Impávida. escrita por Lucas Piascentini


Capítulo 6
Capítulo 6 — Luta é Luta.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, peço perdão pela demora da postagem e em segundo lugar, quero explicar o motivo da demora: Eu tinha escrito o capítulo dois dias após a postagem do anterior (5), mas eu tonto demais não salvei o arquivo perdendo assim, meu documento, foi então que eu perdi a vontade de escrever por esses dias, mas, voltei firme e forte! Depois de eu reescrevê-lo sem dúvidas ele ficou melhor, espero que curtam!



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Eu não vou lutar, digo a mim mesma.


Estou com as pernas bambas. Não aguento mais andar, não aguento mais mover meus pés no intuito de encontrar este lugar que iremos nos alimentar. Acredito que devemos estar ao Oeste de Faísca, onde tudo é mais vazio, onde as luzes do centro da cidade são inexistentes. Há postes na rua que iluminam a calçada, só por conta deles, sou capaz de enxergar meus monitores, meu irmão... Peter.

A neve parece cair mais intensamente. Arrependo-me instintivamente de ter vindo com esses tênis, eles estão molhados. Olho para o chão e ele está praticamente laranja claro, por conta da neve. Tento imaginar o motivo da Sociedade ter feito a neve sintética tão parecida com a natural... Já que é artificial, por que molhar?

Nunca falei muito da Sociedade, nunca achei necessário. A Sociedade é composta por treze Elementares e um humano, o único humano que vive no luxo elementar, pelo menos, o único divulgado pela Sociedade. Ele deve viver sozinho e morrer sozinho. Seu nome é Alberto da Cruz. Ele vive nas Nações Unidas do Sul. A Sociedade é responsável por abastecer nossos alimentos, por nós dar tudo o que temos. É fato que ninguém pode ter mais que o outro, então, todo último sábado do mês, vamos a lugares chamados de Ceias, onde soldados da Sociedade nós entregam nosso alimento mensal. Eles fazem a contagem por pessoa morando em uma casa. Devo dizer que neste mesmo dia, caso sobre algum tipo de alimento que não usamos em casa, devemos devolver à Sociedade. Pelo menos, é isso que a Sociedade faz nas Nações Unidas do Sul. Vale lembrar que em cada continente a Sociedade age de uma forma, aqui em Elo eu não tenho a menor ideia de como funciona, mas, pelo pouco que vi das pessoas aqui, eles não parecem viver numa espécie de sociedade comunista e sim de uma capitalista, digo, de uma bem capitalista.

Avisto uma casa toda escura, mesmo estando a metros de distância dela, sou capaz de enxergá-la tão bem, como se ela tivesse em minha frente. A casa é tão escura quanto a noite desta cidade, mais propriamente dito, tão escura quanto o céu desta cidade. Olho para meus pés, na tentativa de que eles tenham secado com o calor que estou emitindo de meu corpo. Mas não secaram. Imagino que agora meus pés devem estar com um odor insuportável, não dá muito certo misturar calor com algo úmido.

A casa pintada de preta tem um poste em frente, que emite uma luz fraca. A luz está rodeada por insetos, tento identificar qual é a espécie, descubro instintivamente que aquele inseto é uma mariposa. Mariposa preta, aliás. Presságio ruim, acredito.

E quando o pensamento ruim vem à tona a luz do poste falha e tudo fica escuro. Digo, a luz de todos os postes daquela rua falham. Não suporto imaginar, não suporto acreditar, que minha visão não funciona na escuridão. Tento imaginar o porquê da visão dos homens não ser igual à dos morcegos. Não há uma resposta fixa, um motivo concreto.

Menos de um minuto se passa e a falha de energia da rua ocorre novamente. E segundos depois volta. Pisca, apaga, pisca, apaga, pisca, apaga. Até apagar por completo. Meu coração palpita rápido. Olho para o chão e nem meus tênis sou capaz de ver.

— Deem as mãos! — Grita um dos monitores, que eu tomo a ideia de ser Carl.

