A Última Chance escrita por Gaby Molina


Capítulo 24
Capítulo 24 - Surpresas desagradáveis


Notas iniciais do capítulo

EU CUMPRO MINHAS PROMESSAS U-U
Não desistam de mim.
...
Ou desistam. Quero dizer, não é como se eu pudesse exigir muita coisa de vocês.
Mas enfim. Aqui está. Eu gostei desse capítulo, achei interessante. Espero que gostem também :3
Eu realmente não sei o que dizer. Não vou ficar enchendo vocês com aquele blá blá blá babaca de "vocês não sabem o que eu passei" porque é desnecessário. Apenas... Sei que vocês esperaram muito por isso, mas acreditem quando digo que vocês não iriam gostar de ler algo que eu escrevi porque me senti forçada. Mas o incentivo é incrível, gente. Vocês são muito mais legais do que eu provavelmente mereço, e eu agradeço todos os dias por isso. Apenas não quero que achem que estou tratando a fic com descaso ou algo do tipo. Só me perdi um pouco na narrativa, mas acho que consegui um caminho bom agora. De novo, espero de verdade que gostem.



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Annie não desviou os olhos de Lucius nem por um segundo sequer enquanto ele falava. Poderia destruir tudo ali mesmo. Expondo o favoritismo da Princesa, sua incapacidade de analisar a situação sem deixar os próprios sentimentos jovens e hormonais se meterem no meio...

Ela passou a reunião inteira do Conselho pensando em possíveis sinônimos cordiais de "Eu posso explicar...", até que a reunião acabou. Simplesmente. E Lucius não dissera nada sobre o beijo de Annie e Charlie. Quando perguntado, apenas expressou sua admiração por Jasper em poucas palavaras e logo calou-se.

A Princesa esfregou as mãos suadas discretamente no vestido e saiu daquela sala o mais rápido possível. Correu até o jardim e tirou os sapatos, jogando-os numa distância considerável, e inspirou o mais fundo que conseguiu.

Oh, me sinto mais apropriado agora que a vejo descalça também — disse uma voz conhecida atrás dela.

Annie sorriu e se virou, deparando-se com Zack, que estava, de fato, sem sapatos, equilibrando-se nos encostos dos bancos.

— Onde estão seus sapatos, Zack? — indagou ela.

— Ah, deixei-os no quarto. Aprecio deveras a sensação de meus pés na grama.

— Eu aprecio simplesmente a sensação de não ter aquelas coisas malditas apertando meus dedos — Annie suspirou. — E desde quando fala coisas como "deveras"? E propriamente, inclusive?

— Aprendi essa palavra hoje de manhã, já que Jasper ficava repetindo-a sem parar. Gostei dela, soa bem.

Annie riu um pouco.

— Deveria descer daí, vai acabar caindo.

Zack cruzou os braços, fingindo ultraje.

— Ora essa! E qual seria a diversão se fosse perfeitamente seguro?

— Qual seria a diversão em quebrar um braço, ou o pescoço, que tal?

Ele soltou uma risada descontraída.

— Acho que apenas está com medo, Alteza.

Annie ergueu uma sobrancelha.

— É isso que acha?

— É exatamente isso que acho. Considere-se desafiada, Vossa Graça.

O queixo dela caiu. Sem hesitar, Annie subiu no encosto do banco, perto de Zack, e prendeu a respiração.

— Maldição, Zachary.

Ele sorriu.

— Não vou deixá-la cair. Quero dizer, a não ser que eu caia junto, o que é, na verdade, altamente provável.

— Isso deveria fazer com que eu me sentisse melhor?

Ele cravou os olhos escuros e brilhantes nela.

— Nunca notou a quantidade de pequenas aventuras que esse palácio permite?

Como que para ilustrar sua teoria, ele pulou para o banco seguinte, aos tropeços. Seus pés estavam completamente trêmulos, mas sua face possuía uma expressão tão relaxada e confiante que Annie não sentiu que ele precisasse ser salvo.

Então apenas pulou para o outro banco também.

* * *

Charlie estava caminhando até o jardim quando ouviu risos.

E se eu cair daqui?

— Bem, se você cair, provavelmente vão cortar a minha cabeça — Charlie podia praticamente imaginar o sorriso torto de Zack ao dizer aquilo. — Nada demais, você sabe.

Curioso, o moreno caminhou até o jardim, encontrando Annie e Zack descalços, se equilibrando no espaço mínimo dos encostos dos bancos de pedra. Imaginou o ataque que Lucius teria se visse tal cena, mas Charlie apenas se sentiu contente ao ver o sorriso de entretenimento no rosto da Princesa.

— Ah, e aí, Charlie? — Zack acenou, quase caindo com o segundo de distração.

Os olhos de Annie brilharam.

— Oi, Charlie!

Charlie esboçou um sorriso.

— Oi...

— Quer se juntar a nós? — ofereceu Zack.

