Eu já nem tentara mais controlar o choro, era inevitável, incontrolável. Todas essas descobertas estavam sendo a redenção de minha mãe. Seriam elas a minha própria redenção ?

Eu torcia para que fossem, pois se eu tivesse que sair dali da mesma maneira que entrei acho que não suportaria. Certamente eu me entregaria a minha dor, ou pior, a minha escuridão.

Então caminhei lentamente por mais algum tempo, minhas pernas bambeavam, eu sentia que ia desabar a qualquer momento. E então eu caí, caí quando vi ao longe algo que me esquentou o coração, eu vi aquela pequena escultura, que para mim era feita de puro sentimentos. E ao lado dela, um bilhete:

"Eu não consigo parar de ler isso: 'Para Mamãe.' E ao lado da frase a pequena mãozinha de meu neto, Henry. Eu queria poder ter dito a ele que ele tinha nome de herói, pois de certa forma foi o seu avô que me salvou, não sei bem do quê, mas me salvou. Mas eu nunca tive essa oportunidade. Será que eu teria um dia ? Eu fico imaginando uma cena entre nós dois, avó e neto. Quem diria, eu já sou avó ? E o meu neto, ah, ele é lindo. Tão esperto, tão bom, tão cheio de luz. Só poderia ser cheio de luz mesmo, afinal ele era filho da Salvadora. Da salvadora, mas tão dela quanto da minha filha. Meu neto, meu. Ele com certeza seria uma das poucas coisas que eu lutaria para ter por perto. Ele foi o herói, ele que enxergou o que ninguém queria enxergar, ele enxergou mais do que eu mesma. Ele pode ver o mal, mas eu não posso. Por isso eu me entreguei a ele, porque eu não posso vê-lo. Mas o meu neto, tão pequenino, ele o vê, por isso desviar fica mais fácil. De certa forma ele estava fazendo o mesmo que eu, abrindo os olhos dos outros, dos que ele amava, para o que era certo. Ele era o certo. E eu não estava inclusa nesse meio, foi o meu pior castigo. Ver meu neto sofrer e não poder fazer nada, ver meu neto dizer a verdade e fingir ser mentira, ver meu neto e não poder ser a sua avó. Tão pequeno e tão forte, muito mais do que um dia eu fui, e do que um dia eu serei. Se um dia eu for forte, já saberei em quem me espelhar, naquele que nasceu para me deter, mesmo que ele não saiba disso. Henry Mills, como eu te amo meu neto. Espero um dia poder te dizer isso e então te ninar em meus braços para ter certeza de você não era um sonho, o meu sonho."

Apertei aquela pequena lembrança contra meu peito, apertei forte para tentar senti-lo, para tentar senti-la. Nada me dói mais do que quando tocam no assunto Henry. Meu filho. Meu e dela ? Eu realmente li isso ? Sim, ele era tão meu quanto dela. Eu não posso negar, afinal foi ela que me concebeu ele. Ainda bem que ela fez isso, ainda bem que Emma Swan pôs no mundo o meu mundo.