Estico minhas mãos na tentativa de que alguém a segure, mas ninguém a pega. Procuro com meus olhos alguém ali, mas tudo está escuro. Não há lua para iluminar, tampouco estrelas, por isso, não sou capaz de enxergar nada, ninguém. De repente uma mão segura meu braço e como estivesse forçando a voz, este alguém diz:

— Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

— Quem é você? — Digo.

— Alguém. — A voz rouca, masculina e indefinida responde. Eu sinto ódio de não saber quem é. Sinto raiva de minha tolice, de minha idiotice. Da minha falta de inteligência de não conhecer uma voz quando ouço.

— Como que você me enxerga?

— Digamos que venho treinando enxergar no escuro.

— Por quê?

— Não direi. — A voz rouca diz.

Calo-me. Fico quieta durante todo o segundo que aquele cara, que aquela pessoa, me toca. O calor que emana de sua mão, o cheiro de menta... Tudo faz com que ele seja o mesmo cara que me abraçou no trem. Não pergunto, apesar de querer, apesar de não estar mais aguentando na curiosidade mórbida de saber quem ele é. Eu preciso saber... Eu preciso conhecê-lo, eu preciso descobri-lo, desvendá-lo.

— Foi você que me abraçou no trem? — Digo, não preparada para resposta caso seja não.

— Chegamos! — Fabiana, a monitora, grita.

Não sinto mais nenhum calor em minha mão. Por algum motivo incerto, paro e encaro a escuridão. Ele não me respondeu? Quero descobrir porque e quero descobrir o motivo dele estar se escondendo? Ele está com medo? Pergunto-me. Mas não sou capaz de suportar essa hipótese, pois ninguém sentiria medo de alguém como eu... Sentiria?

Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Carl, que me pergunta se eu não vou entrar. Balanço a cabeça, concordado, e adentro à casa.

Meus olhos voam para a luz que emite raios luminosos fracos. Elas não machucam minha vista. Subitamente, encaro as paredes brancas da casa, reparo que ela parece não ter mais cômodos, além do que eu estou, acredito que isso seja uma sala. E sim, este lugar está longe de ser um restaurante. Não há nenhuma mesa, nem se quer comida. Pergunto-me o que fazemos aqui.

— Sejam bem-vindos a Unidade de Treinamento Elo. — Um homem, que parece surgir da parede entra na sala.

Observo que ele possui cabelos grisalhos entre a tintura laranja. Olho para aquilo com vontade de rir, até perceber que é proposital. Não consigo entender como ele consegue achar aquilo belo, mas não digo nada. Ele usa uma lente vermelha, o que me dá impressão de que ele quer chamar atenção, talvez ele seja um velho esquecido e não aguenta isso, fazendo então, o possível para chamar atenção em termos de aparência.

— Meu nome é Elle Mackenzie, sou dominador do tipo fogo desde que nasci. — Não vejo o motivo dele fazer essa apresentação, totalmente desnecessária, é óbvio que ninguém liga para o que ele é ou quem ele é. — Bom, estou aqui, ou melhor, vocês estão aqui para, senão óbvio, lutar.

O tom de sua voz na palavra lutar não me agrada, sinceramente, tenho vontade de socar seu rosto quando o som termina de entrar em meus ouvidos. Eu não acredito que andei até aqui, que meu estômago grita por comida, para nada. Eu não vou lutar, digo a mim mesma.

Reparo que Elle está retirando a blusa, mostrando seu peitoral surpreendentemente malhado. Pelo que percebo, todos aqui tem que ter um corpo belo. Estereótipos, acredito. Cada sociedade tem que ter o seu claro, cada continente. Por exemplo o do Ar é utilizar óculos, a inteligência, a capacidade de escrever, de falar, isso o torna belo lá. Aqui, é ter músculos.

Observei o relógio dourado no braço esquerdo de Elle, ele o retirou e o jogou no chão. No mesmo instante, a luz da sala se apagou e o relógio começou a brilhar, um projetor tátil abriu em uma das paredes. Justamente a que eu estava encostada. Saio rapidamente, abrindo espaço para Elle. Ele toca em alguns lugares e abre um programa, se consigo ler, o nome é “Quadro de Lutas”. Vejo então, fotos, como uma árvore genealógica, havia linhas que ligavam cada foto, com o nome da pessoa por extenso embaixo.

