Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 26
Semana de provas


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todas as meninas que estão comentando ♥



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A festa daquela noite acabou um pouco antes do amanhecer. Melina e seus amigos foram um dos últimos a saírem. Verônica e Jonathan seguirem diretamente para a viagem que haviam marcado no litoral do país, ambos exaustos mas esperançosos.

Thomaz foi carregado para fora do salão até sua casa por alguns amigos e Rebeca, que ficou amiguíssima de Marcela o acompanhou. Em casa ele foi recebido por sua mãe, preocupada com sua demora, o carregou até o chuveiro e deu-lhe uma ducha fria. Há muito tempo Thomaz não dava tanto trabalho, agindo como um adolescente inconsequente. Monica agradeceu a Rebeca e a dispensou.

— Eu sabia que mamãe agiria como se isso fosse normal – Tina falava ao telefone com Carlos, seu namorado. Os dois eram grandes amigos. Tina observou aquela cena deplorável de seu irmão mais velho dando vexame. — Se fosse eu, ela iria surtar.

Melina aproveitou o domingo para dormir até mais tarde e descansar. Estava exausta pelo cansaço da festa.

Minutos antes de apagar em um sono profundo, ela se recordou dos últimos minutos, quando muitos dos convidados já tinham ido embora. Ela, que já se sentia melhor depois do quase beijo com Henrique que a abalara por completo; levantou-se disposta e convidou Nicolas para dançar.

Nicolas não sabia dançar, ele admitiu desde o principio. Mas Melina insistiu. Iria ensina-lo a dançar aquela noite a todo custo. Os primeiros passos foram desastrosos. Niolas não levava jeito para a coisa. Custou a Melina muita paciência e uma lista grande de musicas até ele acertar alguns dos passos básicos que ela o ensinara.

Por fim, eles deram muitas risadas.

Àquela altura, enquanto ela se distraia com Nicolas na pista de dança, Melina não viu mais Henrique. Ele desaparecera por completo, tanto ele quanto Ariela. Teriam saído juntos? Não importava. Tudo que Melina queria era esquecer aquela cena patética do quase beijo. Por mais difícil que fosse.

Melina acordou depois do meio-dia. Daniele não estava em sua cama, a casa estava por silenciosa por completo. Nenhum sinal de Marcela e nem de Ariela. Melina e Bel estavam sozinhas.

Ela preparou o café da manhã, depois deu uma cochilada no sofá, pois estava com uma forte enxaqueca, em seguida, aproveitando ainda a ausência das meninas, ela enfiou-se no quarto e estudou para a semana de provas que se iniciariam na segunda-feira.

A primeira prova, Melina tinha quase certeza de que se saiu bem, além de ter fixado o conteúdo, no momento da resolução ela conseguiu responder a grande maioria dos exercícios.

A semana de provas funcionaria de maneira diferente de uma semana normal de aula. Os alunos só teriam que ir a faculdade para realizar a prova, não teria aulas naquela semana. Cada aluno teria que escolhe o melhor período para realizar sua prova.

Como Melina havia terminado sua prova um bom tempo antes do tempo máximo de duração, foi direto para a loja. Trabalharia um maior período, para sair mais cedo para estudar em casa. Um acordo que Renato tinha proporcionado a ela e Nicolas.

— O Nicolas ainda não chegou? – Melina perguntou preocupada, a dona Isabel que limpava a bancada.

Melina colocava seu avental de trabalho.

— Ainda não querida. – a senhora respondeu sem tirar os olhos do seu trabalho.

Melina foi em busca de uma vassoura, já que não havia movimento na loja naquele momento.

Nicolas chegou meia hora depois.

— Como foi à prova? – Melina se aproximou. Já tinha limpado todo o chão da loja e colocara o lixo dentro de um saco.

— Melhor do que imaginava. Me saí muito bem, eu acredito. – ele sorria. — E pra você?

— Pra mim também, foi fácil. Mas porque demorou tanto? – Melina não resistiu a pergunta. Já tinha suas suspeitas do por que.

— Esperei Analu, combinado de tomar um sorvete depois. – ele parecia radiante. — Estamos no dando bem.

Já era o que Melina esperava. Não sabia se isso era um bom sinal ou não. Sem mais palavras, ela voltou ao trabalho. Um cliente, um senhorzinho, entrou na loja e ela foi atender.

Melina saiu às cinco. Mal falou com Nicolas durante toda à tarde, cada qual ficou de um lado, fazendo seu trabalho. Ela sabia que alguma coisa havia mudado. Algo estava muito estranho.

— Foi muito bom você ter ligado Thom, eu estava mesmo precisando falar com alguém. – Melina endireitou-se sobre a cama.

Os dois conversaram durante vinte minutos.

Melina pegou os livros e as anotações em suas folhas de fichário e se pôs a estudar para mais um dia de prova.

Daniele estava ao lado, devorando um saco de salgadinho, também tentando estudar. Ela se queixou de algo e correu para o banheiro vomitar.

