Amor e Guerra escrita por Daniel Guimarães, Amanda Ribeiro


Capítulo 5
Bertazzo




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Sim, Bertazzo já foi um anjo, mas agora ele é um anjo renegado por Deus. Ele fazia parte do grupo do Arcanjo Negro, o Lúcifer. A milhares de anos houve uma guerra que acabou sendo vencida pelos malakins de Gabriel, Lúcifer foi mandado junto com seus demônios anjos para Terra. Muitos dos anjos negros ficaram junto do seu senhor no inferno, mas um deles, Bertazzo, se rebelou e decidiu viver entre os humanos. Sua infiltração no meio dos terrestres não foi difícil já que apresentava aparência humana e suas asas ficavam escondidas por debaixo da pele, tornando-se imperceptíveis.

Sua queda foi na Espanha, numa época de grande transtorno e caos. O seu rei tinha sido assassinado e não tinha ninguém para governa-la. Aproveitando-se da situação, Bertazzo se elegeu a rei da Espanha. Ele disse ao povo que se não o aceitassem mandaria todos para o inferno num piscar de olhos ou faria ver seus entes queridos serem mortos por bestas impiedosas.

O povo o aceitou como rei, tudo voltou ao “normal”. A população tinha medo de se rebelar, eram obrigados a não sair por aí dizendo que o seu senhor era um renegado. Bertazzo, desde então reina sobre a Espanha.

E foi ele quem enfiou a espada contra o peito de meu pai.

No meio do castelo me deparei com o renegado, suas asas estavam abertas, eram pretas como a noite. Sua pele tão branca quanto a de um vampiro, seus olhos dourados iluminavam o saguão todo.

– A quanto tempo, meu caro. – disse num tom sarcástico. Ele me espreitava pelo canto do olho.

– Hoje você irá pagar pela morte do meu pai, seu demônio! E pela morte de cada um aqui. – disse eu com raiva.

– Vamos ver quem é mais forte. Ah, sua amada está bem diferente, está mais bonita do que nunca.

– O que você tem haver com ela? Você a conhece? – perguntei assustado.

– Meu amigo, eu a conheço muito bem. Ela foi minha rainha, mas ela me desobedeceu sabe? Tive que a matar, pobre coitada.

– Ela o que?! – disse com o sangue pulando nas veias. Ela havia mentido pra mim? Por quê?

– Isso mesmo que você ouviu, eu a conheço de ponta a ponta. Não fique bravo comigo, deve ficar bravo com ela. Mas eu admito, ela não se parece com a menina que reinava comigo, não porque agora ela é uma vampira também, é como se ela tivesse reencarnado e se tornou outra pessoa totalmente diferente, não é mais uma pessoa amedrontada e quieta, é uma pessoa decidida e sabe o que quer. Realmente ela não é a mesma.

Minha cabeça estava girando, como ela poderia ter escondido isso de mim? Eu que contei o meu segredo confiando nela. Eu não sabia mais o que fazer, se lutava e matava o Bertazzo ou iria pedir explicações para Amanda. Aquilo que o renegado estava contando era verdade? Será que Amanda é mesmo um anjo? Será que ela me ama? Qual o motivo de esconder um segredo desses de mim?

Irado, peguei meu punhal, agarrei-o com força em minha mão e com meu poder de teletransporte, desapareci de onde estava e surgi atrás de Bertazzo e o apunhalei nas costas. Porém, meu punhal não foi o suficiente para feri-lo. Como se nada tivesse acontecido, ele apenas fechou suas asas de demônio sobre mim tentando me ferir, mas eu rapidamente me teletransportei para cima de sua cabeça e com um giro no ar chutei o alto de sua cabeça, desapareci e surgi em sua frente, dando-lhe um soco na cara. Repeti essa séries de golpes umas três vezes, e parecia estar fazendo efeito, apesar de pouco. Quando estava em frente a ele novamente, pronto para soca-lo, Bertazzo agarrou meu pescoço e com uma raiva enorme em sua voz, disse:

– Já basta seu fracote! Já deixei você se divertir por muito tempo!

