Impávida. escrita por Lucas Piascentini


Capítulo 9
Capítulo 9 — Devaneios.


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, esse capítulo foi e será o mais curto de todos da história. Eu não queria posta assim, mas não tem como. Eu preciso terminar a história. Eu preciso que vocês descubram tudo. Mas, nem no meio eu cheguei ainda! Preciso adiantar as coisas. Explicar e não confundir mais. E perdão por ter demorado tanto pra postar a história. Estava me dedicando ao meu curso de inglês, escola, e coisas assim! Perdão mesmo, não farei mais isso. Essa semana, postarei mais um capítulo, promise you!



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Ouço os devaneios dos meus gritos silenciosos. Não me pergunte como o escuto, apenas escuto-o. Parece que estou em perigo e estou. Corro em um labirinto ouvindo apenas um nome que me persegue: Peter.

Existe algo sobre meu punho, que me segura, me prende, pesa. É como se eu carregasse algo tão pesado que não pudesse reparar. Pareço uma menina, na época dos humanos, com câncer no pulmão, sou incapaz de respirar, de sentir ar adentrando minhas narinas. (Obviamente minha raça encontrou a cura para este defeito, sim, doenças são defeitos de fábrica).

Minha visão está falha. Tudo está falho, na verdade, até mesmo meus pés pararam de se mover. Estou em frente a um tipo escroto de árvore: sem vida, sem coração, sem nada. Morta. Galhos secos. Pedras ao redor. Tudo me faz lembrar clima depressivo, morte. Para completar o enterro: há cheiro de sangue.

Podridão.

Vejo um rosto escondido atrás da árvore, me encarando, o olhar gélido daquela alma atinge meu olhar. Sinto uma dor insuportável dentro de meus pulmões. Sinto como se eu estivesse sendo sugada, como se minha alma estivesse sendo sugada pelo ser mais temido na minha raça: Aluísos, ou Universo.

Universo, explico, aquele que tira nossas alma, aquele encarregado de nós matar, de fazermos virar o Nada.

Ele me encara de forma demoníaca, espero meu grito sair, mas não sai. Não enxergo muito bem seu rosto, sei que o temo. Ele some de meu espaço de visão. Sinto alguém respirando atrás de mim. Uma respiração mórbida, porém existente. Devagar. Uma mordida.

Meu coração sai pela boca. Não literalmente.

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Estou suada, apesar de estar frio do lado de fora. A janela mostra que neva. Devo dizer que fomos transferidos para o ponto mais alto do vulcão Edna, então, sou capaz de ver toda a neve escorrendo ao lado de fora. Ainda é de madrugada então todas as pessoas das quais divido meu quarto estão dormindo, exceto eu. Permaneço bem acordada, sentindo o suor escorrer pelos meus cabelos longos.

Sinto uma respiração pesada sobre meu pescoço. Não faço movimentos histéricos, reviro para o lado e ouço:

— Não vai olhar docinho?

Reviro meu corpo, mesmo que contra minha vontade e enxergo o rosto feminino daquela mulher. Narinas pontiagudas, olhar de superior. Cabelos louros.

Acordo gritando, todos enxergam Wanessa correr até o interruptor para ligar a luz.

Meu coração bate tão rápido que estou a ponto de explodir. Eu vou explodir. Tudo vai explodir. É como se estivesse tendo um ataque de pânico. Wanessa corre até mim e segura minha mão com força. A energia dela é sugada pelo meu corpo e sinto que o aperto vai ficando mais fraco. Eu não tinha ideia que era capaz de fazer isso.

Quando percebo, Wanessa está no chão e eu estou bem.

Estou andando pelo corredor e sinto uma forte brisa atingindo meus cabelos loiros, o que faz com que eles voem. Estou preocupado com Wanessa, faz seis dias que ela está na enfermaria em sessão especial. Os médicos me disseram que é como se ela estivesse sem alma, sem vida. Como se não houvesse mais energia, mas que isto é resolvível, ou melhor, que não é uma tarefa fácil, mas pode ser reversível. Vamos às porcentagens: 85% de chances dela continuar em estado vegetativo, 18% de chances de sobreviver sem se lembrar ao menos de quem ela é. 7% de voltar ao normal, como se nada tivesse acontecido. Na melhor das hipóteses torço pela segunda, ela não lembraria que eu era a culpada.

Peter bate no meu ombro e sinto um calor demoníaco entrando em meu corpo. Como se eu estivesse fria e de repente fosse jogada dentro de um forno. Uma gota de suor escorre. Peter vira-me na intenção de encará-lo, ele passa seu dedo pela gota que escorre.

— Você está com calor? — Ele pergunta sentindo o vento frio. Vejo que seus pelos pequenos dos braços se arrepiam.

Engulo em seco.

— Digamos que sim. — Sorrio.

— Soube algo sobre a garota do seu quarto?

— Wanessa? — Pergunto.

— Sim, ela mesma.

— Exceto pelo fato que ela tem grandes chances de vir a ter uma paralisia cerebral, não.

Ele não responde, encara o chão.

— Foi você, não foi?

Não respondo.

— Você é uma Impávida.

Ele não pergunta, afirma. Ele sabe que sou uma impávida sem eu ao menos saber o porquê de eu ser uma impávida.

— Sim, eu sou uma Impávida sem ao menos saber o que é uma Impávida. — Viro minha cabeça para o lado direito, ressalto que ele está ao meu lado esquerdo, encaro as pedras do Vulcão e quando percebo Peter não está mais ao meu lado. Não tento imaginar onde ele se encontra. Talvez porque eu estou com raiva, ódio, medo... Vontade de gritar, de morrer. Sinto-me um lixo de ser vivo. Não entendo o que sou, onde vivo, o que tenho que fazer, tampouco entendo o que a vida significa. Mas sei que tudo que eu toco pode explodir, que eu não tenho controle de mim mesma.

______________________________________________________________

Estou do lado de fora do Vulcão, sentindo a brisa atingir meu rosto fracamente, estico minhas mãos e crio fogo, a brasa é quente, mas não me queima (acredito que não). Estou parada olhando a árvore morta à minha frente. Pelo menos, dessa forma, me sinto viva. Alguém está se aproximando, eu sinto. Apago o fogo que está aceso e deixo a luz da lua iluminar tudo ao meu redor. Ouço um barulho de galho se quebrando logo atrás de mim. Arrepio-me e preparo para atacar. Quando as mãos quentes encostam-se a mim, dou uma espécie de reviravolta, jogando minhas pernas para cima e colocando minha mão no chão. Prendendo-o pelos pés e o jogando no chão.

Ouço um gemido de leve vindo dele.

— Peter! — Grito correndo até seu corpo. — Desculpa, eu não sabia que era você.

Vejo o sangue escorrendo por sua testa.

— Francamente Cassie, onde você aprende tudo isso?

Sorrio, porque nem mesmo eu sei.

Pego uma espécie de pano que carrego comigo no meu bolso e limpo o sangue que escorre.

— Você poderia ter se anunciado sua presença, Peter. — Digo.

— Mas ai não teria graça. — Ele responde, me encarando nos olhos. Percebo como estou vermelha.

— E qual é a graça de levar um chute no rosto?

Ele ri. Estou bem próxima dele e sinto cheiro de menta do seu bafo. O mesmo cheiro que... Ligo todos os pontos. Peter, ele é o cara. Ele é o... Meu Deus! Tudo faz sentido.

— A graça é que depois do chute eu posso fazer isso.

Seus lábios tocam o meu de forma voraz, meu corpo inteiro treme. Sinto a excitação do momento. Só então lembro-me de Alaric.


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Notas finais do capítulo

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