Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira
Notas iniciais do capítulo
Perdão pela demora. Mas sabe quando você tem ideia, mas não sabe como colocar em pratica? Foi isso que aconteceu e só durante dias que consegui concluir e mesmo assim na correria.
Perdão pelos erros e perdão pelo capítulo pequeno haha Compensarei no próximo.
Obs: foto de hoje... Kate.
Boa leitura!
Não me lembro de ter me movido, mas quando pisquei novamente estava a pelo menos dez metros da cena de sangue.
Forcei as mãos no chão e procurei a lanterna no escuro. Senti a palma da mão esquerda ser perfurada.
– Ai! - reclamei encontrando a lanterna e a pegando com a mão direita. Iluminei onde havia me cortado e puxei uma lamina fina de gelo.
Iluminei a minha frente e pude ver a Bia se afastando em passos bruscos para trás, mas não tentando fugir e sim para dar espaço a Kate que caia de joelhos.
Pude vê-la com uma expressão de dor e as mãos pressionando firmemente uma estaca brilhante e afiada de gelo fincada no seu abdômen. A Bia se aproximou e elas trocaram um olhar que nunca vi fazerem antes.
O rosto da Kate exibia ódio, algo que ela nunca mostrou. A Bia se aproximou dela e ergueu as mãos, segurou a cabeça da Kate e num movimento forte e firme, com um estalo, girou o pescoço da loira. Ela caiu imóvel no chão e ouvi a Bia soltar o ar.
Relaxei os ombros e ela se virou me lançando um olhar frustrado. Dei de ombros me sentindo um total inútil.
...
Empurrei com força a porta para ter certeza de que não poderia ser quebrada. Encostei a mão sobre a mesma e logo raízes grossas surgiram se espalhando e travado a saída.
– Sabe que isso não vai me prender aqui, não é?
Me virei fechando a cara para a Kate que estava sentada na cama de pernas cruzadas.
– Mas é o suficiente para te manter aqui por pelo menos dois dias. - falei voltando minha atenção a porta.
Ela suspirou e ouvi seus passos em direção a janela.
– É uma perda de tempo. - falou batendo os dedos na parede.
Me virei para encara-la. Ela deu de ombros e sorriu.
– Não sou eu a inimiga aqui, anjo. - falou me olhando.
– Não tenho mais tanta certeza disso. - franzi as sobrancelhas.
– Não posso mais controlar, anjinho. - falou vagando pelo quarto. - Não está mais em mim. Isso é o predador que existe dentro do meu corpo e acabou escapando. Não posso para-lo.
– Claro que pode. - olhei em volta. - Já fez isso antes.
– Antes de estar sob efeito de feitiço.
Fiquei em mudo. Não dava para argumentar.
Ela respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo picotado. Depois me encarou de um jeito que me lembro raramente. Como se eu fosse algo novo, prestes a ser estreado.
– Sabe anjo... a sede é tão forte que mal posso escutar meus pensamentos. - ela caminhou na minha direção. - Mas posso amenizar quando faço algo físico que aumente a adrenalina, a emoção e crie sentimentos.
Ela ficou tão próxima que me senti claustrofóbico. Estendeu a mão, deslizando a ponta do dedo indicador pelo meu pescoço.
– Isso, claro que você entende. - sorriu.
– Não. Eu não entendo, Kate. - tentei me afastar, mas só fiquei encurralado na porta.
– Qual é Felipe! - ela revirou os olhos que pude notar estarem incrivelmente dourados, quase hipnotizantes. - Já fizemos isso antes e pelo que me lembro, você é bom no que faz.
– Kate....
– Se lembra anjinho? - ela passou a mão pelo meu rosto e desceu pelo meu peito, abdômen...
Segurei seu pulso quando sua mão chegou ao cos da minha calça. Fixei meus olhos nos seus e uma mistura tênue de malicia e raiva dançava ali.
– Está vendo. Essa não é você. - a fitei. Ela revirou os olhos novamente.