— Essa genealogia indica a pessoa com quem cada um de vocês lutarão. Por exemplo, Cassie Kingsley lutará com Alaric Kingsley.

O nome de meu irmão adentrou meu ouvido como se fosse um tiro. Havia tantas pessoas que eu poderia lutar e tinha que ser justo ele? Meu irmão? Eu pensei em gritar que não lutaria com ele de maneira alguma, mas não seria necessário. Eu sei que as pessoas encontram emprego, são redirecionadas a seus empregos, pela nota no treinamento, e isso faz parte de nosso treinamento eu aceitando ou não. Não devo questionar, se questionar, com certeza terei nota abaixada. Alaric sabe tão bem quanto eu que não devemos dizer nada, sem questionamento, sem nenhuma consequência.

— A primeira luta será entre Peter Korian e Carlos Severo. — Diz Elle, com a voz rouca.

Encaro-o e percebo que ele me encara de volta. Desvio meu olhar.

— Há algumas regras... — Ele diz. — Poucas, mas elas existem. Este combate é feito para testar habilidades corporais, ou seja, dominação de fogo é proibida.

Ótimo.

— A luta termina quando um desmaiar ou quando acharmos necessário o fim da luta. — O.K. — Ah, claro, só uma coisa. Os seis primeiros colocados serão os únicos que se alimentarão.

Todos nós nos encostamos a uma das paredes, vejo que Carlos pula para dentro do campo, ou melhor, para dentro de um círculo desenhado no chão. Quando Peter finalmente entra dentro dele, o chão começa a ficar maior, o círculo onde estão fica maior. Vejo cordas surgirem, fazendo o desenho do círculo. Aquele espaço se torna um ringue e nós somos a plateia.

Fabiana está no canto direito juntamente a Lucca, enquanto Carl está no esquerdo junto a Elle, percebo, só então que Elle está com a mão levantada, fazendo o número cinco. Três. Um.

Sangue espirra no chão do ringue. E o sangue vem do rosto de Peter, que não parece reagir ao soco que Carlos acaba de dar. Minha mão está tremendo. Não sei porque, ela só está. Presto atenção rapidamente, aos movimentos de Carlos, Peter que está no chão engatinha, tentando fugir, gritando que não vai lutar. E parece que não vai mesmo. Ele não parece reagir a nenhum ataque de Carlos.

— Covarde! — Albert grita do meu lado, ofendendo Peter, que não abre sequer a boca para responder, mas não tem como também, pois um chute de Carlos o atinge bem na barriga.

Vejo gotículas de sangue espirrar de sua boca. Tento não prestar atenção na luta, mas em que mais prestaria? Redireciono o meu olhar ao olhar de Peter. Seus olhos estão roxos. Carlos chuta-o, como se ele fosse qualquer objeto, percebo que ele permanece acordado, fazendo o maior esforço possível, percebo que Peter se recusa a adormecer, a desmaiar. Peço para que ele adormeça, peço a qualquer coisa, as forças universais, a Deus, seja lá o que for, peço a positividade. Seus olhos começam a se fechar vagarosamente. Agradeço mentalmente, é quando, Carlos pega-o pelo colarinho da camisa, e joga-o no chão com toda força. Os olhos de Peter voltam à tona, ele está acordado. Carlos, que possui um corpo de lutador, senta-se em cima da cintura de Peter e começa a socá-lo no rosto. Vejo sangue, e mais sangue, e sangue, e sangue espirrar do rosto de Peter. O cheiro pútrido atinge minhas narinas. Eu não quero mais ver isso.

— Para!

Não suporto a dor que Peter está sentindo, não aguento vê-lo daquele jeito. Não posso aguentar com tanta crueldade em um único ser. Eu quero bater nele, eu quero estar no lugar de Peter para poder chutá-lo, acabar de vez com ele.

O olhar de Elle me atinge, estou olhando para ele.

— Cassie Kingsley, o que você quer?

Carlos parece não dar atenção para mim, muito menos nenhum dos outros monitores parecem interferir nas centenas de socos que Peter está levando. Pergunto-me se nenhuma parte de seu corpo está quebrada. E sei que está, quando ouço um estralo vindo de seu nariz.

