Heroes High School escrita por Sparky


Capítulo 3
Capítulo 2 - Segredos


Notas iniciais do capítulo

Taí o capítulo 2 ^^
Enjoy!



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As horas se passaram vagarosas até que o relógio se aproximasse das sete. Peter vestiu sua melhor roupa: não chegava a ser um smoking, mas era bem arrumadinha. Uma camiseta branca justa com uma camisa azul-céu aberta por cima e uma calça jeans deviam funcionar. Sylar estava bem vestido também, e não ficava muito atrás.

– Será que ela vai demorar muito? – perguntou Peter, angustiado, para um Sylar com cara de entediado.

– Peter, caso você não tenha notado, ela mora a dez metros da sua casa. Nem se ela quisesse chegaria atrasada. Você já tá ficando chato.

Peter mordeu o lábio, nervoso. Nunca se sentira assim, e olha que nem era um “encontro”. Olhou novamente para o relógio. A ansiedade o consumia por dentro.

– Vou esperar na porta – disse ao amigo, indo até a porta, abrindo-a e apoiando no batente.

Logo veria Elle saindo de sua casa. Uma leve brisa acariciou seu rosto, fazendo-o olhar para o céu. Sem dúvida era uma noite bonita. Isso o fez ficar numa pose quase heróica, com a luz da lua iluminando parcialmente sua face.

E foi exatamente nessa hora que Elle apareceu.

Ela estava deslumbrante. Aos olhos de  Peter, estaria de qualquer jeito, mas mesmo assim estava muito bonita. Usava uma blusa de alça azul-marinho e uma saia negra, nem curta, nem comprida. Seus cabelos estavam soltos, e isso dava certo charme. Sorriu para ele, havia brilho em seus olhos. Ela atravessou a rua andando rápido, parecendo tão ansiosa quanto ele.

– Oi – ela cumprimentou encolhendo os ombros, envergonhada.

– Oi – ele respondeu, sorrindo. Quase perdeu o fôlego de novo.

– Então... posso entrar? – ela perguntou, meio em dúvida se estava sendo enxerida ou não.

– Ah, claro – concordou ele, abrindo caminho para que ela passasse – Que besteira a minha.

Ela entrou hesitante na casa, e parecia que media cada passo que dava. Caminhou pelo pequeno hall até aparecer na sala de estar. Avistou Sylar e cumprimentou-o gentilmente, apesar de que pela sua expressão ela preferia que ele não estivesse ali. A garota sentou-se ao lado dele no sofá, hesitante. Peter fez o mesmo, e logo os três estavam parados ali olhando para a televisão desligada.

– Sua casa é muito bonita – comentou Elle, sem desviar os olhos da tela escura – Sua mãe tem muito bom gosto.

– É – concordou ele, fitando o chão.

Sylar olhou de um para outro, incrédulo. Peter ficara enchendo sua paciência até agora, e quando ela finalmente chegava, as duas bestas ficavam quietas olhando para o nada. Resolveu tomar uma atitude.

– Elle, você já jantou? – ele perguntou, virando a cabeça para encará-la.

– Ah... já – ela respondeu, receosa, olhando para ele também.

– Ótimo, então – ele disse, levantando-se – vamos fazer alguma coisa de útil. Eu sugeriria comer, mas você já jantou. Eu tenho algumas idéias chocantes aqui, e...

Ao perceber ênfase que o amigo deu à palavra “chocantes”, Peter deu uma cotovelada no joelho do outro, o qual caiu de volta no sofá. Eles se encararam, com um olhar nervoso por parte de Peter, enquanto Elle os observava com inocência.

Seu besta, eu disse para não falar nada sobre isso, reclamou Peter dentro da cabeça de Sylar, a primeira impressão é a que fica, então tente parecer normal.

Tá, como se ela fosse normal, respondeu o amigo, ainda em pensamentos, Peter, não podemos largá-la na ignorância. Temos que falar para ela de algum jeito.

Não, nós não vamos falar nada.

