A Morte Lhe Cai Bem escrita por MahDants


Capítulo 18
|| As Madrugadas São Para Pensar Em Macacos


Notas iniciais do capítulo

EU VIM COM QUATRO DIAS! SABEM O QUE É ISSO? É um milagre que não vai se repetir ;-; Acumulei matéria, gente. Precisava ter estudado hoje, no feriado, mas não estudei :( Vou pegar pesado agora, então... Plis, não me abandonem. Tô avisando desde já que vou demorar um pouquinho. Mas só um pouquinho. Não passarei três meses sem postar de novo, juro a vocês. Em menos de 45 dias tô de volta!
Mas eu vim porque vocês mereciam. Sabiam que são anjos? Sim, são. Lindos anjos maravilhosos.
Liesel Mills, obrigada pela recomendação maravilhosa s2
E obrigada por todos os 25 comentários, leitores. Já cheguei a receber 40 em um capítulo, e seria incrivelmente incrível se eu recebesse esse número novamente, mas estou muito feliz com os 25 *-*
Triste com o sumiço de alguns, verdade, mas ainda muito feliz. Não deixem de comentar!
Então... Apenas aproveitem :)
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Peeta estacionou o carro na garagem da casa de Gloss e Cashmere e descemos, andando até a casa dele. Passamos direto pela casa de sua avó, que era no térreo, e subimos para o segundo andar.

Ele abriu a porta com sua chave e nós entramos. Enquanto ele tomava banho no banheiro do pai, eu tomei banho no banheiro dele. No fim, prendi meus cabelos em um pequeno rabo de cavalo, já que meus fios agora eram curtos, e deixei a franja solta. Eu estava vestida com uma camisa branca, um casaco rosa por cima, que me aquecia bastante, e uma calça de ginástica preta.

Fui pra sala para calçar o tênis e me surpreendi ao encontrar mamãe e Snow entrando pela porta.

– Katniss?

– Ér... Oi – respondi me sentando pra calçar o tênis.

– O que você tá fazendo aqui?

– Não que você não possa vim aqui – completou Snow.

– Nós vamos caminhar – Peeta apareceu com uma toalha enxugando os cabelos, um short azul e sem camisa.

– Seu cabelo tá voltando a ficar loiro – observei. Ele sorriu.

Eu percebi que Snow e mamãe trocaram um olhar desconfiado enquanto colocava o outro tênis e sorri de lado. Mas, antes que Snow comentasse alguma coisa, mamãe percebeu um detalhe:

– O que você fez no cabelo?

– Ah, eu... Cortei hoje de manhã – expliquei. – Pra doar, e tal.

– Que coragem – ela comentou e eu sorri, ficando de pé. Virei-me para Peeta: - Vamos?

Ele assentiu e vestiu uma camisa preta que realçava bastante seus músculos. Descemos as escadas e no momento que colocamos os pés na rua, aceleramos o passo a um ritmo de exercício.

Praticamente dez minutos depois, ele disse:

– Pra mim quem matou foi a mulher. Por que outro motivo ela iria se casar com um velho senão para matá-lo e roubar a herança?

Eu sorri maliciosamente, sabendo o final do livro.

– Você só leu doze capítulos. Sabe de nada, inocente.

– Quem matou?

– A graça, Mellark, é não saber – retruquei, virando a esquina. - Me diga: que conclusões você tira?

– Que foi a mulher.

– E um segundo suspeito?

– Sophia.

– Sophia? - eu perguntei, sorrindo torto.

– Por que você tá... Você tá sorrindo?

– Ela foi minha primeira suspeita. E principal. Durante o livro todo. Mas é óbvio que mudei de opinião com os fatos, embora ainda duvidasse dela. E no final...

Sorri.

– Eu penso nela porque é improvável demais – ele articulou.

– Eu sei - continuei sorrindo.

– Para de sorrir assim - ele demandou. - Parece que tem down.

