Supernatural: Destiny. escrita por theblackqueen


Capítulo 13
Truths That You Don’t Want To Know.


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo eu quero agradecer a Juje Winchester pela recomendação linda e também quero agradecer muito a todos os leitores da fic. Cara é por vocês que Destiny segue firme & forte. ♥
Muito obrigada pelo carinho de todos.
E eu sei que estou atrasada. Vocês merecem saber o motivo. Motivo esse que faz com que esse capítulo não seja o melhor que eu já escrevi. Eu não sei o que vocês vão achar dele, mas eu não posso dizer que gostei. Eu já tinha uma boa parte da fic pronta no meu antigo netbook. O capítulo 13 já estava feito e muito bem desenvolvido. Mas o net estragou. Morreu. E não há conserto. Ai eu comprei meu note novo e fiquei desanimada para voltar a escrever. Se tornou cansativo. Cogitei editar toda a fic e começar do zero. MAS vocês merecem que eu dê o melhor por ela. E por isso resumi bem os acontecimentos, que seriam melhor desenvolvidos no que eu já tinha feito, fechando assim essa SEGUNDA FASE. E eu prometo que se tiveram paciência, daqui para frente vai ser melhor. Eu planejo focar um pouco mais nas garotas e no dia-a-dia da caça, e claro, na quarta temporada de Supernatural.
~~
Eu preciso compartilhar uma coisa com vocês: Todos já devem saber que o Misha aprontou mais uma e colocou o telefone dele no twitter. E eu liguei (sim, eu acabei com os meus créditos). Algumas vezes caiu na secretária, mas de repente alguém atendeu. Um homem. Eu não posso dizer com 100% certeza que era o Misha porque a ligação estava muito ruim. Ele disse "HELLO" e eu disse "HIIIIIIIIIIIIIIIIIII" *tendo um mini infarte* e a ligação caiu. :(
Mas eu tentei mais umas 86798098678o9 vezes (sim, eu sou brasileira e sim! nós temos bananas) e lá pela 79808012 vez caiu no voicemaill dele, uma mensagem de voz dele. CARA, EU TOQUEI O CÉU *-*
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E para finalmente deixar vocês lerem, tenho que dizer que eu e uma fofa que conheci aqui no Nyah! estamos escrevendo uma nova fic chamada "The Last Chance" então se você quiser ler, concorre a uma viagem a Vancouver.
HSOAHSOAH
mentira,
eu concorro...
mentira,
#parey

bjs e ignorem a minha leve loucura ♥



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–~-~-~-

Um gosto amargo inundou a boca de Dean. Aos poucos ele foi voltando a si, recuperando os sentidos. Abriu os olhos e procurou pelo seu irmão e por Melizza. A garota estava há poucos metros dele ainda desacordada e Sam, estava ao seu lado e também voltava a si. Sam balançou a cabeça, notou que ao seu redor tudo rodava. Esforçou-se para não cair por causa da tontura. Essa sensação não demorou tanto por sorte.

— Sammy... — Dean se pôs de pé e ajudou o irmão mais novo a ficar de pé, firme. — Tudo bem?

Sam assentiu. Dean deixou o irmão e foi até Melizza, chacoalhando-a até despertá-la. Ela abriu os olhos devagar, piscou os olhos algumas vezes e o rosto desfocado de Dean começou a ganhar forma.

— Os demônios levaram a Lili?! — Melizza disse imediatamente quando lembrou-se do acontecido.

Sam passou as mãos no cabelo, nitidamente preocupado.

— Precisamos ir atrás dos desgraçados! — Dean cruzou o quarto, foi até a mochila onde guardou algumas armas que estavam no Impala.

Tudo estava intacto.

Menos Elisabeth e Ruby, que haviam sumido.

O telefone de Sam começou a tocar. E ele se surpreendeu ao verificar as outras duas chamadas perdidas. Todas de Bobby.

— Garoto, eu estou ligando há muito tempo! — Resmungou o velho caçador assim que Sam atendeu. — Aconteceu alguma coisa?

