Amor e Guerra escrita por Daniel Guimarães, Amanda Ribeiro


Capítulo 7
Visões




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/384398/chapter/7

Eu ainda estava chocado com o que acabará de ouvir de minha amada. Seria aquilo possível? Eu seria realmente morto pelas mãos de minha amada? Aquilo não poderia acontecer, algo devia ser feito. Voltei-me para Amanda e colocando a mão em seu queixo, levantei sua cabeça para que olhasse em meus olhos, enxuguei as lágrimas que escorriam, como duas torrentes, de ambos os olhos e dando-lhe um beijo leve na testa, pedi que se acalmasse e me contasse com mais detalhes o que havia visto. Após tomar um copo d’água com açúcar que estava do lado de sua cama, ela começou a falar:

– Bom, nós estávamos em Portugal, eu lutava a seu lado na guerra. Nós havíamos derrotado vários dos homens de Bertazzo com a ajuda de seus servos. Os poucos capangas que restavam, ficaram a cargo de Miguel e seus homens, enquanto nós fomos confrontar Bertazzo. – ela parou para tomar mais um gole de água e continuou a falar – Eu estava em minha forma de vampira e empunhava uma espada em cada mão e lutávamos bravamente contra aquele maldito demônio, até que ele lançou uma magia sobre mim e minhas roupas foram substituídas por uma capa, coturno e uma roupa justa e minhas espadas caíram no chão e eu empunhei uma espada de prata que surgiu magicamente em minha mão. Aquele poder parecia me dominar de certa maneira, que avancei com uma velocidade e uma raiva tão grande para cima de ti, com uma única intenção... te matar. E foi o que aconteceu quando minha espada penetrou seu coração. – ela fez outra pausa e quase chorando novamente, disse – Quando Bertazzo me libertou daquele feitiço, eu apenas chorava ao ver você morto em minhas mãos.

Ela mais uma vez não se aguentou e caiu com o rosto em meu peito chorando mais que um bebê recém-nascido. Eu pensava em uma maneira de mudar aquilo. Eu não poderia deixar que aquilo acontecesse, jamais poderia ser morto pela pessoa que mais amo nesse mundo ou deixar que um demônio como Bertazzo coloca-se suas mão imundas nela! Fiquei por mais alguns minutos ali para acalmá-la e quando vi que ela enfim havia parado de chorar, ergui mais uma vez seu rosto para que me olhasse e lhe disse:

– Custe o que custar, iremos mudar esse futuro! Você verá minha querida! – dando-lhe um beijo leve na testa, acrescentei – Agora se deite e descanse um pouco, você está precisando, meu amor.

Soltei-a de meus braços e com leveza, pousei sua cabeça no travesseiro na cama e levantei-me. Antes de sair, a cobri com o lençol que estava sobre a cama e depositei mais um beijo suave, desta vez seu rosto e me dirigi até uma outra sala para discutir com meus servos o que deveria ser feito.

A sala onde todos estavam reunidos era uma espécie de salão, onde havia uma lareira em uma das paredes, tinha vários quadros dispostos nas outras paredes e várias poltronas, mais especificamente oito, dispostas ao redor de uma mesa onde estavam vários papéis com anotações de nossas perdas durante a guerra, estratégias de guerra das mais diversas e vários mapas, tudo espalhado por toda a mesa. Sentei-me na poltrona que ficava em uma das extremidades da mesa e todos se acomodaram de forma mais confortável e colocaram toda sua atenção sobre mim, parando as conversas paralelas que tinham antes de eu chegar.

– Como está Amanda, meu senhor? – perguntou-me Amélia.

– Ela está sim, Amélia, minha cara. Ela só precisa de um pouco de descanso no momento.

– Bom, meu mestre, se não for inconveniente ao senhor, poderia nos contar qual a situação atual? – perguntou-me Victor.

Assenti com a cabeça e contei-lhes tudo o que havia acontecido até então, desde meu sequestro até a visão que Amanda havia tido. Todos ficaram em silêncio após ouvirem minhas palavras e decidi dar-lhes um tempo para que assimilassem tudo. Decidi começar a pedir opiniões para nossas futuras estratégias, mas fui interrompido por Agamenon.

– Meu senhor, gostaria de sugerir que o senhor fingisse se entregar a Bertazzo para tirar sua atenção de nós e atacarmos seu exército de surpresa, enquanto eles acham que nos venceram.