Eu ri com aquela expressão, mesmo sendo um pouco de maldade. Atravessamos a rua e olhei para as lojas daquela calçada enquanto continuávamos caminhando. Olhei algumas vezes de soslaio para ele e percebi que seu olhar era pensativo e fixado em um ponto no chão. Às vezes ele franzia a testa ou cerrava os olhos, como se pensasse em diversas possibilidades que naquele momento pareciam impossíveis.

– Foi Sophia - ele constatou.

Eu ri.

– Então você está gostando do livro... – notei, começando a soar pelo exercício, embora as ruas estivessem extremamente frias.

– Por incrível que pareça, estou – ele admitiu. – Estava pensando em outra coisa, também. Sobre o que era aquele livro... Aquele livro que eu...

– Destruiu? Massacrou? Matou a sangue frio? – dramatizei e ele riu.

– É.

– A Culpa é das Estrelas, uma história bonita. Infelizmente, modinha. Mas tive que me entregar a isso. Embora pareça uma história de câncer, essa não é uma história de câncer. É uma história de uma menina que está perdendo para o câncer, mas ainda não é uma história de câncer. É uma história de amor.

– Eu vou comprar – ele prometeu. – E aí quando eu terminar de ler, te dou.

– O que aconteceu com o Las Vegas particular? – perguntei sorrindo de lado. – Achei que esse dia morreria aqui. E que depois dele você ia voltar, sabe, a ser ridículo e imprestável.

– Eu vou – ele sorriu de lado. – Mas um imprestável que tira nota boa e gosta de ler.

– Isso é bom – eu sorri, mas depois fiquei séria. – Desde que você não destrua mais nada meu.

Peeta riu.

– Prometo não te atacar mais. Não seremos amigos, mas...

– Mas conviveremos – completei sua frase. – Entendi. E concordo.

– Até porque eu entendi física, mas ainda temos química e matemática.

– E história e biologia – eu ri.

– Verdade.

Continuamos andando e agora o céu estava começando a escurecer, já que se aproximava das sete da noite. Eu estava exausta. Meu corpo todo estava molhado de suor e meus músculos suspiravam por um descanso, mas eu continuava caminhando.

– Podemos acelerar um pouquinho? – ele pediu.

– O que?

– Estou cansado. E quando ficamos cansados, apenas aceleramos a velocidade.

– Tipo... Correr?

– É.

– Tudo bem – respondi arfando. Eu estava morrendo.

Começamos a correr numa velocidade consideravelmente boa, mas resultou no fim da nossa conversa. Quer dizer, aquilo exigia muito de nós. Não dava pra falar e correr ao mesmo tempo. Quinze minutos depois, nós estávamos parando em uma Starbucks.

Alguns minutos depois nossas bebidas – um caramelo macchiato pra mim, um cappuccino canela pra ele – e sobremesa – brownie de chocolate com doce de leite para os dois – estavam repousadas em cima da mesa marrom, e nós estávamos sentados no almofado verde do café.

Peeta tamborilava a mesa, pensativo, enquanto eu sugava lentamente a bebida com um canudinho. Ele tossiu e limpou as mãos na calça, repousando-as em seguida perto do prato que continha os brownies.

– Eu nunca te pedi desculpas – ele falou, olhando pra comida. – Então, desculpa.

Eu não queria entrar naquele assunto. Cruzei os braços e ergui as duas sobrancelhas (porque por mais que tentasse, eu nunca conseguiria levantar uma sobrancelha só). Peeta bebeu um gole de sua bebida ao passo que eu pigarreei.

– Tudo bem - com o canto do olho, eu via um casal da mesa do lado discutindo.

Ele sorriu de lado e se encostou novamente no estofado.

Terminamos de comer em silêncio, e qualquer assunto que poderíamos debater foi deixado para trás, fazendo com que os únicos sons ouvidos fossem os das pessoas murmurando ao redor assuntos fúteis da sua vida cotidiana.

