Th1rteen R3sons Of Peter Pan escrita por justhannahbaker


Capítulo 12
I do two points not one


Notas iniciais do capítulo

Eu não falei? Ninguém vai ler essa maluquice!!!



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Quando cheguei em casa, o céu imediatamente começou a mudar. Até que demorou um pouquinho pra que eu chegasse, considerando que eu estava com a maior pressa do mundo.

Diferente do que eu esperava, o ar parecia maldoso e mais frio do que de costume. A água era um grande cubo de gelo. Não estava congelada, mas quase. As árvores estavam cobertas de neve, na verdade, quase tudo estava coberto de neve. Até o ar que eu respirava era gelado.

Tinha alguma coisa fora do normal, porque o clima demorou pra mudar. Devagar demais. Mas o sol já estava subindo. Isso sempre acontecia quando eu voltava: as flores começavam a desabrochar, as a floresta, as montanhas, os rios, e toda a ilha virava um dia quente de verão. É verdade, tá? Tá duvidando de mim? Bom, não me interessa, porque primeiro tenho que descobrir o que tá acontecendo e porque não encontrei o...

- Que? – quase gritei. Eu tinha subido em cima de uma nuvem. As nuvens estavam geladas de frio, mas continuavam fofas e logo iam mudar pra uma cor alaranjada por causa da luz do sol.

- Devagar demais! – reclamei, enquanto pulava de nuvem em nuvem. O clima não me afetava muito. Era louco assim mesmo e eu já tinha me acostumado com ele faz tempo... Aliás, eu faço parte disso. Botem a culpa em mim se o clima é louco! Mas eu faço parte da natureza desse lugar... E já você: vive uma vidinha comum e sem graça com um bigode ralo e um chapelão ou um barrigão inchado de tantos filhos. Normal.

- A praia! – exclamei. Não acredito que eu estava estressado como um adulto andando pelas ruelas de Londres. Eu deveria estar rindo feito louco e me divertindo. Mas acho que a minha nova aventura não vai ser só divertida, vai ser perigosa, medonha...

Por isso eu estou esquisito desse jeito! Só pode ser! Mas não tenho mais tempo para pensar nisso, saio pulando de nuvem em nuvem e deveria estar rindo de me acabar, porque essa é uma das brincadeiras mais divertidas que existem: saltar das nuvens. É muito legal, as nuvens aqui mudam de cor e te queimam ou congelam dependendo da sua sorte!

Mas eu não ri. Não riu? Não ri. Não teve nenhuma graça quando vi o barco dos meu arqui-inimigo encostado na beira da praia. Pior: sua tripulação já tinha descido. Levei um susto danado quando vi o barco! Pensei que ele tinha ido embora daqui faz tempo... Talvez para a Inglaterra, ou a França... Mas me enganei. Ele devia estar aqui o tempo todo. Ou voltou rápido, deve ter farejado uma nova aventura e mais uma besta pra extorquir. Vou te contar: faro de cão nunca falha. Ainda mais ele: o Barbas de Craca dos sete mares.

Olha... Parece que estou ficando mais forte e mais esperto... Bem... Dei uma olhada em mim por alguns segundos. Até que crescer um pouquinho não é tão ruim. Tomara que a Atena não esteja mentindo pra mim. Juro, se eu crescer e ficar que nem o pai de... quer dizer, que nem um gentleman  velhaco e caduco que nem os que nem os caixas de banco de Londres, juro: chuto aquela Estátua estúpida tão rápido que a queda da dita-cuja vai partir América em dois até um novo continente!

Os marinheiros começam a gritar. Desço, giro e com rapidez fico em uma nuvem baixíssima.

- (...) Noodle, venha aqui! Rápido, homem! Encontramos algumas pegadas!

- Verdade? Deixa eu ver!

Consigo ouvir a conversa desses dois bobões a metros... Não... Quilômetros! Quilômetros! É isso! Quilômetros de distância! Tá com inveja? Não me interessa, fiquem quietos, eu preciso ver o que...

- Nossa, John! O capitão vai ficar satisfeito, com certeza não vai nos estripar hoje! – os dois riram que nem dois bobocas! Não mudam nunca!

- (...) Então... Quer dizer que ele estava certo? Tem mais alguém aqui?

