A Morte Lhe Cai Bem escrita por MahDants


Capítulo 17
|| Nossa Las Vegas Particular


Notas iniciais do capítulo

Vou dividir essas notas em tópicos, porque né... Tenho muita coisa pra falar! Por favor, LEIAM TUDO.
— Demorei vinte e dois dias. Me perdoem. Eu sei que ninguém gosta das minhas demoras, mas eu juro a vocês que se eu conseguisse postar antes, eu postaria antes. É preguiça, muitas vezes? É. Mas é completamente justificável, tendo em vista minha rotina. Às vezes eu quero apenas deitar na minha cama e voltar a quinta série, quando minha maior preocupação era saber o sistema feudal.
— Eu sei que eu demoro. E sei que já tive essa conversa aqui, mas na época eu tinha um pouco mais de 100 leitores. Agora eu tenho quase 200, e é inadmissível menos de 30 comentários por capítulo. Qual é, leitores fantasmas! Apareçam. Antigos leitores, voltem! Pelo amor de Deus, vocês não sabem o quanto isso me inspira.
— Eu estou com um grupo no Facebook para os meus projetos, junto com a BMar. Então... Participem! Eu vou postar trechos de capítulos, atualizar o que ando escrevendo... Coisas assim.
Grupo: https://www.facebook.com/groups/509459285819468/
— Eu acho que vou parar os tópicos aqui, porque já escrevi muito e ninguém vai ler tudo. Próximo capítulo eu falo sobre a doação de cabelo, então. Aproveitem o capítulo! =D



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– Podemos conversar ou não? - ele repetiu a pergunta, ainda inclinando a caneca de chocolate quente para mim.

– Isso tem veneno, não tem? - perguntei e ele riu.

– Toma. E é bom você tomar mesmo.

Eu olhei assustada pra ele. Ele estava sendo firme, mas se preocupando comigo e mesmo assim doce, embora parecesse nervoso. Peeta estava um misto de sentimentos, mas principalmente o nervosismo era perceptível. Ele não me olhava diretamente nos olhos; ou seu olhar se desviava para minhas mãos, ou para as suas, ou um ponto atrás de mim.

Eu tomei o chocolate quente e acabei soltando um gemido de prazer. Aquilo estava muito bom!

Olhei para Peeta e sorri em agradecimento. Por um segundo seus olhos azuis se fixaram nos meus, até ele suspirar pesadamente e desviar o olhar, tornando sua expressão subitamente séria e olhos bem concentrados. Uma expressão avaliativa, que com certeza estava calculando cada passo dado a seguir.

– O que passou na sua cabeça quando só comeu a carne no almoço?

Fiquei em silêncio, avaliando se respondia ou não a aquela pergunta.

– Olha só, Katniss - ele continuou cauteloso. - Você não pode simplesmente parar de comer. Sei que ouviu um sermão da Madge agora, mas vou te dar outro. Talvez com um pouco mais de delicadeza.

Peeta sorriu bondoso e eu não sabia o que ele queria. Ergui uma das minhas sobrancelhas e a expressão dele voltou a ser de preocupação.

– Podemos tratar esse dia como Las Vegas? - ele pediu.

– Esse dia?

– Esse dia inteiro - ele confirmou absortamente, coçando os cabelos e sorrindo de lado. - O que acontece em Las Vegas fica em Las Vegas.

– Esse dia nunca vai ser mencionado - prometi entendendo a que ponto ele queria chegar.

Ele pegou a minha mão livre - a que não estava ocupada por uma caneca de porcelana branca com flores vermelhas ao redor e um conteúdo delicioso sabor chocolate. Seu toque era macio e, embora tivesse distonia perceptível, a palma da sua mão estava quente.

– Você não é gorda - ele falou. - Eu sou homem...

– Menino - tossi ironicamente.

– Eu tenho um pinto no meio das pernas - ele corrigiu revirando as órbitas azuis. - E eu sei sobre corpo feminino. Você não é gorda, Everdeen. Se não entra em uma calça 34 é porque tem bunda. Acredite, eu prefiro mulheres com corpo para pegar às esqueléticas.

