– Percy, você é gato – eu digo e, sim, ele estava tagarelando sobre eu ter dito que ele devia chegar a uma menina. – para de pensar que não pode dar em cima de nenhuma menina da casa por medo de levar o fora, elas estão derretidas por você.

– Annabeth, eu não consigo fazer isso, eu não sou bom em falar com garotas – ele diz pela milésima vez no dia.

– Você é bom em falar comigo – eu o lembro. – e eu sou uma garota.

Ele me olhou e apenas sacudiu a cabeça negativamente. Ok, Percy parecia um garoto de quatorze anos prestes a dar o primeiro beijo da sua vida! Ele não tinha muita experiência, mas como ele teve namoradas até agora? A não ser que... Será que Percy nunca namorou uma garota? Mesmo com toda essa aparência de deus grego?

– Ok, finge que eu sou a Rachel, tenho cabelos ruivos, sou artística e amo beber – falei. – Como você começaria a falar comigo?

– Anh... Oi? – ele fala com uma cara engraçada. – Você quer uma bebida?

– Menos robô, por favor – tento não perder a paciência.

Percy suspira e relaxa os músculos. Me olha com um típico sorriso de canto, mas mais despojado que o normal.

– Hey, Rachel, eai? – ele fala.

– Cabeça de Alga! Você veio mesmo – sorrio, tentando imaginar as reações de Rachel.

– Percy, por favor... Quer alguma coisa pra beber? – ele pergunta de modo bastante simples e aí está o sorrisinho final que faria qualquer garota cair de amores por ele.

– Qualquer coisa com você deus da sedução! – eu brinco. – Percy, é exatamente isso, não precisa ficar nervoso ou fingir ser confiante demais, é só... Falar com ela.

Ele me olha e sorri abertamente, Percy mostra os dentes ao sorrir, de algum modo isso o fazia parecer confiante, uma coisa que nunca vi nele antes e isso o deixou tão sexy... Deuses, que olhos verdes... Por que eles estão chegando mais perto? Ô-ou. Me afasto e dou um sorriso caloroso para que as coisas não fiquem estranhas.

– Pensou que eu ia te beijar? – ele ri.

– Na verdade, sim, eu pensei – rio também.

– Eu só ia limpar isso aqui – ele passa o polegar em alguma coisa no meu queixo limpando o que quer que esteja ali, perto de mim novamente.

– Obrigada, mas por que não me avisou antes? – eu falo, mas meu tom está baixo, quase em um sussurro, mesmo que minha voz irônica esteja ali. Bem, ela sempre está.

Percy chega mais perto e mais perto... Estamos parados a poucos centímetros um do outro e Percy ainda está com o polegar em meu queixo, minha respiração está pesada, eu não consigo me mover nem um pouco, eu simplesmente paralisei, encarando os olhos de Percy.

– O que você está...? – começo, mas ele ri, o que me faz sair do meu transe e dar um passo para trás.

– Eu estava praticando, você sabe, para Rachel – ele fala entre risadas. – Você tem que parar de pensar que eu vou beijar você, Annabeth.

Eu apenas reviro os olhos rindo e então sou um empurrão de brincadeira em Percy, o tirando do caminho, indo em direção a porta, meu namorado devia estar em algum lugar nessa casa e eu preciso achar ele, olhar para aquele rosto maravilhoso e me lembrar de que ele é o cara que eu sonho desde a oitava série.

Eu procuro por Luke por algum tempo, até que o encontro conversando com um grupo de meninas animadas, mas que não pareciam estar dando em cima dele, embora isso fosse bem comum.

– Bom dia gente! – sorrio. – Posso pegar o Luke emprestado por alguns minutos?

Elas concordam também sorrindo, mas conversamos por alguns minutos sobre o luau de mais tarde com elas e então puxo Luke até algum canto isolado e ele me olha sem entender por que o chamei.

– Eu só precisava passar um tempo com você – justifico e ele me olha docemente, Luke está tão sweet desde que eu cheguei, ele não é frio nem nada, mas ele parece bem mais gentil.

– Eu fico quanto tempo você quiser – ele diz.

Eu olho para Luke identificando o que estava acontecendo, eu me lembro da nossa última briga ainda e não consigo acreditar que ele fez isso de novo. Eu pisco para não deixar lágrimas virem aos olhos.

– Você só fica tão fofo assim por dois motivos Luke: primeiro, quando estamos discutindo e eu fico com raiva de você e o segundo... Foi quando você me traiu.

Ele ri: – Dessa vez eu tenho um terceiro motivo, calma, eu te prometo que eu não te traí.