– Por que você ama pinguins? – perguntou Peeta quando já estávamos caminhando novamente.

– Porque pinguins são pinguins... – respondi ao dobrar a esquina.

– Vai dizer que seu filme favorito é Happy Feet?

– Não, claro que não! – defendi-me elevando a voz e corando. Abaixei o tom para explicar: - Meu filme favorito é Os Pinguins do Papai, os pinguins de lá são bem mais reais.

– Se eu tivesse que escolher um filme de acordo com meu animal favorito seria Planeta dos Macacos.

– Tem Tom Felton – disse suspirando.

– É, deve ter – ele comentou. – Macacos são perfeitos, já percebeu? Tão parecidos conosco, mas sem o egoísmo, ou a violência, ou qualquer outro defeito no mundo.

– Você pensou nisso sozinho? – surpreendi-me.

Peeta riu.

– Madrugadas servem pra... - ele deu de ombros. –Na verdade, é pra transar mesmo, mas... Vou te contar uma história engraçada.

– Conte – eu sorri, curiosa.

– Eu tinha 14 anos, ou seja, ano passado. Na minha escola tinha uma menina linda. Ela era baixinha, loira dos cabelos lisos, e parecia um anjo – ele descreveu. – O nome dela era Delly e todos os meninos batiam punheta pensando nela.

– Nossa.

– É verdade.

– Continue.

– Ela era difícil, e logo uma aposta rolou pelos meninos. Quem conseguisse ir pra cama com ela até o Spring Break poderia pedir qualquer coisa. Então passei um mês investindo e provocando reações no corpo dela, até que consegui levar ela pra minha casa. A gente estava no quarto da Prim, sozinhos em casa e quando eu tirei a calcinha dela... O que tinha?

– Não sei, o que tinha?

– Sangue. Ela tinha menstruado – ele riu da própria desgraça. – Ela pediu desculpas e foi pra casa.

– Interessante como macacos te lembram sexo.

– Verdade – ele concordou. – Mas naquela madrugada eu não tinha nada pra fazer, então depois de xingar muito a minha sorte, comecei a filosofar.

– E pensou nos macacos.

– Pensei nos macacos – ele confirmou. – E na humanidade.

Eu fiquei pensando por um tempo se tinha algum motivo filosófico para eu gostar tanto de pinguins, mas a verdade era que não tinha. Eles simplesmente andavam engraçado.

A rua já estava toda escura. Algumas pessoas passeavam tranquilamente por ela, observando a paisagem e arquitetura, mas nenhuma estava caminhando como nós dois. Geralmente se iam caminhar, iam para a beira rio, não pelo meio da cidade.

Estávamos passando pela rua onde tinha uma das baladas mais famosas de Londres. Reconheci a casa da Madge no meio das casas ofuscadas pelo brilho do dance club. Sua vista de frente era sensacional, com plantas entrelaçando o portão da frente e algumas flores vermelhas brotando ao redor. Os muros altos e marrons não me permitiam enxergar como era a casa por dentro, mas aquela com certeza era a entrada de casa mais bonita da rua.

– Ali é a casa da Madge – apontei. – Você se importa se eu ficar aqui?

– Não, tudo bem – ele respondeu, tirando a franja dos olhos azuis. – Volto andando pra casa, então. Você vai ficar bem? Pra voltar sozinha?

– Ah, Mellark, por favor, né – eu ri e atravessei a rua.

– É sério... Londres não é mais tão confiável quanto costumava ser.

– Ficarei bem – garanti. – Eu ligo pra mamãe ou coisa parecida.

Ele assentiu e abri o portão da casa da loira. Acenei para Peeta me despedindo e caminhei até a porta de entrada, dando duas batidinhas ali. Enquanto não era atendida, olhei a casa por dentro. Era como se fosse um local completamente avulso à cidade do lado de fora. Todas as casas da rua tinham muros altos, mas de dentro com certeza a casa de Madge continha enormes divergências.

