Queimando escrita por Nina F


Capítulo 11
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Até la em baixo o/



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Eu tenho a sensação de que meus pulmões são incapazes de receber ar e minha vista fica turva por alguns instantes. É isso, é o meu destino, meu nome foi capaz de sair uma terceira vez. Eu não posso me abater agora. Fecho as mãos em punho e me encaminho para o corredor, mas antes que eu realmente chegue até o tapete vermelho vejo um alvoroço dos infernos a minha frente, os pacificadores tentam, mas não são páreo para ela.

– VIOLET, NÃO! – grito em desespero e corro tentando impedi-la, mas já é tarde demais.

Ela já os venceu, passou por Enobaria e agora está a nossa frente, formando uma espécie de escudo humano.

– EU ME OFEREÇO COMO TRIBUTO! EU ME OFEREÇO COMO TRIBUTO DO DISTRITO DOIS!

Todos nos observam com as respirações presas, a multidão que antes gritava se calou, os pacificadores pararam de tentar lutar contra ela e apenas se mantém por perto. Eu me sinto incapaz de falar ou de me mover, me sinto incapaz de respirar. Meus pesadelos estão aqui, se tornando realidade.

– Você... Não pode, Violet... – diz Megara tristemente.

– EU NÃO ME IMPORTO, ME COLOCA NESSA COISA, AGORA! EU JÁ DISSE QUE ME OFEREÇO COMO TRIBUTO! EU ME VOLUNTARIO!

– NÃO! – grito e tento me aproximar de Violet, mas um pacificador me barra.

Megara olha para o prefeito sem saber o que fazer, mas ele apenas se levanta.

– Deixem-na subir... – ele diz com pesar.

Violet se vira para trás e posso ver seus olhos vermelhos e seu rosto manchado pelas lágrimas. Ela lentamente anda até Enobaria e silenciosamente toma seu lugar. É um segundo que para nós significa tudo. É um acordo mudo, firmado apenas por nossos olhos. Nós temos de enfrentar essa coisa juntos e dignamente. Nós somos os melhores deste país. Nós somos os símbolos da rebelião. Nós sempre fomos fortes, aguentamos juntos vinte e duas pessoas querendo nos matar, podemos muito bem aguentar a Capital, aguentar Snow. Eu mesmo me encarrego de limpar os sinais de lágrimas no rosto de Violet e nós nos erguemos para o palco, recuperando a pose firme que tínhamos quase um ano atrás. Os pacificadores tentam nos conduzir, mas mostramos a eles que não precisamos disso. Ela entrelaça nossas mãos e nós caminhamos juntos em direção ao palco, subimos as escadas e então Megara está a nossa frente, suas lágrimas se derramando silenciosamente quando nos viramos para a multidão.

– Senhoras e senhores... Cato e Violet, os tributos do distrito dois! – ela diz com veemência.

Sentindo apenas o calor da mão de Violet na minha eu encaro a multidão rugir para nós novamente, mais, muito mais do que da última vez. Somos sua dupla implacável de tributos, seus vencedores. Os vitoriosos nos aplaudem seriamente, mas alguns, os que sei que realmente admiram a nós e nossa coragem, e sentem pesar pelo nosso destino fazem mais que isso. O gesto do distrito doze se tornou algo popular depois que Katniss o realizou nos Jogos e nós o repetimos em direção ao corpo de Kaya. Alguns a nossa frente tocam três dedos médios da mão esquerda nos lábios e os erguem em nossa direção e isso é uma espécie de estopim porque nós somos rapidamente retirados do palco e levados para dentro do Edifício da Justiça.

Eu e Violet somos trancados em salas separadas, mas no mesmo corredor. O pacificador que me leva me empurra para dentro e fecha a porta com um estrondo. Eu apenas fico no mesmo lugar por vários momentos, tentando assimilar tudo o que acaba de acontecer. A colheita, o nome de Enobaria, o meu nome, Violet enfrentando os pacificadores para se voluntariar... Tudo passa em flashes em minha cabeça e eu fico desesperado. Vamos para a arena de novo, eu e ela. Na verdade apenas eu iria, mas não, ela armou a maior confusão apenas... Para voltar comigo pra lá.

Caminho até um pequeno sofá da sala luxuosa e me sento, apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo meu rosto nas mãos.

