Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 9
Canecas e Carpe Diem


Notas iniciais do capítulo

Hey moças e moços. Aqui estou eu.
Espero que gostem.
XOXO



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Cinco da tarde. O turno de Reyna tinha acabado, porém Annabeth tinha avisado que sairia com Percy.

                “Excelente, ela sai com o Gato-de-olhos-verdes e eu tenho que ficar aqui e ir pra casa com aquilo.”, e pensando nisso, limpou as mãos na saia.

                Leo já estava esperando-a na porta do Starbuck, rodando a chave no dedo indicador e piscando pra uma menina de uns 14 anos que passou pela rua.

                Ele não presta, realmente.

                “Desculpe atrapalhar seu flerte, Sir Pegador, mas eu quero ir pra casa.”, Reyna bufou, ajeitado a bolsa no ombro e jogando o peso do corpo de um lado para o outro, só pra dar um tom mais você-me-irrita-e-eu-te-odeio a cena.

                Leo rolou os olhos. “Se é tanto ciúme da menina, não se preocupe, é uma paixão de apenas uma noite, querida.”

                “Por favor, Leo. Eu nunca teria ciúme de você. E além disso, eu já disse para não me chamar de querida.”, e desviou o olhar pro poste que tinha acabado de ser aceso.

                “Eu adoraria continuar essa discussão, mas infelizmente o meu horário reservado-para-discutir já acabou. Se não se importa, pode entrar no carro, por favor?”, e então, apertou o botão na chave que destrancava as portas.

                Reyna se sentou no banco do carona, descalçou os sapatos e pôs seus pés em cima do painel.

                “Se sente confortável assim ou quer que eu pegue um cobertor?”, ele ironizou, enquanto girava a chave e dava a partida.

                “Se você realmente tivesse, eu aceitaria.”, ela deu de ombros e pôs os fones no ouvido. “Eu estou com frio, pra ser honesta.”

                “Pensei que você gostasse de frio.”

                “Como chegou a incrível conclusão?”

                E então, olhando-a de cima à baixo, ele só conseguia pensar em como ela tinha cara de inverno.

                “Você tem cara de frio.”, ele respondeu sem encará-la.

                “E como seria essa cara de frio?”, e ela fez aspas ao pronunciar ‘cara de frio’.

                “Como você, sabe?”, ele disse ao menear a cabeça na direção de Reyna.

                “Bastante objetivo.”, e então ela riu.

                “É aquela coisa de combinar com gorros, cachecóis, meias-calças, canecas de café e cobertores.”, e foi o que, de forma bem enrolada, ele tentou explicar.

                “Tudo bem, então você quer dizer que eu combino com canecas?”

                “Sim, bem. Não. Quer dizer, não se sinta ofendida. Se parecer com canecas é algo legal.”

                Ela riu. Não alto e escandalosamente, mas foi uma risada. Eram como bolinha de sabão espelhando a luz do sol.

                Tudo bem, essa foi a pior comparação da história.

                “Quer ouvir música?”, ele perguntou.

                “Se não percebeu, eu já estou ouvindo música.”

                “Eu vou ligar o rádio. Se importa?”

                Deu de ombros e fechou os olhos. Tirou mais um chiclete da bolsa e mastigou.

                “Então quer dizer que canecas te remetem a mim?”, ela comentou.

                “Não exatamente, sim? Eu não passo por uma loja, vejo uma caneca e penso ‘Deus, a Reyna está aqui!’. Bem, eu posso te assegurar que não soa assim. É mais como A-Reyna-Me-Lembra-Frio-E-Frio-Me-Lembra-Canecas.”

                “Agora eu entendi perfeitamente.”, ela ironizou. E então tirou os fones. ”Você tem cara de verão, se quer saber.”

                “Essa pergunta estava me agonizando até agora, e então você tirou o peso dos meus ombros.”, ele riu sozinho. “Se você estava tentando arrumar uma maneira de me dizer que eu sou quente sem parecer promíscua, você conseguiu. Vou até fingir que não notei a indireta.”

                “Apenas esqueci de mencionar que eu não gosto do verão.”, e então pôs os fones de volta.

                “Então os opostos se atraem. Você conhece isso, certo?”, e lá estava ele, pronto pra implicar.

                “Você não é tão ruim em física.”

                “Eu sou ruim em química, caso você não tenha prestado atenção.”

                “Eu realmente não notei, obrigada por lembrar.”

