Rapidamente me recuperei da surpresa e do alívio por ser ele, não um desconhecido e tentei me afastar.

–Prefere enfrentar aqueles caras a estar perto do seu velho amigo aqui?- ele disse com um sorriso nos lábios.

Minha vontade era de dar um tapa na cara dele, como ele podia ser tão... Cara de pau?

–O que está fazendo aqui? Como me encontrou?

–Posso responder a todas as suas perguntas. Depois. Primeiro vamos sair logo daqui.

–Eu não vou a lugar algum com você. - eu disse e tentei me soltar outra vez, mas em vão Damon me segurava firme e querendo ou não, eu me sentia segura.

Ele começou a caminhar e automaticamente meus pés começaram a se mover.

Os caras, moleques, na verdade, não passavam de riquinhos mimados que acabaram ficando com medo do Damon e não falaram nada quando passamos, menos mal. Mas mesmo assim Damon só me soltou quando já estávamos dentro do campus, não que eu não tivesse tentado me soltar antes.

Me virei de costas e dei um passo em direção aos dormitórios.

–De nada. -ele disse.

Olhei para ele e revirei os olhos.

Quando voltei para frente senti sua mão em meu pulso me impedindo.

–Não acha que está na hora de conversamos?-ele perguntou sério.

–Na verdade não, não acho. - eu me apressei em dizer.

–Elena, não faça isso, eu não vim de tão longe pra você nem ao menos escutar o que tenho a dizer.

–Damon, pelo amor de Deus! Eu não sei como me encontrou ou quem te disse que eu estava aqui, mas acredite se eu não te disse era porque eu não te queria aqui.

–Essa doeu- ele disse pondo a mão livre teatralmente no coração, logo depois ele ficou sério de novo. - Eu preciso esclarecer as coisas.

Ele continuava segurando meu pulso me impedindo de sair correndo dali.

Eu realmente não queria ouvir nenhuma desculpa vinda dele, então formei um plano, pediria para ele me soltar pra conversarmos e quando ele soltasse eu corria para o dormitório.

–Certo. Você quer conversar? Vamos conversar.

Ele me olhou e arqueou a sobrancelha.

–Eu não vou embora enquanto não falar com você, então não adianta fugir.

Assim que ele afrouxou o aperto no meu pulso tentei fugir, mas Damon foi mais rápido e me puxou contra seu corpo, quando dei por mim já estávamos nos beijando.

Os lábios dele aos meus me fizeram perder os sentidos, meus pensamentos não eram coerentes e eu só queria continuar sentindo o sabor do beijo dele.

As mãos dele foram para minha cintura e me apertaram, meu coração batia tão acelerado que pensei que fosse sair do meu peito a qualquer momento.

Damon se afastou lentamente, mas continuou segurando meu pulso.

–Você não pode simplesmente chegar aqui depois do que fez e me beijar assim!- eu disse irritada, mais comigo por ter correspondido do que com ele por me beijar.

Ainda segurando meu pulso ele me puxou até um dos bancos de metal que havia aos arredores do campus.

–Apenas me escute, okay?-ele disse se sentando e me fazendo sentar também. - Eu não beijei Gaby.

–Damon, sem desculpas eu vi com meus próprios olhos.

–Me deixe terminar. Eu não a beijei, ela me beijou, quando a encontrei ela estava chorando e...

–Você foi consola-la...

Ele me beijou de novo, mas dessa vez eu o afastei rápido.

–Pare de me beijar!

–Então pare de tirar conclusões por si mesma e me escute!

–Argh Damon!

–Elena!

Revirei os olhos e ele continuou.

–Ela estava bêbada e confusa, um idiota havia partido o coração dela, ela acabou me beijando, eu não tive culpa, só estava tentando ajuda-la porque ela é uma garota legal.

Cruzei os braços e virei o rosto, ele não podia dizer isso e achar que eu acreditaria.

Ele se aproximou de mim e virou meu rosto.

–Elena Gilbert, olhe nos meus olhos. -tentei não olhar mais era impossível me desviar daquela imensidão azul. -Eu não estou mentindo e você sabe disso, eu te amo e nunca faria nada para te magoar.

Pisquei algumas vezes, era verdade, quando mentia Damon não me olhava nos olhos, ele não conseguia.

E agora aqui estava ele, vindo daquele fim de mundo apenas para me dizer a verdade, verdade essa que se eu tivesse ouvido antes poderia ter evitado muito sofrimento, tanto para mim quanto para ele.

–Elena?-alguém me chamou e eu me virei rapidamente.

