Audrey

Andamos até a hora do almoço. E como eu sei? Fácil, na cidade onde estávamos tinha uma placa com o dia e o horário. E eu estava com muita fome, quase desmaiando. Me apoiei no ombro de Nico.

- Está tudo bem, Audrey? – Ele pediu.

- Sim... – Eu disse, quase caindo. – Só...só estou com fome.

- Gente, a Audrey está quase desmaiando. Vamos parar. – Percy falou.

Entramos em uma lanchonete estilo anos 50 e fizemos nossos pedidos. Eu nem percebi, mas comi o meu cheeseburger com uma rapidez incrível.

- Nós não podemos ir até Detroit andando. – Annabeth falou. – Vamos alugar um carro.

- Mas com o nosso dinheiro não dá. – Nico alegou.

- Ok, vamos roubar então. – Percy disse.

- Percy, se fizermos isso, vamos ser procurados pela polícia! – Annabeth disse.

- Eu acho que já somos. – Percy apontou para a TV, onde mostrava um vídeo da gente embarcando na caçamba daquele caminhão.

Agora vamos conversar com Marie Parker, dona do estabelecimento que esses jovens destruíram e dona do quarto que eles “alugaram”. – A repórter  disse. – Então, dona Marie...é verdade que eles tinham armas?

Sim, é verdade. E uma garota deu um jeito de explodir todas as luzes da cafeteria. E eles não pagaram o aluguel do quarto. Eu até liguei pra polícia. – A mulher disse, muito irritada.

- Oh-oh. – Annabeth disse. – Nós temos que nos mandar.

Pagamos a conta e corremos para o aluguel de carros mais próximo.

- Qual vamos escolher? – Percy pediu.

- Você vai dirigir, você decide. – Annabeth falou e Percy se dirigiu a um conversível azul perto do portão de entrada.

- Entrem. – Ele disse, já dentro do carro. Annabeth sentou no banco da frente e eu e Nico ficamos atrás.

Vimos que o dono da loja estava vindo em nossa direção, então Annabeth gritou:

- Dá a partida, dá a partida!

Percy deu a partida e o carro saiu derrapando pela rua, enquanto o dono do carro tentava correr atrás da gente, ligando pra polícia.

- Eu não acredito que a gente fez isso! – Eu gritei, rindo.

- Isso foi divertido, não foi? – Annabeth falou e nós assentimos.

No resto da viagem, nós ficamos conversando, rindo, dormindo... Mas, como sempre, teve um problema. Em certo ponto, o chão começou a tremer e nós ouvimos bufos altos. Percy olhou pelo retrovisor, acelerou e gritou:

- Minoutauro!

- Acelera, Percy! – Eu gritei.

- Estou acelerando, estou acelerando!

O minotauro estava chegando perto. Ele quase conseguiu agarrar o carro, mas Percy fez sair fumaça do escapamento e acelerou ainda mais. Nós devíamos estar a uns 300 k/h.

- Percy, tem uma estradinha ali! Entra nela! – Nico gritou e Percy cruzou o asfalto muito rápido. Ele entrou na estradinha de terra e o minotauro passou reto pela estradinha, nem nos viu entrando nela. Percy continuou a toda velocidade na estrada, entrou em algumas ruazinhas que apareciam e depois, quando dissemos que o Minotauro não estava mais seguindo a gente.

- Certo, alguém sabe onde nós estamos? – Percy pediu.

- Michigan. – Annabeth respondeu.

- Eu sei o estado. Eu quero saber a cidade.

Nos entreolhamos. Certo, ninguém sabia onde estávamos.

- Nós nos perdemos, que beleza. – Eu disse, batendo as mãos na minha coxa.

- É só fazer o caminho inverso. – Percy disse.

- Mas você entrou em umas 500 ruas no mínimo! E isso aqui está parecendo um deserto de Las Vegas! – Annabeth falou. – E nós já estivemos em desertos de Las Vegas.

- O que nós vamos fazer? – Nico pediu.

- Está escurecendo. Vamos dormir no carro mesmo. – Annabeth falou. – Logo ali tem um laguinho. Se quisermos tomar banho, podemos ir lá.

- Você ficou louca? Eu não vou tomar banho em um lago. – Nico protestou.

