A Última Chance escrita por Gaby Molina


Capítulo 23
Capítulo 23 - Tentativas


Notas iniciais do capítulo

Oi :3 Então, vou ser bem sincera: esse capítulo não ia sair hoje. Não ia, mesmo.
Mas eu li a recomendação da Uma estranha sonhadora e senti a necessidade de escrever. Voltei a enxergar o que eu gostava tanto na história e... simplesmente me deu forças. Então, muito obrigada e esse capítulo é para você.
Não sei direito o que dizer, a não ser obrigada por todo o apoio. Eu me perdi em gritos no vácuo de minha própria existência, mas vocês estavam lá para me salvar.



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— Está dizendo que... Quer ter aulas extras de História de Iléa? — Lucius franziu o cenho para Charlie, prevendo uma pegadinha.

— Sim. Se eu vou ser rei, tenho de conhecer a cultura de meu país, não acha?

O assessor continuava desconfiado.

— Vou marcar datas e pedir que algum criado lhe mantenha informado.

— Ah, obrigado, Lucius — Charlie abriu um leve sorriso e se retirou.

Então... Você disse que a amava e depois zombou dela?, recapitulou Jane quando Charlie voltou para seus aposentos depois da discussão com Annie. Você precisa controlar seu temperamento, ou Vossa Alteza acabará com a ideia errada.

Como se ele não soubesse disso. Charlie vinha tentando usar as palavras "eu" e "rei" na mesma frase mais frequentemente numa tentativa de não parecer completamente apavorado todas as vezes. Não tinha muita certeza de que estava surtindo algum resultado.

Charlie não via a Princesa há pelo menos três dias, tempo que julgou necessário para que ela ou relaxasse ou o odiasse para sempre, mas ele imaginou que conversar mais com ela não acabaria bem. Annie deixara bem claro que estava cansada de palavras.

* * *

Annie Schreave odiava a si mesma por amar aquele bastardo inconsequente e presunçoso. Ela estava jogada na própria cama com a cara enfiada no travesseiro quando ouviu uma batida na porta.

Sentou-se rapidamente, quase caindo da cama.

— Charlie? — ela não sabia dizer se era esperança ou descrença o que ouvia na própria voz.

A Rainha America entrou no aposento, sorrindo levemente.

— Não exatamente.

— Mãe? — agora certamente era descrença. Sua mãe não entrava em seu quarto desde que a Seleção se iniciara.

America riu.

— Não fique tão surpresa. Vamos, vá mais para lá.

Annie foi mais para a ponta da cama e America sentou-se ao seu lado.

— Como vão as coisas, Annabelle?

— Fantásticas — a Princesa mentiu.

— O velho sarcasmo! — America riu. — Tenho medo de imaginar o que mais você puxou de mim. O que está acontecendo?

— Estou perdida em gritos no vácuo de minha própria existência, mãe.

America parou um minuto para raciocinar, mas não entendeu. Então simplesmente abraçou a filha e soltou um:

— Ahhh...

Annie riu.

— Estou bem. Vou ficar bem.

— Seja lá o que esteja fazendo, o Conselho está satisfeito por você estar passando mais tempo com Jasper.

A Princesa suspirou.

— Ótimo.

— O que houve com o garoto Hutton?

— Nada, ele continua aí.

— Sabe o que eu quis dizer.

— Não acho que ele entenda a magnitude de tudo isso. E, se entende, não acho que consiga aceitar.

— Mas ele realmente gosta de você.

— Talvez não o suficiente.

— Ele está fazendo aulas extras de História de Iléa. Por vontade própria.

Annie arregalou os olhos.

— Charlie o quê?!

— Está lá agora mesmo. Suas palavras exatas, segundo Lucius: "Se eu vou ser rei, tenho de conhecer a cultura de meu país, não acha?".

A Princesa já estava colocando um robe por cima da camisola e penteando o cabelo.

— Mãe...

A Rainha America riu.

— Vá.

* * *

— Quais são as alianças atuais de Iléa na Europa?

— Érrrr... A França — Charlie lembrou-se da visita dos Beaumont. — A... Itália?

Lucius revirou os olhos, entediado. Eles ouviram uma batida na porta.

— Eu tinha certeza de que aquela mulher estava mentindo — murmurou Annie. —, mas você está aqui mesmo. Lucius, pode nos dar licença?

O homem ergueu uma sobrancelha.

— Perdão? — A Princesa está pedindo que caia fora, Lucius — Charlie sorriu. — Tchau, Lucius.

Lucius resmungou uma ofensa para o rapaz e se retirou. Annie e Charlie se fitaram por um longo minuto. O rapaz tinha receio de se aproximar, então apenas continuou retribuindo o olhar.

— Por que está fazendo isso? — indagou a Princesa.

— Porque, se você acordar qualquer dia totalmente fora de si e me escolher como rei... Eu quero ser um bom rei.

— Vê, esse é o problema. Você trata a ideia de eu escolher você como se fosse um grande absurdo. E talvez seja. Mas é isso que estou pedindo a você: faça com que não seja. Eu preciso de uma base, Charlie. Um barco que não afunde. Não posso tomar uma decisão ruim.

— Estou tentando — prometeu Charlie. Annie abraçou-o.

— Obrigada. Ei... Érr...

— Sim?

— Você sabe que não é muito querido na Corte, não sabe?

Ele torceu o nariz.

— É, pode ser que você tenha mencionado isso uma ou doze vezes.

— A Corte gosta de Jasper.

— Todo mundo gosta de Jasper.

Ela riu.

— O ciúme na sua voz é adorável. De qualquer forma, eles não ligam muito para o fato de eu manter você aqui enquanto Jasper estiver recebendo destaque. Então talvez eu passe mais tempo com ele para amenizar as coisas.

— Tudo bem.

— Sério?

— Claro, vá em frente! Até beije-o se precisar.

Annie ergueu uma sobrancelha.

— Beijá-lo?

— É, quero dizer... Talvez não beijá-lo de verdade, mas...

— De verdade? E como é um beijo "de verdade"?

— Assim — e então ele se inclinou e a beijou nos lábios.

Depois de alguns segundos, Annie sussurrou:

— Por que você fez isso?

Charlie sorriu e beijou a testa dela.

— Pelo mesmo motivo que estou aprendendo essa matéria horrível. Porque eu amo você.

— Eu também amo você.

Os olhos de Charlie brilharam.

— Certo, não o beije. Definitivamente não o beije.

Annie riu.

— Pode deixar.

Ele entrelaçou os dedos da mão nos dela.

— Eu e você contra o mundo?

— Sempre, Pêssego.

— Você tem que correr para Jasper agora ou temos mais alguns minutos?

Annie hesitou.

— Acho que precis...

Charlie interrompeu-a com um beijo. Ela sorriu, colocando os braços em volta de seu pescoço. Ele levantou-a, deixando os dois da mesma altura, e dançou com ela pelo salão, sem interromper os beijos. A porta se escancarou e ele a colocou no chão.

— Alteza — Lucius bufou como se a visão queimasse seus olhos. — Hutton tem de voltar aos estudos.

— De fato — Annie suspirou. — Até depois, Charlie.

— Até — o rapaz sorriu. Quando ela se virou, ele puxou-a de volta e selou seus lábios mais uma vez. Annie riu. — O quê?

— Nada...

Lucius pigarreou.

— Hutton, largue a única sucessora do trono de Iléa, por favor.

— Como quiser — Charlie soltou a moça, ainda com um leve sorriso presunçoso no rosto.

Annie se apressou em deixar o salão antes que Lucius piorasse as coisas.


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