— Ele já não apanhou o suficiente? Ele não quer lutar! Vocês não percebem?

— Ele é covarde!

Ouço um grito atrás de mim vindo da boca de Alber, e não resisto, sou obrigada a me virar.

— Ele não é covarde! Diferente de muitos aqui ele possui ética, ele possui valores pelo qual ele luta!

Albert cala-se e retorno meu olhar a Elle que parece não ligar para meus comentários, pois ele se virá para frente encarando o ringue, assistindo os ossos do rosto de Peter quebrar. Não suporto. Corro até o centro do salão e entro, rapidamente, no ringue. Pulo em cima de Carlos, que continua a socar o rosto de Peter, como se aquilo fosse um grande triunfo. Enfio meus dedos sobre o rosto dele, arrependendo-me de ter roído todas as minhas unhas. Todos olham para mim, incrédulos. Meus dedos estão queimando de ódio. Eu estou queimando o rosto dele, pelo visto. E não paro. Ouço os gritos dele adentrando meu ouvido e por mais que ele soque as minhas costas, tentando insuportavelmente me retirar de lá, eu não me movo, fico parada nas costas dele, queimando seu rosto. Ele fez um estrago muito grande a Peter e sinceramente, não deixarei barato.

Sou arrancada a força das costas dele, mas sei que queimei bastante seu rosto, sinto o gosto de triunfo adentrar minhas narinas, como se aquilo fosse um bem feitor que eu tivesse feito, mas por dentro eu sabia que não era, pois desde quando machucar alguém é um bem-feito?

As mãos que me tiram das costas de Carlos são femininas, o que me faz crer, que aquela é Fabiana. Duas pessoas que minha visão não permite que eu enxergue me seguram. Está tudo complicado de se ver, está tudo como quando eu conjurei a força espectral no meu Veridícontest. É como se eu tivesse acabado de fazer isso.



Estou agora sentada no chão, ao lado de alguém que me abraça, aquecendo todo meu corpo. Minha visão ainda não voltou e de uma forma ou de outra, a pessoa que está me passando este conforto sabe disso. Sinto uma gota de suor atingindo minha cabeça. Sei que aquele lugar onde estou está fedendo a sangue pútrido, pois sinto esse cheiro. Quantas lutas terá passado? Quantas pessoas já devem ter lutado? Será que já estamos prestes a ir embora? Eu não sei, porque eu também sou incapaz de ouvir, muito menos de falar. Não consigo se quer me movimentar. É como se eu tivesse gasto toda minha energia. Mas de uma forma ou de outra, a pessoa que me abraça passa a energia que eu necessito. Passa ao mesmo tempo segurança. É como se eu estivesse no paraíso, é como se... Como se eu fosse um animal e aquele fosse meu dono. É como se eu tivesse esperado minha vida inteira para encontrar tal segurança que nem mesmo meus pais eram capazes de me dar. Lágrimas brotam do nada de meus olhos. Imagino que seja o sentimento de saudade de meus pais que está surgindo, ou talvez, eu me sinta uma inútil, afinal, do que adianta existir se você não consegue se movimentar, é como se eu estivesse apenas, vegetando. As mãos dele acariciam minha cabeça. É como se agora eu estivesse mesmo no meu porto seguro, é como se eu tivesse encontrado minha única salvação em uma guerra, mas não estamos em guerra. Pelo menos, acredito que não.

Horas se passam, ou minutos, não sei. Não sou capaz de contar, afinal, não posso fazer nada, só me resta pensar. Tento ver a imagem de Peter na minha cabeça, dos machucados dele, será que ele está ainda machucado? Será que ele está bem? Não sei se essa resposta me virá tão cedo, tampouco, se ela realmente virá. Tenho medo de fazer alguma coisa, de tentar me mover e ser apenas destruída. Tento dormir. Fico minutos, horas, tentando dormir, finalmente, saio de meu corpo e percebo que agora, finalmente, poderei ver quem é aquele que está me passando toda a energia, quem é o meu porto seguro.

