Thirteen Years Later escrita por Hoshikawa


Capítulo 2
Capítulo 1 - Depois de treze anos


Notas iniciais do capítulo

Falei que ia postar o capítulo, e estou postando. Se tiver algum errinho no português me desculpe, é que eu tô sem o Word e ando escrevendo no Bloco de Notas. Triste, não? >:



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Lia estava jogada nos bancos da velha pick-up verde musgo, com baba escorrendo boca abaixo e dormindo de um jeito não tão confortável, mas do qual ela parecia já estar acostumada. O carro estava estacionado na frente da casa em que ela vivera há treze anos atrás, e que ela finalmente havia arrumado dinheiro pra comprar. Quer dizer, havia sido uma mixaria, mas até mesmo mixarias são caras pra pessoas que trabalham como freelancers no ramo da fotografia. É difícil arrumar um emprego e mais difícil ainda arrumar quem queira pagar o valor estipulado, e quando finalmente se consegue isso a maior parte da grana vai pro material de trabalho. Sofrível, não?
Havia dirigido por cerca de oito horas, e não tinha forças suficientes para descer do carro quando chegou no local. Também estava de madrugada, e o vendedor havia deixado a chave com a senhora Hills, que certamente dormia aquela hora. Então o jeito era dormir no carro mesmo, e acredite ou não, ela já estava bem acostumada com aquilo.
Ela só acordou quando ouviu batidas do lado de fora do carro e algumas crianças cochichando sobre a possibilidade dela estar morta ali dentro. Quando abriu os olhos xingou mil palavrões por causa da forte luz do sol, assustando os pequenos que correram desesperados. Levou alguns minutos para ela compreender sua atual situação, e aproveitou o tempo desnorteada para escovar os dentes fora do carro, gastando o resto da água que estava em sua garrafa de emergência. Fez um coque mal feito nos cabelos loiros e esticou as roupas, deixando o carro estacionado em um lugar proibido e indo até a casa da meiga senhora Hills.

– Senhora... - Lia já havia se preparado para gritar, quando a gentil senhora baixinha e repleta de cabelos brancos abriu a porta, deixando a jovem com cara de idiota por alguns segundos. - É, bom dia.
– Bom dia, pequena Lia. Há quanto tempo, hein? Olha só como você cresceu! Não quer entrar pra um café?

A simpática velhinha segurou na mão da jovem e a levou para dentro de casa, onde um cheiro agradável de café vinha da cozinha. A barriga de Lia roncou involuntariamente, e ela não pôde esconder o constrangimento.

– Me desculpe, é que eu não comi muita coisa ontem a noite...
– Venha, não se preocupe. Depois que Oswald se foi, sempre passou a sobrar comida nessa casa mesmo... Quer biscoitos? Fui eu que fiz.
– Não tem como recusar os biscoitos da senhora... - Lia disse sorrindo.

A mesa do café da manhã era simples, mas parecia um verdadeiro banquete matinal para Thalia. Tinha bolo, os famosos biscoitos, algumas frutas, pão, suco de uva, leite e café. A senhora Hills fez com que lia comesse de tudo um bocado, e tudo aquilo fazia com que ela se lembrasse da sua infância naquele lugar. O senhor Oswald sempre lhe fazia brinquedos que seus pais nunca comprariam como carrinhos, peões e até mesmo um skate. Ele também a havia ajudado a montar sua casa da árvore no pequeno quintal de casa, e não pensava duas vezes antes de oferecer ajuda. Era comum os gentis velhinhos chamarem ela e Sara para casa, para lhes dar doces e contar histórias. Sara... Pensar nela e naquele dia trágico sempre doía no coração de Lia. Mas ela nunca se esqueceu da promessa que havia feito.

– Senhora Hills... E a Sara? Pelo que parece ela não mora mais na sua antiga casa. Ela se mudou ou coisa assim?
– Ah, depois que seus pais se separaram, ela acabou se mudando... Pra duas ruas depois dessa.
– Sério? Vai ser tão legal vê-la outra vez! Vamos poder conversar sobre as coisas que fizemos enquanto estivemos longe uma da outra e...
– Pequena Lia... - A velhinha colocou a xícara vazia sobre a mesa, olhando para a jovem de cabelos loiros. - Tem certeza de que essa é uma boa ideia? Sabe... As coisas foram muito difíceis para a Sara depois que você se foi. Você... Ainda sente algo por ela?

Thalia ficou calada por alguns minutos, apenas olhando a expressão calma no rosto da boa senhora. Era bem capaz de que ela já soubesse de tudo que tinha acontecido no passado, até porque ali as notícias se espalhavam rápido...

