Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 2
Quimicamente falando, nós combinamos.


Notas iniciais do capítulo

Oioi, seus lindjos! Aqui estou eu. Ah, eu ia postar ontem, mas meu pai cismou que tava morrendo de gripe.
Enfim, pra avisar mesmo, eu vou postar toda sexta até segunda ordem. Se a titica da minha internet falhar, entrem sábado de manhã.
Mas dá pra postar toda sexta.



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“Bom dia classe,” anunciou o professor, com o costumeiro tom de voz arrastado e preguiçoso. “hoje vamos revisar a tabela periódica.”

                Ha. Como se ele conseguisse prestar atenção em algo que não fosse Reyna. E teria sido mais fácil se ela se sentasse ao lado dele.

                Mas ela não se sentava.

                Porque tudo tem de ser difícil na “Incrível vida amorosa de Leo Valdez”.

                Começando pelo fato dela ficar incrivelmente linda com um coque preso por um lápis 2b.

                Mau sinal.

                Ele não deveria estar assim.

                E aula parecia incrivelmente chata por demorar à passar.

                E talvez ele pudesse chama-la pra sair. E com sorte, ela aceitaria.

                Porque absolutamente tudo na vida de Leo exigia sorte.

                “Senhor Valdez, será que poderia me responder qual é a fórmula do Ácido Sulfúrico?”, o professor perguntou num tom que parecia desdém. Como se já soubesse que ele não sabia. Leo balançou a cabeça algumas vezes, tentando recuperar o foco.

                E como sempre, a sorte não estava a seu favor.

                Azar no jogo, sorte no amor. Pelo menos ele contava com isso.

                “Eu não sei, professor.”, ele respondeu encolhendo os ombros.

                Reyna sorriu com canto dos lábios e levantou a mão. Parecia disposta a irritá-lo.

                “H2SO4.”, ela respondeu triunfante.

                “Excelente resposta, senhorita. Agora, o senhor, melhor estudar mais se não quiser repetir de ano.”, ele avisou com aquela voz monótona de quem achava que não ganhava o suficiente para trabalhar naquilo.

                Excelente. Era o que ele precisava. Química seria um ótimo pretexto para se aproximar da garota.

                O Sinal toca. Fim da aula e o momento crucial na “Incrível Vida Amorosa de Leo Valdez”.

                As portas se abrem e os alunos correm em direção à saída, como se suas vidas dependessem daquilo. E de certo modo dependiam. Ninguém aguentaria um tempo desnecessário na escola.

                Leo desceu as escadas até o penúltimo degrau, onde levantou os pés para procura-la com os olhos. E nenhum sinal da cabeleira avelã.

                Provavelmente teria ido embora, como de costume.

                Não que ele reparasse isso. Na verdade, passou a nota-la com frequência depois de um trabalho de história, onde por ironia do destino - e talvez pela ajuda da professora – fizera par com ela.

                De fato, Reyna era inteligente. E bonita. E tinha a estranha mania de tamborilar os dedos na superfície da mesa quando estava nervosa. Ou entediada. Seu estojo parecia gasto e todas as canetas estavam mordidas na ponta. O caderno, em compensação, era completamente organizado, e as folhas pareciam não ter uma dobra sequer.

                E ela definitivamente tinha ido embora.

XXX

                Pra ser sincera, se não precisasse tanto da grana, Reyna nunca teria aceitado aquele maldito emprego no Starbucks no centro da cidade.

                Não era o tipo de pessoa que se encantava em atender gente mal-humorada com um sorriso adorável no rosto.

                Era um emprego de meio período. Entrava às 2 e saía às 5. Era cansativo, mas em compensação, era a única forma de pagar o aluguel do apartamento em que morava.

                Tinha se mudado da área nobre da cidade, cansada da vida de mesada e das futilidades. Decidira recomeçar, e alugar uma casa para si mesma seria o primeiro passo.

                A faculdade era mantida pelos pais. E pelo menos isso ela fazia questão de aceitar.