– Você olhou pra minha bunda? - perguntei de testa franzida com irritação.

– Leve a sério o que eu estou falando - ele suplicou olhando diretamente no fundo dos meus olhos sem cor. - Mesmo se você estivesse gorda, o que não é o caso, não é deixando de comer que vai emagrecer. Isso só vai te desnutrir e causar um problema sério de saúde. Olhe quantos livros você lê e as notas que você tira... Você é inteligente, Everdeen, não aja como se não soubesse que de nada adianta fazer greve de fome.

Abaixei o olhar, envergonhada. Ele estava sendo simpático, estava sendo útil pra alguma coisa, estava sendo humano. Eu não sabia reagir àquilo; muito menos quando sabia que ele tinha razão em tudo o que disse.

– O que você quer comer? - perguntou Peeta.

– Não tô com fome...

– Katniss! - ele largou minha mão e suspirou. - Você não ouviu nada que eu disse?

– Mellark, eu até ouvi, só que acontece...

– Acontece que eu tenho um trato - ele me interrompeu e depois parou por cinco minutos para analisar o que falaria em seguida. - Vamos estudar física. A cada erro meu, você come uma pequena coisa.

– Você vai errar de propósito!

– Não vou, juro - ele disse. - A cada acerto você escolhe.

– A cada acerto seu você lê cinco páginas de um livro meu.

– Fechado. Fechou?

Eu ponderei. Bati as unhas espessas na madeira da minha cama, avaliando atentamente as consequências daquele trato.

Decidi que se ele queria tratar aquele dia como Las Vegas, eu também trataria aquele dia como Las Vegas. Sabia as consequências que essa decisão traria em seguida, mas não pude deixar de imaginar o quanto seria, no mínimo, interessante, uma tarde a qual iríamos deixar de lado esse clima de constante tensão que paira sobre nós.

Por essa razão, mesmo hesitante, respondi:

– Fechou.

O sorriso que Peeta abriu foi radiante. Observei enquanto ele levantava da beirada da minha cama e abria as cortinas, deixando os raros raios de Sol daquele meio dia passarem. Ele desligou o aquecedor e foi pra sala, gritando de lá que estava me esperando. Eu notei que ele estava demasiadamente animado com a perspectiva de uma tarde assim, e por mais que odiasse admitir, eu também estava.

Levantei-me do meu quarto, que já tinha sua temperatura diminuindo, e fui para a sala. Olhando pela janela, percebi que o tempo do lado de fora estava mais frio do que mais cedo; as grossas gotas de chuva começavam a bater no jardim da minha casa e respingar no terraço.

Tremi de frio e notei o mostrador de temperatura na parede. Marcava onze graus. Temperaturas como aquelas só apareciam no inverno, e estava longe do dia 21 de Dezembro chegar.

Liguei o aquecedor e me sentei na frente de Peeta, que estava apoiado com os dois cotovelos na mesa de vidro que se mantinha ali. À sua frente, tinha todos os materiais já aberto que precisaríamos: livro de física, o caderno dele, alguns resumos meus – que já estavam lá -, lápis e calculadora (porque não precisamos perder tempo fazendo cálculos matemáticos quando o que ele tem que desenvolver é o raciocínio físico).

– O inverno esse ano vai ser rigoroso - comentou Peeta olhando para a janela. Segui seu olhar e sorri de lado.

– Estamos mesmo falando sobre o tempo? - eu perguntei e Peeta riu.

A risada dele naquele momento foi verdadeira. Nada de escárnio, ou ironia, apenas uma coisa que ele achou engraçada e teve vontade de rir.

– Pelo visto estamos - sua voz era carregada de divertimento.

– Por que está chovendo? - virei-me para ele em um piscar de olhos, indignada. - É outono!

Ele riu novamente. Então eu comecei a rir. Num piscar de olhos, nós estávamos quase nos arrastando pelo chão de tanto rir, mas sem nenhum motivo aparente. Simplesmente ele riu e eu tive vontade de rir.