Era Patrick e Ellen.

–Oi. - eu disse meio sem graça.

–Ficamos preocupados por você sair sozinha e viemos atrás de você. -Ellen disse.

–Mas vejo esta bem acompanhada. -Patrick disse olhando para Damon.

–Ah esse é Damon, meu...

–Namorado. -Damon me interrompeu e olhou para Patrick parado a nossa frente.

Arregalei os olhos, e logo em seguida olhei brava para ele que apenas deu de ombros.

–Damon, essa é Ellen, minha companheira de quarto, e esse é o Patrick.

Ellen o cumprimentou com um beijo no rosto e Patrick um aperto de mão.

–Porque não me contou que tinha um namorado?-ela perguntou.

Damon e Patrick também me olharam esperando pela minha resposta.

–Por que... Porque eu não tenho. -Damon arqueou a sobrancelha. -Damon é meu ex.

–Tecnicamente não. -ele disse. - Não chegamos a terminar você simplesmente fugiu pra cá o mais rápido que pôde.

–Você queria que eu fizesse o que? Continuasse lá saindo com os nossos amigos e te vendo todos os dias sabendo do que fez?

–O que você achava que eu tinha feito. -ele me corrigiu.

–Ah... Okay, Damon foi um prazer te conhecer, já vamos indo, não é, Pat? A gente se fala depois Lena. -Ellen arregalou os olhos. -Desculpe, desculpe. Foi automático.

Eu apenas sorri para ela e então os dois se foram.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu tinha que me desculpar por não querer ouvi-lo, mas eu não sabia como, e também tinha a droga do orgulho, ah como eu era idiota!

–Damon... Me desculpe, eu devia ter te ouvido.-eu disse olhando para minhas mãos.

–Devia mesmo. -Damon disse, e eu olhei para ele. -Mas tudo bem, qualquer pessoa no seu lugar teria feito o mesmo, não vou mentir que eu fiquei magoado pela sua falta de confiança em mim, mas eu não posso continuar sem você.

Mais silêncio.

Eu era uma idiota mesmo, queria me matar por isso, como eu pude ser tão burra a ponto de realmente acreditar que Damon era capaz de me trair?

–Então... -ele interrompeu o silêncio. -Me conte direito como você veio parar aqui.

–Acho que deveríamos terminar nossa conversa primeiro.

–Que conversa?-ele passou o braço ao redor do meu ombro e me puxou para perto. - Já terminamos. Eu expliquei as coisas você entendeu, e agora nós vamos aproveitar o resto do fim de semana.

–Como? -perguntei um pouco confusa.

–Eu não vim de tão longe para nada. -ele fez uma pausa. - Lena, olha eu não sei como vai ser daqui pra frente, mas eu não vou desistir de você, como é já dose não posso continuar sem você, não importa a distância, você é a única pessoas nesse mundo que pode me fazer feliz.

Sem ter controle lágrimas escorreram pelos meus olhos e ao contrário das outras vezes foi de felicidade.

Desde a primeira vez que Damon me beijou meses atrás depois de chegarmos da casa do Stefan eu soube que ele seria a única pessoa no mundo que eu amaria, apesar de não perceber isso na época.

–Está chorando?-Damon perguntou me virando para ele.

–Damon, eu... Eu fui uma idiota por ter te deixado, por não ter te ouvido, por ter duvidado de você, e mais ainda por ter fugido invés de enfrentar o problema.

–Concordo. -ele disse de eu dei um tapa no ombro dele. Eu estava me sentindo culpada e ele ainda fazia gracinha.

–Eu soube que você estava sofrendo pra caramba.-eu disse rindo, enquanto enxugava algumas lágrimas.

–Soube é? Por quem?

–Kol.

–Lamento dizer, mas esse seu informante estava mal informado. Damon Salvatore não sofre por garotas.

–Oh sim, havia me esquecido disso. -revirei os olhos. - Mas é sério, me disseram que você estava acampando na porta da minha casa.

–Que exagero! Só porque eu passei por lá algumas vezes... Eu mato esse Kol, que belo amigo ele é, o que mais ele disse?

–Nada, não falei muito com ele desde que vim pra cá, quando falo com o pessoal eles evitam falar de você.

Damon ficou em silêncio.

–O que foi?-perguntei.

–Kol foi o único que acreditou em mim, o único que não me julgou antes de ouvir a história toda. -A voz de Damon era baixa e triste eu diria até ressentida.

–Sinto muito. -eu disse. - Por tudo isso.