Eu olho para ele e cruzo os braços, com uma ruga de preocupação na testa. Ele apenas me beija com doçura, não tirando minha desconfiança. Não consigo sentir nada com tanta preocupação, mas é impossível não amolecer nos braços de Luke. Me afasto e encosto testa em seu peitoral.

– Eu não sei se vou conseguir te perdoar se mentir para mim mais uma vez Luke, nós concordamos que exclusividade era essencial, eu sei que nós não exatamente namoramos, mas... – eu interrompo a frase no meio, deixando no ar as próximas palavras, dando um longo suspiro no lugar delas.

– Ei, eu te amo – ele disse, mas eu ainda estava com a cabeça encostada em seu peito.

– É... – eu me afasto e não olho para Luke. – Eu também.

Ficamos mais alguns minutos abraçados e eu, sinceramente, só consigo sentir o desgaste da nossa relação. Desde quando eu não abro o maio sorriso do mundo ao ouvir Luke dizer que me ama?

– Eu preciso ir procurar a Thalia – sorrio me afastando. – Alguma coisa sobre a festa de mais tarde, nem me pergunte o quê, já que eu não sei.

Ele me dá um beijo rápido e sorri antes de me deixar ir embora. O que está acontecendo? Justamente quando Luke está mais romântico e fofo eu fico tão distante? Eu amo o Luke, não amo? Quer dizer...

– Thalia! – eu chamo e ela vem em minha direção com seus grandes olhos azul elétrico. – Você é minha desculpa para fugir de Luke.

– Quer conversar sobre isso? – ela pergunta.

– Não, eu realmente não quero – falo com uma expressão de desdém falso e Thalia simplesmente dá de ombros e então vamos para piscina juntas.

Tiro minha saída de praia, revelando meu biquíni vermelho tomara que caia, como meu cabelo está preso em uma trança bagunçadinha, não me preocupo em bagunçá-lo e, por mais que o sol não esteja me incomodando, coloco os óculos de sol de Percy e sorrio ao ver o dono dos óculos.

– Cleptomaníaco em ação, observem seus bolsos – ele brinca, se aproximando, mas posso notar que ele está avaliando meu corpo, o que me deixa um pouco sem graça.

– Não babe por mim, Cabeça de Alga – eu digo afastando ele com uma mão, o que o deixa vermelho.

– Isso é o que você não quer falar? – ouço a voz de Thalia.

– Percy não tem nada a ver com meu relacionamento com o Luke – eu digo com firmeza.

– O que aconteceu com você e o Luke? – pergunta Percy.

– Nada – eu respondo. –, nós estamos bem, eu só... Precisei respirar um pouco e Thalia acha que isso é uma grande coisa.

Eles começam a fazer mais algumas perguntas e eu os ignoro, simplesmente entrando na água e nadando para longe deles, Percy entra também e ele é diferente na água. Mais... confiante, eu acho, não sei se essa é a palavra certa para o que estou tentando definir.

– Sabe, nós não precisamos andar grudados, Cabeça de Alga – eu falo.

– Você ama minha companhia – ele diz, boiando na água. Nunca consegui boiar daquele jeito, eu sempre afundava. Decido implicar com Percy e faço cócegas em sua barriga, o fazendo afundar. Ouço as risadinhas de algumas pessoas e ele emerge ajeitando o cabelo.

– Eu nunca consegui boiar, essa foi a minha vingança pessoal contra isso – informei e ele sorriu.

– Sério? É fácil, vem cá – ele estende os braços para que eu deite em cima e é o que eu faço. – Fecha os olhos, relaxe os músculos – os dedos de Percy, por algum motivo me deixavam tensa, então foi difícil relaxar. – agora é só respirar de leve... – ele me soltou e eu consegui boiar, ok, o quão legal é isso? Abro meus olhos e vejo Percy com um sorrisinho de canto. – E você conseguiu.

Percy encostou de leve em mim, casualmente, o que me causou um grande arrepio e me fez tencionar todo meu corpo. Resultado: Afundei. Emergi sem ar e me segurei em Percy.

– Ok, eu estou bem – falo e ele ri.

– Tenta sozinha dessa vez – ele diz boiando com facilidade.

Respiro e tento, para minha surpresa, eu consigo, até ouvir a risada de Percy, que me faz cair novamente, mas dessa vez consigo me apoiar e não afundo.

– Eu não vou conseguir se você continuar me distraindo, Percy – falei e revirei os olhos.

– Mas eu não fiz nada – ele argumentou.

– Primeiro você tocou em mim e agora você riu – eu falei. – Alias o que é tão engraçado?

