Eu queria poder abraçá-la mais uma única vez, eu queria poder dizer que a amava, e agradecê-la por tudo. Eu queria que ela soubesse que eu a perdoava, mas me confortava pensar que ela sabia disso, principalmente naquele último momento de sua vida em que ela se foi em meus braços.

Então coloquei a carta de volta no lugar. Olhei a minha volta, tentei gravar cada cantinho, cada objeto e cada palavra que ali estava. E então voltei a chorar, um choro de dor por tê-la perdido, mas também um choro de alívio, de salvação. Minha mãe havia se salvado e com isso eu acabei de encontrar a minha salvação.

Eu com certeza choraria muitas vezes mais, pensando nela e querendo vê-la. Mas eu sabia que de alguma forma ela estaria me escutando sempre. Eu senti isso, e mais do que qualquer coisa naquele momento, eu sentia meu coração pulsando tanto, me mostrando que eu estava viva e que eu queria demonstrar meus sentimentos, porque guardá-los só resultariam nisso, nessa perda de coisas que um dia teriam sido o suficiente.

Meu coração gritava pela minha mãe, e eu sabia que esse grito estava me mostrando o caminho que eu teria que seguir. Então saí daquela sala, mas antes de fechá-la dei uma última olhada em tudo. Aquilo não era uma despedida, eu voltaria alí muitas vezes mais. Sempre que eu quisesse ficar perto de minha mãe.

Aquele cantinho seria o nosso segredo, o que nos manteria unidas mesmo depois do fim. Mas eu sabia que aquele também não era o fim, era um recomeço, cheio do bem que ela havia me ensinado agora. Então caminhei mais uma vez pela sala maior, mais uma vez capitando tudo o que ali estava e agradecendo baixinho a ela por tudo.

Era incrível, aprendemos a ser pessoas melhores por causa de palavras ditas na hora certa, palavras que eu havia ansiado a vida inteira para escutar e que vieram no momento em que eu mais precisava. Elas me custaram aquilo que eu mais amava, mas por outro lado, elas me fizeram amá-la mais ainda.

Então dei uma última olhada na sala maior, fixando meus olhos em um objeto ao fundo, naquele espelho que agora era uma dor da qual eu havia me libertado. Tudo estava em um silêncio profundo, eu apenas escutava a minha respiração ofegante, e as batidas fortes do meu coração, seguidas de lágrimas que não parariam tão cedo.

Fechei a porta e retornei ao mausoléu. Ele nem parecia mais tão negro e vazio como antes. Aquelas coisas que estavam ali, mostravam o lado que minha mãe lutava para vencer, e agora que ela havia o vencido, aquelas coisas seriam guardadas para relembrar a sua vitória.

Por fim também sai do mausoléu, e voltei a respirar o ar puro que havia lá fora. Por um momento parei respirando e tentando entender tudo o que havia acontecido ali. Eu já havia entendido, mas eu precisava sentir cada emoção daquela de novo.

Então me lembrei do propósito em que ela havia me colocado, me lembrei de suas palavras a respeito de quem me salvaria, me lembrei de meu pai, do Henry, e dela, me lembrei de todo o pessoal de Storybrooke, pessoas das quais eu já havia feito sofrer tanto. E eu não queria mais isso, porque no final eu terminaria me lamentando e vendo que aquilo tudo que eu tinha antes teria sido o suficiente.

Enxuguei as lágrimas, pedi forças a minha mãe, respirei mais uma vez e então corri em direção a minha salvação. Eu tinha que pedir muitos perdões.