Shinsuke & Sangoku. - Psicologia do Terror.

Capítulo Único.

Havia um certo baixinho de faixa azul em seu cabelo, voltando para casa depois de um longo treino. O céu atingia outro coloração, algo que variava do azul ao roxo, o que significava chuva em breve.

“Ah.” Shinsuke suspirou, não é que não gostasse de chuva, mas havia esquecido seu guarda-chuva em casa.

Se ao menos tivesse uma boa companhia consigo, como Tenma... Mas este estava ocupado demais, tentando coordenar seu tempo entre o futebol e Tsurugi. Era o tempo todo, Tsurugi aqui, Tsurugi lá, futebol daqui, futebol de cá.

O novato cansou-se dessa rotina, de ser o melhor amigo de Tenma, quando o próprio estava triste. E estava e sempre esteve ali, mas o outro simplesmente o ignorava, então, nada podia fazer.

“Shinsuke?”

“Hm?” O mencionado olhou para cima. “Oh, Sangoku-senpai. Oi, como vai?”

“Bem. Aonde está indo?”

“Para casa, mas até lá, vou ficar ensopado. Vai cair uma chuva forte daqui a pouco.”

“Sim, eu vejo. Sua casa é muito longe?”

“Ah, só umas dez quadras daqui. Nem é tanto.” Shinsuke murmurou irônico.

“É perigoso você enfrentar uma tempestade como essa, pode pegar um resfriado..”

“E ser levado pelo vento.” Shinsuke brincou cansado.

“Ora, Shinsuke. Vamos a minha casa. Fica bem aqui perto. Assim, quando a chuva parar você pode ligar para sua mãe vir buscar você.”

“Puxa, isso é muito legal, Sangoku-senpai. Que gentileza!”

“Não precisa agradecer. Vamos?” Sangoku gesticulou para que o baixinho fosse a sua frente.

“Tudo bem. Obrigado!” Shinsuke se virou, e começou a andar.

Chegaram a casa de Sangoku, que realmente não era tão longe dali. Shinsuke tirou seus sapatos, enquanto, Sangoku gritava pela mãe, que obviamente não estava em casa.

“Volto já, Shinsuke.”

“Hai!” Shinsuke olhou pela janela e começou a ver pequenas gotas mancharem o vidro. “Ainda bem que aceitei vir aqui, acho que ia pegar uma chuvarada se tivesse ido para casa.”

“Parece que minhã mãe ficou presa no trânsito.” Sangoku colocou o celular na mesinha. “Mas então, o que quer fazer?”

“Eu realmente não posso acreditar que estou na casa de uns dos veteranos da Raimon! Puxa, Sangoku-senpai, o que é que você faz aqui? Se diverte muito?”

“Você ainda não foi na casa de Shindou, não é? Eu fico no tédio aqui em casa.”

“Não acredito.” Shinsuke.

“É verdade.”

“Sangoku-senpai não mora perto de amigos?”

“Kuramada é meu vizinho. Amagi não mora longe, mas neste momento estão todos com Hamano e Hayami.”

“Ah, entendo.”

“Gosta de filmes?”

“Filmes são legais.”

“Ótimo. Tem um filme que eu gosto muito, você vai gostar também.”

“Aposto que vou!” Shinsuke sorriu.

Meia hora depois, Shinsuke cobriu a almofada na sua cara. Filmes de Terror. Odiava filmes de Terror.

“Shinsuke já pode olhar.”

“Posso nada! O filme é terror! Toda hora tem algo ruim acontecendo, tipo um cara decepando a cabeça de outro, como se fosse SUPER normal.”

“Você tem medo desses filmes?”

“Medo? Puuf! Claro que não. Eu só... Não prefiro assisti-los.”

“E The Walking Dead?”

“Céus, não! Devem exibir a terceira temporada, e eu ainda estou no primeiro livro. Não vou entender nada com nada, se ver algum episódio agora.”

“Mais, Shinsuke. O que é que você gosta, afinal?”

Shinsuke pensou no que responder. Oras, ele gostava de muitas coisas! Porém, tais gostos não envolviam, filmes de terror. Shinsuke os odiava, tanto quanto Tenma... Mas do jeito que Tenma anda com Tsurugi, o castanho deve ter começado a gostar também...

O baixinho estremeceu. Tenma DE NOVO.

“Shinsuke, o que aconteceu?” Sangoku perguntou preocupado com o amigo.

“Ah, nada não.” Shinsuke sorriu.

“Tsc, Shinsuke. Apenas me diga. Você não parece bem.”

“Ah, é só, que Tenma já não liga mais para mim...”

“E por que acha isso?”

“Oras, Sangoku-senpai.. AHHH! Que isso?”

Shinsuke olhou estático para o mais velho, que estava com um jaleco, um óculos, e um caderninho de anotações.

“Continue.”

“Senpai, agora, é Sr. Psicólogo Sangoku?” Shinsuke riu.

“Ué, vai que eu consigo uma trabalho nesse ramo? Não custa tentar não é mesmo?”

