Nós já estávamos na estrada a bastante tempo e nem sequer conseguimos sair daquele deserto.

- Audrey, como você pode ter certeza de que vamos sair daqui? – Percy perguntou.

- Sonhei com Apolo. – Eu respondi. – Ele disse que vamos sair daqui. De um jeito ou de outro.

- E com esse “De um jeito ou de outro” ele quis dizer que vai nós tirar daqui com o carro do Sol? – Annabeth perguntou.

- Ele não disse exatamente isso... – Falei, desviando o olhar. – Mas foi o que eu entendi.

- Certo. – Annabeth disse.

Olhei para o lado e vi Nico mexendo em uma estatueta.

- O que é isso? – Pedi.

- Hã? – Guardou a estatueta no bolso. – Não é nada.

- Era uma estatueta, não era?

Ele suspirou e tirou a estatueta do bolso.

- É. É do meu pai, Hades.

- Legal! – Eu disse. – Você tem uma de Zeus?

- Eu tinha, mas joguei fora. – Ele disse.

- Por quê?

- Bianca morreu para me dar essa estatueta. – Tirou do bolso novamente. – Eu fiquei com tanta raiva. Queimei todas as cartas de mitomagia e as estatuetas. Só fiquei com essa aqui.

- Ah... – murmurei.

Ficamos em silêncio por um bom tempo até que eu gritei:

- Percy, vire a esquerda!

E eu nem sei porque gritei isso, a estrada em que estávamos era reta. Não tinha nenhuma entrada.

- Mas não tem como virar a... – De repente, uma estradinha surgiu a esquerda. Percy virou a toda velocidade. – esquerda...

- Como você sabia que tínhamos que virar a esquerda? – Annabeth perguntou.

- Não sei. Simplesmente senti que era o certo.

- Continue sentindo então. – Percy disse.

Ficamos andando um tempo na estradinha e eu gritei:

- Direita!

Percy virou a direita e foi assim até chegarmos no asfalto novamente.

- Nem acredito que conseguimos sair do deserto! – Nico disse.

- Pois é! Graças a Audrey. Eu não consigo entender...como você sabia para onde virar? – Annabeth pediu.

- Eu também não consigo entender. – Eu disse, baixando a cabeça.  

 - Tudo bem, vamos para aqui para dormir. Está tarde. – Annabeth disse e Percy estacionou em frente a uma cafeteria.

Nico

Paramos em frente a uma cafeteria. Annabeth e Audrey foram comprar comida enquanto Percy dormia e eu ouvia as músicas que estavam tocando na rádio. Nada interessante, desliguei.

As garotas chegaram, acordamos o Percy e começamos a comer. Audrey disse que sentia que estávamos perto de Detroit, ou seja, chegaríamos lá amanhã.

- Audrey, como você sabe disso? – Pedi.

- Talvez Apolo esteja me indicando ou sei lá. – Ela disse. – Lembra que eu sonhei com ele?

- Sim. – Concordei.

Assim que Percy e Annabeth terminaram de comer, eles caíram no sono. Apenas eu e Audrey ficamos acordados.

Ela se encolheu no banco e estremeceu um pouco.

- Está ficando frio, né? – Ela disse.

Concordei com a cabeça. Só depois de uns 5 minutos eu fui entender (eu acho) o que ela queria.

- Ah! – Eu disse e tirei minha jaqueta. – Toma.

Ela recusou.

- Não, Nico. Não precisa.

- Mas você está com frio! – Repliquei. – Pegue.

Entreguei a jaqueta nas mãos dela. Ela deu de ombros e a vestiu.

- Ficou enorme. – Ela disse, olhando para as mangas e rindo. Ri também. A jaqueta tinha ficado realmente muito grande. – Mesmo assim, obrigada Nico.

Ela se inclinou para perto de mim e me deu um beijo na bochecha. Senti que meu rosto estava ficando quente. Audrey deu uma risadinha.

- Está ficando tarde. – Audrey disse e bocejou. – Boa-noite.

- Boa-noite. – Murmurei em resposta e me virei para o lado, mas não consegui dormir logo de cara. Audrey já parecia estar no sétimo sono, então não teria problema se eu lhe dissesse uma coisa que quero dizer a tempos. Cheguei perto do ouvido dela e sussurrei:

- Eu gosto muito de você, Audrey. 

De repente, vi ela dar um sorrisinho. Ou eu estou imaginando coisas? Virei para o lado e dormi. Tive um sonho com Bianca. Ela estava usando a roupa das caçadoras e um gorro verde. Ela sorriu.

- Estou tão orgulhosa de você, Nico.

- Está?

- Sim. Parece que você está conseguindo superar bem a minha morte.

- Você está feliz por causa disso?

- Sim, estou. Eu não gosto de te ver sofrer. Quero te ver feliz. – Ela hesitou. – E estou vendo que você encontrou uma “amiguinha”.

- Bianca! – Corei. Espera, tem como corar nos sonhos?

- Nico, eu gostei dessa garota. Ela te deixa feliz. E eu já disse, te ver feliz é tudo o que eu quero.

Olhei para baixo.

- Como sabe que ela me deixa feliz?

- Eu venho te observando. Você m e parece muito bem com a companhia dela.

- Me sinto, sim. – Murmurei.

- Ela também me parece bem com a sua companhia. Eu até acho que ela gosta de você.

- Eu acho que não, Bianca.

- Ela te deu um beijo na bochecha, não foi? – Bianca disse.

- Sim, deu. Mas isso não significa nada.

- Significa muito mais do que você pensa. – Ela disse. – Agora você tem que acordar, Nico. Não se esqueça...

Ela ia dizer algo mais, mas o sonho sumiu e eu acordei.