Como acontece sempre que rio demais, eu fiquei com falta de ar, o que ocasionou uma sugada rápida de oxigênio e acabei reproduzindo o barulho de um porco pelo nariz, algo mais ou menos parecido como um ronco.

Oinc!

– Você acabou de fazer o barulho de um porco? - ele perguntou em meio ao seu acesso de risadas.

Isso fez com que eu risse ainda mais, até parar com algumas lágrimas nos olhos e perceber que a chuva estava diminuindo. Uma brisa estava se formando, fazendo com que a chuva deslocasse ainda mais o seu percurso e batesse com força na janela.

– Vamos estudar.

– Eu estudei em casa - disse Peeta e eu sorri radiante. - Mas consegui fazer poucos exercícios.

Àquela altura o aquecedor já fazia mais efeito e o vento frio estava indo embora, então era mais fácil de concentrar com uma temperatura normal do que com uma temperatura extremamente baixa. Inclinei-me para explicar a matéria, e senti o seu cheiro, que se assemelhava ao de terra molhada.

Peguei um lápis e fiz vários rabiscos em uma folha branca A4, entregando a Peeta a faca e a manteiga para que ele fizesse uma torrada. Todas as fórmulas estavam na sua frente, e toda minha explicação foi, humildemente falando, ótima. Enquanto ele tentava fazer os exercícios que não tinha conseguido, tomei seu caderno e comecei a corrigir o que eles já havia feito.

Embora sua letra fosse desleixada e um pouco triangular, com várias pontas ao longo da caligrafia, ele era organizado e era perceptível o cuidado tomado para não confundir as coisas. Com agilidade, corrigi todos os exercícios.

As horas se passaram sem que eu pudesse perceber. Quando Peeta terminou de fazer, corrigi junto a ele todos os exercícios e atingimos as quatro da tarde facilmente. Ele suspirou, cansado de tanto estudo, mas sorria vitorioso.

– Quantos erros e acertos?

– Hm... – peguei o caderno onde estava anotando isso. – De 60 questões, você teve 12 erros e 48 acertos. É um número bom!

– Sério? – ele puxou o caderno da minha mãe para contar por conta própria os acertos e erros.

– Bem... Sim – respondi tímida, deixando a franja cair no meu olho.

Ajeitei a mecha atrás da orelha, mas ela teimava em cair. Tentei novamente, e ela caiu. Já estava ficando puta quando Peeta riu da minha cara. Olhei feio pra ele e ajeitei de uma vez por todas aquela droga de franja atrás da droga de orelha.

– Você cortou o cabelo? – ele perguntou.

– Você só notou agora? – eu ri. – Cortei hoje de manhã, mas foi uma mudança e tanta.

– Eu sou um pouco...

– Ou...

–... desligado.

–... muito.

Ele sorriu de lado e olhou para o relógio. Suspirou, e disse:

– Temos que cumprir nosso trato – abri a boca pra falar, mas ele não parou. – Pra início, você vai comer um pedaço de carne, com duas colheres de arroz e duas de feijão. Um copo de suco e duas rodelas de tomate. Uma folha de alface. Sobram três coisas... Podemos comer no caminho.

– No caminho?

– Ah... É – ele respondeu, coçando a cabeça. – Você quer dar uma volta?

Eu sorri antes de responder.

– Adoraria dar uma volta. Mas você tem quer A Casa Torta antes.

– Que livro é esse? Não é romance besta, é?

– É romance policial - respondi sentando melhor na cadeira, bastante animada. - Vou te fazer um resumo. Um velho é casado com uma jovem mulher e mora com ela numa super casa. Seus dois filhos também moram lá, com suas esposas e seus filhos. Tem também a irmã da sua esposa falecida.

– E...?

– E o velho morre - eu sorri. - E só pode ter sido um deles. A polícia está investigando isso, mas o namorado de Sophia, uma das netas do velho, começa a investigar também e no final... Bam! É uma surpresa.

– Quem matou o velho? - ele perguntou sorrindo torto.

– Eu não vou te falar, Mellark. Quem sabe você não se interessa pela leitura?

– Tem filme disso? - ele perguntou e revirei os olhos.