— Os demônios, Bobby. Eles acharam o motel onde estamos. Levaram a Elisa. — Pausou. — E a Ruby sumiu.

— E Dean, e Melizza? — Foi perguntando com certa preocupação. — Os três estão bem?

— Estamos. — Disse o Winchester. — Vamos atrás do desgraçado.

— Eu liguei por isso. — Explicou. — Eu pesquisei alguma coisa. Não é lá muita informação, mas já dá para ter uma ideia.

— Ok. Eu vou pôr no viva voz.

Dean que preparava as balas de sal parou, encarando o aparelho, pronto para prestar atenção no que Bobby ia dizer. Melizza, que preparava um pouco de água benta, também parou.

— ... Quatro foram coroados: Asmodeus, Beuzebut, Belial e Astaroth. Um deles, segundo a lenda, quando caminha sobre a Terra traz consigo toda a tentação. O segundo é o senhor das moscas, traz todas as pragas, desde as drogas até a fome, a miséria e as doenças. O outro é o demônio que no juízo final trará a besta e ela acabará com a humanidade. E o último deles é o demônio do poder, influencia as pessoas a entrarem em guerras pelo dinheiro. — Pausou. — Todos eles tem algo em comum. Alguns símbolos e rituais, um pior do que o outro. Mas não consegui achar algo sobre o ritual especifico. Oferendas com coração humano são até mencionados, mas não liga a um deles propriamente. O que eu sei é que esse demônio é diferente de tudo o que já conhecemos e nada do que já enfrentamos antes, nada chega nem perto.

Muito animador. — Ironizou Dean em tom baixo.

A conversa não se estendeu por muito tempo. Tudo o que o Bobby disse deu uma ideia, nomes, e embora Sam tenha feito uma busca rápida, não descobriu nada além disso. Estavam decididos a ir ao endereço que, pelo feitiço, supostamente o demônio estava. Juntaram tudo o que estava ao seu alcance em questão de armas, não que isso fosse adiantar muito. Se pelo menos Bela não tivesse roubado o Colt... Os três subiram no Impala, Dean e Sam na frente – como de costume – e Melizza no banco detrás.

Mas não avançaram muito, de repente o Impala parou.

— O que foi agora? — Bufou Melizza, olhava na janela as pessoas na rua esperando já que alguma delas estivesse possuída e fosse os atacar.

— Eu não sei! — Dean olhava confuso para o painel do Impala. — Eu....

Se deteve ao olhar para frente e encontrar uma figura conhecida ali.

— Ruby! — Sam exclamou saindo imediatamente do carro. — O que foi que aconteceu?

— Eu estou bem, obrigada pela preocupação. — Ironizou Ruby.

— Olha aqui, não é hora para sarcasmo.... — Melizza foi dizendo, dando um passo à frente dos Winchester. — Minha amiga desapareceu e sabe, eu tenho certeza que tem dedo seu nessa história. Você é um demônio, quem é tão estupido a ponto de confiar em um demônio? Mas eu te juro que se você está metida nessa história...

— Já terminou? — Ruby cortou sem se intimidar, na verdade achava até engraçado. — Prendam o seu chihuahua na coleira se querem saber o que aconteceu! — Disse para os dois irmãos.

Melizza abriu a boca para retrucar, mas Sam foi mais rápido.

— Onde está Elisabeth?

— Demônios. — Respondeu encarando o mais novo. — Enviados pelo demônio que está atrás dela.

— Isso é bem óbvio. — Dean ironizou. — Mas para onde vocês foram?

— Eu matei os idiotas. — Ruby disse. — E levei Elisabeth ao demônio.

— O que? — Os três disseram em coro.

— Dá para vocês me escutarem!? — Pediu a loira.

— Escutar o que? — Sam perguntou irritado, Ruby poderia dizer que até aquele momento nunca o havia visto tão bravo assim. — Que você levou a Elisa ao demônio que quer matá-la?

— Eu ganhei um pouco da sua confiança, Sam. — Disse ela. — Ele pediu que eu viesse encontrar os Winchester para levá-los até ele. Desse jeito vocês podem entrar sem causar confusão, podem realmente pegá-lo de surpresa. Só precisam me dar o Colt.

