Quem é o Pai da Minha Filha? escrita por Jessica_94


Capítulo 8
Tem x-9 na área




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Cebola não conseguia mais ver nada à sua volta, tudo que via, toda a sua atenção estava voltada para aquele ponto azulado no centro do corpo infantil. Mesmo sem querer, não conseguia parar de olhar, enquanto aquela visão só lhe trazia dor. Não conseguia chorar, o que só deixava a dor crescer ainda mais dentro de si.

A criança só olhava, seu olhar doce e curiosamente preocupado só fazia o Cebola querer gritar com ela, com uma pobre criança inocente que não tinha culpa de nada. O que impediu o ato de agressividade do Cebola, foi que também não conseguia gritar.

Tentou se levantar. Não sabia se era porque o chão talvez estivesse molhado, ou se foram suas pernas fracas demais pela situação que o fez escorregar e voltar à mesma posição.

Não sabia ao certo como saiu do banheiro e conseguiu fechar a porta e quebrar a conexão com a marca azulada, provavelmente foi se arrastando, como um derrotado que era. Mas foi só fechar a porta que o choro infantil soou daquela porta, atormentando-o ainda mais.

"PARE DE CHORAR!!!" queria gritar, mas ainda não conseguia.

Para se livro um pouco daquele tormento, Cebola tampou os ouvidos fortemente com as mãos e apoiou a cabeça entre os joelhos. Por que aquilo estava acontecendo com ele? Por que de todos os caras tinha de ser justamente o Toni? Por que Mônica escolheu o Tony e não ele? Preferia que tivesse sido um desconhecido, até mesmo o Do Contra aceitaria, mas não o Tony, ele nunca.

O choro atrás da porta se tornou mais forte, parecia um apelo para que a tirassem de lá, mas Cebola não queria ouvir, seu lado cruel queria culpar a criança por suas dores, por isso não iria resgatá-la. Ela poderia ficar chorando o dia todo, ninguém estava na casa além dele e da própria criança, ninguém iria ouvir...

– Monique! - ...Menos a mãe - Monique!

A voz da Mônica se ouvia vinda de lá de baixo, a voz continha um desespero da qual o Cebola não sabia o motivo.

Não foi a ideia de Mônica o nunca o perdoaria se visse a filha chorando no banheiro que o fez se levantar, foi o fato de que não queria parecer de jeito nenhum um fracote diante dela. Agiria com frieza, ela o tinha trocado por outro, então não merecia o mínimo de sua hospitalidade.

– Monique - Mônica alcançou o último degrau e olhava ansiosa e preocupada a sua volta.

– Ela está lá dentro - a frieza do Cebola a pegou de jeito, mas fora apenas por um momento até ela ouvir o choro da menina e entrar pela porta com tudo, Cebola apenas ficou do lado de fora enquanto a porta se fechava novamente com a reação brusca da força da Mônica.

– Cebola - a voz da Mônica soava como uma reprovação - você não deu banho nela? Custava tirar essa mancha de sorvete do corpo dela? Você deu sorvete azul?!

Foi apena ouvir o "mancha de sorvete" para a pobre porta sofrer mais uma brusquidão e Cebola entrar por esta, para assistir a menina mais calma nos braços da mãe que removia a mancha do centro com uma toalhinha.

– Eu não acredito que você deu sorvete para ela, você não respeita o horário das refeições... - O monólogo da Mônica foi interrompido pela gargalhado estrondosa do Cebola, enquanto este pegava a menina no colo e enchia a banheira.

– Deixa que eu faço isso, Mônica.

– Mas...

– Eu quero fazer isso.

Mônica deixou que Cebola desse banho na Monique, mesmo morrendo de saudades da filha, mesmo não sabendo o motivo do desespero que a levou a correr para lá, ela deixou. E deixou também que Cebola desse um outro passeio com Monique no dia seguinte.


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– O que você quer, Monique?

– Sã-são!

Cebola entregou o coelhinho para Monique.

– Quem te deu o Sansão?

A menina apenas olhou para ele com os olhinhos bem abertos como se dissesse "o que quer que eu diga?".

– Ok, baixinha - nunca pensou que chamaria alguém assim além da Mônica -, vamos outra: quem você ama mais?

Cebola fazia perguntas na intenção de ouvir "papai", mas ficou feliz com a resposta que veio:

– Mamãe!

– Quem é a moça mais linda do mundo?

– É a mamãe!

– Quem te ama mais do que tudo no mundo?

– Mamãe de novo.

– Você é boa no "perguntas e respostas".

Cebola estava com Monique em um banco de praça, depois de sua atitude infantil no dia anterior, o qual acabou deixando a menina sozinha no banheiro chorando, quis fazer de tudo para recompensar, como naquele dia, em que estava levando ela para mais um passeio.

Tinha sido um verdadeiro idiota a troco de nada, como não percebeu que a marca era consequência do sorvete que tinha comprado? Também era culpa do Tony, talvez ele tenha inventado àquela história da marca de nascença para não admitir que se machucou de verdade.

– Ei, Cebola - Tikara o chamou, enquanto se aproximava.

– Oi, Tikara.

– Oi, Monique.

– Yã - Monique disse.

Tikara expandiu o seu sorriso a um tamanho que Cebola não soube explicar, mas o irritou.

– O que foi Tikara?

Tikara não era nada discreto enquanto avaliava Monique, como se quisesse descobrir alguma coisa que estava nela.

– Ela disse "yã" - Tikara falava, mas não olhava o Cebola, apenas a menina - "yã" é "oi" em japonês.

– E daí? - Cebola se demonstrava cada vez mais irritado, não queria que Tikara colocasse minhocas em sua cabeça sobre a paternidade de Monique, aliás, era um assunto que ele não deveria ter conhecimento nenhum.

Tikara continuava a olhar para Monique, quando soltou a fagulha que fez o Cebola explodir:

– Ela parece mestiça de japonês.

– NÃO PARECE NÃO!

Tikara era uma pessoa calma e não quis arrumar confusão, então foi embora sem se despedir. Mas Cebola sabia o que lhe quis dizer com a conversa "ele sabe", pensou. Agora era questão de saber "quem" contou e a "quantos" contou.


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Notas finais do capítulo

Gente, sinto muito se o capitulo não está ao gosto de vocês, prometo melhora no próximo. Comentem, beijos!