Th1rteen R3sons Of Peter Pan escrita por justhannahbaker


Capítulo 11
I have to run away


Notas iniciais do capítulo

Sério, não sei o que tô fazendo. E agora tô começando a ficar cansada e com sono. E quase comi todo o bolo de chocolate da geladeira.



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Não vou voltar para aquela caverna. De maneira nenhuma voltarei para lá. Eu só... Não posso. Chamaria isso de intuição, mas a verdade é que tenho motivos.

Se eu fosse mais inteligente voltaria para lá sem pensar duas vezes. Segundo o dicionário ser inteligente significa: “escolher a melhor opção” e não somente saber um bando de dados aleatórios de cor. Mas eu acho... Que ser inteligente não é uma qualidade adequada pra mim. Não sou inteligente.

Se fosse, correria com todo o fôlego que ainda possuo e ficaria atrás do cume de uma montanha. Sob o céu estrelado. Era a decisão mais inteligente a tomar e era isso que eu deveria ter feito. Ao menos eu estaria segura. Minha respiração estaria tranquilizada, não estaria com dor de cabeça e nem com aquele aperto no peito, aquela descarga de adrenalina que pressentimos quando estamos de frente a uma situação que pode resultar em algo ruim para você. Para ser mais clara, algo que interfira literalmente na sua vida.

E em vez de correr e preservar minha vida, o que estou fazendo, Meu Deus? Vou dizer: estou entre as árvores. Minhas pernas não queriam se mexer quando avistei o navio, por isso eu corri para as árvores que ficam de frente para a areia e para a praia.

Eu preciso sair daqui. Mas não consigo. Minhas pernas e meus olhos não me ajudam. Primeiro porque minhas pernas estão bambas, e segundo porque meus olhos estão fixos naquele barco. Estou tremendo e para completar está frio. Para ser sincera, não é lá muito justo que eu esteja passando por um tipo de “problema” quando o céu está tão bonito. Bonito mesmo. O céu não está limpo como nas outras noites que passei nessa... Terra... Nessa ilha... Ah, sei lá! O que importa é que ele está salpicado de estrelas. Está azul escuro e é uma das minhas cores favoritas, que eu lembrei agora mesmo... De algum modo...

É uma noite perfeita para admirar o céu do cume de uma montanha... Ou numa clareira... Ou no meu quarto... No meu quarto? De onde me saiu essa ideia, hein? Imagino que as frestas estariam meio abertas para eu adormecer sonhando acordada... Frestas meio abertas? Sonhando acordada? Meu quarto? Nem sei onde é a minha casa... Embora eu saiba que eu tenho uma casa... Ou tive, acho que o pretérito é mais apropriado não sei por quê... Sim, eu tive uma casa e tive pais... Mas não me lembro de como eram e onde ficavam. Falo dos dois, se é que me entende.

Esse é o problema de perder a memória. Eu não tenho certeza absoluta se eu perdi a memória, ou melhor, eu não tenho absoluta certeza de nada sobre mim. E isso não é uma coisa lá realmente legal. Mas estou me convencendo que sim. Acho... Eu não sei... Minha memória talvez volte... Ao menos é o que eu espero. Na realidade veem até mim fragmentos, pedacinhos da minha memória que não encontram suas conexões. Então tudo permanece do mesmo jeito. Como eu disse: nada faz sentido. Por isso ainda tenho duvidas se desejo que minha memória, meu eu e tudo relacionado a mim e a meu universo voltem. É possível que isso não seja uma decisão voluntária.

