Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 24
O dia consequente


Notas iniciais do capítulo

Gritando até agora porque, gente.... Tipo assim...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGGGHHHHHHHHHHHHHH
ALICAAAAAAAARD
Então, vamos começar a fechar o resto das pontas. Me dói levemente o que tenho que fazer, maas... “It’s for the storyline”.
Não tenho muito a dizer, enfim, vamos lá. Boa leitura!
Trechinho de hoje poderia ter sido um do Miguel de Cervantes, mas fico guardando ele porque eu sempre acho que é bom demais... Enfim, hoje temos Ovídio!
PS: tem um trechinho que não chega a ser hentai, mas assim como Alicard (SPOILER) passou bem perto. Se não gostam, cuidado ao lerem!



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“Estamos sempre lutando pelo que é proibido, e desejando o que nos é negado.”

*

Era manhã.

A luz fluía leve pelas janelas, e pela intensidade e tons, devia ser seis e meia. Estava confortável debaixo dos lençóis e edredons, e o sono estava me embalando pra longe, longe...

Mas eu não podia ceder. Eu tinha uma próxima etapa a concluir.

Espreguicei-me de leve, sentindo a maciez dos lençóis quando deslizavam pela minha pele, e suspirei. Aquilo era tão bom, gente, parecia que a névoa tinha sido transformada em pano.

− Bom dia. – A voz de Sean, grossa como era, foi na verdade uma carícia pra mim.

Virei-me na cama pra encarar seu rosto e logo vi a xícara de café, e percebi o cheiro pungente que meu sono estava nublando. Ai, meu santo Deus... O dia que ele não tomar café, vou ficar loira. Só pode.

Deixei de reclamar internamente e analisei-o rápido. Calça social, meias pretas, sexy e delicioso. E tão não-meu. Tão... De outras mulheres. Inacessível, e aquilo me incomodava.

Pelas roupas, ele ia trabalhar, claro.

− Oi. – Suspirei, olhando para cima. – Que horas são?

− Seis e meia. – Sorri internamente com meu acerto. – Como está?

− Dormi melhor que o normal, considerando que a cama não é minha. – Fiquei olhando o abdômen dele, oh visão de Deus... Era tão triste que tudo estivesse contra nós dois juntos, parecia que eles queriam ver o que estávamos dispostos a pôr à prova por nós dois. – Então, e ontem à noite?

− Eu esperava que você me dissesse. – Ele colocou a caneca no criado-mudo e me olhou. – Alicia, você veio aqui pra terminar algo entre nós ou começar?

− Terminar. Fui bem específica. – Sentei-me. Aquela conversa estava estranha. – Olha... Ontem à noite foi bom.

− Eu diria que foi ótimo.

− Isso também. Mas, pense, Renard. Nós não podemos ter nada. Você sabe disso, eu sei disso. Por que acha que me segurei ontem? – Ele olhou pra baixo. – Eu poderia até ficar com você, mas isso seria muito rápido e muito arriscado. E...

− Eu sei. Tem pessoas que não iam gostar muito da ideia. – Sorri de leve. – Mas eu parei de me preocupar com tudo isso há algumas horas.

Olhei-o, ainda meio chocada em ver que seus olhos não eram o cinza que eu lembrava, e realmente um verde oliva.

− Como assim? – Ele inclinou-se na minha direção, e vendo que eu permanecia parada (por mais que tivesse um calafrio descendo pela minha espinha), pousou os lábios na marca que tinha feito em mim.

− Você vai saber. – Ele se afastou um pouco, mas não resisti, segurei o pescoço dele e o beijei.

Beijei-o com voracidade, com sede, com desejo, porque eu estava prometendo a mim mesma que aquela seria a última vez, teria que ser a última vez. Se eu me permitisse amá-lo, como eu queria, como todos insinuavam, seria destrutivo e ruim. Como uma droga muito boa: você se sente ótimo, mas ela te corrói por dentro e te mata.

Sean Renard era minha droga.

E eu estava oficialmente em reabilitação.

Terminei o beijo, com o coração doendo, enquanto meus dedos deslizavam pelo rosto dele, imaculado, sem barba, lindo. “O amor entra pelos olhos”. Então olhei nos olhos dele.

− Precisamos esquecer que essa noite aconteceu. – Pedi, a voz quebrada. – Você disse que entende porque não podemos ficar juntos. Então, esqueça. É melhor pra nós dois.

Ele fitou meus olhos, minhas maçãs do rosto, meus lábios.

− Você fala como se fosse fácil.

− Vai ter que ser. – Afastei-me dele, lentamente. – Desculpe, Vossa Alteza. Mas é assim que tem que ser.

− Que seja. – Ele ficou quieto, observando-me pegar minhas roupas no chão e vesti-las, e seu olhar era quase um toque de amante.

− Perdeu algo aqui? – Perguntei, quando vi que ele encarava meu sutiã com intensidade medonha.

− Estou aproveitando enquanto posso. – Mordi o lábio e continuei a me vestir, e quando estava finalmente pronta, fiquei de frente pro Renard.

