Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 3
Chocochips


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amoress! Aqui estou eu, nessa brilhante sexta-feira com o pseudônimo de Meg, porque eu assisti Hércules.
Enfim, espero que gostem.
XOXO



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Se fosse possível, Reyna anularia o desejo de ter alguma distração no dia.

                Encontrar um colega de classe era ruim.

                E se esse colega de classe fizesse questão de deixar claro que era um cafajeste de cantadas baratas, ela descartava.

                Mas não.

                Porque ela geralmente não tinha sorte.

                E por um momento, guiar Mário Bros em direção ao castelo onde a Peach estava aprisionada parecia mais interessante.

                Ele chegou numa hora errada. Lá estava ela, descabelada, com cara de louca e jogando alguma coisa inútil no celular.

                Não que ela se importasse em parecer bem na frente dele, mas era uma questão de trabalho. Ela tinha que parecer minimamente disposta a servir.

                Mas como sempre, ele tirava proveito das situações. Como no trabalho de história. Tinha vontade de guilhotina-lo assim como faziam nas épocas medievais. Seria uma solução fácil e eficaz.

                Mas não era tão simples.

                O cafajeste de piadas piegas estava disposto a lhe pagar um café e lhe chamar pra sair. No meio de seu expediente.

                Tudo bem que a loja estava quase vazia, senão pelos garotos que paqueravam a amiga garçonete. Mas ela realmente não tinha desculpas senão aceitar a proposta a aproveitar o café que ela não poderia se dar ao luxo de tomar toda hora.

                Lá estava ele, apoiado em sua frente, sorrindo e piscando maliciosamente para ela, num ritual de conquista barato que ela pessoalmente via como algo muito presunçoso. E confiante demais.

                “Seu chefe liberou. Ele até achou legal. Disse que você parecia estar numa TPM constante e talvez um Choco Chips lhe fizesse bem. E é isso que vou fazer. Aliás, será que a sua amiga se importaria em parar de azarar aquele garoto e preparar nosso pedido?”, ele desatou a falar tão rápido que Reyna se perguntava se ele respirava. Não que ela se importasse com isso, claro.

                Ele não parecia ser tão horrendo, afinal. Tinha um senso de humor idiota que compensava a prepotência exagerada.

                “Annabeth, você poderia vir aqui?”, ela chamou a amiga.

                “O nome dela é Annabeth? Eu passei semanas usando todo o meu charme latino e não descobri. Será que você conseguiria o telefone dela também?”, ele perguntou, e restava a ela descobrir se ele estava ou não sendo sincero. Porque com um garoto como aquele, o céu é só mais uma barreira á ser quebrada. Ela poderia facilmente rir de deixa-lo achar que ela estava afim de interação social. Mas estilhaçar um pouco aquele ego ridículo nunca é demais.

                A garçonete loira deu uma piscada para os garotos e mandou-lhes um beijo, para assim dirigir-se em direção ao casal.

                “Menino indefinido! Que surpresa te ver aqui. O que vai querer?”, ela perguntou com um tom vívido de gentileza.

                “Oi Annabeth. Meu nome é Leo, só pra avisar mesmo. Aliás, eu estava aqui conversando com a sua amiga e convidando-a para tomar um café comigo. Será que você poderia anotar nossos pedidos?”, ele perguntou com o jeito sempre galante de conseguir o que queria.

                “Claro!”, sorriu a loira. “Vão querer o quê?”, perguntou.

                “Um Choco Chips e uma torta de maçã para ela e pra mim, um Expresso com Chantilly e uma daquelas coisinhas bonitinhas de morango.”, ele pediu, dando-lhe uma piscada.

                “E o Frappuccino de doce de leite que você sempre pede?”, ela o perguntou gentilmente.

                “Nah, hoje estou com a senhorita Simpatia, então acho melhor tomar uma bebida decente, que deixe uma impressão de que eu sou um homem sério.”, ele brincou.

                “Tudo bem então.”, ela sorriu para Reyna. “Você é uma garota de sorte.”, Annabeth falou para a amiga, que rezava a quem pudesse ouvir para que Leo não notasse que estava vermelha. “Vão se sentar na mesa de sempre, certo?”

