Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 31
O Rango Mortal




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Sem muito esforço o ogro gigante colocou todos dentro do maior saco de pão que Boomer já tinha visto na vida.

— Pela estrada 'fora eu vo bem contente, puque daqui a poco eu vo come' gente — diz o ogro enquanto caminha em direção a sua "casa".

— Cara, esse ogro consegue ser mais estúpido do que aquele que destruiu o castelo de veraneio! — diz Lanny furioso.

— E eu que estava achando ruim morrer para aqueles cachorrinhos fofos, idiotas — diz Kayla. — Agora vou morrer sendo cozinhada por um ogro que mal sabe cantar direito!

— É verdade Kayla, os cachorrinhos iriam nos devorar em questão de segundos, agora sofreremos por horas e mais horas. — diz Boomer. — As únicas coisas boas da situação, é que não preciso andar e que estou sentado em um local bem agradável.

— Que bom que minhas costelas são confortáveis, majestade! — diz Mason irritado.

Todos estão apertados no saco, e o balanço das passadas do ogro não ajudam nem um pouco.

— Se eu estou sobre você Mason — diz Boomer preocupado. — Onde está o Boz?

— Digamos apenas que, eu não queria ser ele nesse momento. — diz Mason olhando para o braço esverdeado de Boz, cujo resto do corpo, se encontrava abaixo de todos.

O ogro finalmente chega aonde queria. O espaço que ele chamava de casa, era uma grande área a céu aberto, cercada por um paredão de rocha. Encostado ao paredão havia uma mesa de pedra gigante, onde ele colocou o saco de pão. De frente para a mesa havia uma grande fogueira apagada, e sobre ela um caldeirão, com mais de cinco metros de altura. Também havia no ambiente, uma cama tosca feita de pedra, com mais de dois metros de altura.

Assoviando o ogro preparara o jantar. Primeiro enche o caldeirão com água, depois acende a fogueira, chocando duas pedras, uma na outra.

Ainda assoviando abre o saco de pão e começa a retirar um por um.

— Deixe-me ver o que você é. — diz o ogro pegando Kayla na mão. — Magrinha e cabeçuda, só pode ser um aperitivo.

Dizendo isso ele lança Kayla dentro do caldeirão.

— Você eu sei o que é hahaha — diz o ogro de forma mongoloide, na mais pura alegria, pegando Boomer na mão. — Chocolate é isso o que você é! Vai ser a sobremesa. Mais ainda parece muito cru, vai para o caldeirão também.

E ele lança Boomer no caldeirão. O rei cai sobre a Kayla jogando água para todos os lados.

— Esse grandão vai ser o prato principal hehehe — diz o ogro pegando Mason, e por mais que o Pé Grande socasse a mão gigantesca, o ogro parecia achar isso engraçado. — Se bem que você vai ter que cozinhar por mais tempo, já que você tem casca... Você deve ser um tipo de caranguejo ou algo do gênero.

Ele morde Mason, que graças à armadura, não foi esmagado pelos dentes. Assim como fez com os outros, lança Mason no caldeirão, dessa vez uma grande parte da água cai pela borda.

— Assim não dá! Assim não dá! — diz o ogro indignado, pisando firme no chão, várias vezes. — Vocês estão derrubando toda a água! Depois eu vou ter que pegar mais no poço, droga!

O ogro se volta para o saco novamente, e puxa o Lanny. O sorriso se estira novamente no rosto do ogro gigante.

— Você tem o cabelo igual ao meu hihihi — diz o ogro pegando Lanny com cuidado e carinho. — Você é um Lanny, só pode ser um Lanny! Ogros adoram Lanny, no jantar!

Ele agita Lanny com a mãozorra, e dá risada ao ouvir os guizos retinirem, depois vai com cuidado em direção ao caldeirão, e coloca Lanny na água, sem derramar nenhuma gota.

— Agora só falta mais um... — ao ver Boz, o ogro ficou assustado. — Eca! Esse é verde! Só pode ser legumes! Eu odeio legumes!

O ogro, pega e joga Boz do outro lado da mesa, e limpa a mão na calça suja. O ogro então vira o saco de pão, para ver se estava mesmo vazio, e para sua surpresa, algumas peças caíram sobre a mesa tilintando. Uma espada, um cajado, um arco e outras quinquilharias.

— Brindes! Isso é que é uma refeição! — diz o ogro animado. — Bem agora eu tenho que pegar mais água.

O ogro fazendo a terra tremer some de vista arrastando um balde consigo.

— Céus! Será que Boz está bem? — diz Kayla nadando ao lado dos outros no caldeirão, a água já estava começando a ferver.

— Se preocupe primeiro com o rei dentro do caldeirão, tá legal? — diz Boomer.

— Ogro idiota — diz Lanny cuspindo na água. — E agora?

— Agora acho que ele vai por algum tipo de tempero de ogro na água... — diz Boomer pensativo. — É uma pena eu estar morto antes da comida ficar pronta, porque tenho a sensação de que vai ficar deliciosa.

— Deixa de falar besteira — diz Kayla, depois de certo silêncio ela admite. — Sem querer ser chata, mais eu tenho que admitir que o cheiro está gostoso.

— Eu estou falando, o que nós faremos agora? — diz Lanny.

— Não sei — diz Mason. — Talvez, devêssemos tentar pular pela borda.