- Como você é fresco. Melhor tomar banho em um lago do que ficar fedendo. – Annabeth retrucou.

- Ela tem razão, Nico. – Eu disse.

- Ela sempre tem. – Nico resmungou.

- Gente...como vamos chegar em Detroit se estamos perdidos? Daqui a pouco a gasolina acaba. – Percy disse. – E ninguém mora aqui nesse lugar!

- Percy, nós vamos dar um jeito, tá? – Annabeth o tranquilizou. – Vamos descansar um pouco agora.

Annabeth apoiou a cabeça no ombro de Percy e dormiu imediatamente. A missão não estava indo do jeito que esperávamos. Que eu esperava. Faltavam 6 dias para o prazo expirar e 4 para o meu aniversário. E do jeito que as coisas vão, aposto que vou passar meu aniversário tentando chegar em Detroit.

Fiquei olhando para fora do carro até adormecer. Sonhei com Apolo.

- Oi, Audrey. – Ele disse. – Não nos conhecemos pessoalmente, ainda. Eu sou Apolo.

E deu um sorriso que me cegou quase por completo. Fiz uma pequena reverência e disse:

- Sr. Apolo... como nós vamos chegar em Detroit em 6 dias?

- Faltam apenas 5 dias agora. – Ele disse. – E sim, vocês vão chegar. E vai dar tudo certo, estava na profecia.

- Mas está sendo impossível!

- Não se preocupe com isso. As profecias nunca falham. – Então ele piscou e eu acordei.

Nico já estava acordado. Seus cabelos estavam molhados.

- Há! Então você foi tomar banho no lago? – Eu pedi.

- Sim, fui. – Ele revirou os olhos. – E até que não é tão ruim. Eu aproveitei que todo mundo estava dormindo...Você sabe, né? Seria constrangedor tomar banho com todo mundo te olhando.

- Por que você acha que todo mundo ficaria te olhando?

- Ah, não sei. – Ele deu de ombros.

- Ok, agora eu vou tomar banho. NÃO.OLHE!

Saí do carro e caminhei em direção ao lago. Antes de tirar minha roupa para entrar, olhei para o carro. É, ele não estava espiando. Mas só para não correr nenhum risco, fui para um ponto mais escondido no lago. Tirei a roupa e a joguei no chão. Entrei devagar no lago. A água estava fria. Fiz o mais rápido que pude, apenas esfreguei o cabelo e passei água no corpo. Peguei a toalha que deixei pendurada em uma árvore e me sequei. Quando eu ia trocar de roupa, notei que havia deixado no carro.

- Droga! – Murmurei, chutando uma pedrinha.

Enrolei a toalha no meu corpo e fui para trás de uma árvore, onde o carro já era visível. Notei que Annabeth e Percy ainda dormiam e Nico estava virado de costas para o lago.

- Nico! – Gritei. – Pst! Ô Nico!

Ele virou a cabeça em minha direção e corou.

- O quê?

- Posso te pedir uma coisa?

O rosto dele ficou ainda mais corado. Garotos só pensam besteira mesmo.

- P-pode... – Gaguejou.

- Não ria de mim!

- Não vou.

- Eu esqueci minhas coisas aí no carro. Traz pra mim?

Ele pareceu suspirar de alívio e disse:

- Espera. – E começou a procurar minha mochila. Depois ele a pegou e veio caminhando em minha direção.

- Feche os olhos! – Ordenei.

- Por quê? Você está de toalha!

- E se ela cair?

- Tá! – Então ele fechou os olhos e os tapou com a mão.

Deu a mochila para mim e eu agradeci:

- Obrigada. Pode ir agora. – Eu disse, fazendo sinal para que ele voltasse.

Ele voltou e eu finalmente pude me trocar em paz. Coloquei uma blusa de mangas compridas e ombros caídos cinza, uma calça jeans e uma bota de combate preta. Estava um pouco frio hoje.

Voltei para o carro com os cabelos ainda molhados.

- Um saco não ter secador nesse fim de mundo. – Reclamei. – Meus cabelos estão horríveis.

- Eu não acho. – Nico disse.

- Eu queria pelo menos poder secá-los. – Eu disse. 

Depois disso, ficamos falando sobre como faríamos para chegar em Detroit até Percy e Annabeth acordarem.