– Não anjo. - puxou seu pulso da minha mão. - Esse não é você. Olha só no que a Bia te transformou.
Balancei a cabeça e olhei o chão por segundo.
– Você sabe que é verdade. - ela falou se afastando de mim. - E não gosta disso.
– Isso não importa. - resmunguei.
– Não minta pra mim Lipe. - se aproximou novamente. - Sabe que não pode, não é?
Ergui os olhos e ficamos nos encarando por um tempo considerável.
– É melhor ficar sozinha. - falei me virando e encostando a mão na porta.
– Ela pode controlar você. - ela chegou a boca perto do meu ouvido. - Mas não pode controlar os impulsos do seu corpo.
Acho que me arrepiei ate o ultimo fio de cabelo, mas ignorei isso e movi as mãos fazendo as raízes recuarem e por fim abri a porta, fechando-a em seguida e lacrando tudo o que era possível.
Me arrastei escada abaixo e encontrei a Bia enroscada num cobertor sentada no sofá e a Vick olhando pela janela.
Me sentei ao lado da Bia e ela me olhou fixamente esperando uma conclusão. Suspirei e falei com uma voz monótona:
– Aquela não é mais a Kate.
***
Claire
Desci da moto e joguei o capacete no Rick que praguejou alguma coisa. Corri em direção ao carro do Vicente. Ele estava parado colocando alguma coisa no porta malas.
– O que está fazendo? - perguntei contornando o carro e ficando perto dele.
– Indo embora. - respondeu sem me olhar, jogando outra mala no carro.
– O que? Por que?
– Porque prometi que levaria o bando embora. - falou ajeitando a roupa e me olhando. - Eu disse que não era permanente, Claire.
Encarei-o atônita demais para argumentar. Ele respirou fundo e passou as mãos no capo do carro. Olhou em direção a moto do Rick e sorriu torto.
– Então vocês finalmente reataram?
Olhei na mesma direção que ele e o Rick estava da mesma maneira com que o deixei. Encarei o Vicente e ele sorriu esticando a cicatriz.
– Ainda estamos resolvendo isso. - respondi. - Mas vocês não podem ir. Como a garota vai ficar?
– O Daniel vai cuidar disso. - falou olhando por cima do meu ombro.
– Quer dizer então que ele vai ficar? - meu coração se alegrou.
– Em uma missão especial. - ele sorriu de canto e senti meu próprio rosto formar um sorriso. - Só não deixe um triangulo amoroso surgir.
Assenti sorrindo sinceramente pela primeira vez pra ele.
– Vai voltar algum dia? - perguntei sentindo uma pontada de esperança.
– Não sei. - ele suspirou. - Talvez.
Assenti e suspirei também.
– Onde eles estão? - perguntei.
– Lá dentro. - apontou para a casa.
Me virei seguindo para a casa do lago, mas antes olhei para trás e falei:
– Quando estiver indo, me avise. Ate os velhos inimigos precisam se despedir.
– Com certeza dominadora. - ele sorriu calorosamente e eu segui meu caminho.
...
Entrei na casa e dei de cara com a garota da casa incendiada sentada no sofá. Ela arregalou os olhos se assustando comigo, mas no instante em que o Rick passou pela porta resmungando alguma coisa de "estou com fome!", ela relaxou encarando-o fixamente.
– Tudo bem? - perguntei tentando me aproximar devagar para não assusta-la.
Ela assentiu e olhou em direção a cozinha onde o Daniel voltava com um copo de agua. Ele sorriu pra mim e trocou um olhar zangado com o Rick.
Me aproximei do Daniel e perguntei o mais baixo possível.
– Vai mesmo ficar?
Ele suspirou e remexeu no cabelo.
– Ela é minha responsabilidade. Preciso ficar.
– Fico feliz de ter você por perto.
Ele me encarou por um segundo e quase pude deduzir algo oculto no seu olhar, mas ele assentiu e deu um meio sorriso.
– Como ela está? Vocês conversaram? - perguntei tentando desviar o assunto.