Eu vou.

Sylar, não, fica quieto!

Você não manda em mim!

Seu idiota! Se você abrir a boca...

– Vocês dois estão bem? – ela perguntou, indecisa.

Os dois viraram a cabeça para ela ao mesmo tempo, numa sincronia tão perfeita que até seria engraçado se eles não estivessem carrancudos. Ela assustou-se.

– Está tudo ótimo – tranqüilizou Peter, olhando de relance para Sylar, voltando o olhar para Elle, sorrindo, levantando-se e estendo a mão para ela – Venha, vou te mostrar a casa.

Ela segurou a mão dele e alegremente seguiu-o pelo corredor. Sylar foi atrás dos dois, ainda entediado, mas bolando um plano para fazê-la revelar seu poder. Peter mostrou a ela a cozinha, a sala de estudos; hesitou um pouco, mas levou-a para cima e mostrou os quartos, até que eles constrangedoramente trombaram com Angela Petrelli ao descer as escadas.

– Filho, quem é essa garota? – repreendeu ela, ainda que seu tom de voz não apresentasse um resquício sequer de raiva ou nervoso.

– Ah, me desculpe – disse Elle antes que Peter pudesse sequer abrir a boca – Sou Elle Bishop, sua nova vizinha da frente. Muito prazer!

– Bishop...? – sussurrou a Sra. Petrelli, como se tivesse sido atingida com muita força na cabeça, porém logo se esquecendo disso e perguntando a seu filho – Mas você não estava namorando a Claire?

– Você tem namorada? – indagou Elle, olhando nos olhos dele,  confusa e ao mesmo tempo indignada.

- Bem – começou ele – eu... ah... quer dizer...

Os três ficaram em silêncio. Peter não sabia o que dizer.

Ô, merda, foi a única coisa que ele conseguiu pensar.

Piscou os olhos com força e, de repente, o tempo parou. Elle e Angela congelaram onde estavam e não se mexeram mais. Viva à habilidade de controlar o espaço-tempo! Agora ele precisava de uma idéia para se livrar dessa enrascada sem parecer galinha. Por que as mães aparecem nessas horas...

Ele desceu as escadas voando, literalmente, e trouxe Sylar para sua “dimensão-paralela-em-que-o-tempo-não-passa”. O amigo levou um susto ao ver que Peter aparecera ao seu lado do nada.

– Por que... – começou Sylar, encarando o amigo de um modo meio estranho, do tipo “que-diabos-você-está-fazendo”, porém foi interrompido.

– OK, minha mãe acabou de me por numa situação horrorosa, para não dizer outra coisa, e eu preciso da sua ajuda para sair dessa.

– Ela perguntou o que a Elle está fazendo aqui se você namora a Claire – deduziu o amigo, segurando o queixo e dando as costas para Peter, imitando um daqueles filmes de Sherlock Holmes – E você precisa de uma desculpa para cair fora dessa sem passar uma impressão ruim para a Elle.

– Sim, você é um gênio, agora eu quero idéias.

Ele refletiu por um momento, extremamente concentrado, até levantar a cabeça novamente com uma expressão maliciosa.

- Tenho uma idéia – disse, abrindo um sorriso – você acha que consegue voltar o tempo alguns segundos?

Peter acenou com a cabeça e novamente piscou com força. O ponteiro dos segundos no relógio que pendia na parede da sala se moveu um pouco para trás.

– Beleza – continuou Sylar – agora fique parado ali onde você estava.

Peter subiu a escada e parou ao lado de Elle, de frente para sua mãe.

– O que você vai fazer? – ele perguntou ao amigo, duvidoso.

– Você vai ver – Sylar respondeu apenas.

Então o tempo retornou ao seu fluxo normal, graças a mais uma das piscadelas de Peter. Elle cumprimentou a Sra. Petrelli de novo, exatamente como fizera antes, e logo depois que Angela repetiu o sobrenome da garota, uma voz extremamente desafinada encheu os ouvidos de todos como o vírus da gripe num dia de chuva.