Ouço um clique metálico e meus pais e Gabe estão dentro do cômodo. Minha mãe chora e treme compulsivamente, ela corre para mim e eu me levanto para abraçá-la.

– Porque você? Céus... Porque meu filho? – ela diz com a voz falha.

– Mãe, preciso que fique calma agora... – digo.

Quero dizer a ela que esse foi o jeito que ele arranjou para me dar um fim, que já esperava por isso, quero dizer que agora eles são quem precisam tomar cuidado, mas não posso. Tenho certeza de que a sala está grampeada, como quase tudo que deve se ligar a mim.

– Eu vou ficar bem. – sussurro.

Ela se separa de mim e me olha. Sou igual a ela, cabelo loiro cor de areia, olhos azuis escuros... Puxei tudo de minha mãe, enquanto Gabe é a cópia do meu pai. Cabelo e olhos castanhos.

– Não sabe como me sinto impotente... – ela diz.

– Não se sinta. – digo com firmeza.

Levanto os olhos para meu pai e o vejo com uma expressão amargurada e magoada. Solto-me de minha mãe e ganho um abraço dele. Ele não diz nada, apenas me aperta, agora finalmente cheguei a sua altura.

– Cato, - chama Gabe. – promete que vai ganhar?

Vou até ele e me agacho ficando mais baixo do que ele. Nunca vi Gabe tão desolado, nunca o vi chorar dessa maneira, nem quando ele era menor.

– Prometo.

Ele pula em cima de mim me apertando e eu caio sentando no chão.

– Prometo que vou voltar, pirralho.

Meu estomago afunda quando me dou conta de que não poderei cumprir a promessa.

Um pacificador escancara a porta com violência e diz que o tempo acabou, mas eu retruco dizendo que não.

– Novas medidas. – ele diz com arrogância.

Minha família é levada a força enquanto grito a eles para que tomem cuidado. Quando a porta é fechada novamente eu arfo. Nunca mais os verei. A vontade de chorar vem, mas eu a reprimo e guardo-a para quando estiver no trem, tenho de permanecer forte perante as câmeras que me esperam. Alguns segundos depois a porta se abre novamente e mais dois pacificadores me escoltam para fora.

No corredor largo e não menos luxuoso que a sala em que estive, três portas a frente Violet também é escoltada. Seus olhos se firmam em mim e vejo os rastros de lágrimas novamente em sua face, mas uma voz desesperada de criança nos sobressalta. A figura pequena de Rose corre pelo corredor em direção à Violet e os pacificadores rapidamente correm até ela e a seguram.

– Seus idiotas, ela é apenas uma criança! – Violet grita furiosa e eles a soltam.

Vejo Violet correr para ela e se ajoelhar no chão, ficando face a face com a irmã. Eu ando apressadamente até as duas, mas não sou barrado. Rose chora mais que Gabe, seu rosto enterrado no cabelo de Violet.

– Rose, - ela chama. – olha pra mim e me escuta.

Violet põe Rose de pé a forçando a encará-la, posso ver que ela está lutando contra as lágrimas.

– Você sabe que eu tenho que ir. Não se preocupe, o papai ta aqui, vai ficar tudo bem...

– Não vai... – chora Rose. – O papai não vai ficar pra sempre...

Eu observo a cena um pouco mais afastado, mas sinto meu coração se apertar diante da imagem desolada de Rose.

– Eu vou voltar, Rose! – Violet exclama. - Você vai ficar bem até lá, cuida da Breeze pra mim? Cuide de vocês duas por mim...

Violet não suporta e abaixa a cabeça, os soluços balançando seu corpo. Eu sinto algo quente dentro de mim e me lanço para frente, sei que tenho de fazer alguma coisa.

– Rose, - chamo. – escuta bem o que vou dizer. Eu vou cuidar dela, prometo que vou trazer Violet de volta. Até lá, se as coisas piorarem avise Gabe, peça pra ele avisar minha mãe. Ela vai cuidar de você e da Breeze, tudo bem?

Rose assente em choque, dá um último abraço em Violet e então os pacificadores a levam. Puxo Violet do chão e passo meu braço por seus ombros enquanto nos forçam a andar novamente.

– Obrigada... – ela sussurra se controlando novamente.

Eu apenas beijo seu rosto enquanto seguimos pelos corredores. No caminho ouvimos vozes enérgicas, um burburinho vindo de uma sala, mas não temos tempo de imaginar o que é. Do lado de fora um carro de luxo nos aguarda e nós dois entramos no banco de trás.

