Queimando escrita por Nina F


Capítulo 12
Capítulo Onze


Notas iniciais do capítulo

Até as Notas Finais!



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Acordo, talvez uma hora depois, com a voz de Violet me chamando e as fungadas de Megara ao fundo, se afastando. Ela provavelmente veio nos chamar e nos encontrou abraçados na cama, o que desencadeou outro ataque de inconformismo. Realmente Megara não existe, acho que ela é a única pessoa da Capital que está chorando por termos de voltar para a arena.

Bem, pelo menos penso assim até mais tarde, quando encaro Hugo, Lucy e Lucille.

– Cadê sua barriga? – é a primeira coisa que falo quando vejo Lucy, novamente lisa como uma tábua.

– Nasceu. – ela me diz já com lágrimas nos olhos.

Quando a abraço ela realmente cai no choro, assim como os outros dois.

– Ela é linda... Se chama Violet.

Eu olho Lucy e vejo que pode não ser o que parece. A Capital pode não estar vibrando como penso. Minha equipe, após passar dois Jogos comigo, se apegou a mim e isso pode ter ocorrido lá fora também. Chego, intimamente, à conclusão de que a Capital pode não estar exatamente feliz por voltarmos para a arena.

– Quero que ela seja linda e forte assim como a que inspirou seu nome. – diz Lucy.

– Tenho certeza que Violet choraria caso escutasse isso. – tento sorrir.

Lucille mal consegue falar quando me abraça e deixa a tarefa toda para Hugo.

– Nós sentimos muito, de verdade. – ele diz me dando tapinhas nas costas. – Vai ser doloroso ver você pela TV...

Tento realmente manter uma conversa com eles, algo que não lembre que estou indo para a arena. Consigo fazê-los ao menos sorrir. Não noto o tempo passar no Centro de Remodelagem enquanto eles praticamente me esfolam vivo. É realmente uma despedida dolorosa quando me deixam para esperar Mars. Quando ela entra é um pouco mais controlada, mas ainda sim posso ver que sofre.

– Sinto muito. – ela diz instável quando me abraça.

– Não sinta. Agora, só vamos superar todos os outros no desfile, ok?

Ela ri e nós nos dirigimos até a sala onde iremos almoçar. Enquanto ela pede o almoço eu observo a Capital pela parede de vidro, só me virando quando o cheiro da comida chega até mim. Mars me olha e aponta para o sofá a sua frente. Eu não havia percebido o quanto estava faminto até me deparar com a ave assada à minha frente.

– O que faremos hoje? – pergunto á ela me referindo a minha roupa para mais tarde.

Mars beberica o suco e me olha.

– Eu devo admitir que estava ansiosa para te contar o que vamos fazer hoje. – ela diz, seu rosto ganhando um brilho de excitação. – Depois dos últimos Jogos você e Violet se tornaram os maiores de Panem, são considerados os melhores tributos e na preferência da população só empatam com Katniss Everdeen e Peeta Mellark, os amantes do doze... Nós vamos lidar com eles hoje, na verdade com os estilistas deles que, devo admitir, são mais que ótimos. Eu e Victor ficamos malucos, temos de fazer vocês tirarem a atenção deles, por mais que saibamos que vai ser difícil, nós esperamos pelo menos empatar com eles. E ainda tem a de que serão os mais novos aqui, temos que mostrar pros outros que são perigosos, temos de impor vocês. Pra isso resolvemos reinventar a roupa que usou nos seus primeiros Jogos...

– Aquela coisa toda de armadura? – pergunto.

– Exatamente, mas... Não iremos mostrar você e Violet como guerreiros como seus antigos estilistas tentaram. Vocês serão deuses hoje, Cato, se é que me entende. Vamos mostrar que você e Violet são os mais poderosos aqui, vamos mostrar sua superioridade. Não queremos mostrar seu distrito, queremos mostrar apenas vocês.

Eu me recosto no sofá e arqueio as sobrancelhas para Mars, não nego que fiquei curioso.

– Mas já sabendo que os do doze com certeza pegarão fogo, eu e Victor inventamos outra coisinha que também fará com que vocês brilhem e chamem atenção.

– Mars... Agora você me deixou interessado.

Nós dois sorrimos levemente.