- Fora o P...?

- Pst! Não fale no diabo, o capitão pode escutar! Também não vimos ele por aqui, graças a Deus! Iria querer roubar nosso tesouro!

- Tesouro? Mas você não falou...

- O “alguém” que está escondido na floresta, homem!

Peraí... O “ALGUÉM”? Não! Não pode ser o A L G U É M que EU estou procurando! NÃO!

Giro e voo por cima da areia tão rápido que eles nem podem me ver. O barco está exatamente como eu vi da última vez: grande, escuro e assustador, com uma camada extra de gelo que logo ia derreter.

Preciso pará-los. Corro em direção a floresta, mas tenho uma ideia.

- Pode acordar o capitão, mas eu não tô nem aí! É bom que ele veja com seus próprios olhos que eu voltei!

Os marujos estavam gritando e andando pela floresta. Como eram lesmas travestidas de gente, não tive dificuldade de ficar atrás do barco e gritar:

- EI, BABACAS VENHAM ME PEGAR!!

Num susto eles olharam amedrontados para trás embravecidos e com medo de acordar o patrão:

- PAN!! – gritaram juntamente – PEGUEM O MENINO!!

- SE CONSEGUREM!!! – dei língua e voei para a floresta de vez.

- (...) Atrás do menino, marujos! Pan pode estragar tudo!

- O capitão não pode saber!

Minha audição era mesmo muito boa. Noodle dava ordens como se fosse o capitão, mas não vi o braço direito do patrão. Nem sombra dele. Devia estar lá, dentro do navio, participando dos planos diabólicos dele para ser derrotado por mim novamente! Vida boa, não?

Mas eles estavam vindo pra cá. Não podia correr o risco de amanhecer de vez e eles pegarem o “o tesouro” e o levarem ao capitão.

O “alguém” era o começo da minha aventura. Atena disse que eu tinha que protegê-lo e é isso que eu vou fazer... Se os meus... Inimigos puserem as mãos nisso...

Não tinha muito tempo e com a minha experiência, procurei nos arredores da floresta. Não tinha nada lá. Devia estar no meio.

Voei entre a mata e as árvores, vi alguns animais que caçavam a noite, mas nada fora do normal. Estava quase desistindo, percorri uns vinte metros a mais antes de pensar em ir pro abrigo, quando avistei uma coisa...

Desço num sopro.

Estava escondido abaixo de uma árvore copada. Era um corpo. Tremi.

- É uma... Uma... – minhas mãos grossas e sujas tocaram devagar seu braço. Tremi novamente.

- Ela está muito gelada. – uma onda de susto me atravessou instantaneamente. Depois que a toquei levemente no seu braço tive certeza de que era uma menina. Eu não via uma menina faz... Muito tempo. Já disse isso? Claro que já.

Ainda estava escuro. Em alguns minutos poderia amanhecer, mas se continuasse escuro e frio daquela maneira... Ela... Ela... Poderia morrer.

- Não posso deixar isso acontecer. – minha voz soou mais séria e menos firme do que eu esperava. Ouvi passos e e vi uma leve iluminação por ali: eles estavam vindo com tochas de fogo!

Toquei seu braço com mais força e quase me desesperei: a pele dela estava fria e congelada. Pálida. Tinha que correr, tinha que tirá-la dali.

Com cuidado coloquei meu braço direito abaixo de seu joelho e o braço esquerdo nas suas costas. Todo o corpo estava frio. E tinha neve pela roupa que usava. Dei um sorriso amarelo enquanto saltava no ar:

- Eles não vão achar o “tesouro” no final das contas – presumi – O Capitão vai ficar chateado...

Em alguns segundos endireitei o corpo acima das nuvens e voei a toda velocidade em direção ao coração da floresta. Tive certeza de que era uma menina quando a ouvi gemer de dor ou de frio, provavelmente, próximo ao Cume do Crepúsculo. Não tinha muito jeito com meninas, é óbvio. Meus amigos eram todos homens e minhas amigas eram, er... Digamos diferentes, mais parecidas comigo e não com uma menina do outro lado. Lá fora.