A Sra. Petrelli desceu as escadas gritando “o que em nome de Deus está acontecendo”, sendo seguida por um Peter aliviado (porém achando aquilo muito esquisito) e por uma Elle assustada; quando os três chegaram lá em baixo, viram Sylar com os fones de ouvido cantando a plenos pulmões, algo que você não espera ver na casa de uma família comum. Eles ficaram olhando para ele com uma cara de “seu-viado-que-susto”, mas o garoto apenas virou a cabeça para trás e disse:

– O que foi? Não se pode nem mais cantar nesse país?

– Gabriel... – murmurou Angela, num tom de conselho – Pelo amor de Deus, NUNCA mais faça isso de novo, sim? Para o bem dos nossos ouvidos.

– Tá – gemeu ele em resposta, arrancando os fones e jogando o iPod na mesa – Desculpa pela minha indiscrição.

          Valeu, cara, agradeceu Peter em pensamentos, mas, por favor, não cante mais, ok? Nunca mais.

          Os três estavam novamente sentados no sofá, conversando animadamente. Elle contava a Peter alguma história muito louca sobre sua infância, enquanto Sylar olhava fixamente para a TV á sua frente. De repente, o aparelho ligou sozinho, sem motivo aparente, causando um sobressalto na garota, a qual estava começando a achar que não tinha gente norma naquela casa.

          – Tá bom... quem sentou no controle? – ela comentou, solevantando-se para ver se não tinha sido ela mesma. Peter quase queimou Sylar com os olhos naquele momento (ele poderia, se tivesse visão laser), porém o amigo ficou indiferente, como se não fosse com ele.

          – Eu – mentiu Peter, cuidadosamente puxando o controle com a telecinése e mostrando aos outros dois. Desligou a televisão novamente, porém um segundo depois a tela acendeu de novo – Vamos esperar então, talvez ela desligue sozinha.

          Ele usou sua própria telecinése para desligar o aparelho, mas Sylar o ligou de novo. Peter desligou. Sylar ligou. E os dois ficaram naquilo, naquela disputa patética, enquanto Elle ficava apenas olhando com os olhos arregalados de medo, se encolhendo cada vez mais no sofá. Parecia um filme de terror.

          Então, subitamente, a lâmpada da sala explodiu.

          Ela olhou para cima, com cara de culpada. Os dois finalmente esqueceram a TV e também olharam para a lâmpada estourada. Baixaram lentamente os olhos para a garota, fingindo que não sabiam o que tinha acontecido.

          – Ô merda – murmurou ela, saindo da posição fetal na qual se encontrava segundos atrás. Peter lembrou-se de ter usado a mesma expressão.

          – Põe merda nisso  – concordou Sylar, ofegante – os circuitos da casa devem estar com problema. Primeiro a TV, agora isso...

          Ela concordou com a cabeça. Ele queria que ela confessasse a eles que tinha um poder. E a desculpa que ele dera pareceu funcionar por ora.

Depois de a mãe de Peter surtar por causa da lâmpada, o garoto resolveu trocá-la ele mesmo. Foi até a despensa, pegou uma lâmpada nova e uma escada, e voltou à sala de estar.

– Sylar, me ajuda – ordenou ele ao amigo, jogando a lâmpada para ele e posicionando a escada.

– Tenho opção? – brincou ele, pegando o bulbo e aproximando-se da escada.

Elle ficou parada ao lado deles, apenas observando.

Droga, não deveria ter perdido o controle, Peter ouviu dentro da cabeça dela, Podia ter machucado os dois.

O garoto começou a subir na escada e logo percebeu que ela estava bambeando. Pediu a Sylar que a segurasse, pois cair ali, bem no meio da sala, seria como gritar para Elle “OLHA, EU REGENERO, NÃO É LEGAL?”. O que ele não esperava era o que aconteceria depois.

Sylar, ao assentir ao pedido do amigo, entregou a lâmpada a Elle, sem sequer pensar em seus planos malignos. Ela também nem se tocou. Então, ao primeiro contato com a mão da garota, a lâmpada acendeu.

