Seis

Cairo – Egito

Depois da batalha que considero que perdemos na casa dos Greeters em Sullivan tivemos quatro baixas: Primeiro Malcolm foi morto, Marina e Adamus foram sequestrados pelos Mogs e Ella entrou em coma, sem contar que John, Sam e Sarah queriam viajar para Paradise para dar a noticia a mãe de Sam. Todos fomos contra eles voltarem para lá, John e Nove tiveram uma briga feia, Thomaz o Cepan de Cinco teve que separa-los, logo depois Oito que sempre foi muito calmo começou outra briga porque ele dizia que resgatar Marina era mais importante que avisar a mãe de Sam.

Nós estávamos no nosso limite, nunca estivemos tão mal como estávamos naquele momento, justo no momento que recuperamos a Número Cinco, justo no momento que poderíamos ter acabado com essa maldita guerra. John conseguiu salvar o Tablet, mas perdemos o cabo para conecta-lo ao computador o que dificultaria muito para encontrarmos Marina. Eu estava estressada e não sabia o que fazer até que Thomaz e Caya nos contaram sobre uma caverna lorica escondida embaixo das pirâmides de Gize, e que lá talvez poderíamos conseguir algo para encontra-la. É muito reconfortante tê-los conosco e sinto que a carga não está toda sobre minhas costas.

Por hora todos parecem estar calmos. Nós arrumamos nossas poucas coisas e viajamos para o Egito. Oito quase não veio conosco ele queria ir atrás de Marina a todo custo e foi muito difícil convence-lo a embarcar. Estou muito preocupada, ou melhor, eu estou apavorada só de pensar em perdê-la. O que Setrákus quer com ela? Por que ele ainda não a matou? No principio também fui contra vir para o Egito e acho que estou sentindo a mesma coisa que John sentiu quando teve que abandonar Sam naquela caverna em West Virginia. Sinto que a estou traindo e Oito deve sentir o mesmo.

Ella está desmaiada desde quando ela colocou seu pingente, nós tentamos tira-lo de seu pescoço, mas ele nos queima ou nos dá choque, eu tive que mantê-la invisível durante todo o voo porque nenhuma companhia aérea levaria a bordo uma garotinha em coma. Quando desembarcamos encontramos uma pequena pousada onde deixamos Ella aos cuidados de Sam, Sarah, BK e Caya e partimos para as pirâmides de Gize onde Thomaz disse que somente os Lorienos poderiam entrar.

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O sol forte queima minha pele, minha garganta está seca, o que só faz aumentar meu ódio por desertos, caminhamos durante uma hora, mas estamos tão exaustos que parece que estamos caminhando por dias.

– Seis faz uma sombrinha para nós. – resmunga Nove

– Não podemos chamar atenção – repreende Thomaz – temos que chegar às pirâmides da maneira mais discreta possível.

O lugar está cercado de turistas e seguranças, mas a Número Cinco usa seu legado de ilusionismo e acaba enganando os seguranças e passamos por eles sem problemas. Thomaz nos leva até a parte de trás da pirâmide de Quéops e vejo um pequeno símbolo lórico entalhado na pedra, Thomaz pede para Cinco limpar sua mente e se concentrar em todas as pessoas que estão ao nosso redor, ele pede para ela aumentar o alcance da sua ilusão tentando iludir a todos que estavam ali perto. Ao ver Thomaz ajudando Cinco com seus legados me lembro de Katarina. Cinco fecha os olhos e começa a suar e é visível que ela está fazendo um grande esforço para aumentar o alcance de seu legado. Logo depois Thomaz pede para que Nove e John se afastem e ele coloca sua mão no símbolo que está na pirâmide e quando ele toca no símbolo o chão começa a tremer e uma porta se abre na pirâmide e uma escada enorme surge no chão. Olho assustada para os lados, mas todas as pessoas parecem normais admirando a paisagem, ninguém está vendo a porta se abrindo graças ao legado da Número Cinco.

Entramos e a porta se fecha e Cinco desfaz a ilusão e quase desmaia, mas Nove não a deixa cair e a segura. A mão de Nove passa pelas costas de Cinco e para a centímetros do peito dela. Ao ver aquela cena eu pensava que teria ciúmes já que Nove sempre flertou comigo e agora que John praticamente me deixou de lado estava pensando em dar uma chance ao Nove, mas para minha surpresa eu não senti absolutamente nada, eu não gosto do Nove e fico feliz que ele e Cinco se deem bem. Quando Cinco se recupera ela olha com nojo para Nove e o empurra, acho que eu estava errada, eles não se dão tão bem assim.