– É engraçado por que, desde que eu te conheci, é a primeira vez que eu te vi desarmada, tipo sem parecer pronta para atacar um exército ou algo parecido – ele diz. –, e, em minha defesa, eu não achei que você fosse afundar por causa disso.

– Você me conhece a um dia, não é tão surpreendente assim – eu falo, saindo da piscina.

– Na verdade, você que me conhece a um dia – ele diz me seguindo. –, já fizemos vários trabalhos juntos e até éramos amigos quando éramos crianças.

– Nós fizemos? – pergunto e faço uma cara de “#AchoQueNão”.

Ele me olhou e suspirou, jogando uma toalha para mim, enquanto se secava com outra.

– Eu realmente não me lembro, quer dizer, eu lembro de alguns, mas só me veio a cabeça agora, desculpe – como eu posso ter tratado alguém como invisível por todo esse tempo?

– Não precisa se desculpar – ele fez um gesto de desdém, mas realmente pareceu chateado com aquilo, não falei mais nada e vesti minha saída de praia.

– Agora temos que te arrumar um encontro para festa de hoje a noite! Você falou com Rachel? – eu pergunto desesperada para mudar de assunto.

– Não, na verdade – ele diz.

– Por que eu não te apresento oficialmente agora? – pergunto.

– Eu não... – ele começa, mas já estou o arrastando pelo braço, o que faz ele rir.

Quando achamos Rachel, ela está pintando as unhas do pé.

– Oi Rach! – eu chamo e largo o braço de Percy. – Eu estou tão ocupada e Percy não conhece quase ninguém aqui, estou até meio mal por ter trazido ele, então... Tem como, depois de acabar isso aí, apresentar ele para as pessoas? Você é ótima nisso.

– Ah, claro, por que não? – ela diz largando o esmalte. – Já acabei por aqui.

– Ah, sério? Quer dizer... Não precisa mesmo, a Annie só é chata com esse lance de pessoas e tudo mais...

– Vai ser um prazer, e nós dois sabemos o quanto a Annie pode ficar chata se quer algo e não consegue – ela enfatiza ”Annie” para me mostrar que tinha notado o apelido que Percy usou.

Passo o resto da tarde pensando sobre meu quase relacionamento. Eu não entendo o que está acontecendo. Tudo bem que nossa relação já está balançada a um tempo, mas eu nunca agi com tanta indiferença, talvez eu precise de um...

– Tempo, Luke, eu preciso de tempo – falo o encarando.

– O que? Por quê? – ele pergunta. – Eu não estou te traindo, Annie eu ia te pedir em namoro!

Meu coração acelera, é tudo o que eu quero desde... Bem, desde que conheci o Luke, mas agora parece uma coisa tão distante da realidade. Encaro Luke, decidindo minhas próximas palavras com cuidado.

– Eu preciso pensar e é só um tempo, bobinho, não estou terminando com você – eu falo com um sorriso. –, eu só acho que preciso colocar “nós” no topo da lista agora, mas não posso fazer isso sem um tempo longe de você, você entende? Quer dizer, olhar de fora é o melhor jeito de resolver.

– Eu acho que entendo – ele suspira.

Eu o abraço e saio da sala, me lembrando de que ainda tenho uma festa para ir, e devia me arrumar. Encontro Percy e Rachel o corredor dos quartos.

– Eles são sempre malucos assim? – ri Percy, acompanhado por Rachel.

– Se divertindo juntos? – pergunto com um sorriso e eles apenas sorriem de volta. – Rach, posso falar com você? É meio importante.

– Claro, Annie... Nos vemos na festa então Percy? – ela pergunta, o que me faz olhar para Percy com uma cara de “#PercyPegador”, ele apenas ri e assente, indo embora.

Eu e Rach entramos no quarto que eu, ela e Thalia estávamos dividindo. Ela fecha a porta atrás dela com um sorriso gigante no rosto, o que deve significar que ela adorou o tempo com Percy.

– Ele é tão fofo! E os olhos? – ela pergunta. – Aquela boca? Meus deuses, eu tive vontade de beijar esse menino mil vezes só hoje!

– Rach...

– Ele é meio lerdo, mas não do tipo “cara, se toca” e sim do tipo “me agarra seu inocente”, cara sério, eu preciso me arrumar muito bem hoje, você me ajuda? Claro que com todo...

– Rachel! – interrompo o monólogo. –, eu preciso falar de uma coisa importante e você tem que prometer não ficar brava comigo, mas... – agora que eu tinha a atenção dela, eu não tinha a coragem, Rachel achava que eu devia agarrar Luke, casar e reproduzir com ele, além de ser muito próxima de nós dois. – Eu dei um tempo com Luke e ele disse que ia me pedir em namoro, eu não... Eu não sei mais o que eu sinto por ele.