Dean e Sam se entreolharam, Ruby ergueu a sobrancelha.

— Ele está meio impossibilitado no momento. — Dean se limitou a dizer.

— Onde está o Colt?

Dean gaguejou, não sabia exatamente o que dizer.

— Ele foi....

— Roubado?! — Completou. — Ah, que ótimo.

Sam se voltou para Ruby com determinação.

— Me dá a faca.

— O que? — Ruby se espantou. — Enlouqueceu? Isso é suicídio!

— Ruby, me dá a faca. — Sam pediu com a voz firme. — Eu mesmo vou matar aquele desgraçado.

Não parecia disposto a ceder.

— Você enfrentar um demônio desse tipo com uma faquinha? — Ruby perguntou incrédula. — Você está achando que é o Harry Potter?

— É a última vez que eu vou pedir. — Sam já estava aponto de saltar no pescoço dela, estreitou o olhar. — Me dá essa maldita faca.

— Você desperdiça suas chances. As nossas chances de vencer qualquer batalha com essa sua teimosia. — Ela não parecia ter medo. — Essa faca não é nada perto de quem você é.

— Lá vem o lance psíquico. — Dean rolou os olhos. — Se você falar mais um pouco eu mesmo te exorcizo.

— Adoro um exorcismo. — Melizza sorriu cínica, Ruby a fuzilou com os olhos.

— E então? — Sam encarava a garota sem vacilar.

Ruby observou os três pensativa. Contrariada com a atitude e a teimosia de Sam. Tinha que agir antes que fosse tarde. O demônio não hesitaria, ele mataria o mais novo sem pensar duas vezes.

— Eu tenho uma ideia. — Ruby disse contrariando o olhar tenso de Sam. — Vai ter que confiar em mim. É a única chance.


–~-~-~-

Os segundos pareciam durar horas. Depois que Ruby saiu, fiquei sozinha enquanto o demônio fazia qualquer coisa em qualquer lugar do prédio. Eu tinha medo, confesso. Seria louca se não tivesse. Mas confiava que ia conseguir descobrir verdades. Ruby disse que manteria os garotos vivos e que voltaria com uma forma de ajudar. Era só esperar. Me encolhi em um canto daquela sala, o mais distante possível do corpo do homem que estava morto e ensanguentado. De repente o demônio entrou à passos largos. Sentou-se. Ignorou minha presença por alguns segundos.

— E então? — Cerrei os dentes.

Ele me encarou. Senti um frio na espinha, uma sensação que sempre tive ao olhar para o padre Roy. Era estranho pensar que aquele homem bem na minha frente era mesma coisa que eu conheci durante toda a minha vida – de certa forma, o que estava por dentro – e querendo ou não, me senti estupida pela enorme vontade de negar que isso era verdade.

— O que?

— Quando vai me matar? — Estreitei o olhar, disse com a voz firme e ele abriu um sorriso.

— Matar? — Ele disse com certo cinismo. — Eu não vou matar você.

— Ah, claro. — Dei de ombros e expressei bem que não acreditava.

— Elisabeth, eu nunca quis te matar. — Disse mais sério agora.

— Os sacrifícios...

— Você não é um deles. — Me cortou. — Não fez parte disso. Não como elas, não tão diretamente, pelo menos.

— Eu não entendo. — Murmurei confusa. — O último sacrifício, eu achei que....

— Que era você? — Mais uma vez me cortou. — Não. Você interrompeu o ritual aquela noite, coisa que eu vou ter que refazer. É uma burocracia de merda ser um demônio. Mas nunca foi você.

— E então porque veio atrás de mim?

— Porque não quer dizer que não seja necessária. — Me encarava calmo e parecia sincero. — Sua rebeldia me custou um ano no inferno, mas eu não estou bravo com você.

— Ah é, sorte minha! — Ironizei impaciente. — Pode me dizer o que eu tenho que fazer? Porque eu estou aqui?

— Uma coisa de cada vez. — Ele disse. — Não quer saber sobre sua mãe?

