Queimando escrita por Nina F


Capítulo 15
Capítulo Quatorze


Notas iniciais do capítulo

Apenas deu vontade de postar hoje, espero que esteja bom. Desculpem qualquer erro.



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Acordo com Megara batendo à minha porta e me apressando para que eu me levante. Na noite passada não contei à Violet nada sobre o que Johanna me disse, e acho que não contarei nunca. Ela não precisa saber de algo tão baixo e sujo. Demorei a dormir, me revirando na cama, inquieto com o fato de que ela quase foi “chamada à Capital”.

No segundo dia de treinamento todos estão um pouco mais tensos. Haymitch parece ter alertado todos nossos aliados sobre o fato de Violet e eu termos aceitado os cargos de tordos, porque todos eles buscam de alguma forma falar conosco. Conheço Wiress e Beetee e confirmo a descrição de Violet, legais, inteligentes, mas a mulher é meio maluca. Wiress parece se distrair muito fácilmente porque deixa a maioria de suas frases sem conclusão, de modo que Beetee tem sempre de vir em seu socorro. Depois do almoço Finnick vem falar sobre a aliança, mas nós, em um canto afastado, contamos a ele tudo o que discutimos com Enobaria e Mark. É de certa forma perigoso falar sobre isso aqui, mas os idealizadores estão muito distantes e nós podemos muito bem fingir negociar uma aliança de verdade.

Ele nos olha com uma careta.

- E o pior é que vocês têm razão. – Finnick concorda aos sussurros. – Mas se vamos fazer assim, como vão nos achar? A arena é grande...

- Ainda não ouvimos a resposta de Haymitch, mas acho que poderíamos nos manter por perto da Cornucópia. – Violet sugere e abaixa mais ainda a voz. - Sei que temos que nos direcionar para o campo de força, mas podemos fazer isso quando já estivermos todos juntos.

- Então quando for a hora tentarei procurar vocês, mas quando nos encontrarmos vamos precisar de um pouco de encenação para Katniss e Peeta.

- Sabemos que vai ter que parecer que foi por acaso. – digo. – Eu e Violet podemos fingir estar sem água ou comida, sei lá, daí você oferece uma troca.

- Algo como lealdade por suprimentos?

- Ou qualquer outra coisa, nós nos viramos na hora. O importante é parecer que foi por acaso. – Violet completa e Finnick acena em concordância. – Por falar nisso, você já firmou aliança com eles?

- Não. – ele responde dando de ombros. – Mas não se preocupem quanto a isso, só se mantenham inteiros até concluirmos tudo.

Eu e Violet assentimos.

- Agora vão treinar, crianças, precisam se defender lá. – ele acrescenta com uma voz ridícula nos fazendo rir.

Não me separo de Violet, nós rodamos estações de armas juntos e ela me obriga a reconhecermos plantas, fazermos armadilhas e camuflagem.

- Isso ta incomodando. – reclamo sentindo a tinta no meu rosto secar e repuxar minha pele.

- Calado. – ela range para mim, tão concentrada como uma criança. – Estou treinando minha capacidade para a camuflagem.

Eu pisco algumas vezes.

- Violet, você não tem capacidade para camuflagem.

Ela abaixa o pincel e me olha com uma expressão falsamente ofendida, mas logo começa a rir.

- Tem razão, isso ta uma droga.

E eu não duvido de que realmente esteja quando limpo o rosto e o que sai é uma cor bem próxima a cor de vômito. Enquanto esfrego o rosto vejo Violet olhar com expectativa para o mais novo e tecnológico equipamento no fundo do ginásio, o qual já está sendo utilizado por Johanna e Finnick, Gloss e Cashmere. Ela já está rondando-o há muito tempo, mas não tem coragem para enfrentar a coisa.

- Vamo’ pra lá. – digo já limpo, puxando-a pelo braço.

- Não, tem gente lá agora. – ela freia atrás de mim.

Eu puxo Violet com mais força e ela cede, bufando irritada. Quando chegamos o instrutor ainda está calibrando o equipamento para Gloss e Cashmere e eles nos olham com desdém. Eu e Violet e os olhamos da mesma forma enquanto conversamos com Johanna e Finnick.

- Eu já fui uma vez e é incrível. Mais realista impossível. – Johanna nos conta levemente fascinada. – Foi realmente uma boa terem trazido essa geringonça.

Eu e Violet observamos quando o instrutor sinaliza para avisar que o equipamento já está pronto. É permitido o treinamento em dupla de modo que Gloss e Cashmere entram juntos no túnel, ele leva duas lanças e ela duas adagas e algumas facas. Eles ficam lado a lado e sinalizam para que o equipamento seja ligado. Os projetores se acendem com uma luz amarela e rapidamente tecem alvos de humanos em terceira dimensão.

- Eles escolheram modo regular para duplas. No modo leve a luz é verde, no difícil, vermelha. – Finnick sussurra para nós.