− Se tivesse outro jeito de fazer isso, eu fazia.

− Mas não tem. – Ele se ergueu e se aproximou de mim, como fez tantas vezes. – Aliados, então.

− Sim. Apenas. – Olhei-o uma última vez. – Adeus.

− Adeus.

E, contra todas as forças cosmológicas, sentimentais, gravitacionais e mais ais que me empurravam de volta pra ele, passei pela porta do quarto dele e do apartamento me forçando a não olhar pra trás, ou ficaria lá para sempre.

Como Orfeu.

*

Eu deveria me sentir normal após sair do apartamento, senão meio triste, mas eu estava com o coração partido. Eu não sabia que aquilo doeria tanto; pelo contrário, achei que, fazendo o certo pela minha família, eu ficaria bem. Mas não. Eu estava mordendo o lábio e reprimindo a onda cruel de dor que me ameaçava por dentro ou começaria a chorar na rua.

Estava tremendo de leve quando sentei na minha moto, e comecei a respirar fundo, procurando um alívio pra mim mesma, alguma coisa, qualquer coisa. Que droga! Será que não podia, sei lá, tomar um analgésico sentimental?

Eu estava sendo altruísta, estava fazendo o certo por uma maioria, estava deixando de lado os meus próprios interesses. Mas aquilo valia à pena, se eu estava sacrificando minha própria alma? Será que Fernando Pessoa havia olhado por aquele lado?

Fiquei apenas sentada em cima da moto, inspirando, expirando, inspirando, expirando, procurando calma para mim mesma. Assim que me julguei mais paciente, eu me preparei pra dar partida na moto, mas meu celular bipou.

“Eu te quero.”

Ah, eu também, Capitão.

Eu também.

*

Fui pra casa, e abracei Emily e Bárbara e disse que eu estava bem e que sentia muito por não ter passado a noite com elas. Elas viram que eu estava meio tremida, mas eu afirmei que estava tudo bem e que queria comer algo.

− Ah, ok, tudo bem, vamos – Emily me tomou pelo braço e foi arrastando-me, junto com Barbie, para a cozinha. – Cara, eu não poderia estar mais feliz. Meu namorado chega hoje!

− Hã? – Perguntei, confusa.

− Humrum, ele me avisou ontem que o avião chegava hoje e eu vou lá buscá-lo! Cara, depois de tanto tempo a gente vai se ver! – Ela foi, naquela alegria de encher o saco, pulando de alegria para longe enquanto nós tentávamos acompanhá-la. – Acho que vocês vão adorá-lo, ele é super gente fina. E lindo. Mas é meu, desculpaaa! – Ela riu e eu sentei na bancada, meio atordoada com toda a alegria dela.

− Cara, que medo – Barbie sussurrou pra mim. – Ela parece o Coringa com esse sorrisão.

− Acha que ela tomou ecstasy? – Perguntei, e Barbie riu.

− Se não tomou, parece que sim. – Eu ri e, após estar mais acostumada ao Furacão Emily, fui pegar um pratinho pra minha fatia de bolo. – Ok meninas, deixa eu avisar: Michael e eu estávamos saindo.

− Nós sabemos disso – Emily cantarolou.

− Mas não ficaram sabendo que eu vou dizer sim hoje pro pedido de namoro dele. – As duas ficaram boquiabertas.

− COMASSIM? – As duas me abraçaram. – Mas, Ally... – Barbie começou.

− Lembra do que a gente comentou, sobre ele poder estar do lado negro da força? – Emy completou. – Amiga...

− Ele não está. Sei disso. A gente se beijou, e eu senti, ele está tão na minha quanto eu estou na dele. Meninas, confiem em mim, é seguro. O Michael já lutou ao meu lado... – Suspirei.

− Tá, ele pode até ser do bem, mas então por que você está impregnada com o cheiro do bastardo?

Ai, como é que eu ia explicar aquilo?

Olhei nos olhos de uma, depois nos olhos de outra, e ainda não sabia o que responder. Meus lábios tremeram, e eu sabia que não podia mentir.

− Passamos a noite juntos, porque eu estava me sentindo com dúvidas... Então eu achei que ficando com ele por uma noite, eu acabaria tudo entre nós e aí eu poderia ficar com o Michael... – Senti algo em mim apodrecendo por dentro. – E por isso passei a noite com ele.

As duas me olharam por uns segundos e então me abraçaram. Sentir o abraço delas depois de tanto tempo foi tão bom...

− Obrigada, meninas – Sussurrei.

− Cara, deve ser horrível ficar em dúvida por dois caras. – Emy disse. – Ainda bem que só tenho um.

− Ah, Emy – Suspirei, e elas riram. – Cara, relaaaxa. É seu namorado, não um Oscar.

− Bem, se precisar de ajuda, sabe que sempre estaremos aqui. – Bárbara cutucou meu ombro. – E aqui. – Ela apontou pro celular e eu sacudi a cabeça de leve, com um sorriso.

− Eu sei, amiga. Obrigada.