Na hora de me preparar para o desfile eu começo a ficar nervoso, o que é inédito. Mars chama minha equipe e eles formam um time para me arrumar. Realmente hoje a coisa será mais elaborada e séria.

– Vamos precisar passar maquiagem em você, mas é apenas para efeito... – diz Lucille me sentando numa cadeira.

Quando ela acaba eu me olho no espelho, temendo estar parecendo um palhaço. Mas não, nem parece que estou maquiado na verdade, noto linhas escuras em algumas partes do meu rosto, mas nada artificial.

– Agora, - começa Mars enérgica, segurando um pote grande nas mãos. – tire esse roupão.

Eu começo a desamarrar o roupão com desconfiança.

– Que é que você vai fazer com isso?

– Isso é o que vai trazer as atenções para você!

Mars abre o pote e eu dou uma espiada lá dentro, vendo uma espécie de pasta levemente dourada

– Mas é tinta!

– Não uma tinta comum, espere e veja. Leva um tempo para agir.

Enquanto estou vestido apenas com uma espécie de short minúsculo eles espalham a gosma metálica na minha pele, até mesmo no meu rosto, só excluem minhas pernas do trabalho. Quando eles terminam Mars precisa da ajuda de Hugo para trazer as várias partes da minha roupa, na verdade, da minha armadura. É com certeza infinitamente melhor que a última, Victor e Mars realmente trabalharam duro. É totalmente dourada, reluzente e bem trabalhada.

– Não fiz uma armadura completa para não te esconder muito e também para não pesar. Tome, vista isso. – ela me joga uma calça de um marrom bem claro a qual visto rapidamente. – Não cobri totalmente suas pernas ou você dificilmente andaria.

Eles começam a me vestir por baixo. Primeiro calço botas, e então visto caneleiras metálicas e depois algo que Mars chama debochadamente de perneira. Ela levanta o peitoral da armadura para que eu possa ver, ele é perfeitamente esculpido.

– Combina comigo. – digo com um falso tom de superioridade.

Quando entro na coisa ele realmente parece que foi moldado em mim, sou forte e ele deixa que isso transpareça.

– Não é tão pesado. – digo a Mars.

– Realmente não muito, fiz com um metal leve para que não te atrapalhasse.

Ainda ganho ombreiras e braçadeiras nos pulsos. Eles ainda espalham mais pasta sobre a armadura inteira, não deixando um único lugar livre. Minha equipe e Mars param a minha frente e me observam com sorrisos de satisfação, mas que ainda deixam transparecer tristeza.

– Veja você mesmo. – diz ela.

Eu caminho até o espelho e fico realmente espantado com o que vejo, a armadura está longe de ser sem graça, é simplesmente incrível, mas o melhor é a pasta a qual espalharam em mim, que começa a brilhar como algo fluorescente me dando uma espécie de aura dourada.

– Caramba... – arregalo os olhos para Mars.

– Vai ver quando a tinta absorver mais luz, ela vai brilhar muito. Eu já testei, vocês estarão incríveis no desfile.

Ela ainda me traz algo coberto por uma capa preta, a qual eu abro. Uma espada, das excelentes.

– Já te disse que você não existe?

– Me agradeça depois do desfile. – Mars me responde sorrindo. – Vamos procurar sua namorada?

Eu fico curioso e nervoso para ver Violet e então nós nos despedimos de Lucy, Lucille e Hugo enquanto eles prendem o choro. Mars me guia pelo corredor deserto, nós viramos para a direita e então para a esquerda e paramos em frente a uma porta igual a qual acabei de sair. Mars bate e uma voz grave responde nos mandando entrar.

– Opa, você fica ai. – ela me barra sorrindo ansiosa e entra sozinha no quarto.

Ouço Mars exclamar lá de dentro, provavelmente Violet está pronta. Ouço as vozes animadas, uma despedida de Violet com sua equipe e então o barulho inconfundível de saltos. E então, não vejo mais nada além dela.

Eu, sinceramente, mato quem disser que Violet não será a mais bonita hoje. Garanto que nem mesmo a garota em chamas será páreo. Ela também veste uma armadura dourada, mas bem diferente da minha. Calça uma bota acima dos joelhos parecida com a que usou da ultima vez, mas desta vez num tom de marrom. Sua armadura é uma espécie de espartilho de metal com um decote profundo e termina numa saia de tecido leve um palmo antes dos joelhos. Ela também ganhou ombreiras e braçadeiras, de aparência mais que leve que as minhas. O metal da roupa de Violet ganhou alguns desenhos, diferentemente do meu que é liso.