“É o último ano para Senpai... Como se sente?”

“Não. Você é o paciente. Continue dizendo, você parou na parte do Tenma...”

“Eu não quero falar do Tenma! Deixe ele lá com Tsurugi, que ele ganha mais!”

“Entendi...”

“Entendeu o quê?”

“Shinsuke, você está com ciúmes do Tenma?”

“Puuff! COMO ASSIM? CÉUS, NUNCA, NUNQUINHA MESMO! M-E-S-M-O!”

“Sabe, Shindou deu a mesma resposta quando perguntei isso a ele, em relação a Kirino.”

“Shindou-senpai? Verdade? E o que ele respondeu?”

“Ele disse: Eu? Ciúmes? Do Kirino? Da onde que você tirou isso? O Kirino? Estamos falando do mesmo Kirino? Cabelo rosa? Puff... Eu com ciúmes do Kirino! Claro que não! ELE QUE FIQUE COM QUEM ELE QUISER, EU NÃO ME IMPORTO! Depois, ele fechou a porta com força e foi embora.”

“Shindou-senpai estava mesmo com ciúmes do Kirino-senpai.”

“É normal para eles.”

“Eu vejo.” Shinsuke riu. “Mas não, não estou, com ciúmes. Eu só queria que Tenma pudesse passar mais tempo comigo como antes, só isso.”

“E já disse isso para ele?”

“Acha que é fácil? O Tsurugi ia dar risada da minha cara pela vida inteira.”

“Mas, Shinsuke, você não concorda que deve fazer o que você quiser, sem se importar com o que os outros digam?”

“É claro. Mas ainda assim, é meio difícil.” Shinsuke suspirou.

“Shinsuke, o que te encoraja a fazer as coisas?”

“O que me encoraja? Ah, muitas coisas! A verdade, a coragem, a força, a determinação...”

O baixinho começou a citar várias fontes de encorajamentos, até sentir os lábios do veterano nos seus. De inicio, sentiu-se surpreso com a atitude, nunca pode REALMENTE imaginar, que o antigo goleiro da Raimon, o beijaria, céus... Isso era tão estranho. Tão diferente. Shinsuke gostou disso.

O mais novo não tinha experiência alguma, mas apenas deixou se levar pelo momento, movimentando seus lábios lentamente, conseguido saborear a sensação de uma coisa nova, e quente.

Quando se separam, obviamente o novato estava corado. Não conseguia deduzir, nada com nada do que acontecia, do que ouvia... O mundo parecia... Congelado.

“O jeito como você age como goleiro... Como se motiva, como se encoraja. Isso me lembra do que eu era, e de quem eu quero ser por um bom tempo. Obrigado por me dar isso.”

“De nada.” Shinsuke respondeu estático, colocando as mãos nos lábios. “Eu acho...”

A sensação de algo quente, do formigamento... Shinsuke queria sentir isso de novo. Então, apenas aproximou um pouco mais do ex-goleiro, e o beijou. Sangoku sorriu. Shinsuke sorriu.

Algum tempo depois, a mãe de Sangoku chegou, e conheceu Shinsuke. Conversaram animadamente sobre o futebol feliz. Logo depois, Shinsuke ligou para sua mãe e foi embora.

***

Aos arredores da Raimon, um garoto baixinho e um castanho de olhos cinzas aço, andavam conversando animadamente sobre o treino da manhã.

“Uma técnica com nós dois? Isso parece realmente empolgante Shinsuke! Aposto que daria certo!”

“Eu também acho!”

Tenma olhou para o namorado a sua frente, não tinha como evitar, parecia que Kyousuke Tsurugi e ele, eram como imãs, mesmo que a escola fosse muito grande, eles sempre iriam se encontrar.

“Você quer ir conversar com Tsurugi?” Shinsuke perguntou.

“Oh, não. Não é nada realmente importante. Não ligue para isso.”

“Tenma, vai lá. Pode ir.”

“Mais você disse que...”

“Olha, amanhã a gente vai visitar o Taiyou, tá bom? E estaremos juntos!”

“Shinsuke...”

“Vai logo, eu preciso conversar com Sangoku-senpai de qualquer forma.”

“Amanhã visitar o Taiyou, ham? Combinado!” Tenma começou a andar, seguindo o azulado e acenando um 'tchau' para o baixinho.

“Essa psicologia que Sangoku-senpai usou. Funciona mesmo.” Shinsuke sorriu.

Seu celular vibrou. Era uma mensagem do próprio Sangoku, pedindo para treinar com Shinsuke no lago, ao final da tarde.

O baixinho olhou para cima, sem querer, para esboçar um sorriso, para agradecer a chuva, e mostrar que Shinsuke poderia estar tão ocupado quanto Tenma, que poderia ter uma companhia e o futebol, e podia coordenar tudo isso. Mas viu, Sangoku acenando do terraço.

Shinsuke apenas gritou no meio da escola:

“Combinado!”