Todos nós corríamos depressa atrás de Carter, seu grito deixou até Tómas preocupado. Houve mais deles, o que facilitou a nós encontrá-la. Quando chegamos no lugar do armazém no qual Carter se encontrava, vimos ela junto a um monstro que me era familiar – mas não me lembrava do nome. Espera ai... cadê a tia dela, a Analy? Ela... Morreu?!!

    _Carter!_Christina gritou de forma meio que involuntária. Isso atraiu sua atenção e a do monstro também para nós.

   _Harpia..._consegui ouvir Amanda dizer. Isso! É esse o nome do bicho.

   O monstro começou a vir em nossa direção e nós começamos a nos espalhar. Pude ver todos sacarem suas espadas – Louise, o seu arco e flecha – e se preparando para uma nova batalha. Tómas desferiu-lhe um golpe na asa direita do monstro e Leandro na esquerda, porém quase que errava o golpe pelo fato de que estava desviando das investidas da harpia com suas patas. Com esses dois golpes inicias, o vôo daquele “pássaro” horrendo falhou, o que me possibilitou lançar-lhe um golpe em uma de suas patas sem que ela me atrapalhasse. Pelo canto do olho, vi Christina, Amanda e Louise ajudando Carter. Enquanto Louise a confortava, Christina remexia sua mochila e Amanda lhe fazia perguntas constantes sobre o que havia acontecido, mas Carter não prestava atenção em nenhuma das três, até que Amanda se estressou e veio para nos ajudar. Logo depois, Christina retira uma espada de bronze celestial com um design simples, sem muitos ornamentos, era mais como uma arma reserva, e deixa-a jogada ao lado de Carter, que ainda encarava o nada com Louise dizendo palavras ao vento:

   _Aqui, fique com essa espada para se defender._ pude entender o que Chris disse a Carter.

   Agora foi ela que se juntou a nós e tentou desferir um golpe nas costas do monstro, mas ele voou e investiu contra Christina quase que imediatamente, que desviou do ataque por muito pouco. Nós nos juntamos e atacávamos com uma certa dificuldade por causa das investidas do monstro e pelo fato dele poder voar, não facilitando nem um pouco a nossa vida. Juntos, nós cinco atacávamos o monstro cada vez mais de forma rápida e agressiva, deixando-o cada vez mais fraco, mas a harpia ainda conseguia se manter no ar gelado daquele armazém abandonado. Assim como as energias do monstro, as nossas iam se esgotando. Foi então que Amanda gritou:

   _Louise! Precisamos de sua ajuda!!

   Louise logo se virou para nós por causa do grito e, antes de vir ao nosso apoio, olhou mais uma vez para Carter, que continuava em choque observando a batalha ali, sentada e “paralizada” no chão. Louise apenas se levantou, mas pegou seu arco e flecha dourado e sacou uma das flechas que ficavam na aljava.

   “Distraiam-a” disse ela apenas movendo os lábios, mas eu e o resto da turma conseguimos entender. Foi o que fizemos, enquanto Louise se concentrava, nós continuávamos atacando. Até que um feixe dourado passou zunindo ligeiramente pelo local e foi parar bem no meio das costas da harpia de forma tão violenta e simplesmente afundou mais do que faria com uma flechada normal.

    _AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!_urrou de dor o monstro, que logo caiu no chão e ficou se retorcendo.

   _Vocês não vencerão a guerra!_disse a harpia com uma voz estridente e rouca pelo fato de já não agüentar mais tentar nos matar

   _É o que veremos, Analy._disse Amanda enquanto encarava a serva de Hades (pois era o que as harpias, em sua maioria, eram) com fúria queimando em seus olhos. Violentamente, Amanda cravou sua espada no peito da harpia, fazendo-a se transformar em pó dourado (como acontece com todos os monstros quando morrem). Todos ficamos paralisados... Como assim “Analy”???! Ela era uma, HARPIA?! Mas, era tão doce...

   Foi quando me lembrei de como ela não estava nem um pouco preocupada quando viemos parar no lugar errado, ela fez isso de propósito, sabotou o convite e nos trouxe para cá para matar-nos, para se livrar da gente, somos uma ameaça para o seu chefe, o todo poderoso que está gerando forças para causar uma guerra catastrófica e derrubar os deuses olimpianos. Pelo menos dessa vez, eu não fui o único que não sacou que a harpia era a tia Analy, ficamos tão ocupados e estressados que nem pensamos no porque que ela não estava ali, ou pensamos que a harpia a tinha matado, mas não era nada disso.

   _Como assim? Aquela coroa era o monstro?_perguntou Tómas, enquanto guardava sua espada.

   _Vamos lá para fora que explico como cheguei a essa conclusão. E espero que Carter possa nos contar o que aconteceu por aqui._disse Amanda, com seus olhos indo de Tómas a Carter, que ainda estava no chão.

   _Coitada, deve estar traumatizada... Ter sido enganada pela própria tia._disse Christina

   _Pois é, venha Tómas me ajudar a carregá-la até o carro._disse Leandro. Tómas não havia gostado nada, mas olhou rapidamente como Amanda ainda possuía aquele brilho prateado furioso em seus olhos como quando matou a harpia, por isso não reclamou ou disse alguma coisa. Enquanto os dois iam pegar Carter, eu, Louise, Amanda e Christina já íamos para o lado de fora. Foi então que nos demos conta de que não sabíamos como voltar, pelo menos eu não sabia:

   _Ei, sabem como voltar?_perguntei. Louise e Chris aparentaram preocupação no rosto com minha pergunta, mas Amanda continuou do mesmo jeito.

   _Sim, eu sei, não se preocupem. Noah, você pode sacar sua espada? Ela tem um brilho estranho, irá iluminar o caminho._pediu ela, Antes que eu tirasse Águas teimosas da bainha, Christina disse:

   _Pode deixar comigo, Noah, tenho uma lanterna aqui na minha mochila._ ela, rapidamente, tirou o objeto de sua mochila e a ligou. E assim, com a luz branca da lanterna de Chris e Amanda como guia, conseguimos sair daquele sombrio armazém, com Leandro e Tómas logo atrás da gente segurando a Carter.

   Ao sairmos dali, a diferença era imensa. Já não tinha mais tanta escuridão embaralhando as minhas vistas e o ar gélido já não pairava mais sobre meu corpo, que fazia meus pelos ficarem todos arrepiados. A noite estava agradável, com um céu negro bastante estrelado, vento fresco e delicado, e o som distante de automóveis. Mas a tensão ainda continuava sobre nós por causa das batalhas, e o desapontamento pela breve pausa perdida em nossa missão.