— Minha mãe?

— A jovem Christine Wecker. Ela era muito bonita, Elisabeth. — Ele dizia como se fosse uma coisa qualquer, era estranho pensar que um demônio estava falando da minha arvore genealógica. — Você se parece com ela.

— Ela está viva? — Perguntei, embora sentisse que não deveria fazê-lo.

— Não. Ela morreu. — Pausou. — Eu a matei.

Desgraçado! Meu impulso foi de levantar e esganá-lo. Um ódio cresceu dentro de mim enquanto ele abria um sorriso cínico.

— Você é um filho da mãe desgraçado!

— A história nem acabou e você já está criticando o roteiro?! — O tom cínico continuava. — Christine havia acabado de ficar sozinha. Ela queria seguir o caminho de Deus e ganhar um pedaço do céu. Não acho que ela esteja lá. — Ele riu sozinho, depois me encarou. — E considerando o fato dela ter nascido em um lugar tão atrasado, era muito inteligente. Sua mãe era perfeita. Era ideal. — Pausou, como se esperasse que eu falasse alguma coisa. — E era tão ingênua. Caiu como um pequeno e indefeso patinho.

— Ela engravidou. — Conclui. — Esse era seu grande plano?

— Ela engravidou de você, você era meu grande plano. — Disse ele. — E se sua mãe está morta é por sua causa. Você tinha que nascer. — Um nó surgiu na minha garganta quando ele disse isso. — E depois que ela deu à luz, ela soube disso. Soube toda a verdade. E ela enlouqueceu com isso. Ai eu arranquei a cabeça dela.

Senti um tremor tomar conta de mim. Me levantei e fui em direção a ele à passos largos. Centímetros nos separavam. Bem poucos. Ele abriu um sorriso.

— Sorria, desgraçado! — Disse ríspida. — Porque eu juro, não importa o quanto eu tenha que esperar, eu te mato.

— Boa sorte com isso! — Debochou. — Mas não quer saber o resto da história antes? — Estreitei o olhar e ele sorriu de canto. — Você sabe, os bebês nascem da união do gameta feminino com o masculino. Eu aposto que você prestou atenção nas aulas de biologia?

Me afastei encarando-o.

— Se refere ao meu pai?

Ele não teve tempo de responder. A porta se abriu. Por ela entraram uns cinco homens, mas quatro deles estavam com os braços ocupados. Sam, Melizza, Dean e Ruby estavam sendo arrastados por aqueles homens. E meu olhar de espanto parou em Ruby.

— Sejam bem-vindos. — A voz fria do demônio soou irônica. — E Ruby, minha querida, eu posso sentir o rastro de vadias.

É, parece que ele não tinha acreditado na história. O demônio maneou a cabeça, fazendo um sinal que os demônios imediatamente entenderam. O quinto demônio saiu da sala. Eu pude ver que os demônios faziam um esforço maior para mantê-los quietos. Principalmente para neutralizar Ruby. Eu não sabia disso – claro – mas o “demônio” estava em guerra com Lilith, a nova chefona do inferno depois da morte de Azazel. Os dois tinham ideologias diferentes sobre o futuro. Lilith tinha uma meta, um plano a seguir. Já o príncipe preferia não terminar as coisas e fazer da Terra o paraíso dos demônios. Acho que no fundo ele sabia que as coisas não iam dar certo para a sua raça no final da história. E em certa parte do caminho, até Lilith percebeu isso.

— Os Winchester. — Sorriu ele. — Que saudades!

— Infeliz. — Resmungou o mais velho.

— Sabe Dean, eu soube que vai tirar longas férias no inferno. — Ironizou encarando o Winchester. — Sua alma vai pegar um belo bronze.

— É, mas antes você vai morrer. — Dean cerrou os dentes.

— Claro, uma baratinha como você vai me matar...? Eu não sou o Azazel, idiota. E eu não os superestimo. — Disse ele. — Só sou melhor.

— Nossa, quanta arrogância!

— Eu sou um príncipe. — Deu de ombros.