Eu me debatia e tentava usar meu poder de teleporte, mas por algum motivo não funcionava. Foi então que vi, a luva de Bertazzo era toda revestida em prata e isso impedia-me de usar meus poderes.

– Seu desgraçado! Já não basta ter destruído toda minha cidade? O que mais pretende fazer seu maldito?

Bertazzo não me respondeu, simplesmente abriu suas asas e voou para fora do castelo, até a sacada onde eu fazia minhas aparições para o povo. Sentando-se em meu trono e erguendo-me um pouco no ar, gritou para seu exército que destruía mais ainda a cidade:

– Vejam só quem está aqui! O pobre rei Daniel, o rei de Portugal! O que será que eu faço com ele? Hein?

Os soldados de Bertazzo gritavam lá embaixo, em uníssono:

– Mata! Mata! Mata!

Eu não sabia o que fazer, não conseguia usar meus poderes, me debatia para escapar, mas ele me segurava com muita força, eu estava começando a ficar sem ar, meus sentidos estavam começando a falhar, minha visão embaçando até se apagar, mas antes que isso acontecesse, vi uma luz branca, vinda não sei da onde, arrancando fora a mão que me segurava. Bertazzo gritou de dor, enfurecido, buscava por todos os lados da onde havia vindo aquilo. Eu estava no chão, meio sem sentido, a visão ainda um pouco embaçada, mas forçando um pouco, consegui ver, no céu, uma forma humana voando, empunhava em uma das mãos, um enorme escudo com o símbolo de Portugal estampado na frente e na outra mão, uma enorme lança de cavaleiro, que agora estava próxima ao pescoço de Bertazzo.

– Meu rei! O senhor está bem? – gritou Miguel, sem tirar os olhos de Bertazzo.

– Estou, na medida do possível – disse a ele, com uma certa dificuldade – Obrigado Miguel.

– Sempre ao seu dispor meu...

Miguel foi interrompido por um dos capangas de Bertazzo, o pequenino, mas super ágil e forte, Anaquias. Ele veio pulando, não sei da onde e acertou as costas de Miguel com o cabo do seu gigantesco machado, que era maior do que ele mesmo. Miguel arquejou de dor e foi em direção ao anãozinho que o havia acertado, baixando a guarda para Bertazzo, que agora colocara toda sua atenção em mim.

Apesar de toda minha raiva por aquele maldito anjo-demônio, eu sabia que com minha forças atuais não poderia derrota-lo, então decidi que era hora de recuar e formar um plano para que pudéssemos derrota-lo. Além do mais, eu precisava tirar satisfações com Amanda, eu precisava de uma explicação sobre aquilo que Bertazzo havia me dito.

– Miguel! É hora de recuar! – gritei para meu Conselheiro Real, que desviava, voando, do enorme machado de Anaquias – Deixe esse anão de merda aí e vamos embora!

No mesmo momento que ouviu meu chamado, eu o vi voando em minha direção. Eu, porém, com um olhar que só nós dois sabíamos o significado, mandei-o ir para nosso esconderijo, onde se encontravam meus servos mais poderosos, os Vampiros das Trevas. Miguel desviou seu caminho de mim e voou para o leste. Bertazzo simplesmente ignorou-o, pois quem importava ali, era eu. Decidi que precisava ganhar um pouco de tempo para que Miguel não fosse perseguido, por isso corri para dentro do castelo e segui pelas passagens secretas que somente eu conhecia naquele lugar. Bertazzo me perseguia, até que passei por uma passagem na parede, pela qual ele não conseguiu achar um meio de abrir, a não ser quebrando. Porém, quando ele fez isso, eu já havia me teletransportado para onde eu deixara Amanda me esperando e tudo o que ele encontrou foram diversas estantes com milhares de livros. Apesar da distância que eu me encontrava dele, consegui ouvir seu grito de ódio:

– Danieeeeeeeel! Seu maldito, eu ainda te pego!


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