*Emily*

Alicia tinha subido pro seu quarto pra tomar um banho (tirar o perfume do bastardo da roupa?) e eu e Barbie ficamos na cozinha, pensando naquela garota.

− É impressão minha ou ela está se afastando? – Barbie perguntou, parecendo tristinha. – Não dá, cara. Não consigo observar nossa amizade despedaçando assim.

− Está. Agora ela fica correndo pra lá e pra cá com essas coisas do irmão, e do capitão... E a gente? E nossas missões juntas? E... – Suspirei, derrotada demais pra continuar. – Sei lá, logo logo ela sai daqui, e nós, como ficamos?

− Ainda vamos ter uma a outra. Não vamos? – Barbie fez uma carinha tristinha, e eu a abracei.

− Claro que vamos. Juntas até o fim.

*Renard*

Depois daquilo, a minha mente estava focada, extremamente rápida, e cheia de pensamentos indecentes.

Alicia havia sido incrivelmente... Perfeita. Ela tinha se entregado a mim, nem que fosse por aquela noite, e cada beijo dela, cada gemido que eu causava, era um êxtase desmedido. Tinha sido muito difícil me conter para não tomá-la toda, como ela tinha pedido, porque quanto mais eu a beijava, mais eu precisava dela.

E ela estava tão bonitinha dormindo, as costas branquinhas e o contraste do cabelo negro dela e tranquila, principalmente. Como se ela fosse ficar ali pra sempre.

E ela tinha ido embora.

E depois de muito tempo, eu quase perdi o controle. A woge forçou-se contra minha vontade, e se eu não tivesse usado toda a minha força de vontade, eu teria destruído o quarto e ido atrás dela, porque ela era minha. Toda minha.

Ou seria.

Já na minha sala, com um copo de café do lado (o do meu apartamento havia perdido todo o gosto depois de ver Alicia me dando as costas e indo embora), eu comecei a pensar no que faria pra tirar o garoto do meu caminho. O difícil não seria apenas isso, seria fazer Alicia ficar comigo depois disso.

A lembrança dos lábios dela nos meus, e no meu pescoço, e pelo meu tronco, me fez tomar a coragem pra fazer o que eu queria.

Mas por que estou fazendo isso? Por que quero aquela garota, ou melhor, uma menina, de tão nova? Nem eu estou me reconhecendo. Revirei os olhos pros meus próprios pensamentos.

Bom, a verdade é que agora havia uma disputa por ela. E eu nunca perco e nem vou perder, principalmente com tal prêmio.

*Alicia*

Eu havia tomado café da manhã (ou comido o bolo da manhã?) e fui tomar um banho mesmo. Durante o banho é que começou meu suplício.

Quando eu fiquei nua, observei meu corpo no espelho de corpo inteiro no quarto, e cada marca me fazia lembrar dos beijos e toques deliciosos dele. Droga, quanto mais eu tocava as mordidas, os chupões, as impressões vermelhas de suas mãos, mais minhas pernas enfraqueciam, minha boca ficava seca, e... Bem... Outro ponto do meu corpo aquecia e umedecia.

Não. Não posso. Foi o que determinei pra mim mesma, me afastar dele. Essa noite deveria ter sido apenas pra terminar e saciar meus, nossos desejos...

Mas e se eu tivesse feito a escolha errada? E se fosse realmente como uma droga: uma vez que você usa, cessar esse uso é quase impossível? E se, ao invés de criar um muro entre nós dois, eu tivesse nos algemado?

Droga, droga, droga. Mil drogas. Parecia que eu estava destinada a fazer merda.

Enfim, entrei debaixo do chuveiro (porque às vezes você precisa sentir que é pobre), mas a água não estava me ajudando. Na verdade, ela estava só me atiçando. Quanto mais a água fria descia pelo meu corpo, mais eu lembrava do calor dos lençóis do Renard.

Dei um tiro no próprio pé. O jeito era esperar que Michael conseguisse me fazer superar os sentimentos pelo capitão. E rápido, ou eu iria fazer o estrago que estava me esforçando pra evitar.

*

Banho tomado, roupas trocadas, eu fui dar uma volta, já que não tínhamos combinado nenhum ponto de encontro para que eu finalmente fosse dizer o tão esperado “sim”. (Parece até que a gente ia casar...) Então, o jeito de encontrar ele era ficar andando pela rua esperando que ele saísse das sombras.

E não foi o que aconteceu?

Eu estava bem indo pro centro a pé quando de repente alguém me abraça por trás. Eu gritei de susto, e quando Michael me soltou, dei um tapa no braço dele.

− Não me assusta, droga!

− Desculpa, gata! – Ele ergueu os braços rindo, como se estivesse se rendendo. – Mas é que você é muito abraçável. – Ele se controlou e ficou quietinho, as mãos juntas na frente do corpo e sorrindo muito MUITO fofamente. – Desculpa, mas eu tô ansioso. E aí?

Eu não tentei conter meu sorriso, o coração batendo como as asas de um beija-flor.