– De nada baixinha. – Diz Nove irônico

Cinco o encara e segue andando com a mão na cabeça.

– Você esta bem? – pergunta Thomaz

– Estou! – responde Cinco brava e continua andando na escuridão.

– Hey, lanterninha pode nos ajudar aqui? – Fala Nove com John pedindo para ele acender seu Lúmen.

John torce a cara para Nove e logo depois acende seu Lúmen e tudo se ilumina.

– Bem melhor.

– Cala a boca Nove – resmunga John

Descemos por uma escada giratória e vários símbolos lóricos estão entalhados nas paredes.

– Como ninguém nunca descobriu isso? – pergunto

– Tudo isso está protegido por um feitiço lórico. – responde Thomaz

Seguimos descendo até que encontramos uma porta de três metros de altura, no meio dela tem um símbolo grande que não consigo identificar.

– Essa marca não é loriena, não é? – pergunta John

– Não. Essa marca é mogadoriana. – responde Thomaz

Meu coração bate com o dobro de velocidade.

– O que um maldito símbolo mogadoriano faz em uma caverna loriena? – pergunta Nove

– Essas pirâmides foram construídas pelos mogadorianos com uma pequena ajuda dos lorienos.

– Então quer dizer que eles sabem que estamos aqui? – pergunto

– Não, como eu já disse essa caverna está protegida por um feitiço lórico.

– Mesmo assim é arriscado estar aqui. – completo

Cinco passa a mão sobre porta e tenta entender o que está escrito.

– O pouco que entendo da linguagem mogadoriana, esse símbolo quer dizer “não entre”.

– Nenhum mogadoriano pode entrar nessa sala. – diz Thomaz

– O que tem dentro dela?

– O que começou toda essa guerra.

Adamus

Caminho com os pés descalços por uma praia na Califórnia, meus pés afundam na areia fofa. Ao meu lado está a garota mais doce que conheci na vida. A Numero Um. Ela abre um sorriso cativante, um sorriso que jamais pensei que veria outra vez. Isso é uma lembrança dela, eu nunca estive em um lugar tão bonito. Deslizo minha mão por seus cabelos loiros e logo depois por sua pele bronzeada.

– Poderia ficar aqui o dia todo. – digo enquanto o sol esquenta minha pele. Ela olha para mim com um sorriso brilhante e me sinto muito feliz por vê-la outra vez. – Pensei que nunca mais te veria de novo.

De repente ela fecha a cara e diz:

– Acorda seu idiota, eles estão fazendo isso de novo.

Abro meus olhos e estou outra vez em um laboratório mogadoriano, minhas mãos e pés estão amarrados, uma mascara de oxigênio está na minha boca e vários fios estão ligados ao meu corpo. Olho para os lados e não reconheço essa sala e não vejo ninguém e começo a me mexer e uma forte dor de cabeça começa e me faz desmaiar outra vez.

Sam

É impossível esquecer. Meu pai com uma ferida enorme em sua barriga e eu com Xitharis carregada com o legado de cura da Marina. Eu não consegui salva-lo, justo quando eu o encontrei, ele se foi. Nós o enterramos na parte de trás da casa dos Greeters logo depois que os mogadorianos se foram. É difícil lidar com a perda, mas tenho que ser forte por que todos os Gardes perderam muito mais do que eu.

Estamos hospedados no Nazlet El Samam Hotel, em Cairo. O hotel não tem nada de luxo a não ser a linda vista para as pirâmides onde a Garde está buscando em como encontrar Marina e descobrir mais sobre os Anciões. Estou sentado no sofá ao lado de Bernie Kosar que dorme na sua forma de beagle. Sarah está na janela olhando para as pirâmides com certeza está pensando em John, assim como eu estou pensando em Seis. Caya sai do quarto onde Ella está descansando.

– Alguma novidade? – pergunta Sarah

– Ainda não, ela está em uma espécie de transi. – responde Caya pegando BK no colo. A maneira que ela cuida dele é muito protetora é impressionante como eles se deram bem tão rápido.

– Eu fiquei sabendo sobre as outras Chimaeras. – digo e o semblante de Caya muda drasticamente.

– Elas eram minha responsabilidade... – ela sussurra

– O que aconteceu?

– Quando chegamos a Terra, Crayton teve que se separar de nós por segurança.

– Nós?

– Hurmel e eu.

– Quem é Hurmel?

– Ele foi o piloto que nos trouxe para cá, quando os mogadorianos nos encontraram ele morreu para me proteger.

– Sinto muito. – diz Sarah se sentando ao nosso lado.

– Nós nos escondemos em um Circo. – diz Caya – Era difícil manter dezessete Chimaeras escondidas, então o melhor lugar que achamos foi um Circo.

