A Última Chance escrita por Gaby Molina


Capítulo 22
Capítulo 22 - Palavras e ações


Notas iniciais do capítulo

Só para deixar claro: eu não abandonei a fic e nem vou abandonar.



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Maxon assentiu.

— Dispensado, sr. Charles.

Charlie fez uma reverência desajeitada e deixou a sala. A Rainha America entrou logo depois. Beijou levemente os lábios do marido e fitou-o por um momento.

— O que o garoto queria?

— Ele gosta de nossa filha. Disso tenho certeza.

— A esse ponto, acho que todos eles gostam.

— Eu só não sei se ele é o melhor para o país.

America riu.

— Você tinha a mesma dúvida sobre mim.

— Verdade. Mas agora é diferente, America. Sabe como está a situação lá fora. Se Annie escolher o rapaz errado, haverá revoltas em todo lugar. Manifestações contra o Governo. E não sei se Iléa pode suportar tais ações. Querendo ou não, Annie deu ao povo liberdade democrática. Não vão aceitar qualquer coisa que imponhamos.

— Eu acho isso ótimo. É complicado lá fora, sabia? Aquelas pessoas aguentam problemas demais todos os dias.

— Está defendendo Charlie?

America sorriu.

— Ah, aquele garoto queimaria o reino todo em um deslize. Mas eu adoraria assistir.

Maxon pensou por um minuto, fitando o relógio.

— Está pensando nas revoltas? — America perguntou.

Ele fez que não com a cabeça.

— Tenho quase certeza de que aquele bastardo beijou a minha filha.

America estava achando a coisa toda muito divertida.

— Você é muito hipócrita, sabia disso? — beijou sua testa. — Annabelle já é bem grandinha.

— Não o suficiente.

— Você está ficando velho e chato, Maxon.

Ele riu.

— E você está ficando muito hippie.

* * *

— Sr. Charlie? — Jane fitou-o quando ele chegou ao quarto. — O senhor está bem? Parece ter visto um fantasma.

— Bem, se você considerar o Rei Maxon um fantasma... — ele engoliu em seco e sentou-se na própria cama. — Jane, eu estou muito ferrado.

— Hum... Por quê?

— Porque eu seria um rei terrível!

— Isso não é verdade.

— É claro que é verdade, eu me esconderia em um arbusto no primeiro jantar oficial!

— Bem, Annabelle provavelmente não deixaria o senhor fazer isso.

— Como se ela já não tivesse responsabilidade o suficiente sendo rainha. Não quero uma babá — ele bufou e se retirou.

Tudo o que ele queria era sumir um pouco, mas é claro que Annie teve que aparecer.

— Charlie! — ela correu até ele e beijou-o nos lábios.

Ele ficou surpreso, mas beijou-a de volta. Depois franziu o cenho.

— Alguma coisa que eu deveria saber?

— Meu pai gosta de você — ela sorriu, animada.

— Hã... Eu não tenho tanta certeza.

— Bem, ele não exatamente gosta de você, mas ele disse que você é um bom homem.

Um bom homem que jamais daria conta de governar um país ou basicamente governar qualquer coisa, foram as palavras exatas de Rei Maxon, seguidas de Pelo amor de Deus, dispense-o.

Mas o Rei sabia que a filha não seguiria sua sugestão, portanto sequer insistiu.

O que irritou um pouco Annie, porque mesmo assim ela queria mostrar que ainda estava levando tudo em consideração.

E que era uma mulher crescida e responsável, e que não estava pensando com a voz do desejo.

Ela não tinha muita certeza de o que isso significava, mas soava um tanto quanto profundo.

— Eu tenho um problema, Charlie — Annie fitou-o por um minuto. — Eu gosto de você.

— Eu também gosto de você. Por que isso é um problema?

— O problema é que eu estou recebendo muita pressão porque os anciãos e meus pais não acham que você está pronto para essa coisa toda de comandar Iléa.

Charlie cambaleou um pouco com a notícia, então resolveu sentar-se. Annie sentou-se ao lado dele.

— Mas a decisão é sua, Annie.

Annie mordeu o lábio, desviando o olhar.

— O problema é que eu... — a voz dela falhou.

— Você concorda com eles. Certo.

— Não é assim. Eu só não tenho certeza, Charlie. Você tem ótimas qualidades, mas são exatamente o tipo de qualidade que o torna menos indicado a assumir um cargo tão público.

— Em outras palavras, eu sou introvertido, sabe-tudo e irresponsável, tudo bem.

— Não foi o que eu quis dizer. Droga, Charles, estou tentando ser sincera.

— Então seja!

— Você foge das coisas! — ela se levantou, bufando. — Sempre que alguma coisa não sai exatamente do jeito que você queria, ou sempre que tem que lidar com alguém, ou ter uma conversa que não deseja ter, você nunca enfrenta. Você sempre arruma desculpas e se afasta, e não pode fazer isso sendo rei! Sabe quantas conversas desagradáveis eu tenho que ter todos os dias por causa de uma coroa que eu nem escolhi usar?! É frustrante, mas eu tenho que enfrentar. Inclusive essa conversa aqui. E eu sinto muito se estou deixando você chateado, mas estou pedindo isso porque realmente gosto de você. Se não gostasse, simplesmente já teria cedido à vontade do conselho e dispensado você, mas não fiz isso. Então, por favor, se eu significo qualquer coisa para você... Preciso que comece a arriscar e aceitar responsabilidade.

— Tá — Charlie murmurou, sem olhar para ela.

Annie soltou um grunhido.

— "Tá"?! Isso é realmente tudo o que você tem a dizer?! Deus, por que você não pode ser mais...

— Mais como Jasper? — Charlie finalmente encontrou coragem para encará-la. — Certo. Jasper é o corajoso. E eu sou o covarde. Tudo bem.

— Não fique se comparando a Jasper. Eu não o faço.

— Por quê? Sabe que, se comparar, vai perceber que ele é melhor em tudo e desistir de mim e isso seria simples demais ?

— Não! Eu não faço isso porque eu não gosto de Jasper. Eu gosto de você, idiota, e quero manter você aqui, mas enquanto você não acordar e perceber que eu não posso fazer isso se você não me ajudar, temos um problema.

— Eu disse ao seu pai que estou apaixonado por você — disparou Charlie, cansado da conversa de ser covarde. — Isso é corajoso o suficiente para você?

Annie parou de falar por um minuto, basicamente em choque. Ela não conseguia dizer nada, sequer sabia o que dizer.

— Prove — sussurrou ela, respirando fundo. — Porque um beijo não vai resolver tudo.

Charlie encarou-a e, com uma reverência debochada, deu-lhe as costas e saiu andando.


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