Uma mangueira molhava a grama do jardim, que tinha alguns pés de maçã e um banquinho pra sentar. Não era um ambiente muito grande, mas talvez o necessário para ser considerado um colírio aos olhos.

A porta se abriu revelando uma Madge de cabelos mais bagunçados e cacheados que o normal – ela os havia molhado e não feito chapinha de volta. Vestia uma blusa rosa e um short rosa, também. Ela inclinou a cabeça ao me ver, parecendo confusa.

– Me desculpa – pedi e ela deu espaço para que eu entrasse.

Fomos a um ambiente fechado, a sala da TV. Ficava em um corredor à esquerda da sala principal, e era equipado com som, DVD e TV de alta qualidade. O sofá marrom dava o conforto do local, e combinava com o tapete felpudo que cobria o chão.

Sentei na beirada do sofá.

– Eu comi – disse a ela. – Comi de verdade e bem.

– Me desculpe pelo surto mais cedo – ela pediu envergonhada. – Passei a tarde me sentindo mal por isso.

– Você estava chorando? – perguntei notando resquícios de um nariz vermelho no seu rosto.

– Não...

– Estava sim, Madge.

Ela suspirou.

– Ok, eu estava – admitiu. – Mas não por isso...

– O que aconteceu com você? – eu quis saber, preocupada.

– Nada – ela abaixou a cabeça e mordeu os lábios.

– Você pode contar comigo, Madge. Anda! O que houve?

– Eu nunca falei isso pra ninguém... – ela murmurou baixinho, ainda mantendo a cabeça abaixada. – A minha mãe está morrendo.

– An? Como assim?

Ela passou longos minutos em silêncio, às vezes começando a chorar, às vezes parando. Eu apenas cheguei mais perto e a abracei, tentando reconforta-la o máximo que podia.

– Ela tem câncer no pulmão, Katz – Madge sussurrou. Embora sua voz estivesse baixa, eu conseguia entender perfeitamente. – E hoje ela tava muito fraca de tarde. Ela geralmente está fraca, mas nunca demonstra porque sabe que eu fico assim. Não queria que ela me visse assim.

– Eu sinto muito, Mad.

Embora dizer “sinto muito” não ajudasse em porcaria nenhuma, eu não sabia o que dizer. Não significava que eu não me importasse com isso, eu apenas não sabia o que dizer.

Não conseguia imaginar estar na situação da Madge, mesmo que vivesse brigando com mamãe. Eu não suportaria perder minha mãe tão nova, e perder os milhares de conselhos que ela poderia me dar sobre a vida, embora eu tivesse certeza que não ouviria nenhum deles.

Pelo menos ela ainda estaria ali no final pra dizer que me avisou. Mãe é mãe.

– Eu só queria ter mais tempo com ela – ela continuou murmurando. – Poder ir em um parque de diversões ou fazer compras no shopping com ela. Ou até mesmo cozinhar. Sabia que ele sempre me obrigou a cozinhar? Nunca gostei. Mas agora ela está fraca demais pra ir até a cozinha e ficar grandes espaços de tempo em pé, se cansando. O pior de tudo é que depois de hoje, eu sei quanto tempo minha mãe tem. Ela não vai me ver formando, Katniss. Sendo dentista, realizando meu sonho. Isso é tão...

E ela começou a soluçar desesperadamente. Eu estava chorando também. Não tão intensamente quanto ela, mas eu chorava. Perder a mãe deve ser duro.