A minha última amiga que era como... como... ela... Quem quer que seja que estava nos meus braços, não está mais aqui. Lembra quando eu disse isso? Mas não interessa. O que importa é que eu não conseguia ver o rosto porque o cabelo caía na frente quando ela se mexia.

Nesse momento eu estou quase chegando ao meu abrigo. Começo a avistar as árvores altas e conjuntas e as flores na frente. Vou descendo. Mas a pessoa... O “alguém” se mexe demais. Agora não para de tremer e a gemer.

Coloco meus pés na grama e com o corpo nos braços giro a alavanca e abro a porta de troncos. Entro.

- Mas que... Você treme demais – sussurro.   

Está tudo escuro. Tenho medo de que ela se machuque com os espinhos e os troncos quando descer o escorregador. Mas ela está fraca demais para descer sozinha. Começo a me lembrar de como as meninas são frágeis... Como flores...

- Já sei... – digo, enquanto endireito o corpo da menina novamente, coloco seus braços sem vida enlaçados no meu pescoço e seguro seus joelhos com força. Escorrego.

Assim como saltar das nuvens, escorregar no abrigo era uma das brincadeiras mais legais que eu e os meninos gostávamos de fazer. O frio na barriga era a melhor parte! Não, a melhor parte era quando a gente caia de tanto rir! Eu sei, tá? Não precisa me encher a paciência!

Os sapatos da menina tocam o chão coberto de folhas secas alaranjadas. Acho que ela está ferida. Levanto-a sem dificuldade e um pouquinho orgulhoso, tenho que admitir: pouca coisa pesa demais pra mim. Carregar uma menina é como pegar um gerânio nos bosques: moleza!

Mas eu não posso ficar feito um babaca segurando uma menina com aquela cara de limão chupado como se não estivesse nem aí para o caso dela morrer. Não vou deixá-la morrer. Nunca.

A Estátua disse que eu devia cuidar dela. Ajudá-la. Ela é a minha nova porta de entrada para uma inesquecível aventura! E eu já dispensei uma aventura? NUNCA!

E além do mais... É... Uma... Uma... Menina. Uma menina aqui... Da última vez que uma menina... Me faz lembrar de... Deixa prá lá, isso tudo faz muito, muito, muito tempo. E não te interessa!

Com rapidez coloco-a do jeito mais calmo que consigo na minha própria cama para não acordá-la.

- Você está doente! – quase gritei enquanto toquei em uma testa assustadoramente gelada. Peguei os cobertores velhos mais próximos que eu achei (os de lã que eu usava no inverno) e joguei no seu corpo que tremia.

- Hmm... – gemia. Olhei por um pequeno buraco no abrigo que já tinha amanhecido e eu tinha afastado o barco do inimigo pelo menos por enquanto... Mas ela não melhorou. Eu não consegui ficar parado vendo ela se mexer e gemer na cama de agonia. Sentia dor? Não pude saber. Corri para pegar um pano qualquer e deixei de molho em uma panela qualquer que esquentava. Fiquei de olho nela.

Depois que esquentou, peguei o pano e corri para botar na testa doente. A menina transpirava, mas parecia se sentir melhor. Sem querer, soltei um sorriso fraco.

Coloquei muitas velas nas cabeceiras e prateleiras feitas de troncos de árvores para que ficasse mais quente. Devia beber alguma coisa... Algum... Argh, algum... Remédio...

Mas não posso pegar remédios agora... Além disso, estou cansado. Até poderia conseguir uns remédios por ali, com uns amigos que viviam na ilha, logo depois da pedreira, minha amiga mora lá. Mas ela é muito ocupada com essas coisas da gente dela: pegar lenha pro fogaréu, tomar banho de rio, cuidar da comida, brincar... Ei! Já sei! Podia ajudar a pessoa, ou sei lá quem tá aqui a ficar bom de novo! Vou dar uma volta por lá amanhã! Tomara que eu consiga o remédio!

Mas agora tenho que ficar de vigia. Já é de manhã e eu devia estar fora de casa. Mas não vou sair até a menina melhorar pelo menos um pouco. Já pensou se o capitão acha o meu abrigo? Tô perdido! Iam levar a “aventura” embora e eu nunca mais a veria de novo. É como uma estrela: se você perde no céu nunca mais consegue encontrá-la.

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