Os enjoos da gravidez. Se ela não estivesse fazendo seus exames pré-natais, Melina ficaria preocupada. Mas já estava se acostumando com a frequência dos vômitos.

Daniele voltou alguns minutos depois, sorrindo e secando a boca molhada com as costas da mão.

— Eu estou bem. – ela admitiu. Melina sabia que sim e retribuiu o sorriso, aliviada.

As duas estudaram em silêncio até o anoitecer. Daniele se juntou a Ariela que estava tendo algumas complicações na cozinha ao preparar o jantar. Marcela assistia à televisão, esparramado no sofá.

Enquanto esperou o jantar, Melina colocou ração para Bel, que parecia faminta e estava muito agitada. Mas a cachorrinha não se acalmou com a ração, então Melina deduziu que ela precisava sair para urinar. Melina pegou a coleira.

As duas deram uma volta pelo quarteirão.

A jovem pensou em ir até a casa de Nicolas que não era muito longe dali, pois queria concertar aquela situação um tanto estranha entre eles, que supostamente Nicolas não percebeu, mas Melina sabia que algo de muito estranho estava entre eles e isso não lhe agrada.

De muito longe, já bem próxima ao sobrado onde Nicolas reside, Melina conseguiu ver que ele já estava bem acompanhado aquela noite. Analu e Nicolas conversavam animadoramente. Melina deu meia volta e voltou ao apartamento com Bel, com a cena na sua cabeça.

Durante o jantar não conseguiu pensar em outra coisa.

No outro dia, ela fez a prova. Essa um tanto mais complicada que primeira. Mas não houve muitas dificuldades.

O dia estava nublado, antes de ir até a loja Melina passou em uma lanchonete e comeu algo.

Ela e Nicolas chegaram ao mesmo tempo.

— Ontem à noite eu vi você – ele comentou. Com os olhos claros cintilando. — Estava com Bel. Porque não foi até lá em casa?

— Não quis atrapalhar – ela deu de ombros, pegando seu avental. — Vi que você já estava bem acompanhado.

Melina forçou um sorriso e foi em direção a um cliente que já estava há um bom tempo ali, parecendo precisar de ajuda.

Eu não posso estar com ciúmes do meu próprio amigo, Melina pensava ao voltar para casa ao cair da noite. Não me parece justo.


~*~


Tina estava sentada em dos sofás de sua sala com o notebook sobre o colo e o aparelho de telefone no ouvido. Ela falava com Carlos, seu namorado. Por mais que seus pais não o aceitassem, o sentimento que ela tem por ele era forte e verdadeiro e isso ninguém arrancaria dela.

O apartamento estava silencioso. Seus pais foram jantar fora e boa parte dos empregados já tinham ido embora aquela noite.

Alguém abria a porta pelo outro lado. Em outra ocasião Tina teria medo de ser um assalto, por exemplo. Mas a segurança do condomínio sempre foi muito reforçada. Poderia ser seus pais ou Thomaz que nunca tinha hora pra chegar em casa. Alguns dias chegava tarde da noite e outros chegava mais cedo, para alegria de sua mãe. Monica que tem uma adoração especial pelo filho mais velho.

— Amor, eu preciso desligar. – Tina disse ao telefone. — Alguém está chegando... Não quero complicações. – Carlos se despediu. — Tenha uma boa noite. Te espero amanhã na escola. Amo você.

Tina deixou o telefone de lado e voltou sua atenção para a tela do seu computador, onde conversava com algumas amigas em sua principal rede social.

Thomaz entrou sorridente deixando a chaves no porta volume ao lado da porta. Uma morena alta de cabelos negros cacheados entrou com ele, um pouco mais atrás, também sorrindo. Tina observou aquela cena sentindo um cheirinho de coisa errada.

Os dois pareciam muito íntimos. Ela nunca tinha visto aquela morena ali, em sua casa, mas a viu uma vez, na festa do noivado da mãe de Melina. A mesma jovem que não desgrudou do seu irmão durante toda aquela noite. Agora estava ali. Nem se quer a cumprimentou.

Os dois passaram direito trocando conversinhas indecifráveis e rindo sem parar. Ambos subiram as escadas, supostamente em direção ao quarto de Thomaz.

Isso é muito suspeito.

Tina cuidadosamente deixou o notebook de lado e esperou ouvir o barulho da porta do quarto de Thomaz sendo fechada até resolver agir e descobrir o que tanto lhe incomodava naquela cena dos dois juntos, tanto por respeito á Melina, sua cunhada, e para matar sua curiosidade.

Ela subiu as escadas vagarosamente.

Tina tomou todos os cuidados para não fazer barulho e não se vista ali, tentando escutar algo através da porta.


~*~

Melina não conseguia fixar aquele conteúdo, da prova do dia seguinte, de maneira alguma. Era uma das matérias que ela mais sentia dificuldade. Precisava de ajuda. E só quem poderia ajuda-la seria Nicolas, mas ela sentia-se pouco a vontade de perturbá-lo com suas tantas duvidas. E se caso ele estivesse com Analu?

