- Sherlock é meu melhor amigo. Nós estamos sempre juntos, seja em casa, seja nas ruas de Londres perseguindo criminosos. Às vezes paramos tudo e vamos para o Angelo's comer alguma coisa. Quer dizer, eu como e ele observa tudo a sua volta. Ele ignora todas as suas necessidades humanas básicas, acredita nisso? Mas eu consigo em certas ocasiões fazer ele comer e beber alguma coisa e, com sorte, dormir pelo menos um pouco. Se eu não estivesse presente, Sherlock nem se lembraria de que precisa fazer essas coisas! Acho que isso é algo típico dos gênios. Ele é um gênio, inclusive é o único detetive consultor do planeta!  Mas ainda bem que estou sempre ao seu lado. E ele está sempre ao meu. Nós precisamos um do outro.

A psiquiatra terminou de fazer suas anotações e viu seu celular vibrar. A mensagem era clara e simples.

Tente mais uma vez contar para ele. -GL 

- John... - A mulher começou a falar com certa apreensão. Não sabia qual seria a reação de seu paciente desta vez - Sherlock não é real. Sua mente criou ele. Nós estamos tentando te falar isso há muito tempo, pois precisamos que você consiga discernir o real do imaginário para o seu tratamento. Você tem esquizofrenia, John. 

- Sherlock é real e eu tenho consciência disso! E nada do que você me falar me fará pensar o contrário! - o loiro respondeu com a fúria aparente.

John Watson não queria ouvir, não suportaria saber que seu melhor e único amigo era irreal. Ele estava sozinho e precisava de alguém. Só de pensar nisso, sentia-se furioso, abandonado e extremamente frustrado.

A psiquiatra pegou seu celular e discou um número. Após três toques, atenderam:

- Greg - ela disse ao ser atendida - Preciso de ajuda aqui. Mande sua equipe.

O homem do outro lado da linha entendeu o que ela quis dizer. Alguns minutos depois, uma equipe chegou e tentou levar John para fora, apesar de todos os gritos e ações que este fazia para se livrar das mãos que o prendiam. Enfim teve que resistir e, mais uma vez, foi levado para o quarto 221B, para mais uma noite de solidão.