Quando apareço, finalmente, no mundo Espectral, abro meus olhos e vejo tudo tão nítido, como se não tivesse ocorrido exatamente nada, como se eu tivesse meus sentidos de volta. Levanto em um salto, olhando para meus pés. Eu estou presa a linha branca. Ótimo. Quando abro meus olhos percebo que estou na enfermaria, há quanto tempo fiquei neste estado de vegetação? Ao meu lado, vejo um bolo de papéis, entre eles, a minha ficha, leio-a e vejo exatamente que estou neste estado há dez dias. Não sou capaz de acreditar e grito de horror, deixando aquelas folhas caírem no chão. Sento-me na cama, não acreditando no que eu vejo. Não foram horas, foram dias. Eu tremo, nem sabia que poderia tremer no mundo Espectral, mas pelo visto, isto é possível. Quase me esqueço de que estou aqui para descobrir quem ele é, mas, aparentemente, não há ninguém aqui a não ser meu corpo, que está deitado na maca. Será que tudo não passou de minha imaginação? Será que eu criei um fantasma na minha cabeça para que todas as vezes que eu estivesse em perigo, perdida, ele me guiasse? Quero perguntar a alguém, mas não posso, estou em estado vegetativo, sobrevivência mórbida, poucas chances de seus sentidos retornarem. Pelo menos, é assim que a minha ficha diz.

Saio da enfermaria à procura de alguém para me ajudar, de algum outro espírito, de alguém que me diga o que está acontecendo e porquê eu estou aqui nesse estado. Imagino que eu deva ser a garota mais viciada em enfermaria que existe, mal acabei de sair dela e já tive que voltar. Provavelmente minhas notas de treinamento deve estar despencando. Sinto-me exatamente como um lixo. Eu não passarei, não serei aprovada pelo Conselho do Fogo. Eles não desejam uma fraca como eu, uma pessoa que desmaia tanto, igual a mim. Estou andando pelo longo corredor que liga até o refeitório, foi tão mais rápido quando Clarice me levou até lá, quando ela me carregou voando, já que ela é uma leviana e pode fazer isto. Eu quero socar a cara de alguém de raiva, de ódio e é quando vejo no corredor alguém vindo até a enfermaria. Esse alguém é Carlos, juntamente a um garoto de dois metros, leio no crachá que ele usa Antone Esplêno, e vejo ainda, meu irmão. Sigo-os. Tento imaginar um único motivo para eles estarem indo até a enfermaria, só há eu lá.

— Vamos, Antone e Alaric.

Os dois apressam os passos e entram na enfermaria. Lá estou eu, deitada, e a sala aparentemente está vazia.

— O que vocês fazem aqui?

— Ah, não sabíamos que você estava aqui... — Eles vão falar o nome, eu sei que vão.

Meu espírito é puxado para dentro de meu corpo e sou incapaz de ouvir o nome de quem está lá no hospital junto comigo. Quero entender o porquê de eu ser puxada justamente agora e o porquê de eu ser incapaz de vê-lo. Ouço de repente, barulho de soco no rosto de alguém.

— Não vou deixar vocês machucá-la! — A voz masculina diz, não a reconheço, faço um esforço, mas sou incapaz, eu só sei que ela pertence ao mesmo cara que me deu a mão no dia que eu defendi Peter.

— E agora você é o que, namoradinho dela?

Meus sentidos estão se recuperando e eu posso sentir. Movo minhas mãos rapidamente, e ouço mais socos, alguém cai no chão. Ouço o barulho de batidas de cabeça, eu quero me levantar, eu quero sair. Os socos acabam e eu faço o maior esforço que posso, jogo meu corpo para frente e meus olhos se abrem. O azul deles brilham como se eu tivesse jogado uma isca e o peixe tivesse caído e sim, eu estou prestes de pegar minha presa. Curvo-me na cama, sentando, e quando vejo, não há ninguém mais na sala, só uma figura encapuzada saindo apressada da enfermaria. Penso em correr, mas minhas pernas não obedecem. Fico sentada, então, esperando uma enfermeira chegar. Fico sentada sentindo meu desespero. Fico sentada observando meus novos companheiros de enfermaria, e eu sei que eles vieram para cá com um único objetivo, me machucar.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam o review adoráveis leitores! Beijos.



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