– Ta linda... – digo embasbacado. – Mas o que falamos sobre não a expor demais?

Victor está à porta juntamente com Mars, olhando Violet com orgulho.

– Desculpe, mas tinha que fazê-la causar impacto.

O cabelo de Violet cai em elegantes cachos largos e pelo comprimento tenho certeza de que colocaram nela algum tipo de aplique.

– Vai me dizer que não gostou? – ela diz me fitando, seus olhos destacados pela maquiagem forte.

– Não disse isso. – respondo sinceramente.

– Cadê o machado dela, Victor?

– Ah! Eu esqueci!

Victor corre para dentro de novo e sai com um machado nas mãos, o qual entrega à Violet.

– Não é de verdade não é mesmo? – ela pergunta girando a arma nas mãos.

– Não, não deixariam vocês com armas de verdade.

Victor e Mars nos conduzem para o elevador e nós então descemos para o nível inferior. Durante o trajeto meus olhos ficam em Violet o tempo inteiro, sua pele brilhando como a minha. Se Victor queria fazê-la ficar mais velha ele conseguiu porque não há um único traço de inocência nela e em seu traje sutilmente provocante.

– Prontos para uma entrada triunfal? – diz Victor.

E então as portas se abrem nos revelando o grande galpão cheio de carruagens. Diferentemente dos outros anos, em que os tributos ficavam isolados apenas com seus mentores, agora estão todos misturados, conversando em pequenos grupos e se cumprimentando. Há um clima de camaradagem que é estranho a mim porque eu realmente não conheço quase ninguém.

Mas todos me conhecem.

Assim que damos dois passos para fora todos os outros estão com os olhos em nós, olhares invejosos, intrigados e até mesmo maravilhados. Mas vindo deles é um olhar desconcertado. Katniss e Peeta estão mais adiante, perto de sua carruagem fitando a mim e a Violet com uma expressão incerta. Eles vestem simples macacões pretos, mas que tenho certeza que têm algum truque escondido. Peeta faz um educado cumprimento com a cabeça, o qual retribuo da mesma forma.

– Ah, meu Deus! Vocês estão incríveis! – ouvimos o grito de Enobaria e ela logo sai de um grupo e vem nos checar.

– Acha mesmo? – pergunta Violet nervosa.

– É claro que acho! O desfile começa daqui a pouco, vou esperar vocês lá em cima, ok?

Nós assentimos.

– Onde está Mark? – Violet pergunta.

– Ele já subiu. – ela diz num tom estranho. – E eu vou subir agora, vou ver tudo pela televisão.

Eu e Violet concordamos e ela acena para alguém no fundo do galpão, nos deseja boa sorte e desaparece no elevador.

– Ela tava estranha... – diz Violet.

Eu concordo com a cabeça.

Victor e Mars se afastaram e agora estão espalhando um pote gigante da tinta nos cavalos brancos e na carruagem dourada.

– Falou sério quando disse que minha roupa ta pequena demais? – Violet diz preocupada.

Eu rio.

– Não quero os caras babando em você, só eu posso ver tanto assim.

– Eu te beijaria. – ela acrescenta sorrindo. – Mas meu batom metálico não permite isso.

Quando Victor e Mars terminam de deixar nossa carruagem e nossos cavalos com a mesma aura dourada que eu e Violet agora temos eles ajustam algumas pequenas coisas em nossas roupas.

– Tudo bem, sem sorrisos simpáticos, sem retribuir beijos... Quero que se mostrem superiores, quero sorrisos e olhares arrogantes, entenderam? Sejam carreiristas. – diz Mars e eu e Violet assentimos. – Mostrem as armas, elas caracterizam vocês...

Mas ela não tem mais tempo porque a música começa a tocar e eu e Violet temos que entrar as pressas na carruagem. Eles gritam um “boa sorte” para nós e nossa carruagem arranca, logo atrás da carruagem de Gloss e Cashmere do distrito um. Violet me dá uma olhada e sua boca se abre num “o” perfeito enquanto eu mesmo fico espantado. Nós estamos reluzindo, muito, parecemos dois tubos de neon dourado.