                Era um imóvel pequeno que dividia com a melhor-amiga-colega-de-trabalho Annabeth, situado num conjunto de blocos próximo à faculdade de Annabeth, onde muitos jovens viviam para se pouparem da vida preguiçosa dos alojamentos.

                Viver de refrigerante e macarrão instantâneo não era bem um estilo de vida.

                Agora voltemos ao emprego.

                Reyna trabalhava como garçonete, servindo Macciatos e Frappuccinos para gente estressada com intolerância a lactose, que por vezes não deixava gorjeta alguma.

                Mas a vida era assim, principalmente para ela. Talvez ela mudasse isso logo. Com sorte, arrumaria um emprego melhor antes de terminar a faculdade de Direito e antes de começar a faculdade de Língua Inglesa.

                Porém não podia reclamar dos companheiros de trabalho. Lerry era um senhor gordo e bem humorado que preparava as bebidas e ria-se quando algum empresário surtava por sua bebida conter um pingo à mais de café descafeinado. Aliás, ela não entendia isso. O mundo adulto era algo complexo que ela esperava não precisar compreender.

                Annabeth era garçonete também. Devia ter no máximo uns vinte e dois anos, e adora exibir a cabeleira loira para quem quisesse ver. Mas fora isso era divertida. Principalmente quando tentava flertar com os clientes.

                Kate trabalhava com a parte das comidas em geral. Assava os muffins, sanduíches e salgados para expor na vitrine. E sempre que sobrava alguma coisa, ela distribuía as sobras entre os funcionários, de modo que na maioria das vezes, Reyna não tinha de se preocupar em preparar algo para comer.

                A rotina era normal e monótona. Sempre a mesma coisa: empresários atrasados, secretários que puxavam o saco dos chefes, crianças tomando chocolate quente e fazendo pirraça para que as mães lhe comprassem mais dois bolinhos e adolescentes do ensino fundamental que pensavam ser importantes por beber café expresso.

                Mas naquele dia, estava no ápice de seu tédio. Não havia nenhum empresário surtado para rir e nenhum garoto bonito para que Annabeth pudesse flertar.

                E lá estava ela, sentada na beirada de um banco desgastado com os cotovelos apoiados na bancada, distraindo-se com um jogo ridículo que encontrara em seu celular.

                Pensou em pedir um café e pôr em sua conta, mas estava cansada de fazer alguma coisa. Com sorte chegaria alguém que a divertisse.

                E foi o que aconteceu. Não exatamente da maneira que ela planejara, mas foi alguma coisa.

XXX

                Leo saiu da escola e foi direto para a rua à procura de Reyna. Não que estivesse com a esperança real de encontra-la, na verdade era apenas uma meta que contava com a sorte.

                Chamou um táxi para o centro da cidade. Provavelmente ficaria rondando pelas lojas de videogames e ocasionalmente pararia para tomar um Frappuccino de doce de leite com alguns biscoitinhos bonitos.

                Era essa sua rotina normal num dia de tédio, mas ele decidiu inovar. E assim, pediu para o táxi parar próximo à uma livraria. Jogou uma nota de 20 dólares no colo do motorista e empurrou a porta de vidro da Floreios e Borrões.

                Uma senhora de setenta e poucos anos o atendeu, perguntando se havia se interessado por algo em especial. É, talvez um livro seria uma experiência nova.

                E em segundos ele estava na prateleira de ficção científica, carregando um exemplar de “Vinte Mil Léguas Submarinas”, do renomado escritos Júlio Verne.

                Novamente, tirou 25 dólares da carteira e entregou à senhora, dando-lhe uma piscadela galante à estilo Leo.

                Saiu, e caminhando num passo rápido, foi até à cafeteria mais famosa do mundo: Starbucks.

                Ele já a frequentava não era de agora. Estava acostumado à tomar sempre o mesmo Frappuccino de doce de leite e flertar com a garçonete loira. E por vezes conversar sobre o tempo com o preparador de bebidas. Era um senhorzinho simpático aquele.