Acredito que para tudo existem razões. Motivos. Ah, certamente existem motivos... 13... 13... Esse número na minha cabeça de novo? Vê? É por isso que penso que ás vezes é melhor eu evitar me entender. Porque toda vez que eu tento, como agora, aparecem sim algumas informações sobre mim, coisas que vivi. Mas o que recebo é pouquíssimo. Incompleto. Um quebra-cabeça. Será que terei que juntá-lo, meu Deus? Será que eu mesma terei que combiná-los, como Deus fez com as estrelas? Juntando-as uma a uma para que o céu fosse uma verdadeira dádiva? Há mais uma razões - e sempre há - cujo qual prefiro não vasculhar minha mente a minha procura: surgem mais perguntas. Muitas perguntas como o a infinidade de estrelas que existem no céu aqui. E eu mais uma vez, não conseguirei respondê-las. Por enquanto. Então darei um tempo de mim mesma. É mais saudável porque quando me ocorrem esses pensamentos - em grande parte do tempo - eu fico desnorteada. Com a cabeça nas estrelas.

Mas eu sei que não posso ficar nesta posição. E sei que se tratando de mim qualquer um de vocês pensaria alguma besteira. Vocês? De quem me refiro afinal? E como sei disso? Não faço a mínima ideia. Ora, veja só: pelo menos uma pergunta respondida.

– Meu Deus... – suspiro – Que barco enorme!

Quantas toneladas pesava um negócio daquele? Nem quero descobrir. Nem sei quantos diâmetros media e tampouco sua profundidade. Não consigo ver muito bem os detalhes do barco porque está escuro e eu estou entre as folhas. Tive que dar um jeito de me camuflar. Aquilo não é um navio fantasma, senão não teriam vindo tão rápido.

O navegante deve ter uma força dos diabos, mas acho que foi o vento. O navio não aparenta ser moderno e altamente tecnológico - como os que fazem cruzeiros para turistas e ricos comumente nos litorais dos USA.

Decididamente não era um navio para turistas. Navio fantasma? Nem quero pensar nessa possibilidade. Mas acho... Que não tenho medo dos mortos. Talvez fosse engraçado se esse navio a minha frente fosse fantasma. Quem eu iria encontrar? O Barba Ruiva? Podia implorar ao capitão que me levasse pra casa. Casa? Nem sei onde é minha casa. E devo admitir que apesar de tudo, eu... Eu não queria ir embora dessa ilha... Se eu estou aqui, é por uma razão. E as estrelas brilham tão facilmente aqui...

O navio está quieto demais. Nos filmes que eu via, sempre que um lugar está quieto demais sempre tem alguma coisa errada.

O navio é antigo porque é movido a velas. Grandes mastros do tamanho de arranha-céus. Também não é militar, é mais... Clássico. E foi muito bem construído, a madeira é fina e está em bom estado. Mas não consigo ver muito porque ele está coberto de gelo. O barco é escuro e perigoso, como se ali tivesse uma aura de maldade ao redor. Incrivelmente assustador.

– Isso está... Quieto demais... – sussurro. Suada. Pisco para as luzes que se acendem no navio. Um segundo. Começo a correr, sei que tem algo de ruim vindo por ali.

Com dificuldade atravesso algumas árvores. O mato está seco e eu enfio meu pé em alguns espinhos e plantas perigosas. Mas eu não ligo: preciso correr. Preciso voltar para a...

Dou de cara com alguns troncos e outras coisas da floresta que não me importam agora, mas que podem me ferir. Estou cansada de correr e de caminhar, preciso seguir a trilha. Mas a essa hora da noite tudo parece suspeito. Minha cabeça novamente gira e dói, mas não tenho tempo para pensar. Eu preciso fugir daqui. Ouço um gritos. Para o meu desespero não consegui ir longe, eu conseguia ouvir passos batendo na madeira, maldosos e enraivecidos, seja o que for que vive naquele barco.

– Ai – reclamo. Tropecei. Me levanto suada e com o coração aos pulos. Começo a caminhar.

– N-não consigo... Não aguento mais, meu Deus! – caio no chão deitada, respirando agonizantemente enquanto minha visão fica turva. Meu corpo amolece e meus olhos vão se fechando. Infelizmente não consigo ver mais as estrelas.


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