Gatos Fazem Miau escrita por Cigarette Daydream


Capítulo 2
Be Welcome Percy


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi oi olááá. Quanto tempo sem postar, admito que tinha deixado essa fic de lado e tudo mais, mas aqui estou e agora não vou parar, não costumo fazer promessas sobre minha frequência, mas não vou deixar o aviso de 45 dias aparecer na minha fic, combinado? Enjoy



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– Ah, qual é, Cabeça de Alga, eu preciso de uma carona, você precisa de uma vida social, os dois ganham! – sim, eu estou implorando por uma carona ao Cabeça de Alga. Humilhante, eu sei.

– Annabeth, eu não vou te dar uma carona para um feriado que eu nem vou aproveitar, eu não gosto daquelas pessoas e nem vou com a sua cara também, por quê você está na minha porta? – ele se irrita fácil, nossa.

Eu estou com seis gatos para cuidar e Katie não quer que eu vá para a casa de praia da Rachel com os gatos dela, com medo algo aconteça e blá, blá. Não podia pegar carona com o resto da galera já que Katie ficou com eles até o último minuto, então quem sobrou e tem um carro é, sim, o Cabeça de Alga.

– Outch, magoou – sorrio meu sorriso da maldade, que e o sorriso que dou quando tento conquistar alguém, mas nesse caso eu só quero uma carona.

– Ok, eu prometo te dar carona se você me ajudar a me livrar desse apelido – ele diz sério.

– Eu posso ajudar você se livrar dele com as outras pessoas, mas vou continuar a te chamar assim – eu informo.

– Só por que você não sabe meu nome – ele sorri. – Quer entrar? Vou fazer minha mala.

Ok, uma carona em troca do “stop bullying”, eu posso fazer isso numa boa, quanto a entrar na casa dele, bem, ninguém está por perto vendo mesmo.

– Qual o seu nome mesmo? – pergunto, enquanto entro na casa dele, que é muito bonita por sinal.

– Perseu, mas é ainda pior do que Cabeça de Alga, então me chama de Percy – ele diz, enquanto sobe as escadas.

– Como você já sabia meu nome? – o sigo escada acima.

Ele olha para trás com uma cara de deboche e depois sacode a cabeça.

– Quem não sabe o nome de Annabeth Chase? – ele pergunta. – Líder de torcida, presidente da turma, primeira da sala, causadora de problemas na escola, rata de festa...

– Ei, eu não sou rata de festa! – uso minha voz ofendida no tom certo. – Tenho vida social, é diferente.

Ele dá um sorriso de canto e abre a porta do quarto dele, me deixando passar.

– Entrando pela porta da frente, bem melhor do que a janela, não acha?

– Não é uma coisa que eu pretendo repetir muito – digo enquanto sento na cama dele. –, agora, não demore a fazer a mala, por favor.

Ele apenas fechou a porta e pegou uma mochila grande, colocando roupas dentro, sabonete, escova de dente, desodorante, perfume e cuecas. Tive que rir nessa última parte.

– Prometo que não vou tentar roubar dessa vez – falo, com as mãos para cima, em um gesto de rendição.

Ele ri e fecha a mochila, a jogando nas costas e depois pega um casaco e chaves. Com um gesto de mão, ele me convida a segui-lo e é o que eu faço, me sentindo um pouco estranha por estar ali na casa dele, com um clima quase amigável, já que a alguns minutos eu só sabia o apelido constrangedor dele. Percy passa na cozinha, pega duas garrafas de água, uma garrafa de energético e um pacote de doritos grande.

– Você não é muito do tipo que fala, não é? – pergunto.

– Que bom que você notou – ele diz e abre a porta que dá para a garagem, tinham duas vagas de carro lá, um não estava e o outro era uma caminhonete vermelha simples. – Agora, vamos passar na sua casa, pegar os gatos e suas coisas e ir para essa maldita casa de praia.

– Além de tudo, é mal humorado – digo. –, você é realmente um amor de pessoa.