                Leo assentiu com a cabeça.

                “Tudo bem. Só aguardem alguns minutos, ok?”, pediu Annabeth, que piscou novamente e saiu, deixando-os sozinhos.

                Reyna tirou o avental verde e soltou os cabelos do rabo de cavalo, caminhado em direção à mesa onde a mochila de Leo estava jogada.

                Só havia dois lugares, de modo que ela não poderia se sentar longe dele.

                Antes que ela se sentasse, Leo se levantou e puxou-lhe a cadeira, como um verdadeiro cavalheiro.

                Só era uma pena que isso não mudaria a impressão que Reyna tinha dele.

                Reyna lia a composição de cada café no cardápio enquanto Leo estava ocupado observando os próprios pés, e disfarçando os olhares evasivos e críticos que Reyna lhe lançava vez ou outra.

                “Reyna?”, ele chamou, só para quebrar o imenso iceberg que os separava.

                E a cada momento, ele cogitava o quão idiota soou convidá-la para tomar um café.

                “Sim?”, ela respondeu sem tirar os olhos do cardápio.

                “Eu queria saber se você se importaria em me ajudar com química? O professor parece disposto à me reprovar.”, ele pediu, já mais calmo por notar que ela não parecia se importar em estar ali.

                “Por que exatamente você quer que eu te ajude? Jason é melhor que eu, então peça a ele.”, ela respondeu com uma voz calma, e não parecia se controlar para não esganá-lo. Bom sinal.

                “Ele anda, ér, ocupado com Piper, então eu achei que você poderia me ajudar.”, ele explicou, torcendo as mãos por baixo da mesa.

                “Bom, eu não sei.”, ela começou, mas foi cortada pela – inconveniente, diga-se de passagem – garçonete loira, que trazia os pedidos numa bandeja prateada.

                “Espero não estar interrompendo nada.”, brincou Annabeth, dando à Reyna uma piscada sugestiva que a fez corar.

                “Você chegou na hora certa, para falar a verdade.”, ela pensou em responder, mas limitou-se à sorrir e tomar um gole de sua bebida.

                Para a alegria de Leo, Annabeth saiu tão rápido quanto chegou, de forma que ele poderia voltar ou mudar de assunto.

                “Então, o que você faz quando sai daqui?”, ele perguntou enquanto bebericava sua xícara de café expresso.

                “Vou para casa, faço as lições de casa, aprendo francês pela internet. Vez ou outra, alugo filmes infantis e como pipoca sozinha, como uma senhora solteirona e diabética com 64 gatos.”, ela respondeu sugando ruidosamente o Choco Chips. Poderia ou não ser ironia, e restava a Leo descobrir se era verdade ou não. Talvez ela achasse divertido tirar uma com sua cara.

                “Sério?”

                “Sim,”, ela riu. “exceto à parte de parecer uma senhora solteirona.”

                “Eu poderia lhe fazer companhia, se quiser. Gosto de filmes infantis, moça.”, ele se ofereceu com um tom de flerte.

                Reyna sugou mais um pouco de sua bebida e depois engasgou.

                “Infelizmente, passo a oferta.”, ela respondeu com um claro tom de ironia.

                Ele deu de ombros e se recostou melhor na cadeira, bebericando mais um pouco da bebida.

                O café definitivamente estava forte. E mais amargo do que ele estava acostumado. Não estava ruim, mas estava bem longe de ser bom. Mas mesmo assim, ele engoliu o resto da xícara para manter a imagem de sério que queria passar para os críticos olhares da companheira de mesa, que o observavam de cima à baixo, avaliando-o mentalmente.

                Mas aquilo estava intragável, e uma careta mínima foi quase inevitável.

                Reyna começou a rir baixo, como se soubesse de alguma piada interna na qual ele estava particularmente envolvido.

                “O que foi?”, ele perguntou curioso.

                Ela continuava a rir, sem dar ouvidos à suas reclamações infantis.

                “Você nunca vai conseguir parecer sério com um bigode de chantilly.”, ela avisou apontando para os próprios lábios, demonstrando o lugar onde estava sujo.