– E o meu pai é ridículo – ela desabafou. – Ele a trata como se tivesse nojo ou coisa parecida, como se ela já estivesse em processo de decomposição. Ele levanta cedo da cama, e deita tarde na cama. E nem se preocupa em esconder que não se importa com ela. Há uns dois dias, estávamos jantando na mesa. Eu estava contando pra mamãe o meu dia e o celular dele tocou, ele atendeu e se levantou, e ficou dando sorrisos maliciosos para o nada. Mamãe chorou por uma hora inteira a doença dela, coisa que ela não tem culpa. Aí eu fui na sala com muita raiva e gritei com ele, tipo: “tenha a dignidade de ao menos esperar ela morrer, você sabe que não falta muito”, e saí. Ontem ele estava novamente no telefone. Eu não sei o que é pior. Eu nunca falei nada disso pra ninguém. É tão bom falar disso pra alguém. Obrigada.

– Eu estou aqui pra isso, Madge – continuei a abraçando, agora chorando verdadeiramente.

Ficamos chorando por alguns minutos em silêncio, até que Madge se levantou e foi pegar sorvete. Eu disse pra ela para que fizesse tudo o possível com a mãe dela e aproveitasse cada momento, em vez ficar chorando.

Quando nossos rostos desincharam, ela me levou pra conhecer a mãe, que estava deitada na enorme cama de casal ocupada apenas por ela. Ela falou que a Madge contou muito sobre mim, e que estava feliz por a filha dela ter uma amiga de verdade.

– Aquelas vadias da torcida não são lá muito verdadeiras – ela fez piada aos sussurros e eu ri.

Depois ela segurou minha mão e enquanto Madge fazia pipoca pra ver um filme, a senhora Undersee disse pra eu ficar de olho nos garotos da Madge, já que ela não podia fazer isso. E que estivesse com a Mad sempre que eu pudesse. Eu prometi fazer isso e disse que a amizade da Madge era muito importante pra mim.

Liguei pra mamãe quando deu nove horas e disse que ia dormir na Madge. Então nós três, eu, Madge e a senhora Undersee assistimos um filme de comédia romântica bem legal e comemos pipoca com caramelo derretido. Foi uma noite divertida.

Demos boa noite a ela e fomos para o quarto de Madge. Ela me emprestou roupa e toalha e enquanto eu tomava banho, ela organizou uma cama improvisada pra mim no chão. Ela ligou a luminária e o aquecedor, pôs o celular pra carregar e se sentou na cama, olhando sugestivamente para mim, como se esperasse que eu começasse uma conversa.

– Hoje eu passei o dia com o Peeta – contei. – Digo, nós estudamos, ele me fez comer, e eu o fiz ler um livro. Então nós saímos pra caminhar.

– Eu percebi que você estava caminhando – ela fez cara de desgosto. – Tava toda soada!

– Pois é – eu ri. – Então fomos ao Starbucks e ele me pediu desculpas.

– Tudo bem, eu sei que sou eu quem sempre vê o lado bom das pessoas, mas... Isso é estranho.

– Eu sei, fiquei desconfiada em alguns pontos do dia também – concordei. – Tenho que me ligar nas verdadeiras intenções desse garoto.

Ela assentiu.

– O lado bom – continuei. – É que essa trégua foi só por hoje. Digo, esse foi nosso Las Vegas. O que acontece em Las Vegas, fica em Las Vegas. Não vai se repetir.

– Mas você queria que repetisse... – ela observou.

– Ah, hoje foi um dia legal – dei de ombros. – Ele é legal, no fim das contas.

– Ou um ótimo ator.

– Pois é.

– Cara, enquanto você tava no banho, você não sabe o que eu vi no Facebook!

– O que?

– Gale Hawthorne, o esquisito, agora é Gale, o gato rebelde.

– Perdão? – falei e ri com o nariz. Impossível.

– Eu seria estranha por já achar ele bonitinho antes? – ela perguntou, enquanto mexia rapidamente no celular em busca da foto.

– Você acha ele o que? – perguntei, rindo. – Claro que seria! Meu Deus, ele tem uma monocelha!

Ela riu.

– Ele tinha.

Tinha?