– Inteligente – digo

– Por anos eu treinei as Chimaeras nesse circo deixando-as fortes para que quando Crayton trouxesse os Nove, nós colocaríamos juntos um ponto final nessa guerra.

– E como os mogs encontraram vocês?

– Um garoto idiota me viu enquanto treinava as Chimaeras e gravou um vídeo e postou no YouTube.

– E como os outros Gardes não te acharam? – pergunta Sarah

– O vídeo ficou no ar por trinta segundos e Hurmel o deletou, mas acho que foi o suficiente para os mogs nos encontrarem, por que no dia seguinte estávamos cercados por mogadorianos. Eles mataram Hurmel e as Chimaeras mais fortes e as que eles conseguiram dopar com tranquilizantes foram sequestradas.

Pego na mão de Caya e digo:

– Eu também perdi uma pessoa que eu amava muito nessa guerra. Eu juro por todos os que já se foram tantos lorienos como humanos que Setrákus Ra pagara por todas as mortes que ele causou.

Ella

Meus olhos começam a se ajustar a luz e vejo um lindo campo com flores azuis, amarelas e vermelhas, o cheiro suave das rosas invade minhas narinas. Começo a caminhar entre as flores e sinto um ardor no meu tornozelo, abaixo minha cabeça e não acredito no que vejo. Três símbolos esféricos estão queimados na minha pele, esfrego os olhos pensando que estava vendo alguma ilusão, mas não era. Era verdade. Assim como os outros Gardes eu agora também tenho minhas cicatrizes. A palavra “Impossível” sai da minha boca involuntariamente.

Fico feliz por que agora não me sinto mais a “excluída” do grupo apesar de nunca ser tratada assim, mas ao mesmo tempo fico triste por Um, Dois e Três. Ver seus símbolos queimados em minha perna me dá mais coragem para lutar e vingá-los. Na carta que Crayton me deixou ele disse que meus pais foram Gardes incríveis e eu quero ser igual a eles.

Continuo caminhando pelas flores até que escuto uma voz atrás de mim.

– Ella?

Olho para trás e vejo um homem velho que aparentava ter mais de oitenta anos, seus cabelos eram brancos e ralos, sua pele era branca como a neve, rugas estavam espalhadas por todo seu rosto e pescoço, ele veste uma túnica vermelha e um colar com um pingente Lórico está pendurado em seu pescoço.

– Quem é você? – pergunto.

Ele me olha com um sorriso paternal e de alguma forma sei que ele sente orgulho de mim.

– Finalmente você colocou o colar. – Ele diz – Eu sou o Ancião Loridas.

– Loridas? – pergunto confusa – O que estou fazendo aqui?

Ele abre seus braços e gira mostrando todo lugar em que estamos.

– Aqui é o Centro Espiritual de Lorien, - Diz Loridas mudando sua aparência idosa para um homem de quarenta anos. Seus cabelos brancos e fracos se transformam em um lindo cabelo louro escuro, sua pele branca e arrugada fica lisa e forte – somente os Aeternus tem acesso a esse lugar. – Ele completa

Fico encantada de ver outro Aeternus, ou melhor, o maior Aeternus que já viveu em Lorien, mas ao mesmo tempo sinto um frio na barriga, por um momento quase havia esquecido, Marina havia sido sequestrada por Setrákus Ra.

– Eu não posso estar aqui agora, meus amigos precisam de mim. Minha melhor amiga foi sequestrada por Setrákus Ra.

Loridas me encara com seus olhos cor de mel, ele estala um dos dedos e somos teleportados para o espaço. Vejo um planeta pequeno comparado com a Terra, sua superfície está coberta de arvores e plantas de todos os tipos, grandes florestas predominam sua superfície fazendo com que sua aparecia seja verde com tons de azul. Não demoro muito para perceber que estava vendo Lorien antes da invasão dos mogadorianos.

– Para que você possa salvar a garde de Número Sete, primeiro você tem que entender quem você é e qual é seu papel para o bom funcionamento de Lorien.

Ele mais uma vez estala seus dedos e somos teleportados para uma caverna, ao olhar as paredes tenho uma sensação que já estive ali antes. Loridas passa a mão sobre a parede alaranjada e desenhos começam a se formar, ao ver os desenhos tudo se confirma, eram os mesmos desenhos que estavam na caverna na Índia quando encontramos o Número Oito.

Loridas aponta para uma pintura verde e tenho certeza que essa pintura significa o planeta Lorien. Embaixo da pintura, em azul, há uma figura feminina em cima de outra masculina, e as duas seguram bebes adormecidos. Raios de linhas brancas tracejadas vão da base de Lorien até um pouco acima das quatro figuras. Perto da cabeça da mulher, com um estilo diferente de desenho, há três colunas de símbolos alienígenas entalhados.