                Leo limpou a boca com a manga da camisa e cruzou os braços, emburrando-se como uma criança mimada.

                Reyna continuou a rir e cada vez Leo se fingia mais ofendido.

                “Ainda tem um pouco, deixe-me limpar isso.”, ela sorriu, enquanto limpava o chantilly com seu guardanapo.

                Se fosse possível, Leo congelaria o momento e o guardaria numa caixinha de joias com música e uma bailarina.

                Mas pena que durou menos que uma piscada de olhos.

                “Ér, desculpe.”, ela falou, sorrindo discretamente e encolhendo os ombros.

                “Não foi nada. Eu que tenho que pedir desculpas por te tirar do trabalho.”, ele falou, retraindo-se na cadeira, ainda perplexo com a cena anterior e ocupado demais procurando uma rachadura na parede.

                 Reyna balançou a cabeça de leve e sorriu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

                “Por que está sendo legal comigo?”, ele perguntou, fazendo-a surpresa.

                “Eu infelizmente não posso chutar seu traseiro por dois motivos. Um: Meu chefe me manda embora se eu maltratar um cliente. E dois: Você está me pagando um Choco Chips e essa deliciosa torta de maçã, que ao meu ver, deve ter custado mais de 3 dólares. Coisa que uma garçonete mal paga do Starbucks não pode se dar ao luxo de comer todos os dias”. Ela respondeu com o mesmo tom de voz irônico que usava normalmente.

                “Isso quer dizer que o Starbucks é o único lugar que eu posso te encontrar sem receber respostas grosseiras e tapas na cara?”, ele devolveu.

                “Basicamente sim.”, ela lhe respondeu desinteressada, sugando o resto do chantilly.

                “Case-se com a sua ironia.”, ele implicou, levantando os braços em rendição.

                “Seríamos muito felizes.”, ela replicou em tom e brincadeira.

                Mais alguns segundos de silêncio. Reyna acabou de comer a torta e Leo lambeu o resto de chantilly da xícara.

                “Isso estava realmente delicioso.”, ela comentou.

                “Que horas acaba seu turno?”, ele perguntou despretensioso, espreguiçando-se preguiçosamente na cadeira.

                Reyna engasgou.

                “O que disse?”, ela perguntou incrédula.

                “Eu perguntei que horas o seu turno acaba.”, ele respondeu calmamente.

                “Daqui à...”, ela checou seu relógio de pulso. “Duas horas. Por quê?”

                “Pra saber por quanto tempo eu vou ter que ficar aqui todos os dias, até você aceitar sair comigo.”, ele respondeu.

                Ela sorriu cética.

                “Isso é ridículo.”, ela falou, girando a cabeça com a impossibilidade.

                “Você não fala comigo na escola, e eu passo as tardes em casa, jogando videogames e comendo alimentos que destruirão meu sistema digestório em questão de anos, o que significa que eu não me importo em passar a tarde te vendo andar de um lado para o outro carregando uma bandeja de cafés e doces para pessoas não tão importantes quanto eu. E eu poderia te sequestrar algumas vezes para tomar um Choco Chips comigo, isso é claro, se seu chefe não se importar.”, ele explicou.

                Reyna, que permanecia parada com os olhos no chão, apoiando o cotovelo na mesa, ergueu o olhar rapidamente para ele, tentando descobrir a genuinidade do argumento.

                “Você é um idiota.”, foi a única coisa que ela conseguiu falar.

                “Tudo bem, então. Estarei aqui amanhã. Na mesma hora, e no mesmo lugar.”, ele avisou ao levantar da cadeira, jogar duas notas de vinte dólares na mesa e caminhar em direção à porta, sem sair antes de lhe dar uma piscadela sugestiva e lhe fazer uma reverência exagerada.

                Ela sorriu e se levantou, carregando as embalagens em direção ao lixo, quando ouviu a porta se abrir novamente. Leo havia voltado, e estava com metade do corpo dentro da loja.

                “Te vejo amanhã, linda!”, ele gritou para todos que quisessem ouvir.

                Enrubescida e um tantinho irritada, ela voltou ao trabalho.

XXX


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Notas finais do capítulo

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