Vai dar certo. Se ele me fizer sentir isso toda vez que sorri...

− Sim, Michael, eu vou ser sua namorada. – Ele me ergueu nos braços e eu comecei a rir, e foi um turbilhão de coisas até nos beijarmos.

É, daria certo.

Maaaas, claro, porque tudo tem seu lado escuro, ele vem me falar isso:

− Tem certeza?

− Ué. – Afastei-me um pouco, pega de surpresa. – Por que diz isso?

Michael ficou calado, meio que ponderando o que ia dizer, e por fim deu de ombros e disse o que eu temia:

− Bom, somos namorados agora, então vou ser sincero. Ontem, quando você perguntou aquilo sobre beijar outros caras, eu estranhei, então acabei te seguindo de novo e... Bom, aí eu vi você e aquele cara. Que, sendo sincero, já tá me irritando...

− Calma, amor – Pendurei-me contra o pescoço dele. – Pra mim agora é só você.

Tomara, pelo amor de tudo o que é mais sagrado.

*

Pra quem, assim como eu, achava que o Michael é tipo um fantasma que se transporta pelas sombras e se alimenta de dor humana, não. Ele mora num hotel.

− E como tá fazendo pra pagar as diárias? – Perguntei, curiosa.

− Sou parte Ziegevolk. – Ele sorriu pra mim. – Também convenço o cara a me dar acesso à sala de segurança. Sabe, evitando rastros.

− Sei, sei.

Até que o lugar não era nenhum lixo. As paredes e o chão estavam limpinhos, o quarto era grande, a cama, espaçosa, a tevê não era um lixo total. O lugar era bom, até.

− Ok, trazendo uma garota pro meu quarto. Vem. – Ele deitou na cama, e eu analisei a área por dois segundos antes de deitar junto com ele.

− Cara, isso é muito íntimo. – Sussurrei enquanto a gente se olhava. – Dá um nervoso.

− Vamos nos beijar logo, gata. Que agonia... – Ele se inclinou e, mais ansiosa que nunca, avancei e tomei os lábios dele.

Se Sean me deixava cheia de energia, Michael me deixava pegando fogo. O calor dele desceu pelo meu corpo todo enquanto o beijo avançou rapidamente, e nossas pernas se entrelaçaram, e ele me puxava pra si e eu o puxava pra mim. Nossa sincronia era algo além do normal, ele puxava em um canto e eu puxava no outro, estávamos sintonizados. E era tão... Bom, natural.

Michael me impulsionou pra cima, colocando-me sobre seu colo. Abaixei-me sobre ele e deslizei meus quadris, a sensação lenta e deliciosa fazendo-me gemer bem baixinho.

As mãos dele deslizaram pelas minhas costas, tiraram minha blusa, engataram nos passadores da minha calça, e eu queria tudo aquilo, porque eu estava me sentindo ótima.

Ok, nem tanto.

Porque eu estava, sim, me sentindo ótima com o Michael. Mas não ofuscava que eu estava me sentindo meio culpada de, sei lá, ter ficado com o capitão, e...

Algo...

Parecia vazio.

Muito vazio.

Muito estranho.

− Gata, alguma coisa me diz que nós namorando vai ser delicioso – Ele mordeu minha boca e eu gemi. – Vamos arrasar.

− Vamos mesmo. – Inclinei-me e tomei a boca dele pra mim, e empurrei seus pulsos pra baixo, e dominei-o, deixando-o imóvel e submisso a mim. Mordi seu pescoço e suguei e lambi e mordi a orelha dele e o provoquei o quanto queria.

Novamente, eu estava fugindo do que eu sabia.

Michael não me faria esquecer a noite com o capitão.

Deus e eu sabíamos muito bem disso. Só que, como já dito, eu não era pro capitão e nem ele pra mim.

Ficamos um bom tempo naquilo, e ora ele estava por cima, ora eu estava por cima, e foi tudo tão bom, mas era como balada, eu supunha. Depois te bate culpa.

Então, tínhamos cansado e estávamos deitados de bobeira na cama, eu apoiando a cabeça no peito dele e o braço dele fazendo carinho nas minhas costas e ele virou pra mim e falou:

− Minha tatuagem. Quer ver? Fiquei de te mostrar, né?

Demorou um tempo até cair a ficha e eu dizer:

− Ah, meu santo, sim, ficou. Quero ver agora. – Sentamos e eu fiquei ansiosa. Eu lembrava da descrição, mas será que era como eu imaginava?

Ele tirou a camisa, e eu suspirei com a glória dos seus músculos se contraindo pelos seus movimentos, e ele ficou de costas pra mim e meus olhos brilharam.

Era mais ou menos como eu tinha imaginado; a diferença era que, na minha cabeça, as linhas eram mais esguias. Mas, na verdade, elas eram grossas; cada espiral estava nas pontas do triângulo, girando e convergindo pro centro.

Toquei e tracei cada uma das espirais, ouvindo o Michael respirar fundo.

− O que significa?