– Está abalada. Não falou muita coisa além de ficar repetindo que é culpa dela. - ele falou mais baixo.
Me virei para a garota que tomava goles pequenos da agua. Ela mantinha um olhar fixo na parede ou no Rick.
– Posso? - gesticulei para o sofá.
Ela assentiu e eu me sentei ao seu lado.
Me fitou rapidamente com olhos grandes e castanhos. Por algum motivo senti algo familiar naquele olhar. Parecia ter quinze ou dezesseis anos, talvez.
– Então... quantos anos você tem? - decidi começar com algo mais fácil.
– Dezesseis. - respondeu com uma voz fina.
– E... a quanto tempo você... bem, se transformou? - confesso que minha voz saiu embaraçosa.
Ela olhou para o Daniel como que em procura de ajuda, mas respondeu colocando o cabelo liso atrás da orelha.
– Há mais ou menos um ano.
– Você se lembra quem transformou você? - olhei de esgueira para o Daniel.
– Não o vi como humano. Nem me lembro direito. Acho que desmaiei no dia.
Encontrei o olhar do Rick, que ate então estava quase invisível encostado na parede. Ele moveu os olhos e assentiu como se nossos pensamentos estivessem conectados.
– Acha que pode ser... - comecei.
– Juliana. - o Rick completou recebendo um olhar atento da garota ao ouvir sua voz. - Ela estava rondando por aqui há um ano atrás antes de.... morrer.
Daniel pigarreou e todos nos viramos para ele.
– Vicente tem a mesma teoria sua. - olhou para o Rick. - Mas...
– Você acha que não foi ela? - perguntei olhando rapidamente para o Rick.
– Eu não sei Claire. - Daniel deu de ombros. - O problema é que Alice se transformou e parou de envelhecer.
– E como sabe disso se só tem um ano? - o Rick falou. - Adolescentes não envelhecem rápido.
– Um alfa pode sentir isso em outro da sua espécie. Sentir as células amadurecendo. - falou Daniel. - E o Vicente, como alfa, não sente nada disso nela.
– O que quer dizer afinal? - perguntei sem entender mais nada.
– Acho que ela não foi transformada por um simples lobo. Pode ser algo diferente.
– Como um hibrido? - o Rick falou dando uma risadinha e me virei repreende-o com o olhar.
– Não Henrique. - respondeu Daniel seco. - Um mutante.
***
Rick
Mutante? Que diabos de mutante seria? Pra mim esse monstro hibrido ficou maluco de vez. Talvez ainda esteja com dor de cotovelo por eu ter ganhando a partida em relação a Claire.
Discutimos por mais alguns minutos. Tudo o que eu falava o santo Daniel tinha um argumento, e ele estava começando a me irritar de verdade. Isso enquanto a pobre garota ficava em silencio apenas observado tudo. As vezes olhava pra Claire e a maioria pra mim.
Já ia soltar mais uma provocação ao lobo demoníaco, mas fui impedido pela a Claire que se levantou e pegou meu pulso, pediu licença aos dois e me arrastou pelo corredor ate onde deduzi que seria o seu quarto.
Ela me empurrou para dentro e fechou a porta atrás de si. Dei um sorriso malicioso, mas ela fez cara feia cruzando os braços.
– Qual é o seu problema? - perguntou me olhando seria.
– Nenhum. - dei de ombros.
– Rick, será mesmo que eu vou ter que te passar uma bronca?
– Por que? O que eu fiz dessa vez?
– Não seja sínico. - ela começou a andar de um lado para o outro. - O Daniel estava aqui antes de você, então por favor, o respeite e para com essas suas piadinhas ridículas de provocação, porque ele está aqui para ajudar aquela menina e...
– Eu estava aqui primeiro. - interrompi-a.
Ela me encarou com uma expressão de confusão. Me aproximei enquanto ela recuava ate bater as costas na porta. Estiquei a mão passando por sua bochecha e desci ate o rumo do seu coração, que senti estar batendo freneticamente.
– Eu estava aqui primeiro. - apontei para o seu coração. - Não me culpe por defender o que é meu.