Ele se limita a abrir a porta do passageiro para mim e acenar com a cabeça, para que eu entrasse e então vai para o banco do motorista, coloca óculos de sol e liga o carro.

– Você vai ser o nosso DJ – ele informa.

– Que cds você tem? – pergunto, feliz por ele pelo menos me deixar escolher as músicas.

– Olha ai no porta-luvas – ele fala enquanto tira o carro da garagem. – e coloca o cinto.

– Ok, mãe – obedeço, colocando o cinto antes de ir mexer no porta-luvas.

O garoto não é fresco, tenho que admitir, tem um estilo bem variado, juro que acabei de ver um cd da Taylor Swift no meio da pequena bagunça de cds que tem aqui, mas acabei escolhendo por P9, uma banda brasileira que eu achava que ninguém daqui conhecia, quer dizer eles cantam em inglês, mas é um pouco diferente e é uma boy band.

– Você é gay? – pergunto sem rodeios pondo o cd para tocar.

– Por causa do cd? – ele deu uma risada.

– Também, mas eu vou te contar que sua organização e o fato de você ainda não ter dado em cima de mim te entregou um pouco – encolho os ombros com um sorriso.

– Eu não sou gay, Annabeth, a não ser que, se eu disser que sim, você comece a se trocar na minha frente – ele olha rapidamente para mim com um sorrisinho de tirar o fôlego. Juro que nunca notei o quanto Percy é bonito.

– Isso não vai acontecer, seu pervertido, pelo menos não se eu achar que você é gay – dou uma risadinha e Percy perde a ação por um momento. – Deuses, eu estava só brincando, olhe para estrada.

Percy volta sua concentração para a estrada e eu coloco uns óculos de sol que estavam no porta-luvas. Me olho no espelho, passando um gloss que trouxe comigo. Eu fico bem com o óculos do Cabeça de Alga. Olho para ele em uma pose estilo Shay Mitchell.

– Posso roubar esses óculos? Eu juro que fico melhor do que você nele – levanto a sobrancelha várias vezes em uma tentativa de parecer engraçada.

– Eu estou tentando me concentrar na estrada, Annabeth, eu tenho TDA – ele disse rindo.

– Sério? Eu também! Quer dizer, dizem que eu sou uma espécie de prodígio e que isso às vezes é comum, mas eu fiz muito tratamento então estou bem melhor agora, imagino que você também – falo abrindo os doritos de Percy.

Realmente, eu sou um crânio, fazer o quê, eu não sou o que você esperaria de um prodígio, mas tento não me preocupar sobre isso, eu não quero ser somente a menina perfeita, filha exemplar, futura ganhadora do premio Nobel. Quero ser lembrada por coisas simples como ser a menina festeira que cuida dos filhos da vizinha quando ela sai. Quero ser uma coisa real, não uma aberração com a qual os pais comparam seus filhos toda vez que uma matéria no jornal passa.

– Você faz as coisas parecerem tão fáceis – ele comenta. – Quer dizer, você tem notas perfeitas, amigos, vida social, é divertida, bonita... Annabeth o que você não tem?

– Bem... Eu não tenho esse bichinho verde da inveja que acabou de te picar – eu sorrio, enquanto ele para o carro na frente da minha casa. –, não, sinceramente, minha vida não é tão legal quanto parece Cabeça de Alga... Coisas que parecem perfeitas por fora, às vezes são simplesmente uma farsa.

Desço do carro e entro em casa, tentando não ficar reflexiva sobre minha conversa com Percy, pego rapidamente minha mala já pronta, a malinha dos gatos, um isopor com sanduiches e cervejas, e uma caixa com os malditos e fofos gatos. Saio cheia de coisas e Percy é cavalheiro em descer para me ajudar com tudo. Depois de tudo acomodado no carro, inclusive os gatos, continuamos nossa viagem. Orange County fica a apenas duas horas daqui, então tudo ia ficar mais do que bem.

– Finalmente na estrada – sorrio, trocando o cd para Paramore.