– O que você espera que eu diga? – ela perguntou.

– Eu não sei, eu só estou confusa – eu digo. – E preciso urgentemente de uma psicóloga que prevê tudo quando é em relação a Luke e eu, então... Isso quer dizer que eu preciso de uma conversa com você.

– Para ser sincera? Se você ainda gostasse de Luke desse jeito, você teria desistido desse tempo no momento em que ele disse a palavra “namorada”, e, sinceramente, eu não te culpo, ele que se afastou de você por um tempo e volta com essa proposta quando você quer o seu tempo, então... Luke é um idiota, eu entendo, mas isso não significa que ele não merece uma milionésima chance.

– Eu não sei... E Rach, o que você acharia se eu pirasse e não voltasse com o Luke? – pergunto. Eu quero voltar, ele é tudo que eu sempre quis, mas essa pergunta continuava a martelar na minha cabeça.

Rachel me analisa por um tempo, então suspira e sorri.

– Eu te apresentaria os caras mais gatos que eu conheço na Califórnia, riscando o nome dele da lista – ela fala. –, e eu acho que essa pergunta já mostra sua decisão, então... Meu shipper vai terminar, acho que eu que preciso de um pote de sorvete.

Ah qual é? Rachel consegue me animar tão rápido! Cortamos o papo Luke e começamos a escolher nossas roupas para a festa de mais tarde, colocamos música (Here’s To Never Growing Up) e começamos a nos arrumar, as coisas mais divertidas são as espontâneas, já percebeu? Assim que Thalia entra no quarto a puxamos para arruma-la também e quando Lolita começa a tocar fazemos uma dança da sedução caindo na gargalhada a cada vinte segundos.

Marco meu olhos com preto, coloco um gloss sem cor e passo outras coisas de maquiagem. Escolho uma saia de cintura alta cinza, um top cropped preto e coloco uma jaqueta vermelha estilo college team por cima. Calço meu high sneaker preto com tachinhas e uma pulseira preta também de tachinhas. Simplesmente deixo meu cabelo solto e dou uma alisada básica nele, mas faço cachos nas pontas. (http://www.polyvore.com/gfm/set?id=91035614)

Percy aparece e eu peço uma carona para ele, já que não estava afim de ir no carro de Luke e o resto dos carros já estavam cheios. Dou ração e água para os gatos antes de ir, até pago vinte dólares para o irmão mais novo de Thalia cuidar dos gatos (ele veio por que os pais não deixaram ela vir sem ele).

– Você está linda, Annie – ele me elogia.

Apenas sorrio, sem completar que ele também está lindo. Ele usa uma calça jeans azul-escuro detonada, camisa preta regata, blusa xadrez amarrada na cintura, uma touca cinza na cabeça e sneakers.

– Desde quando você é estiloso assim? – pergunto.

– Se isso foi o seu jeito de elogiar... Obrigado – ele ri e da partida no carro, seguindo os outros.

– Então... Não chamou Rachel para vir com você? – pergunto.

– Chamei, mas ela disse que Thalia queria ajuda com umas coisas de ultima hora – ele dá de ombros e isso chama mais atenção a seus braços deliciosos que a regata não faz questão de esconder. Mordo os lábios e desvio os olhos. Ligo o rádio e Give You What You Like está tocando.

O transito nos para e Percy me olha por um minuto, morde os lábios e olha para o carro da frente. Me mexo em minha cadeira, o silencio não está me incomodando nada em comparação a minha proximidade a Percy. Olho para ele novamente e ele também me olha, nos encaramos por alguns minutos e não entendo exatamente o clima que aquele olhar estava causando. Sou libertada do olhar de Percy quando o transito começa a andar.

– Então, você e a Rach hoje... Acha que vai acontecer alguma coisa? – sorrio, tentando não manter aquele silencio que me dava ideias erradas.

– Eu não sei, ela é bem bonita e legal, mas... – ele inclina a cabeça.

– Então, o que mais você quer? Bonita, legal e afim de você. Não é todo dia que você vai achar esse pacote, Cabeça de Alga – falo, com minha sinceridade de sempre. É tão fácil falar o que penso para Percy.

– Química – ele encolhe os ombros e me dá uma olhada que parece sugestiva, então desvio o olhar. Espero que Percy não estrague esse começo de amizade começando a dar em cima de mim.