− Várias coisas. Pai, mãe, e filho; começo, meio, e fim. – Ele virou pra mim. – Eu estou esperando meu fim.

− Eu vou estar lá? – Ele sorriu e virou pra mim. Eu mordi o lábio com a visão do seu peito descoberto e coloquei minhas mãos nele.

− Tomara.

E dessa vez nossos beijos pegaram fogo; e não demorou para que nós dois arrancássemos a roupa um do outro e fosse pele contra pele, e eu achava que ia explodir de tão quente contra as mãos e a boca dele. E era incrível, foi incrível, como nós várias vezes nos sentíamos extasiados, como se estivéssemos fazendo sexo, como se pertencêssemos realmente ao outro.

Foi bom, foi duradouro, e quando estávamos na cama, cansados, as pernas entrelaçadas, trocamos juras de amor e selinhos e foi simplesmente certo estar com ele.

Eu não havia errado na minha decisão. Nem um pouco.

*

A gente ficou junto por um bom tempo, enquanto Michael me beijava pelo corpo e eu o beijava também, e a gente discutia coisas bobinhas e simplesmente ficava junto, e eu voltei a sentir a conexão entre nós. Como ele já havia me salvado e eu o havia salvado, e como a gente conseguia interagir facilmente, a conversa fluía com facilidade entre nós.

Maaas, como tudo na minha vida que era bom durava pouco, eu ainda tinha outras certas responsabilidades, como cuidar da família. E parte da minha família era, por tabela, a Juliette, que seria logo (esperávamos) a namorada do meu irmão e, quem soubesse, um dia, sua esposa. (E mãe dos meus sobrinhos!) Então eu estava indo lá para garantir que nenhuma memória indevida já tivesse lhe deixado abraçando os próprios joelhos, balbuciando e choramingando.

Então lá fui eu, na minha moto, para a casa dela, que estava vazia. Fiquei vagando por ela, vendo as fotos deles, até Juliette chegar.

Gente, mas era muito bonitinho ver as fotos deles juntos. Eles sorriam verdadeiramente, com uma pureza que demonstrava o amor deles um pelo outro. Transbordava e te fazia sentir. Parecia que eu podia ver os dois casando.

Falando em casamento e lembrando de papelada, quanto aos meus documentos, havíamos feito a maior coisa. Eu era, supostamente, filha de uma irmã de nossa mãe, sendo que essa mãe morreu quatro anos depois, e um cara desconhecido. Eu fiquei com o sobrenome Kessler, oficialmente. Mas, quem perguntasse, eu era só Alicia e havia sido adotada por uma família no México, de onde fui sequestrada. Como eu havia descoberto que era prima de Nick? Tia Marie me procurou depois de um tempo, mandando uma carta para minha suposta antiga casa, que eu encontrei quando voltei pra lá, e assim vim para os Estados Unidos.

Como todo mundo envolvido na história estava morto ou não existia, eu estava livre. O cara ficou com a maior cara de interrogação a maior parte do tempo, mas se estranhou algo, não fez nenhum questionamento e só escreveu. Eu estava imaginando o “mãe falecida” e “pai desconhecido” na minha certidão quando Juliette apareceu.

− Olá, amiguinha. – Sorri pra ela. – Como foi não sei onde?

− Estranho. – Ela se aproximou de mim. – Ei, você disse que era bem próxima do Nick. O que acha que ele sente por mim?

Essa pergunta foi meio inesperada.

− Ahn... – Me ajeitei no sofá, subitamente me sentindo desconfortável. – Acho que ele te ama. E pelo o que eu vi, te ama pra caramba.

− Hm... Acha que ele vai continuar me amando, mesmo que eu esteja diferente, de algum jeito? – Ela se sentou à minha frente, e jogou os cabelos pra frente dos ombros, e aquele cheiro com toques de ácido encheu minhas narinas.

Que estranho... Depois de tanto tempo, não era pro cheiro do Nick ter saído?

Mas se fosse o cheiro dele, eu sentiria as outras pitadas, o amargo, o café, não só o ácido. Esse ardor é da Juliette mesmo, mas como?

− Bom, talvez. Olha, pelo o que eu percebi, depois de ver como ele agia quando o assunto era você, ele te ama e ama muito mesmo. Acho que ele consegue continuar te amando, mesmo se algo em você mudar. Só precisa amá-lo de volta. – Ela queria que eu a ajudasse com sua vida amorosa, quando mesmo a minha não estava boa...

− Você fala igual o Monroe. Desculpe... É que preciso ter certeza de tudo isso e eu estou com medo que ele não me ame mais.

− Então pode-se dizer que você o ama, também? – Perguntei, algo faiscando em mim.

Se fosse assim, quem sabe logo ela e o Nick voltassem? Observei como um sorriso surgia no rosto da Juliette.

− Em algum nível, sim.

SUCESSO, YEEEEEEES! CONSEGUI! SOU A MELHOR CUPIDO EVER!

− Bom. – Controlei minha alegria para respondê-la. – Isso é bom, espero.