–Tudo bem, Lena. Eu meio que já me resolvi com eles. Mas me conte como é a vida de universitária?

–Extremamente cansativa. Quem te disse onde eu estava?-perguntei curiosa.

–Jeremy.

Arregalei os olhos.

–Jeremy? Sério?

–Porque parece tão surpresa?

–Eu esperava isso de qualquer um menos dele.

–Como assim? Todo mundo sabia onde você estava menos eu?

–Basicamente.

–Não acredito!- ele disse irritado.

–Eu pedi segredo Damon. - não muito tempo depois que vim para Londres eu havia contado a eles onde eu estava e pedi que não dissessem a ninguém, e com ninguém eu quis dizer Damon.

Ele pensou por alguns segundos antes de responder.

–Não posso cobrar nada deles, eu os ignorei o verão todo...

–Só tem uma coisa boa disso tudo. -conclui.

–E o que seria?

–Estamos juntos de novo.

–Nós nunca nos separamos Elena, meu coração e meus pensamentos estiveram com você esse tempo todo. -Damon disse e me beijou.

Um beijo tão doce, calmo e cheio de amor que fez meu coração derreter, eu sentia tanta falta dos lábios dele nos meus.

Na verdade eu sentia falta de tudo em Damon. O cheiro. O cabelo. Os olhos. O sorriso. A voz. O beijo. O abraço. O carinho. O amor.

E mais que tudo, eu sentia falta do meu melhor amigo.

–Alguma vez eu já te disse que é o namorado-melhor-amigo perfeito?-eu disse sorrindo quando nos afastamos.

Damon riu.

–Não, mas acho que gostei disso. -ele me puxou para mais um beijo.

Nos separamos e ele me aconchegou em seus braços.

–Quando vai embora?-não consegui me impedir de fazer essa pergunta, eu precisava aproveitar o máximo possível esse tempo com ele, porque sabe-se lá Deus quando nos veríamos de novo.

Londres era longe demais para que nos víssemos todo fim de semana, acabaríamos levando nossos pais a falência.

–No domingo à noite. - ele disse beijando o topo da minha cabeça.

–Então temos que aproveitar o máximo possível. - eu disse me levantando do banco rápido demais. -Podemos ir ao parque florestal, os parques daqui são lindos, podemos ir também ao museu e...

–Elena, calma, é quase uma hora da manhã, está tudo fechado. Faremos tudo que quiser amanhã. -ele se levantou e segurou minhas mãos.

Damon tinha razão, estava tarde e não poderíamos fazer nada agora.

Uma lufada de vento se bateu outra vez e eu apertei o casaco contra o corpo, Damon enfiou as mãos nos bolsos e se encolheu.

–Eu te chamaria para entrar se não fosse proibido garotos nos dormitórios. - eu disse.

–Bom acho que eu tenho a solução para o nosso probleminha. -ele disse com aquele sorriso de lado que fazia qualquer uma suspirar e perder o fôlego.

–Pois diga Sr. Salvatore. Qual é a solução?-eu disse me aproximando e o abraçando.

Damon me abraçou de volta e se inclinou para sussurrar em meu ouvido.

–Podemos ir para o hotel.

Meu corpo todo se arrepiou quando ouvi a voz rouca, baixa e sexy.

Soltei um riso baixo e disse:

–Volto logo. Tenho que pegar algumas coisas antes de irmos.

Damon me beijou e então eu corri na direção do prédio que ficava o dormitório feminino.

Subi as escadas rapidamente e entrei na última porta do corredor.

Ellen estava sentada na cama com o notebook no colo e usava seus óculos de leitura, ela apenas levantou os olhos para mim enquanto eu enfiava umas peças de roupa na bolsa, peguei também meu All Star.

–Ei, ei. O que é isso? Está fugindo?

Soltei uma gargalhada.

–Não. Estou de volta amanhã... Ou não.

–Ou não?-ela perguntou confusa.

–Meu namorado que não vejo há três meses está na cidade, tenho que aproveitar não acha?

–Mas é claro!-ela disse rindo.

Fui até o banheiro e peguei minha escova de dente e de cabelo.

Dei um beijo no rosto dela antes de ir em direção a porta.

–Te vejo no domingo. -eu disse fechando a porta.

–Juízo!-ela gritou quando eu já estava no corredor.

Damon e eu pegamos um táxi na porta do campus e fomos para o hotel que Damon estava hospedado.

Não era nada muito luxuoso, mas era perfeito, me joguei na cama assim que entrei, retirei minhas botas com os pés e Damon se deitou ao meu lado.