Percy ri muito com meu acompanhamento da música, mas não canta junto, depois de mais uns cds, cansamos de música e desligamos o som. Tenho que admitir que a companhia de Percy e boa, ele parece ser o tipo de pessoa que quando você está perto, faz o ambiente relaxar.

– Você não é a pior companhia de viagem que já tive – eu falo com um tom quase gentil.

– Bom... Você é – ele diz e minha expressão fecha automaticamente. Nossa, que menino grosso, quer dizer, achei que ele estava se divertindo. – Eu estou só brincando Annabeth – ele ri. – eu sei fazer isso às vezes.

– Qualquer dia eu te ensino a usar um pouco de ironia na voz, para que as pessoas entendam suas brincadeiras – rio também.

– Vamos dar uma parada? – ele pergunta. – tem um restaurante bem ali e eu preciso de comida de verdade.

Dou de ombros, indicando que não me importa e deixo Cabeça de Alga parar para comer, também estou com fome, de todo jeito. Ele estacionou e entramos no restaurante, prontos para comer toda a massa de lasanha do lugar, mas nos contentamos com um prato cada um, afinal nos dois tínhamos corpos sexys para manter em dia, não é?

– Ai que bom – ele desabafa uma gordice, o que me faz rir.

– MUITO bom – digo enfatizando o muito.

– Não se preocupa com ficar gorda? – ele pergunta depois de uma risadinha.

– É para isso que servem as atividades físicas – respondo. –, mas nunca encanei muito com isso, tenho metabolismo rápido.

– Como sempre, você faz as coisas parecerem simples – ele suspira.

– Percy, eu costumava complicar tudo, até que um dia eu conheci o Frank, e ele me ensinou a olhar de um novo jeito para as coisas, posso te ensinar, se você quiser – falo, me sentindo bondosa de repente.

– Esse cara é seu namorado? – ele pergunta, e por incrível que pareça não foi o tipo de pergunta intencionada, foi só continuação de conversa.

– Frank foi um bom amigo, ele morreu num incêndio já faz uns dois anos e eu ainda não consigo acreditar.

– Sinto muito – ele murmura. –, eu me lembro das manchetes, eu não me lembrava do nome... Como aconteceu?

Fecho os olhos ao lembrar de todo o incêndio e de Frank me salvar. Ele foi o melhor amigo que eu já tive e ele morreu para que eu pudesse continuar a viver. Eu devia ser grata a ele por isso, mas tudo que consigo pensar sobre isso até hoje é “deuses, Frank, como pôde ter sido tão estupido?”.

– Era Halloween, estávamos dentro de uma casa abandonada, todos nós, fazendo uma pequena festa, tinha bebidas por todo lado e acendemos velas para acentuar o clima assustador – suspiro ao lembrar as cenas. –, depois de beber muito, todos estavam fazendo brincadeiras idiotas e a maldita casa ainda tinha a mobília antiga e bolorenta, Rachel tropeçou numa vela que caiu em cima do sofá onde tinham derramado vodka... Tentamos apagar, mas não conseguimos, o fogo começou a alcançar as outras bebidas, tentamos correr, mas estávamos presos, o fogo tinha bloqueado a porta.

– Como só ele ficou preso? – ouço a pergunta de Percy.

– Era para eu ter morrido – me pego contando o que nunca contei a ninguém. –, um pedaço do teto caiu, em cima da minha perna, os outros estavam fugindo por uma janela que não estava bloqueada, eu não cheguei a tempo, só Frank voltou... Eu não posso realmente culpar eles por não terem voltado, o fogo estava por todo lado.

Me pergunto por quê estava contando isso a Percy, eu suportei bastante tempo sozinha o fato da morte de Frank ser minha culpa e tenho medo de acabar sendo taxada de assassina por alguém, de todos me culparem como eu me culpo.

– Ele foi te ajudar e não conseguiu sair a tempo? Mas como você...

