Amor e Guerra escrita por Daniel Guimarães, Amanda Ribeiro


Capítulo 8
Afastando Demônios




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Quando Amanda despertou já amanhecia, ela estava mais branca do que um vampiro é. Ordenei para que Aldebaram trouxesse um pouco de sangue para ela. Quando ele voltou trazendo o sangue, peguei da mão dele e coloquei na boca de Amanda, ela parecia não querer beber o sangue, pois eu colocava dentro de sua boca e não engolia. Seus olhos voltaram a abrir só que vermelhos, iguais a noite passada. Ao me ver foi possuída por aquele espirito da Rainha de Bertazzo, eu me afastei logo que a vi mudando de forma. Aldebaram se colocou a minha frente impedindo que Amanda me ferisse com aquela espada de prata e após utilizar uma de suas mais fortes magias, conseguiu imobiliza-la.

Miguel adentrou o quarto.

– Meu rei, Bertazzo descobriu onde estamos!! – disse ele ofegante, parecendo que tinha corrido Portugal inteira.

– Trate de chamar todos! Vamos decidir agora o que faremos. Bertazzo não pode descobrir que Amanda está se tornando a reencarnação da Rainha.

Em questão de minutos todos os meus servos estavam reunidos em volta da mesa de reunião. Todos estavam com semblantes preocupados, eles queriam proteger tanto a mim quanto a Amanda.

– Pensei bem sobre a ideia de Agamenon e aceito fingir que me entregarei a aquele maldito.

– Mas meu rei, se o senhor fizer isso corre o risco de ficar prisioneiro dele. - Miguel disse com um tom preocupado.

– Não me importo com as consequências, Miguel. Nada é mais importante nessa vida do que a Amanda, eu quero que ela saia viva nessa história, se eu virar prisioneiro do renegado ou for morto, pelo menos viverei lutando para que ele não a encontre.

Já estava desesperado com tudo aquilo, só o que queria era resolver tudo logo e ter Amanda novamente em meus braços, aquela mulher que eu sempre quis próxima a mim.

Perguntei a Miguel onde tinha visto Bertazzo, e ele disse que estava na entrada do esconderijo. Sem pensar mais, peguei minha espada e fui ao encontro daquele maldito. Eu podia usar o meu poder de teletransporte, mas resolvi guardar minhas energias para o combate. Andei por alguns minutos e chegando a porta de entrada, já podia sentir aquele cheiro pútrido que o renegado exalava.

Sem esperar nem mais um minuto, abri a porta e dei de cara com Bertazzo. Ele trajava uma armadura que lhe permitia que suas asas se movimentassem e empunhava uma espada, assim como eu.

– Ora, ora, olha quem encontrarmos aqui, meus amigos. – disse ele com tom de zombaria para seus capangas.

– Cale a sua boca, Bertazzo!! Nós ainda temos contas a resolver e essa será a ultima, nessa saberemos quem fica desse lado e quem vai para o outro.

– Então resolveremos isso na praça central, quero que todos os seus amados te vejam morrer em minhas mãos, principalmente a Amanda. Por falar nisso, eu sei que ela está reencarnando a minha Rainha, eu sinto o seu poder. Pensando bem, ela que vai te matar, quero ver sua angústia ao ser morto pela mulher que ama.

Eu nada respondi, pois já sabia que aquele final poderia vir a acontecer. Mas faria de tudo para que não acontecesse. Apenas segui Bertazzo e seus capangas, sempre com a mão na bainha. Chegando a praça central eu e Bertazzo ficamos um em cada lado dela. Ele começou a gritar.

– VENHA POVO DE PORTUGAL, VENHA VER SEU MÍSERO REI MORRER!

Todos a volta olharam assustados e foram obrigados a permanecer ali a não ser que quisessem perder suas cabeças.

Bertazzo e eu empunhamos nossas espadas. Eu utilizei minha velocidade vampiresca para tentar feri-lo, mas foi em vão, ele desviou no ultimo segundo jogando-me ao chão. Maldito! Ele também é rápido. Tentei me levantar, mas senti uma dor no peito, no segundo em que ele desviou fez um corte no meu peito, que estava um pouco profundo. Levantei mesmo assim, precisava vencê-lo. Procurei por ele, mas não achei, somente ouvi um barulho vindo do céu e fui ferido novamente só que dessa vez na cabeça. Eu não conseguia feri-lo. Concentrei minha energia e minha mente, mas um grito vindo do esconderijo me desconcentrou.

– AMANDA! – foi o único som que saiu de minha garganta.

Ela estava trajada com a roupa de seu sonho. Um coturno, uma capa, uma roupa justa e uma espada. A espada que me mataria. Aqueles olhos castanhos estavam dominados pelo vermelho de novo. Sua alma exalava algo ruim. Meus pelos eriçaram só de vê-la. Sabia que aquela seria a minha morte se não fizesse isso mudar. Mas como fazer isso mudar?! Como meu Deus??. Meus olhos se encheram de lágrimas, seria o fim para ambos, não conseguiria salvá-la.