Os dois garotos olharam para ela com um misto de surpresa e algo parecido com medo. Mesmo sabendo que ela soltava eletricidade pelas mãos, nem tinham idéia de que ela seria tão potente a ponto de acender uma lâmpada apenas por tocar nela. E, aparentemente, nem ela sabia disso.

Ela abriu a boca como se fosse falar alguma coisa, mas não emitiu som algum. Ficou assim por o que julgaríamos uns dez segundos até virar lentamente o olhar para os dois. O que você diria se tivesse acabado de revelar seu segredo mais profundo?

– É, vocês me pegaram – ela disse apenas. Sorriu, levantando a mão livre e criando um orbe de eletricidade, que controlava com surpreendente facilidade. Seu sorriso desapareceu, e seu olhar concentrou-se na bola de energia – Podem me chamar de aberração agora.

Foi a vez de Sylar sorrir.

– Todos somos, Elle – ele estendeu a mão e a lâmpada voou até ele, obediente – Todos somos.

Ele empurrou a escada de Peter para o lado, obrigando o amigo a fazer nada menos que voar para não se espatifar no chão. Ela olhava para os dois, estupefata. Seu olhar ia de um para o outro e ela estava boquiaberta sem saber o que dizer.

– Quer dizer que... vocês... também... como... quando... eu não acredito! – ela estava sorridente de novo – Quais são a possibilidades de as duas primeiras pessoas com quem eu tenho contato sejam... como eu?

– Acho que é isso que chamamos de sorte – comentou Peter, dando de ombros e aterrissando ao lado dela.

– Então – começou ela, virando-se para Sylar – você mexe as coisas com a mente e você – virou-se para Peter – consegue voar?

– Quase – respondeu Peter, colocando as mãos nos bolsos – Sylar realmente mexe as coisas com a mente, já eu... – ele virou os olhos, enquanto ela o encarava, curiosa – eu consigo usar o poder de qualquer um que eu conheça.

– Quer dizer que você também pode...? – ela levantou a mão, olhando nos olhos dele. Ele, por instinto, juntou sua mão à dela.

Então um arco de eletricidade se formou entre os dois, porém eles logo foram forçados a se separar. Não por causa dela, mas por causa de Peter, que perdeu o controle. Ela poderia ter mantido aquele arco por mais tempo, e estranhamente queria ter mantido. Eles, no entanto, continuaram conectados pelo olhar. Ele ainda se recuperava do choque, mas tudo parecia trivial naquele momento; tudo que importava era ela, ali, a menos de meio metro de distância.

Sylar limpou a garganta.

– Ah, eu acho que eu já vou indo... – ele seguiu para as escadas, parando no segundo degrau e acrescentando – Não quero atrapalhar ninguém.

Ao ouvir a palavra “atrapalhar”, o rosto da garota ficou tão vermelho que parecia que ela tinha derramado um vidro de ketchup inteiro na cabeça. Lançou um ”tenho que ir também” para Peter e saiu às pressas, sem sequer olhar para trás. Depois que ela bateu a porta, o olhar de Peter caiu sobre Sylar.

– Muito... obrigado... – reclamou ele, seguindo o amigo – Você a espantou.

– Eu não fiz nada – retrucou Sylar, já no fim da escada – Você que não soube segurá-la.

– Não fez nada, imagina – ele se teletransportou para o quarto quando o amigo estava prestes a entrar – só ficou importunando até ela mostrar o poder e depois a fez ficar morrendo de vergonha.

– Eu só fui sincero. Não queria atrapalhar – empurrou Peter para o lado e entrou, logo se jogando na cama.

– Mas atrapalhou.

– Relaxa – pediu Sylar, arrancando os sapatos – amanha vocês conversam de novo.

É o que eu espero, pensou ele, indo se preparar para dormir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado o/
E não se esqueçam que reviews deixam o escritor feliz *-*



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