Os adversários eletrônicos começam a se mover rapidamente, correndo pelo túnel e, quando Gloss e Cashmere começam a atacar, se esquivando e atacando de volta. Eles lançam projeções de facas e lanças das quais temos que nos esquivar e quando os acertamos com alguma arma eles se explodem em centenas de cubos.

O nível “regular” está mais para difícil e não posso negar que Cashmere e Gloss são bons. Não bons como Revlon e Ryan, eles são melhores, são vitoriosos. O nível deles é diferente do de um tributo comum. Com algum esforço eles conseguem acabar com todos os alvos e o último, que corria pra lá e pra cá, é atingido com a última faca de Cashmere. Na mesma hora as luzes se apagam e o instrutor diz que eles já podem sair.

- O que acharam? – Gloss pergunta a mim e Violet quando ele e sua irmã se aproximam. – Viram como são as coisas com vitoriosos de verdade?

- Isso não nos impressionou se quer saber. – Violet rebate no mesmo tom irônico.

- Não era pra impressionar, era pra mostrar quem aqui tem chance de vencer. – a provocação vem de Cashmere.

- Essa tentativa também foi falha. – respondo.

Os outros começam a se virar em nossa direção e até os instrutores ficam em alerta. Brigas são proibidas, mas se a coisa vai continuar assim... Garanto que pelo menos Gloss sairá daqui em pedaços.

- Não deviam se deixar levar pelas palavras dos outros. Você não são os melhores aqui e estão muito longe de serem. – Cashmere sibila como uma cobra, mas o ginásio está tão silencioso que todos podem escutar perfeitamente. – Só porque são o casalzinho preferido da Capital não quer dizer que vão se safar na arena. Vocês são apenas crianças...

- Crianças que teriam o maior prazer em matar você no banho de sangue, Cashmere. – rosno.

- Ah, que gracinha!

- Eu calaria essa boca, sua vadia platinada.

Agora nós quatro estamos a centímetros de distância, e os instrutores estão se aproximando mais para caso precisem intervir. Todos estão murmurando e ao olhar rapidamente vejo que os idealizadores, em seu confortável recinto acima de nós, finalmente acordaram para nossa presença e estão observando a cena com interesse. Eu sinto a raiva fluir por cada gota de sangue do meu corpo e cravo minhas unhas nas palmas das minhas mãos.

- Olha a boca suja da mascote... É melhor segurar sua namoradinha gostosa, Cato!

A cara desdenhosa de Gloss se enfurece quando vôo pra cima dele, mas não é necessária a intervenção de ninguém. Violet estende o braço a minha frente e me para.

- Fica calmo aí, – ela range olhando enfurecida para Gloss e Cashmere. - porque não mostramos a eles como nós dois resolvemos as coisas?

Ela me puxa para o túnel.

- Nível difícil. – ela diz ao instrutor que rapidamente corre para calibrar o equipamento.

Violet me atira uma espada e uma lança e pega um bom número de facas e um machado.

- São vinte alvos. – o instrutor avisa com receio.

- Não tem problema, pode colocar cem deles se quiser. – rosno.

Nós prendemos as armas do jeito que podemos nos cintos do uniforme e entramos no túnel. Posso sentir que todos agora pararam e estão nos olhando, mas isso não me incomoda. Vou mostrar àqueles dois quem nós somos. Com um sinal o equipamento é ligado e a luz agora vermelha constrói nossos alvos. Duas dezenas deles, humanos sem rostos e bem armados. Quando o primeiro ataca nós percebemos que esse realmente é o nível difícil, eles mais nos atacam do que precisam se defender.

Violet fica com os da esquerda e eu com os da direita. Faças, lanças e todo o tipo de arma que se possa imaginar tentam nos acertar e nós nos esquivamos delas perfeitamente. A cada golpe meu, ou faca de Violet, as projeções explodem em cubos vermelhos que ficam caídos no chão. Uma de minhas lanças perfura a cabeça de um alvo enquanto me esquivo de uma faca e então só tenho a espada e ainda restam alguns deles. Mais alguns golpes e um último corre no fundo do túnel, mas o machado de Violet voa e acerta seu pescoço, se cravando na parede mais atrás e fazendo mais cubos se espalharem pelo chão já cheio deles.

Com um barulho chiado o equipamento desliga e nós dois saímos de dentro da coisa, ainda transtornados. Cashmere e Gloss continuam parados no mesmo lugar, mas por trás da mascara de superioridade posso ver e sentir o medo deles. Nós não nos aproximamos muito, mas eu chego perto o bastante para encará-los.

- Depois dessa podem apostar que serão os primeiros que nós mataremos lá. – digo baixo para que apenas eles ouçam. – E, Gloss, chame Violet de gostosa de novo e quando morrer nem homem você será.