Me aconcheguei no peito dele e ele começou a fazer carinho nos meus cabelos.

–Senti sua falta. - ele disse. - Tanta, que só meu computador sabe quantas milhões de vezes chequei seu perfil no facebook.

Fiz uma careta e ri.

–Sério? Andou me stalkeando esses três meses?

–Eu não diria stalkear, mas sim.

–Você não ligou mais. -eu disse.

–Jeremy deixou bem claro para não voltar a ligar.

–E desde quando Damon Salvatore obedece a ordens?

–Eu sabia que você estava chateada e não quis pressionar, pensei que você fosse voltar logo de viagem aí poderíamos conversar, mas depois de um mês eu tinha certeza que você só voltaria quando as aulas começassem, quando passei pela sua casa no caminho da escola vi Jeremy sozinho, mas ainda assim eu tive esperanças que você chegasse a qualquer momento até Jeremy me contar que não voltaria.

Meu celular tocou e fiquei meio confusa quando o peguei na bolsa e vi o nome.

–Quem é? - Damon perguntou.

–Sua mãe... Porque ela me ligaria?

–Ah... - ele começou a dizer, mas eu parei de ouvir e atendi.

–Alô?

–Elena, querida, que bom que atendeu.

Damon fez sinal para que eu desligasse, mas eu ignorei.

–Aconteceu alguma coisa Lin?

–Damon fugiu de casa, ele está aí?

Arregalei os olhos e olhei para ele que deu de ombros.

–Esta sim.

–Pode passar para ele, por favor?–ela pediu.

–Claro. - eu disse entregando o celular para ele.

Damon pôs no viva-voz e disse com a maior inocência:

–Oi mãe.

–Oi? Damon, eu vou te esganar! Quer me matar de preocupação menino? Como você foge assim?–ela falava rápido e alto.

–Mãe, calma, eu estou bem.

–Eu quero que venha imediatamente para casa!

–Não posso mãe.

–Não pode? Como não pode?

–Não posso mudar a data da passagem, só vou embora no domingo.

–Damon Salvatore!– ela gritou e depois suspirou voltando a voz ao normal. - Ficará de castigo pelo resto da sua vida quando chegar.

–Desculpa mãe, mas vocês não queriam me deixar vir.

–Claro! Você não queria que simplesmente deixássemos que você viajasse assim no meio das aulas, não é?

–Eu precisava ver Elena, mãe.

Droga! Damon fugiu para vir até aqui, Lin deve estar me odiando.

Outro suspiro, mais longo dessa vez.

–Certo Damon.–ela disse. - Seu pai quer falar com você.

–Nunca mais faça isso, Damon.– ele disse e Damon sorriu. -Ficamos tão preocupados.– a voz dele ficou mais baixa como um sussurro. - Estou orgulhoso, teria feito o mesmo.

–Eu ouvi isso.– a voz de Lin saiu baixa e bem ao fundo.

–O que querida? Eu não disse nada.– ele se defendeu.

Olhei para Damon que ria.

–Pode deixar pai, não vou mais fugir.

–Certo, nos vemos quando voltar. Sua mãe mandou dizer que está muito brava mas te ama.

–Diz que eu também amo ela.

Enquanto Damon se despedia do pai e da mãe, fiquei pensando no grande problema que Damon arrumou por ter vindo até aqui.

Eu estava sentada na beira da cama e senti o colchão balançar quando Damon se aproximou e me abraçou por trás.

–O que foi?-ele perguntou beijando meu pescoço.

–Você fugiu par vir até aqui. - eu disse baixo.

–Porque eu te amo. - ele me virou para ele.

–Ah Damon, olha só no problema que você se meteu por minha causa.

–Problema?- Ele arqueou a sobrancelha. - Sabe com minha mãe é, até eu voltar ela já se esqueceu.

Ele tinha razão.

–Mas mesmo assim Damon. - eu disse.

–Porque não esquecemos tudo isso e apenas aproveitamos nosso tempo juntos?- ele disse me beijando.

Fiquei de joelhos na cama e minhas mãos deslizaram para as costas de Damon, ele se inclinou sobre mim me fazendo deite e continuou a me beijar.

O beijo era diferente de mais cedo, era intenso e cheio de desejo, nós precisávamos um do outro.

As mãos de Damon se encaixaram as minhas enquanto ele descia os beijos para meu pescoço.

–Nunca mais me deixe Elena. -ele sussurrou próximo ao meu ouvido.

–Nunca. - eu disse o fazendo olhar nos meus olhos, e o beijei como nunca antes.