− É. Tem mais uma coisa, eu perguntei isso ao Monroe também, e odeio sair perguntando, mas realmente preciso saber. O que é um Grimm?

Você falhou na missão.

DROGAAAAAAAAAAAAAAAAA!

− Ahn... Por que quer saber isso, também? – Perguntei, sentindo-me desconfortável. Ela estava praticamente armando uma mina terrestre pra pisar em cima logo depois.

− Isso tem a ver com a noite que eu estava no trailer. Eu sei que o Nick não quer que eu saiba do que aconteceu, mas vamos simplesmente dizer que eu sou teimosa. Ele me disse algo sobre isso e agora não quer mais que eu saiba, mas...

− Mas o que quer que ele tenha te dito tem a ver com a noite e o porquê que você entrou em coma. Vou memorizar essa sua frase assim. – Suspirei. Ela já ia começar a encher o saco. – Esse segredo não é meu para contar.

Ela ficou calada, porque não tinha como rebater, mas decidiu apelar pro jeitinho.

− Alicia, por favor. – Ela se sentou à minha frente. – Eu quero muito voltar com o Nick, sério. Mas não posso fazer isso se não posso confiar nele.

Putz.

Ela estava certa e não tinha nada que eu pudesse fazer contra isso.

− Mas como eu disse, talvez não seja a hora e eu não tenho o direito de contar – Mentira, eu tinha, mas ela não podia saber. – Olha... Eu sei lá... Vou pensar no seu caso, ok? Vou pensar. Mas não posso te garantir que vou te dizer algo.

− O que você pode me dizer?

Tava aí uma chance. Eu poderia fazê-la ficar com medo do que ela iria descobrir se continuasse fuçando aquilo. Ela desistiria, e então não me pediria mais pra dizer algo.

Até porque eu não iria. Não voluntariamente.

− Posso dizer que isso pode acabar com você assim. – Estalei os dedos. – Tem certeza que quer fazer isso?

Ela ficou calada.

− Como posso ficar com um cara que nem confia em mim, ou que não posso confiar nele? – Ela suspirou. – Se for tão ruim assim, a gente...

− Nem diga isso. Vai ser a maior coisa se você não ficar com ele. – Fiquei de pé. – Olha, Juliette, é um caminho difícil, o meu e o do Nick. E se você não aguentar... Bom...

− Enfim, não diga nada pro Nick, eu vou falar com ele quando estiver pronta. Obrigada.

− Estranho, você nunca me chama de Alicia. É meu nome, sabia? – Espreguicei-me. – De nada. É legal às vezes ver como seria se não fôssemos parte de tudo isso.

− Sabe que um dia eu vou descobrir que tudo é esse, né? Já recuperei praticamente todas as minhas memórias.

− Sei que vai tentar.

Ok, revisando. Juliette estava se recuperando extremamente bem, tinha quase todas as memórias, mas alguma coisa nela a tinha lembrado de que Nick a tinha dito que era um Grimm e ela queria descobrir o que era. E estava decidida.

Ai, coisinha. Ela tinha ido ao trailer e só ia estragar tudo se continuasse nessa trilha. Quer dizer, ela fez algum avanço desde a última revisão? Fora ficar mais besta e querer se arriscar mais?

Bom, ela tinha meu respeito. Mergulhar de cabeça mesmo sabendo o quão perigoso era, a bichinha ou era muito corajosa ou muito burra.

Bom, eu estava torcendo a Deus que ela pudesse aguentar o tranco. Nós sabíamos o quanto o Nick precisava dela.

Bom, eu estava sozinha, e estava na hora de processar a minha própria vida.

Eu tinha um namorado. Eu iria estar oficialmente existindo (com um grau de parentesco não tão questionável com o Nick e uma história meio triste) e parecia que eu iria finalmente me ajeitar.

Mas...

Eu sabia que não deveria ficar vendo o capitão o tempo todo, mas uma parte de mim estava voltando pra lá, porque estava além do meu controle. Então inventei uma desculpa, tipo, sei lá, ver como ele estava lidando com a nossa noite.

Eu queria muito entrar na casa dele e voltar pra cama dele, que além de ser quentinha e macia, havia sido o lugar onde eu havia tido a experiência mais sexual e eletrizante da minha vida (até o momento).

Eu queria mais. Eu não aguentava ficar sem.

Porém, durante o caminho eu fiquei mudando de ideia umas quarenta vezes: melhor eu não ir, tenho um namorado agora, preciso ser fiel a ele. Só que toda vez que eu pensava nele eu voltava ao plano original.

Eu poderia culpar meus instintos e hormônios, de qualquer jeito. E eu só queria ir... Vê-lo. Poderia ir lá e não fazer nada. Só falar com ele.

Até parece que eu iria aguentar.

Então, fui praticamente disparada pro andar dele, nem esperando pegar o elevador... Até o quarto andar. A partir daí, desisti de subir tudo na base do pé, porque demora e cansa, e esperei o elevador mesmo.

Meio que me joguei contra a porta, mas me controlei e só bati, esperando que fosse atendida. E fui.

