Narrado por Bella

Eu não estava preparada para a reação de Carlisle, ele que era sempre muito calmo, estava agora transtornado. Tinha se levantado e numa fúria contida começou a vestir-se.

-Carl fale comigo - implorei.

-O que você quer que eu diga?- ele quase gemeu - Porque Bella? Apenas me diga porque. Você não precisa disso!

-É só um trabalho Carlisle - falei num tom conciliador.

Ele riu amargo.

-Só um trabalho... - ele refletiu sarcástico - e quanto você cobra por cada programa?

Numa reação extrema de indignação dei um tapa certeiro em seu rosto que fez minha mão latejar.

-Eu não sou uma prostituta - gritei magoada - sou uma dançarina! Como pode pensar isso Carlisle? E mesmo que fosse, não acha que deveria me amar de qualquer forma, que deveria respeitar minhas escolhas?

Ele me encarava bravo, a mão no rosto, onde era visível a vermelhidão causada pelo tapa. Por um segundo vi a dúvida e a hesitação em seus olhos. Por fim ele disse:

-Não tenho condição de conversar agora. Vou dar uma volta. Mais tarde,  quando estivermos mais calmos, conversamos.

E saiu batendo a porta numa reação nada típica dele.

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Depois de explicar toda a situação a Esme, que tinha visto Carlisle deixar a casa como um furacão, depois de cumprimentá-la educadamente enquanto passava pela sala, passei a tarde chorando no quarto. Só quando Alice apareceu vestida ainda com a roupa da noite anterior e uma cara de quem tinha visto passarinho verde, foi que me permiti sair um pouco da depressão que se abatera sobre mim.

- Bellaaaa - ela cantarolou entrando no quarto sem bater - me contaaaa, e aí, pegou o meu Chefão de jeito?

Eu assoei o nariz pela centésima vez aquela tarde e ela fez cara de nojo, só então percebendo meu estado lastimável. Depressa sentou-se a meu lado.

-O que aconteceu amiga, foi meu patrão que deixou você assim?

Eu neguei, não querendo admitir que ele tivesse uma participaçãozinha sim, na minha recente depressão. Depois de contar tudo a ela, menos sobre o beijo com Edward, já me sentia melhor.

-Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde Bella, até que demorou muito. Acha que Carlisle vai voltar?

-Não sei Alice, ele disse que sim. Ah, não quero continuar falando sobre este assunto. Diga-me, onde você estava?

-Ai Bella - ela suspirou sorrindo de orelha a orelha - não pode imaginar?

-Não! - falei incrédula entendo tudo - Você e Jasper....

-Sim, sim, sim!!! - ela confirmou feliz - E foi tudo muito melhor do que podia imaginar!

E enquanto ela discorria me contando as proezas sexuais de Jasper e o quanto estava impressionada e encantada com ele, eu consegui rir e esquecer um pouco minha infelicidade.

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Às nove da noite, Carlisle ainda não havia dado sinal de vida, eu ligava no celular e só caía na caixa postal, então estava realmente preocupada. Eu precisava ir para o bar e não tendo outra opção resolvi mandar uma mensagem. Dei o endereço do bar e pedi a ele para ir até lá, quem sabe assim ele poderia ver com seus próprios olhos que o que eu fazia não era assim tão condenável. Sem outra opção fui trabalhar.

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Narrado por Edward


 Quando acordei já passava da hora do almoço e depois de um lanche rápido decidi ir ao hospital para ver Eleazar.  Estava decidido a reverter aquela situação assim que ele recebesse alta. O episódio com Bella fora o suficiente para fazer-me enxergar que precisava me libertar daquele casamento.

Lá chegando encontrei o médico conversando com Tanya do lado de fora do quarto, em silêncio me aproximei.

-Ah Edward, que bom que chegou - Tanya falou como se estivesse tudo bem entre nós - papai não está bem - completou tensa.

-Como assim, ele não estava fora de perigo? - perguntei ao médico sem nem ao menos olhá-la.

-Sim, mas o senhor Eleazar, apesar dos resultados positivos dos exames do coração, está muito desanimado e apático.  Vamos observá-lo mais um pouco, mas a mim, parece que está desenvolvendo um quadro de depressão.

-Depressão? - fuzilei Tanya com os olhos - É bem possível doutor, ele teve uma grande decepção antes de enfartar.

Vendo Tanya me olhar de forma rancorosa o médico apressou-se em dizer.

-Então, se amanhã ele continuar apático e sem querer se alimentar, prescreverei um antidepressivo, mas é claro que vocês terão que evitar dar-lhe mais desgostos.

E assim dizendo saiu, nos deixando com nosso drama pessoal.

Conversei um pouco com Eleazar que me pareceu realmente debilitado. A angústia tomou conta de mim, aquele não era o momento adequado para tocar novamente no assunto da separação. Desanimado, depois de um tempo me despedi.

-Edward, será que poderia me dar uma carona até em casa - pediu Tanya - preciso tomar um banho e também ver como anda tudo por lá.

Suspirei resignado. Eu estava ignorando-a deliberadamente, mas diante das atuais circunstâncias teríamos que pelo menos nos tratar civilizadamente.

-Tudo bem Tanya, espero você lá embaixo. Tchau pai, amanhã eu volto.

Já dentro do carro seguíamos em silêncio, quando Tanya descaradamente colocou a mão sobre minha coxa acariciando-me.

-O que pensa que está fazendo? - reclamei tenso.

-Ah Ed, eu precisava ficar sozinha com você. Eu te amo e sei que você ainda me ama. Não pode perdoar o único erro que cometi nesses anos todos? - ela falou dengosa.

Entrei na garagem da casa e assim que estacionei a encarei.

-Único erro? Por Deus Tanya, você vem cometendo erros há muito tempo! - falei exasperado - Sua traíção foi apenas a última gota. Entenda de uma vez por todas. Acabou. Assim que Eleazar estiver melhor vamos nos divorciar e que se dane se for um escândalo!

Ela empalideceu e pude ver seus olhos marejados. Mas, Tanya era orgulhosa e falou entre os dentes.

- Escute o que estou dizendo Edward, você ainda vai me implorar para ficar!

E entrou na casa feito um furacão. Tanya, eu sabia, a partir de agora ia fazer da minha vida um inferno. Era mimada demais para aceitar que as coisas não eram mais do seu jeito. Decidido, dei marcha ré. Ia arrumar um apartamento para alugar e ficar o mais longe possível dela. Mas por enquanto iria para a Denali's, lá na sala contígua à minha, eu tinha roupas, um banheiro onde poderia tomar banho e um sofá confortável que me serviria de cama. Meu celular tocou.

-E aí Edward - falou Jasper animado do outro lado - irei novamente no bar mais tarde, está a fim de ir?

Hesitei por um momento pensando em Isabella. Como ela reagiria à minha presença? Deixaria que me explicasse ou me rejeitaria? Apesar de meus temores, a vontade de vê-la mais uma vez, venceu.

-Te encontro lá Jasper.