— Me empurrem borda afora, para ver se é possível. — diz Lanny.

— Por que você? Eu sou o rei, sem ofensas, mais a minha vida é a prioridade aqui. — diz Boomer.

— Isso não é obvio? Eu sou o mais leve. — diz Lanny, embora a verdade fosse, que ele planejava fugir deixando todos para trás.

— É, o que o Lanny disse, faz sentido. — diz Mason. — Agora se aproxime, sempre quis te lançar para longe.

— Me coloque sobre a borda do caldeirão — diz Lanny. -— Com cuidaAAAAAAAAAHHHHHH!!!

Mason lançou Lanny pela lateral do caldeirão. Lanny porém se segura pela borda e tenta aos poucos descer, quando de repente ele sente as chamas da fogueira, lamberem seus pés.

— Me puxem para cima! — diz Lanny desesperado. — Me puxem para dentro novamente, agora!

— Nah, nah, nah, você não disse a palavra mágica. — diz Boomer.

— Eu estou queimando! PUXEM-ME PARA DENTRO AGORA!!!!

Mason puxa Lanny com uma das mãos, o baixinho afunda no caldeirão, depois nada até a superfície, parcialmente aliviado.

— Alguém tem outro plano? — diz Boomer, lançando a Mason um olhar de irritação. — Algum que não envolva fogo ou morte de preferência.

— Por que está olhando para mim desse jeito? O plano foi do Lanny. — diz Mason. — E vai dizer que não se divertiu com as caretas dele?

— Graças a seu argumento inteligente — diz Boomer. — Só vou descontar do seu salário.

— Do jeito que vocês tem descontado do meu salário, vou ser um escravo pela eternidade. — diz Mason emburrado.

— Sem querer atrapalhar a conversa entre o rei e seu servo — diz Kayla. — Mais, acho melhor nos focarmos no presente... Precisamos de um novo plano, rápido.

Eles ouvem o assovio do ogro se aproximando.

— Ele está voltando... — diz Lanny choramingando.

— Vejam, bolhas! — diz Kayla.

— Não fui eu não! — diz Boomer ficando sem graça.

— Não estou falando disso. — diz Kayla revirando os olhos. — A água está começando a borbulhar, isso é um péssimo sinal.

— É mesmo? — diz Lanny indignado.

— Menina diga alguma boa noticia, pelo menos uma vez na vida! — diz Boomer.

— Tenho um plano! — diz Kayla triunfante.

— Está vendo, pensamento positivo. — diz Boomer. — E qual é o plano?

— Para que de certo, vou precisar da ajuda de todos. — diz Kayla séria.

— Lá vem você com más noticias, de novo. — diz Boomer balançando a cabeça negativamente.

Kayla explicou o que eles deveriam começar a fazer. Logo todos dentro do caldeirão começam a se locomover de um lado para o outro. Com o tempo o caldeirão começa a balançar perigosamente.

Quando o ogro volta com o balde cheio na mão, o caldeirão vira, jogando água quente para todos os lados. O ogro grita quando à água acerta seus pés e ele deixa o balde gigante cair com um estrondo.

— Ai! Ai! — diz o ogro saltitando, embora a água não estivesse tão quente assim. — Meus pés são muito sensíveis!

A água lança Boomer, Kayla, Mason e Lanny para longe da fogueira, quando enfim conseguem se levantar, todos correm para debaixo da cama.

— Ah droga! Cadê vocês? — diz o ogro colocando o caldeirão no lugar. — Apareçam! Eu estou com fome!

O ogro olha para debaixo da cama.

— Vem cá janta, vocês não vão fugir de mim! — diz o ogro se deitando no chão e estendendo a mão para agarrá-los.

A única coisa que ele consegue agarrar são as pernas de Lanny.

— SOCORRO!! SOCORRO!! AJUDEM-ME POR FAVOR!!! — diz Lanny tentando se agarrar a qualquer coisa.

Lanny agarra Boomer, e a força do ogro passa a puxá-lo também. Kayla agarra Boomer e Mason agarra Kayla. Por um instante, fica um cabo de guerra entre Mason e o ogro. Com muito esforço e uma dose de sorte, Mason consegue vencer a força do ogro, puxando todos de volta para o fundo da cama.

Lanny desesperado apalpa seu próprio corpo e sorri, ao ver que não tinha perdido nada, exceto...

— Cueca de ursinho, é sério isso? — diz Boomer, apontando para as partes mais baixas do baixinho.

Lanny tenta se cobrir com as mãos, e Mason protege os olhos de Kayla. O ogro urra indignado quando vê apenas as calças coloridas em sua mão.

— Acabei tirando a pele do Lanny! — diz o ogro, frustrado, e logo em seguida comendo a calça. — Hm, hmmm, que gostoso!

O estomago do ogro dá um ronco alto.

— Acho que a pele do Lanny, me fez mal... Uh, uh! — diz o ogro com a mão na enorme barriga, ficando esverdeado.

— Ele comeu a minha calça — diz Lanny sorrindo. — Eu tinha alguns cogumelos dentro do bolso.

Alguns segundos depois o ogro gigante roda e cai no chão nocauteado. As últimas palavras do ogro antes de apagar são:

— Uh! Eu nunca mais quero comer um Lanny, é saboroso, mais desce muito rápido...


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