– Ele me soltou, mas o pedaço de madeira era muito pesado e grande, quem acabou preso foi ele, o braço dele preso, minha perna quebrada, eu não pude ajudar... Eu estava certa de que iriamos morrer – conto, já com lágrimas brotando nos olhos, mas me controlo para não chorar, lembrando que Frank nunca gostou de me ver chorando. –, mas Frank tinha outro plano, ele arrastou o pedaço de madeira sem conseguir levantar e tirou os móveis em chamas do caminho, eu me arrastei atrás dele, o fogo estava no pedaço de madeira, queimando, alcançando ele... Ele me disse para fugir, para viver minha vida e me empurrou com o pé para janela. Eu pude ver o fogo alcançar ele antes de me levantar um pouco e me jogar da janela.

Não consigo encarar Percy ao contar como eu deixei ele me salvar, como deixei ele para trás. Eu devia ter morrido e não Frank.

– Não é sua culpa, você não podia ter ajudado ele, Frank foi um herói – sinto a mão de Percy segurar a minha.

– Enfim – sorrio, tentando não deixar as lembranças me abalarem. –, chega dessa summertime sadness.

Eu e Percy terminamos de comer quase ao mesmo tempo, sigo ele até o carro, onde ligamos o som bem alto e voltamos a cantar, a viagem passa rápida, e logo estamos na casa de praia de Rachel, não pude evitar dar um gritinho agudo ao ver o lugar da nossa diversão de Spring Break. Percy ri ao me olhar e por um momento nós simplesmente nos encaramos sorrindo.

– Obrigada, mais uma vez, Cabeça de Alga – falo com sinceridade. –, agora vamos lá dentro te livrar desse apelido que eu te dei.

– Sabe de uma coisa? Quando você inventou isso, não foi assim tão ruim, o jeito como você fala não é uma ofensa, mas os outros... – ele suspirou.

Sim, eu que tinha apelidado Percy, ah qual é, o menino usou uma fantasia tosca feita de algas no Halloween quando tínhamos uns doze anos, eu não pude evitar dar o apelido para ele, mas ele estava certo, nunca foi realmente uma ofensa. Eu só estava rindo com ele e não dele, mas aí as coisas mudaram, e Percy parecia um perigo para minha vida social, então eu simplesmente parei de falar diretamente com ele, assim como todos os outros.

– Nunca quis te fazer ficar com fama de Cabeça de Alga, mas tenho que admitir que fiquei um pouco orgulhosa por todo mundo passar a te chamar assim só por causa daquela minha brincadeira inocente – eu rio, enquanto Percy me ajudava a tirar as coisas do carro. Os gatos estavam dormindo. Sim, eu tinha dado sonífero para viagem, mas é coisa pouca, eles vivem.

– Annabeth! – ouço Luke gritar alegremente de longe, me viro para ele com um sorriso enorme.

Luke corre e me beija, me deixando surpresa, mas feliz com essa demonstração de que nós não tínhamos terminado nosso quase namoro.

– Feliz em me ver? – eu sorrio docemente. – O Percy me trouxe aqui, foi tão gentil, então ele vai passar o Spring Break com a gente.

– Quem é Percy? – pergunta Luke, sorrindo também.

Aponto para Cabeça de Alga, aparentemente Luke também só o reconhecia pelo apelido, acho que não falar sobre o apelido é a melhor forma de fazer com que seja esquecido, em vez de pedir para o chamarem de Percy de agora em diante. Percy acena com a mão e dá um sorriso meio tímido. Sinto um sorriso se formar em meus próprios lábios ao olhar para ele.

– Bem vindo a turma dos desajustados – eu falo e Percy me olha com o mesmo sorriso de antes, só que sem timidez.


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Notas finais do capítulo

Sim, a última frase foi um tributo a As Vantagens de ser Invisível e e não esqueçam de comentar para que eu possa saber o que acharam e como o capitulo ficou! Estão shipando Percabeth ou eu esqueci o tempero? Claro que esse ainda é o comecinho, então não dá pra saber direito maas digam pfvr



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