— Melhor aceitar agora, ou ele vai te desafiar — aconselhou Annie.

O moreno riu.

— Pular bancos?

— Você sabe que quer — insistiu o ruivo.

— Estou trabalhando em uma melhora de atitude recentemente.

— Vamos lá! — Annie desceu do banco, correndo até ele. — Você precisa ser o rei só para as coisas importantes, mas não precisa ser o rei para pular bancos comigo.

Então Charlie deixou-se ser arrastado até os bancos, onde tirou os próprios sapatos e subiu, parado ao lado da Princesa. Eles começaram a andar, com Zack na dianteira, e Charlie achou que Annie pisaria em falso em certo momento, então a puxou para trás por reflexo. Ela sorriu, erguendo os olhos para fitá-lo.

— Calma, Pêssego — sussurrou. — Estou bem. Respire.

— Só não quero que se machuque.

Ela deu de ombros.

— Tenho você para me salvar, não tenho?

Charlie sequer percebeu que ainda não a havia soltado, pois tal coisa parecia extremamente irrelevante. Apenas se segurou àquele momento o quanto pôde, sentindo as costas dela contra seu coração acelerado. Zack olhou para trás em certo ponto, mas apenas abriu um sorriso que Charlie não identificou e continuou andando.

— Você às vezes sente que ele não se importa? — Charlie sussurrou. — Com a gente?

— Acho que ele se importa, só não do mesmo jeito — ela deu de ombros. — Acho que me tornei amiga demais dele.

— Isso quer dizer que não vai se casar com Zack?

Ela sorriu.

— Me diga você.

E então apenas continuou se equilibrando nos bancos.

* * *

Lucius discursava num tom monótono e desinteressado sobre o fundador de Iléa, até que Charlie não aguentou mais ficar calado:

— Por que não disse nada?

O homem fitou Charlie pela primeira vez desde que entrara na sala, franzindo o cenho.

— A que se refere?

— À reunião, Lucius. Poderia ter acabado com tudo bem ali. Por que não o fez?

Lucius abriu um sorriso presunçoso.

— Eu poderia fazer da sua vida um inferno, Hutton — ele desviou o olhar para a própria unha. — Mas, em vez disso, vou apenas me sentar e observar o senhor fazer isso consigo mesmo.

— Então suponho que vou vê-lo na minha coroação, Lucius.

— A que título? Bobo da corte? — debochou o mais velho.

— Não, esse posto já é seu.

Depois de soltar a última resposta perigosa, Charlie saiu da sala antes que o homem repensasse as próprias decisões.

* * *

O Rei Maxon respirou fundo, perguntando-se uma última vez como diabos America o convencera a fazer aquilo.

— Se um dos senhores eventualmente receberá meu posto — ele encarou os Selecionados. —, de certo já têm conhecimento da importância da diplomacia em um país jovem e frágil como Iléa. Uma família nobre do Norte virá visitar hoje à tarde, e a opinião deles sobre quem deve ser o rei tem muito peso. Então, causem uma boa impressão.

Os rapazes assentiram, ajeitando os próprios ternos, e começaram a se certificar de que tudo estava perfeito para a visita dos Forgeau.

Maxon sentou-se em uma poltrona e lentamente torturou-se ao imaginar a relação daqueles garotos com sua única filha. Balançou a cabeça, afastando as memórias de sua própria Seleção. Não gostava de pensar nas outras Selecionadas.

— Maxon? — a Rainha America se aproximou depois de um tempo. Ainda parecia desconfortável nos saltos altos, mesmo depois de todo aquele tempo. — Eles chegaram.

Ele assentiu, se levantando, e a acompanhou até o jardim, onde viu o casal Forgeau ali parado. Um homem alto de meia-idade, com cabelos ralos e um terno caro, e uma mulher extremamente bonita que ele reconheceu depois de um minuto. Achou que estava enganado, mas teve certeza que não quando sentiu as unhas de America se cravando na mão dele, que estava entrelaçada à dela.

— Maxon! Quanto tempo! — Celeste Newsome sorriu, mostrando os dentes perfeitamente brancos. — Vejo que manteu a forma, hein? — seu sorriso diminuiu ao ver America. — Vossa Majestade.

Seu tom debochado revirou algo no estômago de America, que apenas acenou com a cabeça.

— Ah, é mesmo! — o sr. Forgeau (Henry, America achava. Mas ela provavelmente estava errada, não tinha boa memória para nomes) sorriu. — Vocês duas se conheceram na Seleção, não é mesmo? Que agradável!

— Mas, é claro, sem ressentimentos — Celeste aumentou o sorriso. — Afinal, se Maxon não tivesse escolhido America, eu não teria conhecido você, querido!

Eles se beijaram levemente. America soltou a mão de Maxon.

— Se me dão licença, eu vou vomit... Digo, verificar se os Selecionados estão vindo — murmurou, se afastando.


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