E Renard ainda estava de terno, e eu não o achei nem um pouco menos bonito e sexy do que quando o vi seminu.

− Oi. – Ele se afastou e me deixou entrar. – Bela roupa.

− Por que voltou?

Tremi internamente, e senti meus lábios tremendo como resposta. Eu não deveria estar ali. Eu não podia estar ali.

Eu queria estar ali.

− Não pude ficar longe – E me joguei contra os braços dele.

− Achei que deveríamos esquecer. – Mas ele ignorou a própria frase e, passando as mãos na minha cintura, empurrou-me contra ele e me beijou.

E foi aquele beijo selvagem, com um delicioso “algo mais”, uma delicadeza que não dava pra perceber direito, mas era um beijo de dominador, e eu adorava aquilo. Era diferente do beijo do Michael; o dele era uma interação mútua, respondia à intensidade que fosse aplicada. Mas o do Renard, era como se ele quisesse mostrar que ele poderia me possuir; que eu era dele, independente do homem que namorasse.

Ele ainda tinha aquele gosto delicioso que eu me lembrava, e cada parte dele era como eu me lembrava, e eu senti aquela energia que fluía entre a gente daquele jeito incrível. Era tão bom sentir aquilo de novo, sentir a boca dele contra a minha, a paixão. Era tão... Delicioso.

Uma mão na minha cintura, uma no cabelo dele, outra entre minhas omoplatas, e mais uma deslizando pelo peito dele. Era apaixonante como ele me beijava, e havia definitivamente algo diferente no seu toque.

Sem eu perceber de início, ele passou as mãos por debaixo da minha blusa, os dedos subindo pelas minhas costas, provocando, e mesmo quando notei o que ele fazia, não liguei. Eu quis mais.

− Você não tem namorado? – Ele me empurrou contra a parede, e eu usei meus braços para evitar que desse de cara contra os tijolos. Senti que minha blusa era tirada do meu corpo, e seus lábios foram descendo pela minha coluna. Em alguns pontos, eu sentia o toque de sua língua, que ele usou pra traçar as linhas e cicatrizes nas minhas costas, enquanto eu gemia, e suspirava, e era muito bom cada sensação.

− Tenho... Mas eu acho que não estou me importando muito com isso agora. – Senti as mãos dele alisarem meu quadril, depois deslizando para trás, apertando aquela porção de carne (arrancando um grito baixinho de mim) e depois indo para a frente, apertando os botões da minha calça e ameaçando tirá-la.

− Posso?

− Você acabou de apertar minha bunda, claro que pode. – Ouvi a risadinha dele no pé do meu ouvido quando ele se inclinou contra mim, irradiando calor.

− Desculpe, mas você tem uma bela bunda. – Sean tirou minha calça e seus dedos deslizaram por baixo do elástico da minha calcinha, e então para a frente...

Um calafrio passou por mim.

− Renard... – Ele puxou o meu cabelo, fazendo-me encará-lo, e me beijou. Mesmo assim, não pude assentir. – Eu não consigo, por favor...

− Tudo bem. Não vou te tocar. Muito seriamente. – Encarei-o.

− Me explique.

− Assim. – Eu enrijeci quando seus dedos acariciaram a pele perigosamente próxima de meu sexo, e eu estremeci. Então senti-o tocar a carne perto de minhas virilhas, e aquele toque foi tão íntimo e delicioso e arriscado que eu gemi, e puxei a boca dele pra mim.

Meu quadril se empurrava por vontade própria contra a mão dele, e eu desejava mais, queria que a mão dele me tocasse de verdade, que ele me levasse à loucura. Se só os seus beijos faziam tanto comigo...

Renard afastou-se de mim, ergueu-me e levou-me pro sofá enquanto nos beijávamos. O que ele estava fazendo era bem parecido com a nossa noite anterior, só que mais intenso.

Deitamos no sofá, e ele foi descendo, a boca deixando uma trilha de beijos, passando por entre meus seios e chegando na minha calcinha.

Ele abaixou um pouco o pano e deslizou a língua pela pele descoberta, abaixando mais um pouco e lambendo mais um pouco, e meus gemidos iam aumentando.

− Renard... – Puxei os cabelos dele, forçando-o a erguer a cabeça. – Não tô pronta ainda.

− Relaxa e confia em mim. – Ele abriu um pouco mais minhas pernas, e passou a língua pela minha virilha, e beijou, e afastou um pouco o elástico, e provou aquela parte de minha carne, e eu gemi muito alto, porque mesmo que ele não estivesse me tocando, estava sendo muito, muitíssimo bom.

Ficou um pouco mais de tempo naquilo até que se ergueu, e eu me senti fraca, mas tão bem, e, por incrível que pareça, energizada. Puxei-o pra mim, e nos beijamos, como animais. Enrolei as pernas no quadril dele e nos movemos, um contra o outro, arrancando gemidos e grunhidos. E um novo tipo de prazer irradiou pelo meu quadril, um mais incrível que qualquer coisa que eu já tivesse sentido. E meus quadris começaram a se mover mais, buscando mais, e eu comecei a tirar as roupas dele.