– Você vai ler. Tem sorte de a minha versão ser a versão de bolso! Você vai ler pouco...

Levantei-me, fui até meu quarto, com ele me seguindo, e procurei na minha estante organizada por autor os livros de Agatha Christie, encontrando o minúsculo e fino livro de lombada marrom-avermelhada inclinado entre o sexto e o sétimo livro daquela fileira. Peguei-o com cuidado e joguei no colo do Mellark, que havia sentado na minha cama.

– Leia. Eu vou comer o que você mandou...

– O quanto eu tenho que ler? – ele perguntou e parei um pouco pra pensar.

– 240 páginas, de acordo com seus acertos. Mas ele é menor que isso, então... Apenas leia o livro todo.

– Tudo bem – ele suspirou e abriu o livro.

Fui até a cozinha e pus a comida no prato. Enquanto esquentava no microondas, meu telefone tocou e fui atender.

– Clove? - atendi, sentando-me na mesa da cozinha.

– Eu esqueci minha carteira aí na tua casa hoje de manhã?

– Não vi nada, mas posso procurar.

– Ok, depois me manda um WhatsApp - ela pediu. - Foi mal ter saído sem falar contigo, mas a Madge me arrastou dali e começou a chorar. Acho que ela não tá acostumada a grandes discussões.

– Mais tarde eu vou lá, na casa dela.

– Por que não agora?

– Agora estou com o Peeta.

– Então ele é Peeta? E o Mellark?

– Longa história - revirei os olhos me levantando. Eu tinha mania de andar de um lado pro outro ao falar no telefone. - Tô indo comer agora, ok? Beijo, cachorra, amo você.

– Quanta gayzice - ela riu. - Beijo.

Repousei meu celular em cima da mesa e tirei a comida do microondas, começando a comer em seguida. Aquilo torturava cada célula do meu corpo, que havia se acostumado a comer pouco. Empurrei a comida pra dentro, tendo em mente que aquilo era o melhor pra mim.

Quando terminei, voltei ao meu quarto morrendo de sono. Por ter acordado cedo, eu estava meio sonolenta. Minha cama, embora dura, era perfeita para tirar um cochilo, assim como a temperatura parecia ter se estabilizado. Minhas pálpebras foram fechando e a última coisa que vi foi Peeta passando a página de um Agatha Christie.

Acordei com Peeta me cutucando.

– Eu já li doze capítulos.

– Que horas são? - eu perguntei.

– Cinco e quinze. Decidi te acordar por quê... Bem... Você ainda quer sair?

– Aham – concordei com a cabeça, me sentando na cama. – Pra onde você quer ir?

– Eu pensei que... Já que você quer emagrecer, por que não vamos caminhar?

– Caminhar, tipo, fazer exercício?

– É.

– Tá bom – dei de ombros. – Vou tomar um banho e então a gente vai.

– Eu preciso passar em casa antes – ele disse, fechando o livro após decorar a página que estava. – Você se arruma lá. Vamos.

Concordei e fiz uma pequena mochila com roupa de ginástica e tudo o que eu precisaria pra caminhar com Peeta. Coloquei-a nas costas e caminhei com ele até um conversível preto, que descobri ser de Gloss. Ele sentou, e em seguida eu sentei.

– É... – balbuciei.

– Passageiros coloquem os cintos - ele disse enquanto fazia o mesmo.

Ele ligou o carro e virou pra mim, sorrindo. Sorri de volta. Ele ligou o rádio, que tocava Imagine Dragons, e deu partida, parando poucos minutos no sinal vermelho. Enquanto esperava, ele tamborilou a direção do carro.

– Pronta para a nossa Las Vegas particular?

– Nossa o que?

– Apenas diga “eu estou pronta” – ele disse, impaciente e revirando os olhos.

– Eu estou pronta.

Então ele acelerou.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃAAAAAAAAO, gostaram? Muita coisa vai acontecer nessa caminhada, hahahaha. Reviews, sim? Favoritem, recomendem, façam o que quiser. Apareçam no grupo. É, apareçam lá! Isso é o que me deixaria extremamente feliz agora! Um beijão :)