Durante o trajeto até a estação Violet limpa o rosto e fita o vidro escuro das janelas enquanto eu observo o teto com a cabeça apoiada no banco. Em certo momento nós nos olhamos e eu me lembro de quando a observei pela primeira vez, num carro como esse. Seus olhos âmbar antes tinham um tom de maldade, mas agora só vejo magoa neles.

– Sorria para as câmeras. – ela me diz com a voz firme.

E assim nós fazemos. Megara não aparece quando chegamos à porta do trem, mas nós simplesmente repetimos o ato de meses atrás. Enlaço Violet pela cintura, mais facilmente por conta de seus saltos e nós sorrimos por alguns segundos enquanto as câmeras nos engolem. O sorriso de Violet ainda sim é lindo, mas dá para se perceber claramente que ela está abalada e eu sei que não estou muito diferente. Assim que entramos no trem à nossa espera nossos rostos se fecham novamente.

Megara está lá nos esperando, numa falha tentativa de se recompor.

– Pelo amor de Deus, porque vocês? – ela diz chorosa e nos abraça, apertando-nos um de cada lado. – Logo vocês...

– Fica calma, Meg, vamos escapar dessa... – diz Violet.

– Afinal somos ou não os melhores? – digo e ouço-a rir levemente.

Megara nos solta e balança a cabeça.

– Têm razão...

Violet arruma o enfeite em sua peruca laranja e ela sorri mais um pouco.

– Onde estão os nossos mentores? – pergunto.

Megara suspira.

– Eu não sei, os vitoriosos foram convocados depois da colheita para um novo sorteio, mas quando estava saindo do Edifício da Justiça vi que estava dando em confusão...

Ela não tem tempo de continuar porque nessa hora Mark e Enobaria entram marchando no trem. Ambos com uma expressão de angústia e fúria. Na mesma hora em que eles entram as portas metálicas do trem se fecham e nós começamos a nos mover em alta velocidade.

– Serão nossos mentores? – Violet indaga boquiaberta.

– E acredite, foi com muito esforço. Armamos os diabos pra isso. – diz Mark.

– Queriam um sorteio, todos queriam ser seus mentores, mas Mark e Alicia não quiseram deixar porque tinham sido mentores de vocês antes. Foi uma confusão... – explica Enobaria. – Mas eu não consegui ficar lá, implorei à Alicia que me deixasse vir e ela cedeu seu lugar.

– E cá estamos nós. – completa Mark abrindo os braços.

Violet dá uma risada fraca ao meu lado.

– Acho que não poderíamos ter mentores melhores... – ela diz e eu concordo com um aceno de cabeça.

Bem atrás de nós há uma mesa repleta de comida para nos aguentarmos até o jantar, mas ninguém de fato sente fome de modo que nos espalhamos pelo trem. Eu e Violet ficamos por longos minutos sozinhos em um vagão, ela se mantém grudada na janela todo o tempo, observando os últimos resquícios das montanhas do nosso distrito desaparecerem.

Estamos muito exaustos, muito deprimidos, muito furiosos para qualquer outra coisa se não ficar em silêncio. Megara vem nos chamar para o jantar, mas nenhum de nós come. Consigo engolir com muita dificuldade apenas um único bolinho de peixe. Não há uma conversa realmente animada, Enobaria, Megara e Mark estão tão abatidos quanto nós.

– Quero que saibam que não estão sozinhos nessa. – diz Mark certa hora. – Não foi a toa que lutamos para vir com vocês, nós vamos formar um time aqui, ok?

Eu e Violet conseguimos sorrir, mas nem isso nos tira de nosso silêncio. Após um tempo Megara anuncia que está na hora da reprise das colheitas, e nós nos reunimos no vagão com televisão. Megara numa poltrona, Mark e Enobaria num sofá, e eu e Violet em outro.

Sinto náuseas quanto o hino de Panem toca e então a reprise começa.

– Vamos ver quem vocês irão enfrentar. – diz Enobaria.