                “Isso foi sarcasmo?”

                “Bem notado.”

                Dez segundos. Foi o tempo que ele ficou sem falar.

                “O que vai comer? Quer dizer, quando chegar em casa.”, ele perguntou, olhando distraidamente para a poeira do retrovisor.

                “Não faço ideia.”, ela deu de ombros. “Posso abrir a janela?”, ele fez que sim, e ela apertou um botão que fazia um barulho estranho. Estava frio lá fora, de forma que ela podia ver uma fumacinha sair de sua boca enquanto falava.

                “Eu posso te levar pra jantar.”, ele sugeriu. E então o sinal fechou.

                “Não, obrigada. Tenho lição atrasada.”

                “Você pode me dizer não, eu juro que não faço birra.”

                “Eu quis ser gentil”

XXX

                Parou o carro mais uma vez na portaria daquele antiquado conjunto de apartamentos.

                Ela abriu a porta e pegou a bolsa. Ele só queria que ela deixasse cair alguma coisa só pra que pudesse arranjar um pretexto pra ir devolver.

                Se isso soar tão clichê, acho que já posso dizer que é paixão.

XXX

                Ela subiu os seis lances de escada, procurou a chave na bolsa e abriu a porta.

                “Annabeth?”, ela chamou. “Ah sim, esqueci”. E então jogou a bolsa no sofá e foi procurar alguma coisa pra comer na cozinha.

                Graças a qualquer força bondosa, ainda tinha pizza do almoço. Quer dizer, estava fria e borrachuda, mas parecia mais vistosa que a comida-indefinida-de-aspargos.

                Cortou dois pedaços, pôs num prato qualquer e se sentou no sofá. Ligou a tv. “Os métodos de acasalamento de animais selvagens.”, era o que estava passando no Animal Planet. E por um minuto ela se pegou pensando se Leo com toda sua tática de perseguição-nas-cafeterias estava no meio daquele documentário.

XXX

                Ele ainda estava com o carro estacionando na rua do apartamento de Reyna, procurando qualquer coisa que ela tivesse esquecido no banco do carona de seu carro.

                Não, não tinha nada. Nem um mísero lápis ou prendedor de cabelo.

                Se bem que se ela se esquecesse lá, ele não ia se importar nem um pouco. Girou a chave na ignição e dirigiu até chegar em casa.

                Tirou a chave do bolso e abriu a porta. Seu apartamento parecia tão vazio, tão bagunçado e tão Leo. Faltava o cheiro de café amargo e um piano pra tropeçar.

                Faltava ela e a pizza borrachuda. E o quadro estranho e os vasos de nacionalidade indefinida.

                O problema é que meninos como ele nunca resistem a um bom desafio.

                Novamente a geladeira estava vazia e ele estava com fome. E o telefone estava longe demais do sofá onde tinha se jogado. Nada de pizza. E o gato da vizinha do lado estava miando estridentemente, então ele não conseguia pegar no sono. Mas o gato não era o único culpado. Outra ‘gata’ também brincava em seus pensamentos, e enrolava sua mente como uma bolinha de lã.

                Lã. Isso também o fazia lembrar dela. Isso é mais um monte de outras coisas simples e cotidianas. Porque ela era como um gato, e deixava marcas pelo território onde passava.

                E quanto mais ele notava o quanto se deixava enrolar nesse novelo, mais ele percebia como estava ficando louco. Porque agora ele olhava pra janela, e então pensava que estava frio. E Reyna lhe vinha à mente. Aí se lembrava de cobertores e a criatura aparecia novamente. Obviamente cobertores lembram canecas de alguma maneira que nem mesmo ele entendia, mas lembravam. Consequentemente, ele vai imaginar uma caneca, e então, Reyna. Era uma desgraça de um ciclo interminável de coisas estupidamente sem sentido que lhe remetiam à uma pessoa extremamente mal-humorada e inquestionavelmente desingostável. Se é que esta palavra venha a existir, claro. Mas de verdade, quem se importa?

                A questão é que Carpe Diem. Aproveite o Dia, na língua morta da Roma antiga. Ou aproveita a noite, tanto faz. O que importa é aproveitar o momento e não fazer sentido.

                E foi pensando nisso tudo que ele dormiu ao som dos miaus insistentes do felino da vizinha.


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Notas finais do capítulo

Então, suas lindas. Gostaram?
Mereço reviews?
XOXO