– Juliana. - o Rick completou recebendo um olhar atento da garota ao ouvir sua voz. - Ela estava rondando por aqui há um ano atrás antes de.... morrer.

Daniel pigarreou e todos nos viramos para ele.

– Vicente tem a mesma teoria sua. - olhou para o Rick. - Mas...

– Você acha que não foi ela? - perguntei olhando rapidamente para o Rick.

– Eu não sei Claire. - Daniel deu de ombros. - O problema é que Alice se transformou e parou de envelhecer.

– E como sabe disso se só tem um ano? - o Rick falou. - Adolescentes não envelhecem rápido.

– Um alfa pode sentir isso em outro da sua espécie. Sentir as células amadurecendo. - falou Daniel. - E o Vicente, como alfa, não sente nada disso nela.

– O que quer dizer afinal? - perguntei sem entender mais nada.

– Acho que ela não foi transformada por um simples lobo. Pode ser algo diferente.

– Como um hibrido? - o Rick falou dando uma risadinha e me virei repreende-o com o olhar.

– Não Henrique. - respondeu Daniel seco. - Um mutante.

***

Rick

Mutante? Que diabos de mutante seria? Pra mim esse monstro hibrido ficou maluco de vez. Talvez ainda esteja com dor de cotovelo por eu ter ganhando a partida em relação a Claire.

Discutimos por mais alguns minutos. Tudo o que eu falava o santo Daniel tinha um argumento, e ele estava começando a me irritar de verdade. Isso enquanto a pobre garota ficava em silencio apenas observado tudo. As vezes olhava pra Claire e a maioria pra mim.

Já ia soltar mais uma provocação ao lobo demoníaco, mas fui impedido pela a Claire que se levantou e pegou meu pulso, pediu licença aos dois e me arrastou pelo corredor ate onde deduzi que seria o seu quarto.

Ela me empurrou para dentro e fechou a porta atrás de si. Dei um sorriso malicioso, mas ela fez cara feia cruzando os braços.

– Qual é o seu problema? - perguntou me olhando seria.

– Nenhum. - dei de ombros.

– Rick, será mesmo que eu vou ter que te passar uma bronca?

– Por que? O que eu fiz dessa vez?

– Não seja sínico. - ela começou a andar de um lado para o outro. - O Daniel estava aqui antes de você, então por favor, o respeite e para com essas suas piadinhas ridículas de provocação, porque ele está aqui para ajudar aquela menina e...

– Eu estava aqui primeiro. - interrompi-a.

Ela me encarou com uma expressão de confusão. Me aproximei enquanto ela recuava ate bater as costas na porta. Estiquei a mão passando por sua bochecha e desci ate o rumo do seu coração, que senti estar batendo freneticamente.

– Eu estava aqui primeiro. - apontei para o seu coração. - Não me culpe por defender o que é meu.

– Rick n...

– Você é só minha. - a interrompi novamente. - E não vou correr o risco de ficar sem você de novo.

Ela ficou muda. Fixei meus olhos nos seus e deslizei as mãos de volta ao seu rosto. Me curvei encostando a boca na sua. Sua respiração bateu no meu rosto e fechei os olhos pressionando meus lábios nos seus. Puxei seus lábios e apertei sua cintura colando nossos corpos.

Suguei seu lábio inferior e seus braços se fecharam no meu pescoço. Uma dança de línguas começou. Desci a mão pelo seu short, mas ela me parou.

Empurrou meu peito e respirou fundo.

– Ainda estou zangada com você. - resmungou.

Revirei os olhos, mas abri um sorriso.

– Problemas primeiro. - ela se esticou e depositou um beijo nos meus lábios e já seguiu abrindo a porta.

...

O Daniel estava sentado num sofá olhando vagamente para a televisão, enquanto a garota olhava as próprias mãos. A Claire foi tomar um banho rápido.

Parei perto do sofá e a garota me olhou interessada. Sorri e apontei para o seu lado.

– Posso ficar ai com você? - perguntei.

Ela assentiu rapidamente e sentou no canto do sofá dando espaço para mim. Sentei-me e lhe lancei outro sorriso. Sem muito a esconder ela retribuiu sorrindo abertamente.

– Então... qual o seu nome mesmo? - perguntei me virando de lado para ficar de frente pra ela.

– Alice. - respondeu. - E o seu?

– Henrique, mas se gosta de apelidos e algo mais fácil me chame apenas de Rick.

Ela sorriu.

– Você se lembra do que aconteceu?

Ela meneou a cabeça e olhou para os pés.

– Foi culpa minha. - sussurrou. - Estavam nos caçando desde a minha transformação.

– A culpa não é sua. - falei. - As coisas, as vezes, acontecem de forma errada. Eu, por exemplo, fiz algumas coisas erradas durante esses meses.

Senti o olhar do Daniel pesar em mim, mas o ignorei. Ela levantou a cabeça para me olhar.

– E agora? Está fazendo o certo? - perguntou.

Fitei seus olhos a procura de algo, mas ela parecia esconder bem as coisas.

– Estou tentando consertar os erros. - respondi dando um sorriso de canto.

– E está se saindo bem? - ela agora me olhava curiosa.

Olhei para o Daniel e sorri.

– Oitenta por cento.

Ela passou as mãos pelo cabelo e me olhou atenta, me analisando. Chegou mais perto e franziu as sobrancelhas.

– Seus olhos são...

– Estranhos?

– Bonitos. - ela completou sorrindo. - O que você faz?

Manobrei minha mente a não dar duplo sentindo a pergunta e respirei fundo. Levantei a palma da mão direita para cima, me concentrei e senti a pele ficar quente para em seguida uma chama dançar sob meus dedos e se juntarem ocupando toda a minha mão.

– Eu domino e crio fogo. - falei recebendo um olhar de surpresa dela. Talvez ate mais do que eu esperava.

Ela encarou a chama na minha mão, depois meu rosto e seus olhos se arregalaram. Fechei a mão extinguindo o fogo e esperei sua reação.

– Meu deus! - ela cobriu a boca.

– Não se preocupe, eu controlo bem. Não precisa ficar assustada. - falei imediatamente, mas ela pareceu não me ouvir.

– Você está... eu não acredito. - vi seus olhos ganharem tal surpresa que pensei que fosse chorar.

– Tudo bem. - me aproximei estendendo a mão.

– Não. É você. - ele se aproximou demais e vi pelo canto do olho o Daniel se levantar.

– Alice, do que está falando? - ele perguntou.

Ela o olhou e depois pra mim.

– As historias.... as historias da mamãe. É ele Dan.

– Eu o que? - encarei seus olhos marejados.

Ela então me encarou intensamente e senti algo se formar no meu peito.

– Você é meu irmão. O dominador do fogo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quatro Elementos: O Confronto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.