Ele perde totalmente a pose e hesita. Cashmere bufa irritada e puxa o irmão para longe, se afastando para o outro lado do ginásio enquanto os olhares se dividem entre nós dois e eles. Os instrutores se vão para suas estações novamente, mas alguns vitoriosos cochicham entre si. Quando me viro Finnick e Johanna estão com os olhos arregalados para nós dois, mas não são os únicos que assistiram a coisa toda de perto. Katniss e Peeta estão ao lado deles, Peeta com o mesmo olhar sobressaltado enquanto Katniss apenas nos fita com algum atordoamento.

- Você atira muito bem. – ela diz a Violet. – As facas...

- Obrigada. – Violet responde ainda um pouco ofegante e desconcertada. – Você também é ótima com as flechas...

Eu acredito que esse seja um momento bem estranho. Nós ficamos lá, apenas nos encarando enquanto não sabemos muito bem o que fazer. É claro que há uma espécie de barreira entre nós, Katniss, Peeta e eu não sabemos muito bem se devemos rompê-la ou não. Katniss ainda se sente um pouco hesitante quanto a mim, e com razão, eu jurei matá-la dois anos atrás.

- Que tal se treinássemos juntos? – sugere Finnick tentando amenizar o clima.

- É uma boa ideia. – respondo.

Em breve, e caso eles futuramente aceitem a proposta, nós estaremos lado a lado na guerra então precisamos nos acostumar logo uns com os outros.

- Pode ser. – a resposta vem da própria Katniss.

E assim pelo resto do dia nós monopolizamos o túnel de projeção. Aparentemente Katniss foi instruída a, como diria Violet, socializar conosco. Ela até faz um troca com Violet, uma hora de aula de arco e flecha por uma hora de lançamento de facas. Peeta e eu mantemos uma conversa da qual Finnick também participa, mas nada íntimo.

Eu ainda me sinto irritado com Cashmere e Gloss quando voltamos para o nosso andar à noite, sobretudo com Gloss. Preferi esquecer o que Johanna me disse sobre a venda de vitoriosos, mas as palavras dele me deixaram aturdido, me deixaram temeroso. Eu simplesmente sinto vontade de vomitar só de pensar que há homens que desejam Violet, homens até mais asquerosos que ele. Homens que queriam comprá-la. Mulheres que queriam me comprar...

No jantar é Violet quem tem de contar o dia para Enobaria, Mark e Megara, que quase surtam quando ela diz que quase saímos no soco com os irmãos do um, mas que nos elogiam quando descobrem como revidamos. Eu fico calado todo o tempo e ela parece perceber porque me olha vez ou outra.

Haymitch, ainda que relutante, segundo Enobaria, concordou conosco, o ponto de segurança ficou sendo a Cornucópia. Mas ele pediu para que não nos demoremos a nos juntarmos aos outros.

Tarde da noite, quando todos os outros já estão dormindo, eu ainda me reviro na cama. Algumas batidas na porta e eu sei quem é. Destranco a fechadura e ela entra no quarto com um tom preocupado.

- Ainda ta irritado com a briga? – Violet pergunta, finalmente eles parecem ter acertado no tamanho de suas roupas de dormir.

- Um pouco. – respondo me sentando na cama.

Violet, a essa altura sem pudor nenhum, passa suas pernas uma de cada lado meu e se senta em meu colo, defronte a mim.

- Tem alguma coisa errada...

Realmente não quero contar, mas é preciso, ela tem de saber mais cedo ou mais tarde. Conto à Violet tudo sobre a prostituição comandada por Snow exatamente como Johanna me contou e então ligo isso ao acontecimento com Cecília Vane. Quando termino estou de pé, frustrado, e ela está sentada estarrecida no colchão.

- É, - ela parece procurar as palavras. – repugnante. Não existe outra definição.

- Eu não queria que soubesse, mas...

-Mas eu tinha de saber. – Violet esfrega os olhos e torce o nariz. – De qualquer forma não fomos atingidos por isso e o que temos de fazer é dormir agora, a apresentação é amanhã.

Deixamos a porta destrancada para caso Megara resolva pirar de novo e eu ainda me sinto inquieto quando me deito atrás de Violet, meu braço à sua volta. Seu cabelo cheira a amoras e creme e isso me relaxa um pouco, mas, ainda sim, acordo algumas vezes durante a noite após vê-la sendo violentada em minha mente.


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Notas finais do capítulo

Ham, serei sincera agora. Estou pensando em colocar a fic em hiatus, pronto falei. Não é falta de ideias, muito pelo contrário, eu já estou escrevendo o capítulo vinte, mais quatro ou cinco e eu acabo de escrever Queimando e começo a terceira, última e mais turbulenta temporada, só que... Nada está saindo como eu esperei, parece que eu to perdendo a capacidade de colocar as coisas no 'papel'. To sentindo a qualidade da fic cair e eu realmente não quero que vocês leiam qualquer merda e... AAAH to muito estressada e frustrada com isso. Bom, o hiatus é apenas uma possibilidade, não sei se vou fazer isso realmente, mas... É isso, beijos. :/



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