– Vejam só, o rei Daniel está chorando. Por que choras? Será porque morrerá por minha rainha? – Bertazzo estava se aproveitando da minha situação para zombar.

Ele chamou Amanda, que ficou ao lado dele, ele a abraçou pela cintura e a beijou. Isso não pude suportar. Corri para cravar minha espada no peito daquele maldito, mas não consegui correr. Estava sendo dominado por magia. Quando olhei para frente me deparei com Amanda dizendo palavras que eu não era capaz de entender. Comecei a sentir meu corpo endurecer, estava com dificuldade de respirar, e acabei indo ao chão. Amanda correu em minha direção e levantou a espada contra o meu peito. Mas algo a atrapalhou, todos os meus servos corriam na direção dela e todos estavam utilizando seus poderes. Uns estavam lutando contra os capangas de Bertazzo, mas Miguel começou a lutar com Amanda. Ela se defendia dos golpes com proeza, mas ele conseguiu feri-la na perna, o que a fez cair. Aproveitando-se disso fiquei por cima dela. Ela se debatia e gritava de dor. Esses gritos faziam doer minha alma. Fitei seus olhos, estavam num tom de vermelho e castanho, como se ela estivesse no seu estado normal e sendo possuída pelo poder da rainha. Percebia-se, olhando no fundo de seus olhos, que ela lutava contra esse último.

– Me ajude – ela disse num tom que somente eu fui capaz de ouvir.

Nesse momento lembrei de uma vez quando criança em que meu pai disse que a reencarnação só podia ser desfeita se a pessoa tomasse sangue de um renegado. Ouvi um barulho de ossos quebrando, olhei para trás e vi que alguns seres místicos seguravam Bertazzo, Amélia cravou sua katana no peito dele. Ela torceu a katana no peito dele fazendo que alguns ossos quebrassem, um troll arrancou a cabeça de Bertazzo. Vendo que sangue escorria do corpo sem vida, pedi para que Miguel segurasse Amanda enquanto eu corria para solver o sangue de Bertazzo e tentar salvar minha amada. Solvi o máximo que pude e corri de volta para onde Amanda estava, ela estava péssima, suas asas sangravam, seus olhos pareciam sem vida. A rainha estava tomando seu corpo. Fiz com que ela abrisse a boca e a beijei despejando o sangue do renegado. Ela bebeu tudo e desmaiou, sua respiração e pulsação pararam. Desesperei-me e cai em prantos.

–Eu fiz o que eu sabia e ela ainda morreu Miguel. Por quê?! – mal tinha forças para falar.

Deitei sobre o seu colo para sentir seu corpo junto ao meu, mesmo que ela estando perecida. Acariciei seus braços, aqueles braços que tanto me fizeram carinho, e agora estavam parados. Dei-lhe o último beijo, um beijo que não foi correspondido. Levantei e enxuguei minhas lágrimas. Peguei-a no colo e levei-a para o seu quarto.

Cheguei ao esconderijo e vi meus servos todos feridos assim como eu. Eles me olharam entristecidos pelo que aconteceu. Respirei fundo e fui para o quarto e deitei minha amada e a cobri. Não queria aceitar que ela estava morta. Fiquei ali deitado ao seu lado até que peguei no sono. Acordei sentindo que algo puxava minha mão. Aquelas mãos...

– Meu amor! – disse sentando na cama ao perceber que Amanda acordava.

Ela sorriu e me abraçou. Ela estava fraca. Gritei por todos os servos para que viessem ao quarto. Aldebaram viu que Amanda acordou, sorriu e logo foi buscar sangue. Era disso que ela precisava naquela hora. Todos demonstravam felicidade ao verem que ela voltou a ser o que era. Não tinha mais nenhum traço daquele terrível espirito que a dominava. Aldebaram chegou com o sangue e ela bebeu tudo rapidamente. Ela aparentava estar mais forte, eu ofereci o meu pescoço e ela nem recusou, sugou por um longo tempo o meu sangue. Terminando de sugar, ela começou a beijar meu pescoço. Sim, aquela era a minha Amanda. Meus servos viram que estava tudo bem e nos deixaram sozinhos no quarto.

– Você está melhor, meu amor? – disse acariciando seu rosto

– Estou sim, meu amado. Só estou com raiva de mim mesma por deixar que a reencarnação da rainha me tomasse e por ter quase te matado.

– Não se preocupe com isso, não jogue toda a culpa sobre você, você foi envenenada por magia, isso não dá pra controlar. E o importante agora é que estamos bem, principalmente.

Puxei ela para que ficasse mais perto e a beijei. O beijo durou uma eternidade, um beijo misturado com saudade, desculpas, medo, carinho e desejo. Esse beijo nos deixou sem ar e acabamos rindo disso. Eu a deitei no meu colo e comecei a fazer cafuné nela. Aos pouco ela foi pegando no sono e eu também. A única coisa que me lembro desta noite é que eu recebi um beijo de boa noite e que minha amada estava de volta nos meus braços.


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