A mulher que virou uma cobra foi em direção ao Noah e só então notei sua presença...

“Dourado e branco o acharás, filha do sol. Seu pai não te esqueceu, quer ajudá-la na missão com um presente. Basta seguir o seu mar...” dissera uma mulher no meu último sonho. Lembro-me bem dele:

Eu estava em um lugar no qual nunca estive antes, mas sabia dizer o que ele era: O Oráculo de Delfos. Lá achei um fantasma, um espírito de uma bela moça jovem, uma pitonesa, sacerdotisa de meu pai. Ela vagava sem rumo e, quando me viu, veio na minha direção, como se soubesse que eu apareceria ali.

“Você é forte, Louise, especial. Seja fiel aos seus amigos e tudo correrá bem, resgate sua irmã do mal que a comanda” enquanto ela falava, ia envelhecendo, apodrecendo como uma maçã e a jovem que encontrei de imediato se transformava, aos poucos, em carcaça velha

“Vá até o arco de Apolo, ai se tornará... uma heroína.” Essa foi a última fala dela e então desapareceu, tornando-se apenas pó.

O arco era magnífico, dourado e branco, como disse a pitonesa. Era cheio de lindos desenhos em seu comprimento e irradiava luz de si, igual ao sol, igual ao meu pai. Ele nunca me deu atenção, nunca apareceu ou falou comigo, o fato de confiar em mim e me presentear com algo tão bonito fez eu me sentir importante.

Eu corri em direção ao presente, que estava dentro de uma cúpula de vidro quadrada na parede, e pus a mão no vidro. Ele derreteu todo e pude pegar a arma, o que me fez sentir ainda mais importante. Noah tinha conseguido desferir alguns golpes no monstro, mas a aberração ainda conseguia investir contra ele e não parecia tão cansada.

_Louise, atire!_gritou ele e o monstro virou-se para mim e mostrou seus dentes pontiagudos. Ela ia vindo em minha direção quando atirei uma das inúmeras flechas douradas que jaziam na aljava.

_Apolo!_gritei e a flecha ganhou um brilho novo e atingiu em cheio a cobra, que logo se transformou em poeira dourada.

_Como... Só uma?_ ouvi Noah murmurar confuso. Olhando para o pó aos seus pés._Só com uma flecha?!

_Deve ser uma flecha especial._respondi.

_Como você._disse ele, sorrindo e olhando para mim agora. Isso me fez corar, claro, há tempos que gosto dele, mas ele nem nota! Eu sei que ele gosta de mim, da para ver e todos falam isso... Então por que ele não tenta nada, uma declaração, um beijo... Nada! “Talvez seja você quem deva tomar a iniciativa.” Disse-me Amanda uma vez. Mas ai é que está: eu também não tenho coragem.

_Ah, obrigada..._respondi, meio boba._ An... É melhor nós irmos.

_Claro, claro...

Saímos da sala e fomos em direção ao salão de entrada, onde tivemos que esperar um pouco para os outros aparecerem, mas agora estão todos aqui: Eu, Noah, Tómas, Christina, Amanda e Leandro. Eu e Noah contamos o que aconteceu quando eles viram a aljava em minhas costas e o arco em uma das minhas mãos. Eles ficaram perplexos com tamanha beleza que era a da arma, mas então, Noah começou a encarar o salão, melhor... Uma garota ruiva.

_É ela..._disse ele e Amanda acompanhou seu olhar até que os dois correram na direção dela. Segui-os, deixando Leandro, Tómas Christina para trás, confusos.

_Perseu..._disse a garota. Além dos cabelos ruivos, ela tinha olhos lilases, era um pouquinho mais baixa do que o resto de nós, e tinha a pele clara. Vestia uma calça jeans preta e blusa de mangas compridas roxa com uns desenhos estranhos, e usava um colar com um pingente que tinha um símbolo igual à um dos vários que tinham desenhados no chalé de... Hécate. Ela é semideusa! Mas por queela chamou o Noah de Perseu?!

_Sou Noah, não Perseu..._disse Noah, incomodado com o nome que ela lhe dirigiu.

_Mas... Você é o garoto que eu sonhei..._então ela se virou para mim e para Amanda._ Quem são vocês?

_Sou Amanda e essa é Louise, ambas somos amigas dele, Noah... O herdeiro de Perseu._disse Amanda, ressaltando a palavra herdeiro, o que fez Noah encará-la.

_O que fazem aqui, como... Como me achou Per... Noah?_perguntou ela.

_Viemos ajudá-la a... Achar o seu irmão._respondeu Noah.

_Sério? Sério mesmo?_ os olhos lilases brilharam de esperança.

_Sério... Agora, podemos ir embora daqui?

_Sim, sim... Claro! Vamos para minha casa, minha tia ficará feliz em receber meus amigos.

_Amigos?_perguntei. Mal nos conheceu e ela já vem com essa coisa de amigos?

_Vocês tem que ser meus amigos, só assim para minha tia deixar vocês entrarem em nossa casa. Precisam fingir que são meus amigos de escola.

_Ah ta... Ok então._respondi

_Mas espera aí, qual é o seu nome?_perguntou Amanda.

_Carter. Carter Stoke.