Dos setenta e oito vencedores dos Jogos, sessenta e um ainda estão vivos. Reconheço vários deles, mas há alguns que realmente não estão em estado de ir para a arena, uns por conta da velhice, outros por conta da loucura e alguns por conta do vicio seja em drogas ou em bebida. De longe nosso distrito, o um e o quatro são os que mais têm vencedores. Ao longo do programa ouço Mark, Enobaria e até mesmo Megara suspirarem quando algum conhecido é escolhido.

Vejo os irmãos Gloss e Cashmere serem escolhidos no um, imaginando a situação em que eles estão agora. Eles ganharam edições consecutivas quando eu era pequeno, mas me lembro bem deles. Vejo nossa colheita e bufo indignado pela edição que fizeram nas imagens, Enobaria foi sorteada e então meu nome foi tirado. Eles não mostram que Violet briga com os pacificadores, apenas a mostram à minha frente exigindo que a coloquem nos Jogos de novo. Eles também não mostram o gesto do distrito doze.

Não há nada ameaçador no distrito três. No distrito quatro uma mulher aparentemente louca é sorteada, mas uma senhora de uns oitenta anos se voluntaria em seu lugar, e então eles chamam Finnick Odair. O colírio dos Jogos, depois de mim, é claro.

– Nossa... – Violet suspira.

– Como é que é?! – eu exclamo indignado.

– To falando por conta da voluntária idosa. Fica frio aí... – ela desconversa corando.

Posso ver que Mark, Enobaria e Megara estão rindo, mas eu, irritado, volto minha atenção para a TV. Finnick Odair foi vitorioso dez anos atrás, com apenas quatorze anos. É, ele é considerado bem atraente pelas mulheres, principalmente as da Capital, e era a loucura delas. Isso antes de eu chegar.

Johanna Mason é escolhida, a única vitoriosa feminina do sete. Me lembro dela, um caso bem parecido com o de Violet. Todos a subestimavam, a julgavam fraca e então ela se tornou uma maquina de matar na arena. Me sinto mal quando vejo, no distrito oito, uma mulher ter de se soltar de seus filhos para subir ao palco. E então a colheita que eu esperava ver durante todo o tempo, a colheita do doze. O nome de Katniss é o único no globo das mulheres, e há somente dois no dos homens. O mentor bêbado dela, Haymitch, é chamado, mas então Peeta se voluntaria. Olho para Violet, mas ela já está me olhando com as sobrancelhas arqueadas.

Os anunciantes da reprise, incluindo Caesar Flickerman, caem no choro em dois momentos: Quando eu e Violet viramos tributos e quando Katniss e Peeta viram tributos. Agora sinto o impacto que nós quatro temos, os amantes desafortunados e os namorados assassinos. Com uma última frase a televisão se apaga. “Estes serão os melhores Jogos de todos os tempos!” diz uma mulher. Violet então sai da sala e eu vou atrás, nós cruzamos quase todo o trem e vamos parar numa espécie de vagão de estar. Ela chuta os saltos pra longe com fúria.

– Foi armado. – digo me segurando. – Foi tudo armado...

– É claro que foi! – ela exclama. – É o que meu pai disse! Se mandassem nós quatro ia dar na cara que isso tudo é um extermínio, e aí sim os rebeldes ficaram impossíveis de se controlar! Ele não podia sortear nós quatro! Mandou você e Katniss porque ele sabia que Peeta e eu íamos nos voluntariar...

– E foi tudo tão bem pensado... Katniss é a única mulher vitoriosa no doze, e então ele não escolheu o nome do Peeta, daí com segurança ele pôde mandar meu nome por que... Eu tenho fama de ser azarado já que já fui duas vezes pra lá, não? E daí você se voluntaria...

Eu solto uma risada irônica.

– Mesmo sendo obvio que isso tudo é só por conta da rebelião, ele ainda deu um jeito de fingir que foi puramente um infeliz acaso! Deu um jeito de fazer disso uma tragédia amorosa da Capital!

– Ele viu uma ameaça não só em nós quatro. – diz Violet. – Mas em todos nós, vitoriosos. Viu como foi criteriosa a escolha dele? Um casal de irmãos, uma mulher meio pirada, o cara mais novo que já ganhou...

– Que você ficou olhando não foi? – digo sem evitar o ciúme.

Violet me fuzila com os olhos.

– Caso queira saber, você é muito melhor que aquele bronzeado do Finnick Odair. – ela diz seca. – Ah, jura que vai dar ataque de ciúmes agora? Nesta situação?!

Eu rosno.

