O aniversário de 18 anos para vários jovens significa a passagem para outra fase, para uma fase adulta, para uma fase mais madura. Não para Lea, para ela ter 18 anos significava perigo, muito perigo. Era assim com todos da mesma espécie que ela, era assim para filhos de elementos.

Mohammad estava agitado e nervoso. A meia noite Lea completaria 18 anos e como ele já sabia quando um filho de elemento é transformado seus poderes ficam descontrolados o que os deixam extremamente perigosos.

Lea estava em seu quarto, não queria sair. O por quê? Ela nunca gostou de se enturmar, passava à tarde em seu quarto lendo. Mohammad nunca teve nada contra, até preferia que fosse assim, seria horrível se os elfos do local soubessem o que Lea é.

Os elfos do local não sabiam o que Lea era pelo fato dela ser extremamente parecida com a espécie deles. E Mohammad nunca havia mencionado nada anormal sobre ela para eles.

– Lea, querida, se arrume. Rei Cassius ordenou que os empregados preparassem um banquete para comemorar o seu aniversário. – Disse Mohammad adentrando no quarto.

– Claro. – Respondeu se levantando da cama. – Será que o rei ainda não entendeu que eu não gosto de formalidades e banquetes? Sabes, eu também não me importaria em vestir um culote. Apesar de ser uma veste masculina aposto que é bem mais confortável que saia e espartilho.

Mohammad saiu do quarto deixando as empregadas entrarem para ajudar Lea a se vestir. As empregadas a vestiram com um vestido azul trabalhado na barra e um espartilho preto, que na opinião dela estava muito apertado.

Lea apesar de seus modos de agir e pensar era fina e educada na frente de qualquer pessoa. Dir-se-ia que é uma “atriz” de passagem. Não gostava de se passar por fingida, muito menos por falsa, mas tinha de ser assim para não passar má impressão o que é bem pior, segundo Mohammad.

Era noite quando Lea desceu para o banquete, a mesa extensa já estava repleta de convidados, a maioria desconhecidos por Lea que se acomodou em um lugar vazio. O banquete foi servido e ela não comera quase nada estava preocupada demais em manter sua respiração regulada o que era difícil com o espartilho.

Mohammad estava sentado ao seu lado nervoso. Ele consultou seus superiores e se espantou ao saber o horário, meia noite em ponto. Lea sentiu falta de ar e caiu inconsciente no chão, tremula, estava tendo uma espécie de colapso.

O mago se aproximou da garota e tentou chamar ajuda, mas os ali presentes estavam espantados demais para fazer qualquer coisa se quer. Lea tentou puxar o ar e abriu os olhos desesperada. Sues olhos anteriormente tão brilhantes de cor negra, agora estavam preenchidos por um tom de branco.

Seu grito ecoou pelo grande salão e as grandes janelas de vidro foram fechadas violentamente por uma ventania gelada. Mohammad logo soube o que estava acontecendo, a transformação. Ele segurou nas mãos de Lea tentando relembrar alguma citação que o ajudasse, mas nada. Lea o puxou com brutalidade para o chão e se levantou. Seus olhos percorreram pelo grande salão, não sabia-se exatamente para onde olhava.

Uma lareira grande no canto do salão apagou, deixando a lenha que ali estava com vestígios de gelo. Ela sorriu. O grande salão estava um caos, uma ventania gelada rodava por ali, todos a olhavam assustados. Lea levantou as mãos e uma chuva de gelo atingiu todos que estavam ali, desesperados com a situação saíram.

Mohammad estava imóvel no chão, tudo o que poderia fazer naquele instante era esperar que a transformação fosse completa. A cor dos olhos de Lea voltaram e ela novamente caiu inconsciente no chão.

A transformação estava completa. Lea ganhara suas habilidades e Mohammad sabia que não era mais seguro deixá-la ali. Ela teria de ir ao acampamento, teria de ir à Konddol. O mago pegou a garota as pressas, ao chegar no quarto colocou-a em cima da cama e preparou sua mochila com mudas de roupas. Ele iria à Konddol ainda nesse dia.

* * *

O mago saiu com a garota assim que ela acordou, já era manhã. O único problema é que para chegar ao acampamento de Konddol teriam de passar beirando a parte negra da floresta, e foi o que fizeram. Viajaram durante horas. Mohammad parou para que eles se alimentassem no meio do caminho.

Lea estava calma e bebia o suco que Mohammad havia levado, foi quando viu uma galinha. Na verdade poderia ser considerada duas. A “galinha” tinha duas cabeças e era preta.

– O que é isso? – Perguntou a garota.

– É uma das criaturas de Archie, ela pode não parecer perigosa, mas talvez seja. – respondeu Mohammad e a galinha pulou pra cima dele, atacando seu rosto.

– Sério isso? Archie o grande mago negro mandou uma galinha demoníaca? – Lea ainda estava duvidando que a galinha fosse uma das “perigosas” criaturas do mago.

– Lea, fale menos e faça mais. – Brigou Mohammad e a galinha caiu no chão, congelada. – Obrigado.

O restante do caminho foi tranquilo. Eles cavalgaram por mais duas horas até avistarem o acampamento cuja entrada era feita de madeira, “Konddol” estava escrito na placa. Eles haviam chegado.

– Olá, eu sou Beatrice. Será que posso ajuda-los? – Perguntou uma garota de cabelos rosa claro lisos e com franja, aparentava ter cerca de 14 anos.

– Olá Beatrice, é um prazer conhece-la, Miney me falou muito sobre você. – Disse Mohammad. – Essa é Lea, é recém-transformada e agora vai ficar no acampamento. Será que pode leva-la a Kethorin?

– Claro! –Respondeu a garota sorrindo. Lea colocou a mochila nas costas e se afastou de Mohammad, seguindo Beatrice. No acampamento haviam 6 chalés luxuosos. O primeiro continha o símbolo da água, o segundo o símbolo do fogo, o terceiro o símbolo da terra, o quarto o do ar, o quinto não continha símbolo algum e o sexto (Que era o mais luxuoso) também não continha nenhum símbolo. – você é filha de qual elemento? – Perguntou Beatrice que ainda caminhava em direção ao sexto chalé.

– Eu não sei. Você é filha de qual?

– Fogo.

– Ah, legal. Você explode coisas?

– Com certeza. – Respondeu ela quando chegaram ao sexto chalé. – Kethorin! – Gritou ela. – Temos uma novata aqui! – Quando disse isso um homem alto de cabelos escuros com uma barba rala e dono de olhos azuis gelo, quase brancos, saiu do chalé. Provavelmente ele era o tal Kethorin.

– Uma novata? Qual é o seu nome garota? – Perguntou Kethorin.

– Lea.

– Ok, Leslie, és filha de qual elemento?

– É Lea, e eu não sei.

– Beatrice, por obsequio, leve-a para o chalé 5. – Beatrice confirmou com a cabeça e guiou Lea ao chalé 5.