– É claro que não, senhora Hills, quem iria ficar nutrindo um amor estranho de infância? Até porque aquilo era errado, não? Nossos pais viviam dizendo isso...
– Ah, que seja. - A idosa se levantou, indo até um pote que estava na estante da sala e pegando um chaveiro. - Aqui estão suas chaves, seja bem vinda novamente. Vai procurar algum emprego? Parece que tem uma vaga de balconista sobrando no mercadinho da cidade.
– Obrigada, vou pensar no assunto. - Lia pegou as chaves e as guardou no bolso do jeans apertado, dando depois um abraço forte e um beijo de despedida no rosto da senhorinha, que a levou até a porta. A casa dela ficava duas casas antes da que Lia havia comprado, e se bastaram poucos passos para chegar no seu lar-doce-lar.

Demorou um bom tempo para que Thalia ajeitasse o básico na casa (leia-se abrir janelas, tirar a poeira e teias de aranha, colocar um colchão no quarto e certificar-se de que fogão e geladeira deixados pelo antigo proprietário estavam funcionando), e depois de tudo ela simplesmente jogou a caixa de roupas em um canto qualquer da sala e foi tomar um banho, que infelizmente saiu frio. Mais tarde ela foi até o mercado comprar comida congelada e macarrão instantâneo, o que certamente daria um almoço perfeito para quem só tinha pouco dinheiro pra gastar. Quando saiu do mercado, porém, não gostou nada do que viu.

– Que porra é essa no meu carro?! - Lia simplesmente gritou ao ver o vidro da sua janela esquerda em estilhaços. - Quem foi o filho da puta que quebrou essa merda? Vai ter que pagar, seu merdinha!

Um garoto de cabelos negros e que aparentava ter oito anos, no máximo, saiu correndo de trás do carro, e Lia foi logo atrás com bolsa e tudo. Não demorou dois minutos para que ela pegasse o garoto nos braços e o carregasse contra a vontade até o carro, o colocando lá dentro e sentando no banco do motorista, juntando os cacos de vidro em um jornal velho e ganhando cortes nas mãos como brinde.

– Onde é que tu mora, hein, merdinha? Bora lá agora mostrar essa merda que tu fez pros seus pais!
– É na rua do rio... Mas por favor, não conta pro meu pai! Se ele souber que eu fiz isso ele vai bater em mim, depois colocar a culpa na minha mãe e bater nela também! Por favor, se for contar pra alguém, só conte pra minha mãe!
– Vou pensar nisso depois, ô pivete. - Lia disse enquanto dirigia o carro, desmanchando o coque loiro e deixando os cabelos caírem bagunçados pelos ombros, enquanto os olhos castanhos olhavam firmes para a frente.

A tal "rua do rio" era conhecida assim por ter um rio limpo e preservado correndo quase no quintal das casas daquele lugar, mesmo sendo cercado por algumas árvores antes. A casa do tal garoto era a última da rua, mas ele só confessou aquilo depois de Lia mostrar seu piercing na língua e dizer que faria o mesmo com ele caso o garoto não falasse o local certo. É, ela certamente não tinha jeito com crianças.

– Bora logo, ô anão de jardim. - Thalia empurrou o garoto para andar na frente e abrir a porta, enquanto ela olhava ao redor e se certificava de que ali não tinha plateia desnecessária. O garoto chamou pela mãe e logo surgiu uma mulher não muito alta na porta, cujos cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, além do vestido vermelho no estilo anos 60 que faria Thalia vomitar, se ele não caísse tão bem na tal moça. Dava pra ver que o pivetinho havia puxado os olhos azuis da mãe, e o sorriso dela ao vê-lo era estranhamente familiar para Lia.

– Ô moça, olha aqui o que o seu filho pivete... Sara? - A loira inclinou um pouco a cabeça e ficou admirando pensativa, para ter certeza de que não estava enganada.
– Posso ajudar? - Sara enxugava as lágrimas que haviam escorrido pelo rosto de Daniel, seu filho, enquanto ouvia a reclamação da estranha. Mas quando ela disse seu nome, seu coração acelerou de forma esquisita e ela não pôde deixar de dirigir o olhar até aquela mulher de ar também esquisito. Estranhamente ou não, lembranças da infância vieram em sua mente e ela não pôde deixar de mostrar um sorriso enorme. - Lia? Lia!

Naquele momento, o mundo de Lia pareceu desabar. Ela estava ali, de frente pro seu amor de infância, depois de tantos anos, e por um instante o amor pareceu renascer em seu peito.
Mas aquilo era só o começo.



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Notas finais do capítulo

Ain, sei nem o que dizer. Se você leu o capítulo inteiro, merece meu respeito e um beijo. ;*



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