— E qual dos quatro é você? — Dean indagou. — Po, Laa-laa, Dipsy ou o Tinky Winky?

— Senso de humor. — Ele riu. — Eu gosto disso. E por isso eu não vou te matar, vou deixar que os cães do inferno o façam. Mas você... — Seu olhar parou sobre Sam e o meu também. — Eu terei muito prazer.

De repente a coisa começou. Vi Ruby partir para cima do demônio que a segurava, com a faca. Os outros foram para cima dela. Mel e Dean foram distribuindo socos, mas isso não adiantava muito. O demônio porém não se moveu. Continuava encarando Sam. E as poucos foi como se ele, Sam, começasse a se afogar. Eu encarei desesperada a briga. Um dos homens possuídos já havia tombado pela faca de Ruby, mas o outro que partiu com socos e chutes para cima dela a prensou na parede. Ela foi obrigada a jogar a faca no chão enquanto tentava se livrar. Dean e Melizza ainda estavam ocupados. Eu era a única livre. E já começava a estranhar o fato de nenhum demônio me atacar. Corri e peguei a faca, fui a passos largos até o demônio que asfixiava Sam. Mas nem cheguei muito perto. Ele se virou para mim. Eu pude ver sangue e fogo em seus olhos que depois se tornaram completamente brancos. Rosnou. E eu senti ser atirada contra a parede com força. Ele se aproximou com fúria enquanto Sam caiu no chão, respirando.

— Então queria me matar? — Disse com um sorriso maldoso. — Você?

— Você não vai matar mais ninguém! — Eu disse irritada, procurei com o olhar aonde a faca havia caído, mas não a encontrei.

Sam fez menção de se levantar, mas o demônio balançou a mão fazendo-o voltar a parede. Mas não estava preso.

— Quem você acha que é para me dizer o que fazer?

— Você não é ninguém. — Disse ríspida, levantei o olhar para Sam que procurava a faca enquanto os outros ainda estavam ocupados.

— Sim, eu sou alguém.

— Um príncipe do inferno? — Desdenhei. — Grande merda. Para mim, você não passa de um monstro.

Ele se aproximou de mim com fúria e Sam me encarou desesperado, ele tentava achar a faca sem chamar a atenção do demônio. Tinha que ser rápido.

— Você não quer saber quem é seu pai? — Rosnou para mim. — Eu vou te dizer. Ele foi o grande pecado de sua mãe. Seu pai era um padre. — E pausou, notando em meus olhos o espanto. — Você o conheceu. Seu pai era o Padre Roy.

— O que? — Titubeei. — Mas você...

— Se ele estava possuído? — Me cortou. — Sim, eu estava o possuindo.

— Então...

— Eu sou seu pai.

Encarei o demônio por um instante. Ele abriu um sorriso sádico.

— Você está mentindo.

Ele não respondeu. Seu corpo tombou nesse instante. Sam havia achado a faca. Agora o demônio estava morto. E o meu inferno havia começado. Isso poderia ser verdade? Poderia um demônio engravidar uma mulher? Eu nem conseguia pensar. Era loucura. Mesmo depois que já tínhamos saído daquele lugar e nos livrado dos demônios, eu perguntei para Ruby e me pareceu sincera ao responder:

— Eu não sei. Talvez sim, mas eu nunca fiquei sabendo de algo assim.

— Demônios mentem. — Mel disse. — E ele só queria te atormentar.

— Se um demônio tivesse um filho acho que teria um aspecto mais... — Dean pausou. — Demoníaco?! Demônios não são exatamente modelos da Victoria Secrets... — Encarou Ruby. — Nada pessoal.

Ela revirou os olhos.

— Eu vou encarar isso como um elogio, Dean. — Brinquei.

Eu esperava que ele tivesse razão. Mas isso não ajudou a me acalmar. Eu poderia ser filha de um monstro e a razão de tanta morte. E mesmo que Dean tentasse se mostrar tranquilo, a desconfiança pairava em seu olhar e isso era compreensível.

Me voltei para Ruby.

— Obrigada pela ajuda.