Ela empurrou o celular na minha direção. Era difícil acreditar que aquele era Gale. A foto parecia ter sido tirada de madrugada, com a iluminação de uma luminária no canto do quarto – ou talvez fosse apenas o efeito -, e de cima pra baixo, como se ele tivesse esticado os braços lá para o alto, inclinado um pouco a cabeça, e sorrido.

Os seus cabelos estavam brilhosos e bagunçados, e seu rosto, limpo e com aparência macia. Eu não via espinhas, nem via a monocelha dele. Ele fez as sobrancelhas. Podia ter sido só a foto, mas ele estava sem camisa. Gale geralmente usava camisas folgadonas que o deixava obeso, entretanto naquela foto, seu peito de fora era acompanhado de um tanquinho um pouco definido.

– Gótico.

– Que gótico, menina – Madge riu. – Gostoso. Sexy. Lindo.

– Isso é o Gale? – eu estava surpresa.

– É.

– É mesmo o Gale? Uma mudança que aconteceu em... Um dia?

– Você mudou em um dia – ela disse. – Cabelo curto, cacheado e macio. Tá diferente. Sem cravos, pele tratada... Você também podia bombar nas redes sociais!

– Ah, Madge, não acho que...

– Vamos tirar uma foto! – ela propôs animada.

Eu ia dizer não, mas lembrei de como ela estava desanimada há algumas horas e não consegui simplesmente fazer aquilo. Assenti com a cabeça.

Madge me fez vestir uma blusa amarela, pois segundo ela combinava demais comigo aquela cor. Ela penteou meus cabelos e deixou a franja um pouco jogada em cima do meu olho direito. Meu rosto em poucos minutos tinha vários quilos de maquiagem e um batom vermelho.

– Faça uma careta! Pense em algo tipo “sou uma britânica rebelde, baby” – ela comentou rindo e pegou o iPhone. – Agora vamos fingir que você é meiga. Prende esse lado do cabelo e... Isso!

Sorri, fiz biquinho, e todo o tipo de coisa. Depois de colocar o pijama de Madge novamente, fui ao seu lado e ela disse que de 142 fotos, sobraram 35 para eu escolher.

– Uau, você é rápida – comentei.

Olhei as fotos com um pouco de cuidado, e selecionei sete, e então ela disse que mexeria com os efeitos. Apenas observei seu trabalho e no fim, com o fundo desfocado, uma careta fofa, sexy e engraçada, eu tinha minha nova foto de perfil.

Eu não sabia o que colocar na legenda, então foi justamente isso que coloquei, que não sabia. Eu tinha uma solicitação de amizade lá. Peeta Mellark. Aceitei-a e desliguei o celular pra então voltar a falar com a Madge.

Conversamos por mais um tempo, até que ela disse que estava morrendo de sono e foi dormir. Fiquei no meu celular por mais um tempo, e quando eu entrei no Facebook, tinha – puxa! – 22 curtidas na minha foto. De onde eu conhecia tanta gente que me achasse bonita?

De onze e cinquenta e nove, recebi uma mensagem no celular.

Foto bonita, essa do Facebook. Consegui seu número com o meu pai, então oi. Aqui é o Peeta. Hoje foi muito legal e blá. Legal de verdade. Eu não ia mandar essa mensagem, mas fiquei por meia hora pensando nela, então decidi vim escrever e mandar faltando um minuto para dar meia noite e o nosso Las Vegas acabar. O que aconteceu hoje, foi só hoje. Não seremos amigos, não se preocupe com isso. Só queria dizer que se... Tivéssemos começado de uma maneira diferente, seria um prazer ser amigo de Katniss Everdeen. Não responda essa mensagem, não converse sobre ela com ninguém. Deve ser meia noite já, um novo dia.

Isso fica em Las Vegas.

Boa noite, Katniss.

P. Mellark”.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem, plis. Recomende quem quiser e puder. Bem-vindos, leitores novos, muito obrigada pela chance dada a fic e é isso...
Lembrem de entrar no grupo!
Um beijão ;)