                Sentava-se sempre na mesa perto da janela, de modo que poderia observar a vista e olhar a “paisagem” – que entende-se por garotas que passeavam pela rua.

                Estava acostumado à ver grupinhos de adolescentes e admira-los sobre como eram livres. Por ora, preocupavam-se apenas em beber cafés e namorar, enquanto ele já planejava o futuro.

                Abriu a porta de vidro, acenou para a garçonete gata e sentou-se à mesa costumeira. Jogou a mochila em uma das cadeiras e foi fazer seu pedido. A garçonete loira estava ocupada demais flertando com um universitário bonitão, então teria de apelar para a outra, uma garota com cabelos lindamente cor de chocolate que parecia entediada ao jogar alguma coisa no celular.

                “Não, Mário! Este é o caminho errado! Droga! Eu só tenho duas vidas e..., ela murmurava até notar que havia mais alguém no balcão, corando violentamente pelo desmazelo. Não que Leo ligasse, definitivamente ele não se importava.

                “Desculpe!”, ela murmurou, largando o celular na bolsa, ajeitando a postura e os cabelos bagunçados.

                E quando a menina ergueu os olhos do tampo de madeira, ele notou um detalhe.

                “Não pode ser.”, ele pensou ao olhar novamente aquele malditamente bonitos olhos ameaçadores que ele conhecia tão bem.

                “Vai querer o quê?”, ela perguntou com a voz sonolenta, tamborilando o dedo no balcão, como se o joguinho tedioso no celular fosse mais interessante que o contato humano.

                “Amh, acho que um Expresso com Chantilly. E uma dessas coisinhas com morango.”, ele pediu, batendo com o dedo em direção ao pedido.

                A garota confirmou com a cabeça.

                “Tudo bem. E eu coloco no nome de quem?”, ela perguntou, tirando uma caneta detrás da orelha.

                “Amor da minha vida, meu namorado, são inúmeras opções.”, ele cantarolou, enumerando os nomes nos dedos.

                Ela suspirou, como se pedisse calma e começou a mordiscar a caneta.

                “Leo Valdez, pode ser?”, ele tentou, arqueando as sobrancelhas como se pedisse desculpas.

                “Tudo bem. Aguarde na sua mesa. Daqui à pouco seu pedido estará pronto.”, ela confirmou.

                Ele acenou com a cabeça e girou os calcanhares para ir. Mas lembrou-se de algo que queria fazer.

                “Você por algum motivo é a Reyna gata da minha classe de química?”, ele a perguntou.

                Ela crispou os lábios e murmurou algo que ele tomou como um sim.

                “Quer vir tomar um café comigo? Eu pago.”, ele convidou gentilmente.

                Ela largou a caneta no balcão e sorriu.

                “Estou trabalhando, se não percebeu.”, respondeu seca.

                “Você poderia ser mais gentil.”, ele comentou.

                “E você poderia calar a boca.”, ela replicou sem pensar.

                “Vou dizer ao gerente que estou sendo maltratado.”, ele implicou.

                ”Então vá lá e pergunte à ele e pergunte se eu posso tomar um café com você.”, ela respondeu cética.

                Leo sorriu vitorioso e caminhou em direção ao homem que usava um crachá escrito “gerente”.

                “Com licença, será que eu poderia ausentar a bela garçonete morena para tomar um café comigo?”, ele pediu da forma mais gentil que encontrou, encarando fixamente o bigode mal aparado do homem.

                “Você me parece um rapaz legal, e a Reyna anda mal humorada esses dias. Deve ser a TPM. Eu se fosse você, pagaria um Choco Chipp, é o preferido dela.”, o homem falou em tom de confissão. Até que era um cara legal.

                E vitorioso, caminhou em direção à garota que o esperava com a expressão mais tediosa possível.

XXX

Então, seus fofos, gostaram? Sexta que vem, estejam aqui pra ver o próximo capítulo de DCCCEACPF.

XOXO


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Notas finais do capítulo

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