Nossas mãos se encontram sem cerimônias e quando surgimos sorrindo o público vai à loucura. Eles gritam desesperadamente e nos apontam, jogam beijos, mas não os retribuímos. Olho rapidamente um telão e constato que realmente parecemos algo sobrenatural com nossas auras douradas. Nós realmente estamos mostrando que somos os melhores aqui, não há atenção para os outros tributos. Até Katniss e Peeta entrarem é claro, com seus macacões completamente em chamas. E a partir daí a coisa toda vira uma disputa, as pessoas não sabem para quem olhar. Elas apontam para nós quatro freneticamente e gritam nossos nomes.

Quando paramos no Círculo da Cidade os olhos dos outros também se dividem entre nós e os amantes desafortunados. Nós chegamos até a nos encarar por alguns momentos. Não faço questão de realmente escutar o que Snow diz e me contento em analisar os rostos dos tributos no telão. Eu e Violet claramente mais destacados na noite, assim como Katniss e Peeta. Quando nossa carruagem da sua última volta e o hino é tocado olho rapidamente para Snow. Como o esperado, seus olhos estão fixados em nós. As pedras de seu sapato.

Nossa carruagem entra no Centro de Treinamento e para, então eu desço e depois ajudo Violet a descer. Apenas Mars e Victor estão lá para recolher nossas armas de mentira, eles nos elogiam orgulhosos, mas então dizem que nos encontrarão depois de modo que eu e Violet rapidamente seguimos sozinhos para o elevador. Não queremos ficar no meio dos outros por muito tempo, estamos exaustos demais pra isso.

– Ah, ele está no doze, não vai descer tão rápido. – diz uma voz feminina atrás de nós.

Me viro e vejo os irmãos, Cashmere e Gloss parados bem atrás de nós com sorrisos atraentes no rosto. Cashmere é alta, loira e exuberante como todas as mulheres do um que já vi e seu irmão é um troglodita loiro. Ambos estão em roupas cobertas por jóias.

– Foram ótimos hoje, só tinham olhos para vocês dois lá fora. – diz Gloss amistosamente, mas sinto uma pontada de inveja em sua voz grossa.

– Vocês também não foram nada mal. – retruco.

Cashmere ri.

– Pra eles não somos nada perto dos invencíveis Cato e Violet... A propósito, pensei que fosse mais nova, Violet.

Uma provocação? Isso não é nada bom.

– Na verdade eu tenho dezessete. – Violet responde secamente.

E então as portas se abrem e nós entramos.

– Ah... Vai ser a caçula este ano! Sabe que tem gente muito mais experiente que você aqui não é? – Gloss diz.

Vejo os olhos de Violet brilharem maldosamente em direção a ele e à irmã e temendo o pior eu intervenho, também irritado com o ataque gratuito.

– Mas, com certeza, Violet é mais perigosa que muitos aqui. A maioria, eu diria.

Eles nos olham com uma superioridade nojenta e então nos desejam boa noite e saem marchando quando as portas se abrem novamente no primeiro andar. Violet me olha incrédula logo em seguida.

– Eles são loucos?

– Só querem tentar intimidar. Dor de cotovelo porque somos melhores. – respondo.

Quando as portas se abrem em nosso andar nós dois suspiramos cansados. A armadura já incomoda e Violet diz que está louca para tirar a extensão que Victor colocou em seu cabelo. Vamos até a sala à procura de Enobaria e Mark e paramos estáticos à porta. Eles não estão sozinhos. Visualizamos o homem, já em seus quarenta anos, sentado em um dos sofás.

– Aí estão eles, Haymitch. – diz Enobaria severamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e eu sei que meu dia de postar é no domingo mas considerem este capítulo um bônus porque... ATLAS FOI LANÇADA! Se alguém não souber, Atlas é a música do MEU Coldplay pra Em Chamas. E ela é perfeita, sem mas. E outra coisa... Ando vendo umas fotos da Enobaria e, sinceramente, eu imagino ela mais bonita. Tipo a atriz mesmo, só que com os dentes: http://hungergamesfandom.files.wordpress.com/2012/08/metagolding.jpg. (a "minha" Enobaria é assim)
Fazer o que, beijos e me mandem reviews. Podem me xingar, dar opinião, sei lá, mas falem comigo leitores fantasmas!



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