– Você está louco Agamenon?! – esbravejou Miguel, levantando-se e batendo a palma da mão na mesa – Jamais permitirei que nosso rei se arrisque de tal maneira!

– Acalme-se Miguel. A ideia dele pode funcionar, mas acho que deveríamos pensar em algo menos arriscado para nosso rei. – disse Olavo.

Nesse momento, todos foram interrompidos por um dos assistentes de Aldebaram que entrara desesperado na sala onde estávamos reunidos. Ele estava todo ferido e caiu aos pés do curandeiro após dar alguns passos salão adentro.

– O que houve Carlos?! Por que está tão ferido? – disse Aldebaram ajoelhando-se para se aproximar do homem semimorto – Será possível que os homens de Bertazzo encontraram esse lugar?!

– Não, meu chefe, não foram eles! Foi Amanda, está acontecendo algo com ela, acho que está tendo mais visões! – Carlos desmaiara após completar sua frase.

Saí correndo desesperado ao encontro de minha amada e meus servos vieram logo atrás de mim. Quando lá cheguei, a vi se debatendo na cama com alguns curandeiros tentando segurá-la. Ela parecia tomada por um poder muito forte, seus olhos estavam abertos, mas não eram daquele castanho lindo que eu estava acostumado a ver, eles agora eram vermelhos. De suas costas haviam surgido duas asas negras, muito parecidas com as de um anjo-demônio e ela falava, com uma voz totalmente alterada, uma voz grave, totalmente diferente daquela doce e delicada voz que eu conhecia.

– O Rei... de Portugal... deve morrer!!

Fiquei espantado com o que estava vendo. Por que com minha querida Amanda? Por quê?! Ela me avistou e com uma terrível onda de choque derrubou todos os curandeiros a sua volta e vinha voando, com suas terríveis asas negras, em minha direção, empunhando a típica espada de prata. Eu não conseguia me mexer, estava perdido em meus pensamentos. Um clarão branco surgiu a minha frente, o que me jogou um pouco para trás e me fez acordar de meus pensamentos. Miguel estava a minha frente e havia segurado o golpe de Amanda com seu gigantesco escudo. Ela tentava atravessá-lo com sua espada, mas ele era impenetrável.

– O senhor está bem, meu rei? – gritou Miguel para mim, desesperado.

– Estou. Muito obrigado mais uma vez Miguel, estou te devendo mais essa! – disse, vendo em seu rosto, a satisfação por estar me protegendo.

Todos meus servos já haviam se posicionado para a batalha e começado a concentrar seus poderes para deter Amanda, mas eu os detive, parando-os com um movimento de mão. Agora eu sabia o que fazer, era o momento de utilizar aquilo que meu pai havia me ensinado, era a hora certa para aquilo.

Pedi a Afonso que utiliza-se seu poder de invocador para chamar algum monstro místico capaz de imobilizar minha amada, sem machuca-la ou faze-la desmaiar. Ele imediatamente invocou um filhote de orc e ordenou que segurasse Amanda sem machuca-la. O orc envolveu seus poderosos braços segurando os da alterada Amanda. Eu então pedi a Miguel que me liberasse o caminho para que eu resolvesse aquilo.

Aos poucos fui me aproximando de Amanda, com movimentos tranquilos, sem demonstrar medo ou qualquer outra emoção, e desviando de alguns ataques que ela eventualmente conseguia executar sobre mim. Alguns destes ataques, acertando de leve meu rosto e meus braços, o que fez meus servos tentarem se aproximar de mim, mas com apenas um olhar para trás, eles recuaram e me deixaram continuar o que estava fazendo. Finalmente alcancei Amanda e consegui abraça-la. Ordenei que Afonso liberasse o orc. Ele o fez e assim que ela tentou cravar sua espada em minhas costas, sussurrei algumas palavras em seu ouvido e ela ficou imobilizada e após alguns segundos, voltou a sua aparência de antes e caiu sobre meus braços, adormecida.

Minha amada estava aos poucos sendo dominada pelo espirito maligno da rainha de Bertazzo, algo precisava ser feito antes que ele se desse conta disso, mas o que nenhum de nós ali sabia, era que aquele desgraçado já havia percebido a volta de sua rainha e começara a agir...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor e Guerra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.