– O que significa essas pinturas? – pergunto

– O começo.

– De que?

– O começo de tudo.

– Como isso pode salvar Marina?

– Você sabia que havia uma conexão muito forte entre Setrákus Ra e Pittacus Lore?

– Sim, o Número Oito me disse que eles conseguiam se comunicar por telepatia, por quê?

– A conexão entre eles vai muito mais além do um simples Legado.

– O que a conexão entre Setrákus e Pittacus tem a haver com Marina?

– Tudo. – Ele diz me olhando serio.

Marina

Começo a recobrar a consciência. Estou em um quarto escuro e sou forçada a usar meu legado, mas nada acontece. Meus braços e pernas estão amarrados e sinto algo pontudo em meu braço, como uma seringa. Estou tonta, me sinto sem forças e minha cabeça dói muito.

Escuto um barulho de uma porta se abrindo e a luz se acende, o que faz minha dor de cabeça piorar. Quando meus olhos se ajustam a luz vejo um homem alto com um jaleco branco, sua pele é branca e ele tem um bigode grande, ele segura uma prancheta e vem em mim direção. Ele abre meus olhos com os dedos e aponta uma lanterna para eles, depois ele verifica a seringa e volta a fazer anotações.

– Me tira daqui! – grito tentando usar meu legado de persuasão, mas nada acontece.

– Boa tentativa, mas você não conseguirá usar seus legados enquanto ele estiver aqui.

Ele vira a cadeira que estou acorrentada e me coloca de frente para Setrákus Ra, que me encara com seu olhar maligno e sinto outra vez aquela energia negativa me envolver.

– Não resista. – Ele diz – Deixe ela te dominar, esse é seu destino.

Começo a forçar as correntes, mas me sinto muito fraca e sinto que vou desmaiar a qualquer momento.

– Comece o teste. – Diz Setrákus para o homem de jaleco branco que reparo melhor em seu rosto e ele é mogadoriano.

– Que testes? – pergunto sem forças e o mog com o jaleco branco se aproxima de mim e verifica outra a vez a seringa e só então percebo que há um tubo transparente que leva meu sangue uma maquina e vejo outro tubo que está conectado à outra seringa no braço de Setrákus.

O mog caminha até a maquina e começa a digitar muito rápido e logo depois ele se vira para Setrákus e diz:

– Lorde, os testes são positivos.

Setrákus abre um sorriso podre em sua boca e pede ao mog para que saia da sala.

– Quem diria que você seria a herdeira?

– Herdeira?

– A herdeira de Haduck, o ancião banido.

– Do que está falando?

– Nós somos iguais, querida.

– Eu jamais serei igual a você. – digo brava

– Nós fomos excluídos.

– Me solta daqui seu imundo.

– Você nunca se perguntou o porquê sua Cepan nunca te treinou?

– Adelina se esqueceu do seu proposito.

– Mentira! – ele grita e eu me assusto – Ela tinha medo de você, ela tinha medo do que você poderia se tornar.

Meus olhos se enchem de lagrimas e grito:

– Adelina não tinha medo de mim, ela morreu por mim.

– Ela era fraca.

Forço as correntes tentando solta-las.

– O que você quer de mim? – pergunto

– Preciso da sua essência.

Então Setrákus pega uma seringa e perfura minha nuca perto da coluna.

– O que está fazendo?

– Me fortalecendo.

Quando ele tira a seringa o conteúdo que está dentro não é vermelho sangue como eu esperava e sim um azul brilhante.

– O que é isso? - pergunto

– Um pouco da sua essência. – responde Setrákus que injeta a seringa em seu braço e logo depois ele começa a convulsionar, seus olhos ficam brancos e ele começa a babar um liquido branco pela boca e por um instante me sinto forte outra vez assim como me senti quando meus legados voltaram na batalha no Novo México.

Forço as correntes e elas se quebram facilmente. Tiro a seringa do meu braço e começo a correr e quando abro a porta da sala vejo o General e mais cinquenta mogs esperando do lado de fora. Eles me encaram e estendem seus blasters para mim.

– Durmam! – digo usando meu legado de persuasão e todos eles desmaiam, mas pela quantidade de mogs sei que eles não ficaram assim por muito tempo então começo a correr a toda velocidade tentando achar uma saída, mas de repente paro de correr e sou erguida no ar, a sensação é igual a quanto sou erguida por minha telecinese e quando me viro para ver quem está me levantando vejo Setrákus Ra com sua mão estendida para mim.