— Não seja por isso. — Respondeu.

— E eu acho que vou incluir seu nome na lista de pessoas para quem vou enviar cartões de natal esse ano. — Melizza brincou.

Se antes eu estava tensa com a ajuda de Ruby, agora eu confiava mesmo nela. E inevitavelmente seria grata a ela por tudo. Se não fosse por sua ajuda, Melizza estaria morte. De todos, ela era a menos “necessária”. E sem dúvida, nenhum demônio hesitaria em acabar com uma caçadora.

Essa não seria a última vez que eu veria Ruby. Mas prefiro guardar justo essa lembrança, da ajuda dela nesse caso, do que a próxima. E enquanto Dean, Melizza e Ruby falavam do Colt – que Bobby havia dito há poucos segundos ter uma pista do paradeiro de Bela, em uma ligação, e também estava preocupado conosco e com o fim do caso – e de longe, observei Sam, que agora finalizava a ligação com o velho caçador.

Me aproximei e ele sorriu. O nariz já estava melhorando, eu acho. Tive vontade de rir.

— Porque todas as vezes que nos encontramos você se machuca? — Eu ergui a sobrancelha.

Ele riu.

— Não foi nada.

— E agora? — Perguntei. — Já sabem para onde vão?

— Colorado. — Respondeu, era impressionante que eles sempre tinham que ir logo após as confusões nas quais acabávamos entrando. — Vamos atrás da ladra do Colt.

— Se vocês precisarem de nós. — Pausei. — Você sabe... Na hora que forem atrás do demônio do contrato. Sam, não pense duas vezes antes de ligar. Claro... Se vocês não se importarem de trabalhar com alguém que possivelmente é filha de um demônio.

— Você não é filha de um demônio. — Ele disse. — Até mesmo Ruby disse que nunca viu algo assim.

Olhei para trás. Ruby já não estava mais lá. Nem Dean e Melizza. Os dois iam até a lojinha ao lado do posto de gasolina onde havíamos parado os carros em frente. Me voltei para Sam.

— Se puder, Sam, pesquisa tudo o que der sobre esse assunto.

Ele estreitou o olhar.

— Acredita nessa história?

— Não é sobre a minha paternidade. Não é isso que me preocupa. Eu sei que isso de um demônio ser meu pai é loucura. — Expliquei com pressa, um pouco aflita. — Mas ele não queria me matar, Sam. Eu não era o tal último sacrifício. E ele disse que eu era o grande plano.

— Como o demônio do olho amarelo e eu? — Franziu a testa.

É claro que eu já sabia sobre Azazel e as crianças especiais.

Não muito, mas sabia.

— Eu não sei. — Disse sincera.

— Mas o demônio morreu. — Ele disse. — Acabou.

— Eu duvido que isso acabe. Ainda mais se o que ele disse for verdade.

— Eu prometo que vou fazer o possível para estar de olho em tudo. Não vai acontecer nada de ruim.

— Sam, você não precisa de mais uma preocupação. — Cruzei os braços e o encarei. — Já tem Dean e você mesmo. Mais uma carga nos ombros é dispensável. Eu me viro. Só peço que seja lá o que for que descobrir, me conte.

— Você não é uma carga.

— Demônios são uma carga.

— Você não é um demônio.

— Há controvérsias.

— Elisa! — Ele me olhou feio, eu sorri. — Não fale assim. Você não é um demônio, nem filha de um demônio.

Decidi mudar de assunto.

— Só me prometa que vai se cuidar e.... — Engoli a seco. — Quando tudo sobre o pacto do Dean se resolver, vocês vão nos procurar.

Sam levantou o olhar encarando o mercadinho – no qual Dean e Melizza haviam entrado – logo atrás de mim, depois voltou a me encarar.

— Vai ficar tudo bem.