– Rick n...
– Você é só minha. - a interrompi novamente. - E não vou correr o risco de ficar sem você de novo.
Ela ficou muda. Fixei meus olhos nos seus e deslizei as mãos de volta ao seu rosto. Me curvei encostando a boca na sua. Sua respiração bateu no meu rosto e fechei os olhos pressionando meus lábios nos seus. Puxei seus lábios e apertei sua cintura colando nossos corpos.
Suguei seu lábio inferior e seus braços se fecharam no meu pescoço. Uma dança de línguas começou. Desci a mão pelo seu short, mas ela me parou.
Empurrou meu peito e respirou fundo.
– Ainda estou zangada com você. - resmungou.
Revirei os olhos, mas abri um sorriso.
– Problemas primeiro. - ela se esticou e depositou um beijo nos meus lábios e já seguiu abrindo a porta.
...
O Daniel estava sentado num sofá olhando vagamente para a televisão, enquanto a garota olhava as próprias mãos. A Claire foi tomar um banho rápido.
Parei perto do sofá e a garota me olhou interessada. Sorri e apontei para o seu lado.
– Posso ficar ai com você? - perguntei.
Ela assentiu rapidamente e sentou no canto do sofá dando espaço para mim. Sentei-me e lhe lancei outro sorriso. Sem muito a esconder ela retribuiu sorrindo abertamente.
– Então... qual o seu nome mesmo? - perguntei me virando de lado para ficar de frente pra ela.
– Alice. - respondeu. - E o seu?
– Henrique, mas se gosta de apelidos e algo mais fácil me chame apenas de Rick.
Ela sorriu.
– Você se lembra do que aconteceu?
Ela meneou a cabeça e olhou para os pés.
– Foi culpa minha. - sussurrou. - Estavam nos caçando desde a minha transformação.
– A culpa não é sua. - falei. - As coisas, as vezes, acontecem de forma errada. Eu, por exemplo, fiz algumas coisas erradas durante esses meses.
Senti o olhar do Daniel pesar em mim, mas o ignorei. Ela levantou a cabeça para me olhar.
– E agora? Está fazendo o certo? - perguntou.
Fitei seus olhos a procura de algo, mas ela parecia esconder bem as coisas.
– Estou tentando consertar os erros. - respondi dando um sorriso de canto.
– E está se saindo bem? - ela agora me olhava curiosa.
Olhei para o Daniel e sorri.
– Oitenta por cento.
Ela passou as mãos pelo cabelo e me olhou atenta, me analisando. Chegou mais perto e franziu as sobrancelhas.
– Seus olhos são...
– Estranhos?
– Bonitos. - ela completou sorrindo. - O que você faz?
Manobrei minha mente a não dar duplo sentindo a pergunta e respirei fundo. Levantei a palma da mão direita para cima, me concentrei e senti a pele ficar quente para em seguida uma chama dançar sob meus dedos e se juntarem ocupando toda a minha mão.
– Eu domino e crio fogo. - falei recebendo um olhar de surpresa dela. Talvez ate mais do que eu esperava.
Ela encarou a chama na minha mão, depois meu rosto e seus olhos se arregalaram. Fechei a mão extinguindo o fogo e esperei sua reação.
– Meu deus! - ela cobriu a boca.
– Não se preocupe, eu controlo bem. Não precisa ficar assustada. - falei imediatamente, mas ela pareceu não me ouvir.
– Você está... eu não acredito. - vi seus olhos ganharem tal surpresa que pensei que fosse chorar.
– Tudo bem. - me aproximei estendendo a mão.
– Não. É você. - ele se aproximou demais e vi pelo canto do olho o Daniel se levantar.
– Alice, do que está falando? - ele perguntou.
Ela o olhou e depois pra mim.
– As historias.... as historias da mamãe. É ele Dan.
– Eu o que? - encarei seus olhos marejados.
Ela então me encarou intensamente e senti algo se formar no meu peito.
– Você é meu irmão. O dominador do fogo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!