– Ta bem, tem razão. Desculpa...

Violet balança a cabeça aturdida e nós dois ficamos em silêncio alguns momentos.

– Ele pensou em tudo. – digo. – Os levantes estavam saindo do controle e Snow ficou com medo que nossa turnê só piorasse as coisas, então adiantou os Jogos pra nos tirar do caminho de uma vez...

Ela assente concordando.

– Eles estão felizes com isso, a Capital. – ela diz. – Vai ser uma espécie de duelo épico... Eu e você contra Katniss e Peeta.

Violet me olha apreensiva e eu sei por quê. Eles já ganharam de mim uma vez, já tentaram me matar.

– Eu tenho você agora. – digo. – Se tentarem algo, não serão páreo pra nós dois.

Ela cruza a sala mais uma vez enquanto me jogo num sofá.

– O que vamos fazer?

– Tentar vencer.

Violet me olha como se eu fosse louco.

– Ah sim, se ele não mandar uma matilha especial de seus bestantes para nos fazer uma visita... Ele vai nos arruinar naquela coisa!

Me escoro nas almofadas.

– Ele não pode fazer isso. Lembra do que seu pai disse, nossa condição nos protege. Ele vai tentar nos matar é claro, mas não agora... Vai nos deixar chegar até o final, para deixar sua população feliz e só lá vai tentar isso, e ainda sim vai ser de uma forma sutil.

Ela para e me encara.

– Acha que conseguimos? Ganhar? Ou pelo menos um de nós?

– Eu tenho certeza. – digo me levantando, ficando de frente a ela. – Nós ainda somos fortes, ainda somos os melhores. Devíamos pelo menos tentar.


*




Snow. Ele está lá. Enxergo sua face na grande tela que é o céu da arena. “Não há como ganhar.” ele diz. Realmente não há, sempre foi um plano para me matar, desde o primeiro momento. Eles estão todos à minha volta e bem armados, não vou conseguir escapar de vinte e duas pessoas que querem me matar estando com as mãos vazias. Olho para o lado e o terror me atinge quando vejo o corpo ensanguentado de Violet no chão.

Eu pulo, mas só há um armário a minha frente. O quarto está na penumbra.

– Que aconteceu? – ouço a voz de Violet e o alivio me preenche quando vejo que ela ainda está aqui.

Ela está sentada de braços cruzados me olhando assustada.

– Nada... – digo. – Não conseguiu dormir?

Ela balança a cabeça, séria.

– Tenho a impressão de que nunca mais vou conseguir.

Eu suspiro e caio em cima dos travesseiros de novo.

– Eu gritei? – pergunto.

– Não, na verdade você tava se mexendo, mas não muito. Pesadelos?

Eu assinto e ela estende os braços pra mim. Normalmente sou eu que consolo Violet, sou eu quem a protejo, mas parece que os papéis estão se invertendo. Afinal, foi ela quem se voluntariou, é ela quem está cuidando de mim...

– O que foi agora? – ela pergunta enquanto encosto minha cabeça em seus seios, passando meus braços por sua cintura.

– Snow, armando pra mim como sempre. Todo mundo querendo me matar. Você morta... – minha voz vacila.

Eu ouço seu coração batendo tranquilo enquanto meus olhos estão em suas coxas nuas pelo comprimento do pijama. Violet me abraça e afaga meu cabelo, o que me tranquiliza.

– Isso não vai acontecer. – ela diz.

Aos poucos eu caio no sono de novo e a única coisa que consigo ouvir, ainda que não claramente, é a voz de Violet sussurrando alguma música para si mesma. Os versos ecoam em minha mente “And the veredict doesn't love our soul... I’ll pay, when tomorrow, tomorrow comes today...”.


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Notas finais do capítulo

Primeiro, espero que tenham gostado e segundo, tenho algumas coisas pra falar. De agora em diante mudei o dia de postagem, vou fazê-lo todo domingo. Sobre a "descrição" do Cato no início do capítulo: sim, eu realmente vejo ele como no filme '-', não sei porque mas... A última coisa que tenho pra falar é sobre os versos que a Violet canta no final, pra quem quiser entender melhor, a tradução: "E o veredito não está a seu favor... Eu pagarei, quando o amanhã, o amanhã chegar hoje". Tava vendo a música e achei que combinaria (?). É isso, beijos e reviews por favor! (:



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