Sorri e ele sorriu em resposta. Se inclinou para beijar minha testa, senti o meu coração acelerar e minha pele formigar com o contato. Corei, eu tenho certeza. Quando ele voltou a me olhar, eu estava sem graça. Sam também estava. Nos encaramos e eu desejei poder dizer qualquer coisa para quebrar aquele incomodo silencio. Mas não o fiz. Eu nem percebi o que estava prestes a acontecer imediatamente. Os lábios de Sam iam se aproximando dos meus. A respiração quente tocou minha pele. Eu senti como se o tempo tivesse congelado por uns segundos. Fechei os olhos quando senti o contato dos lábios dele nos meus. Doces, suaves, calmos. Foi um beijo rápido. Mas rápido do que eu desejaria. Quando quebramos o contato, senti um vazio. Uma sensação estranha. Um desejo por voltar a beijá-lo. Eu já havia beijado um cara. Não na época que eu estava em White Hill, claro. Acabamos conhecendo uns carinhas legais nas caçadas e em uma especial, aconteceu. Mas não passou disso. E não chegou aos pés do que eu senti agora.

Quando abri os olhos, encontrei o olhar de Sam e sorri, provavelmente como uma criança, e ele sorriu embora estivesse mais sério. Eu tinha me apaixonado por Sam. E hoje vejo que apesar de tudo, de todas as nossas mudanças com o passar do tempo, eu nunca me arrependi disso.


–~-~-~-

— Aqui está. — Dean entregou o dinheiro para o balconista e pegou o saco com as poucas compras.

Cerveja, refrigerante, salgadinho, chocolate, torta; o que mais se precisa para uma viagem? Melizza havia comprado também as suas besteiras de sempre. Ela e Elisabeth não iam ficar muito mais tempo na cidade. Talvez uma noite só. Ela tinha um encontro com o amigo demonólogo.

Não ia desistir de Dean.

— Vê se se cuida. — Disse a ele quando saíram da loja. — Acha a vadia e o Colt. E me liga quando irem enfrentar o capeta, eu vou ajudar. E eu vou pesquisar outras soluções...

— Mel. — Cortou. — Eu vou dar um jeito nisso. Não se preocupe tanto.

— Eu não vou deixar você morrer.

Dean sorriu. Ás vezes Melizza agia como uma criança inocente. Ele não queria morrer, mas sabia que eram poucas as chances de conseguir se livrar do inferno. Em resposta apenas a beijou. Um beijo cheio de paixão, com as línguas se encontrando e mordidinhas no lábio inferior. Quando se separaram, os dois caminharam em direção ao Impala. Dean enfiou suas compras no banco detrás sem muita delicadeza. Sam caminhou ao encontro do irmão, dando a volta no carro. Dean abanou para Elisa, que havia ficado um pouco longe parada, observando-os.

— Vê se se comporta, Winchester. — Melizza brincou.

— Pode deixar. — Ele piscou, sorrindo.

Dean entrou no Impala e antes de arrancar, voltou a olhar Melizza. Sam levantou o olhar para o retrovisor e buscou a imagem de Elisabeth. Não demoraram mais tempo e começaram a seguir o caminho que os levava ao Colorado. Minutos depois, Dean levou a mão no rádio do carro e ligou o toca-fitas.


Are You Ready? Are you ready? Are you ready?


Sweet apple pie. Standing in the street. Hands outta line. Looking for some meat, heat.

She take you high. When you feel her sting. She make you fly. And you know you're coming.


You all breathe it, we all need it.

Are you ready for a good time? Then get ready for the night line.

Are you ready for a good time? Then get ready for the night line.


E não, eles não ligaram. E Dean foi para o inferno em maio daquele ano. Sam ficou sozinho e nem assim ele ligou. A dor de perder o irmão não o deixava pensar direito. Melizza ficou muito mal quando soube da morte de Dean. Ela pesquisou tanto, mas foi tudo inútil. Era assim que deveria ser. E Elisabeth, embora tivesse interrogado alguns demônios ao longo do caminho, jamais teve certeza de nada. Talvez ela estivesse destinada a ser um monstro. Ou aquilo fosse só um meio de torturá-la. Talvez tudo tivesse acabado.

Mas nessa estrada, nada acaba realmente.

Nem a vida.

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Notas finais do capítulo

* Are you ready? - AC/DC



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