Pensei que minha cabeça ia chacoalhar e doer por causa da minha memória. Minha memória perdida. Mas me enganei.

Não tive e não tenho nenhum risco, nenhum ponto, nem um flashback, nem uma estrela se quer que me conecte á minha outra existência. Uso o “outra” justamente porque a minha condição me permite. Se não me lembro de quem eu sou e estou renascendo, eu fui algo. E fui até desvendar esse enigma que se chama eu.

Pois bem, essa é a realidade. Não tive nada. Essa é a palavra. Assim como no momento em que renasci, não senti nada. Nada. O mundo simplesmente desacelerava ao meu redor.

E por incrível que possa parecer, essa é uma das melhores sensações: não ter nada em sua mente. Como se ela descansasse após um longo dia de trabalho.

No meu corpo a situação foi digamos... Um pouco diferente: tive a breve sensação de mudar de lugar, senti calafrios pelos membros superiores e inferiores, numa fração de segundo meu coração batia rápido demais e depois começava a bater de menos, bem lentamente. Então eu apaguei. Totalmente.

Quando acordei abri os olhos por milésimos de segundo e vi olhos verdes. Um monte deles. Em todo lugar. Quis me levantar, mas não consegui. Meu cérebro e meus membros não me atendiam. Vencida, apaguei mais uma vez.

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