– Hmmm, vai ver não tem muita química com várias pessoas na mesma sala, espera ficar sozinho com ela – sugiro.

Ele faz que sim com a cabeça e estacionou o carro na grama de alguém, havíamos chegado à festa. Saímos do carro e caminhamos para dentro.

– Boa sorte com a Rachel – eu digo e sorrio indo pegar uma bebida para mim, Percy me segue. Eu entendo que ele não tem muitos amigos, por isso não reclamo da necessidade dele de ficar perto de mim.

– Eu não conheço ninguém aqui, não me larga por aí, me deixa achar a Rachel primeiro – ele confirma meus pensamentos.

– Você parece uma criança perdida – rio. –, as vezes eu esqueço que você é tímido, desculpa, quer uma bebida?

– Eu não sou muito de beber – ele fala e entrego um copo para ele mesmo assim.

– Noite de folga – eu sorrio. –, além disso, eu já vi você beber a limonada de Rachel e nem piscar.

– Ok, eu bebia, mas parei, sei lá, não sou muito de festa, então era raro eu beber, de todo jeito – ele falou.

Reviro os olhos e tiro o copo das mãos dele. Não me entenda mal, não sou uma bêbada nem nada, mas bebo socialmente. No fim, eu aprovo a alternativa de não beber de Percy, já que ele ia dirigir. I Love It começa a tocar. Eu puxo Percy e largo o meu próprio copo. Endoidamos ao som da música e eu sorrio ao ver como Percy é desajeitado para música eletrônica. Acho incrível minha falta de sorte quando Kiss Me começa a tocar e Percy me puxa para dançarmos.

– Você é diferente do que eu achava que fosse, quer dizer, sempre achei que você fosse arrogante e metida depois que começamos o ensino médio – ele fala me olhando, estou com as mãos em seu pescoço e ele com as mãos em minha cintura.

– Muitas pessoas tem essa impressão quando não me conhecem – eu falo. –, talvez seja o que minha imagem passa.

– Talvez – ele concorda. –, talvez seja o que alguns dos seus amigos passam...

– Eles são bem diferentes do que algumas pessoas como você acham – eu digo, na defensiva.

– Pessoas como eu? – ele levanta uma sobrancelha e para de dançar, mas mantém as mãos no mesmo lugar.

– É, diferentes da gente – eu justifico.

– Esquece o que eu disse – ele ri e me larga. –, talvez você seja mesmo arrogante e metida.

Ele começa a se afastar de mim e o sigo irritada. Se eu fosse arrogante e metida eu falaria com ele, em primeiro lugar? Percy é um babaca que não sabe nem metade sobre mim e acha que pode tirar conclusões. Puxo o braço dele o fazendo se virar para mim.

– Eu não sou arrogante ou metida – começo. –, você acha que pode falar isso para mim por que eu disse que você é diferente de mim e dos meus amigos? Eu disse alguma mentira?

Ele me encara com o mesmo nível de raiva.

– Não, você tem razão – ele fala com uma expressão nervosa. – Eu sou diferente de vocês, eu não sou um idiota superficial que não liga para os sentimentos dos outros.

Largo ele e paro, Percy realmente acha essas coisas, dá para dizer pela expressão dele, ele tinha mudado de ideia. Será que ele tem motivos para achar isso? Quer dizer, ele passou a vida sendo chamado de Cabeça de Alga e sendo vítima de brincadeiras estupidas por minha causa. Eu tinha me sensibilizado sobre isso antes de falar com ele ou depois? Não. Eu me afastei dele por causa da minha vida social quando éramos crianças. Eu liguei para isso? Não. Talvez Percy esteja certo. Olho para o chão, esperando que ele vá embora, mas ele continua me encarando.

– Você está esperando um pedido de desculpas por ter dito que você é diferente ou por todo resto? – eu pergunto e olho para ele.

– Na verdade eu nem sei por que eu fiquei com tanta raiva por causa disso – ele fala e suspira. – me desculpa.

– Mas eu sei – pego a mão de Percy e dou um passo em sua direção. –, é por que você está com raiva, de tudo que eu te fiz passar, de tudo que nós te fizemos passar, mas... Não vai acontecer de novo, eu não vou deixar, ok? Me desculpa por tudo, eu nunca pensei em como isso te afetava.

Percy assente e dá um passo para frente beijando minha bochecha, me fazendo sentir um arrepio ao contato, o beijo dele se demora e então ele se afasta lentamente, me olhando nos olhos. Meu telefone toca e eu atendo automaticamente.

– Jason? O que foi, tudo bem com os gatos? – pergunto.

– Hmmm você não vai gostar da resposta.