Ela teria que arriscar.

Pegou suas anotações, um casaco, seu celular e a chaves de casa. Melina foi em direção a casa de Nicolas.

Melina tocou a campainha e quem foi atendê-la foi Juliana, que voltou às pressas para os braços de Renato. Os dois estavam no sofá assistindo algum jogo de futebol com pipocas e cerveja.

— Tio Renato – Melina deu um passo à frente. Receoso. De repente sentiu-se uma estranha naquela casa. — Nicolas está? Eu posso subir?

— Claro Melina! Não precisava nem perguntar. – tanto ele, quanto Juliana sorria. — Você é como se fosse de casa.

Melina foi em direção à escada.

— Renato – Juliana olhou para ele intrigada. — Nicolas não está no quarto com outra garota?

Renato arqueou as sobrancelhas. Havia se esquecido desse detalhe. Nicolas já estava acompanhado.

Melina nem bateu na porta do quarto, que já estava entreaberta, ouvi a voz de Nicolas vindo de dentro do cômodo.

Ficou surpresa quando se deparou com Nicolas sentado a escrivaninha, ao seu lado estava Analu em outra cadeira. Eles reparavam oralmente o conteúdo fixado da matéria estudada. Nenhuns dos dois viram que Melina estava ali, parada, diante da porta.

Foi como levar um choque. Melina se afastou, antes de ser vista, não queria passar vexame. Sentiu-se uma intrusa. Eles mereciam ficar sozinhos, mais a vontade. Não foi exatamente isso que ela desejou ao tentar unir Nicolas com Analu? Melina correu até a escada.

Nicolas ouviu o barulho de passos rápido. Ele e Analu calaram-se e se entreolharam curiosos. Nicolas decidiu dar uma olhada, verificar se poderia ser seu pai ou Juliana.

Viu por reflexos pontas de cabelos escuros já descendo as escadas. Não poderia ser Juliana, já que ela é loira e muito menos seu pai que tem cabelos curtíssimos.

Melina?

Nicolas correu para ver.

— Melina! Ei, espere! – no alto da escada ele gritou por ela, que já saia rapidamente pela porta principal.

Renato e Juliana não entendiam o que estava acontecendo ali.

— Melina! Volte já – Nicolas desceu as escadas apressadamente, na intensão de chegar o quanto antes do lado de fora de sua cara, onde viu Melina correndo pela calçada em direção ao seu apartamento.

Ele não poderia ir atrás dela, por mais vontade que tivesse. Analu estava sozinha em seu quarto, a sua espera.

Porque Melina correu daquele jeito? Parecia um animal ferido correndo de predador. O que será que ela tinha visto que tanto a incomodou?

Nicolas sentiu-se fortemente culpado.


~*~


Tina esperou ouvir qualquer coisa suspeita. Mas ficou um bom tempo ouvindo apenas risadas, o que não deixava de ser suspeito, mas eles poderiam estar simplesmente se divertindo com algo que ela não poderia deduzir o que seria.

Estou ficando maluca.

Tina pensou em desistir. Ela pensou em voltar para a sala e deixar eles em paz. Não era certo o que ela estava fazendo, além de suspeitar do próprio irmão, ela ouvia coisas por de trás da porta. O que não era nada bonito. Sua mãe não gostaria em nada de sua atitude infantil.

Tina deu meia volta, mas então parou onde estava, pensou em ter ouvido coisas demais vindo de lá de dentro, até se repetir e ela ter certeza de que não estava delirando.

— Por favor Rebeca, pare. – Thomaz pedia. A voz dele era vacilante. Como se estivesse amedrontado. — Eu amo Melina, ela é tudo na minha vida. – Rebeca falava algo muito baixo. — Pare! Você sabe que somos apenas amigos.

Os dois ficaram em silencio por um bom tempo.

Tina saiu dali o mais rápido que pôde, antes que fosse flagrada. O pedido de seu irmão para a tal Rebeca martelava em sua mente fazendo barulhos altos, amedrontadores.

Tina voltou para o sofá. Tendo em mente muitas perguntas e duvidas. Ela deveria contar a Melina o que ouviu? Mas não tinha certeza do porque Thomaz estar pedindo aquilo a Rebeca. Ela deveria simplesmente ignorar o pedido de Thomaz? Pois foi muito feio da sua parte espionar. Comentar algo com sua mãe do que ouvira? Ou alertar Thomaz que ele estava correndo um grande perigo ao estar muito próximo daquela morena que Tina não gostava nenhum pouco? Pois ele poderia acabar prejudicando seu namoro.

Era uma decisão muito importante a tomar. Ou simplesmente agir como se nada tivesse acontecido.

Os pais de Tina chegaram em casa pegando-a de surpresa.

— Veja Tina. Venha ver! – Monica estava animada. — Olha só o que eu comprei pra você querida.



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Notas finais do capítulo

E ai, o que você faria caso estivesse no lugar da Tina? Comente!



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