− Eu não deveria... – Sussurrei contra a boca dele. – O Michael...

− Eu te quero mais – Ele afastou-se de mim. – Eu te desejo, Alicia.

Eu respirava rápido, e minhas mãos deslizaram pelo peito dele, a roupa pendurada nas costas e ombros dele. Abri sua calça, curiosa, mas com medo.

− Não sei se posso fazer isso. – Mesmo assim, minhas mãos deslizaram por dentro do pano. – Eu tenho um pouco de medo.

− Quer que eu faça com cuidado? – Ele beijou meu pescoço.

Alguma coisa, uma sensação curiosa deslizou pelo meu corpo. Olhei para o lado, e tive a sensação de ver alguma coisa no topo de um prédio.

− Espera – Afastei-o, e peguei a parte de cima de seu terno, cobrindo-me com ela. Fui até os painéis de vidro e transformei meus olhos, buscando o movimento, ou qualquer coisa semelhante. Não vi nada. – Achei que tinha visto alguém.

− Alicia...

− Renard, não posso fazer isso – Cortei-o. – Tenho um namorado, vou recomeçar a minha vida. Não posso traí-lo, não posso destruir o que conquistei. – Ele não disse nada, então continuei. – Você disse que entendia o porquê de termos que deixar tudo pra trás e continuar sendo só aliados.

− Eu parei de me importar com os outros há muito tempo, e parei de me importar com as consequências desde a primeira vez que te beijei. – Ele segurou meu braço. – Tem ideia do quanto eu preciso de você?

− Por que eu tenho a sensação de que você só quer transar comigo? – Atirei, meu lábio inferior tremendo. – Só falar de precisar de mim, de me querer. Mas...

Ele me interrompeu, encostando os lábios nos meus de uma maneira tão suave que todas as borboletas que estavam pelo meu corpo simplesmente se acumularam na minha barriga em segundos.

− Ainda tem a mesma sensação? – O polegar dele deslizou pela minha bochecha.

− Acho que não. – Segurei o pulso dele. – Mas ainda sei o que vai acontecer se nós insistirmos. Então não, Sean. Não posso fazer isso.

Ele suspirou.

− Não vou desistir assim. – Ele me beijou delicadamente de novo. – Você vai ficar com ele, tudo bem. Mas eu vou continuar aqui.

− Espreitando?

− Esperando. Que você venha, mais especificamente.

Eu sorri e beijei-o, suavemente, como uma despedida, antes de pegar minhas roupas com a velocidade de híbrida.

− Espere, Renard. Talvez seja tudo o que você possa ter. – Eu me vesti. – São assim as coisas. Desculpe. Ah... – Virei-me pra ele. – Talvez eu ficasse com você, se tudo fosse diferente.

Os lábios dele se apertaram, como num sorriso, só que ele não sorria.

− Eu ficaria, com certeza.

Deixei-o, mais uma vez, prometendo a mim mesma que não voltaria, e mais uma vez, sentindo que quebraria aquela promessa em um ímpeto.

Meu celular tocou.

“Sei que é meio tarde pra essa proposta, mas que tal uma festa do pijama? :D S2” Era Barbie, considerando a quantidade de emojis usados. (Foram bem pouquinhos, na verdade. De vez em quando, ela exagera).

Mandei um ok pra ela e fui embora, o coração meio doendo, mas sabendo que eu havia feito o certo. Meio arrependida de nunca seguir em frente, mas também nem um pouco arrependida, porque não havia sido totalmente infiel a Michael.

Eu estava resistindo.

*Bárbara*Bem mais cedo*

Emily tinha saído já fazia quase meia hora, Jaline estava na sua empresa de joias, Alicia estava fazendo sabe Deus o quê e eu estava em casa, tranquila. Era do meu feitio ser mais caseira, mais calma, mais de livros. Então eu estava esperando meu cunhado do coração chegar pra eu conhecê-lo melhor e analisar se ele merecia Emy e a fazia feliz de verdade.

Ouvi o som do motor do carro escadas abaixo e pulei da minha cama.

Finalmente!, pensei. Marquei a página do livro e desci a escadaria com naturalidade, já que eu só iria encontrar o namorado da minha amiga. Enfim, cheguei lá justo quando a porta se abriu.

E foi bater os olhos nele que o meu primeiro pensamento foi: problema.

Bom, o namorado dela era lindo, mais do que eu lembrava, já que a minha lembrança do porteiro do hotel tinha apagado com o passar do tempo. Mas eu continuava vendo-o como era, o cabelo cor de areia, os olhos claros, a pele levemente bronzeada, sabe-se lá como. Mas algo nele gritava galinha, bad boy, problema, mesmo que ele estivesse olhando pra Emily com uma ternura inegável e eles estivessem sorrindo um pro outro como se não tivesse ninguém ali perto.

− Ah, Barbie! Esse é o Adam, meu namorado. Lembra dele? – Pisquei, tirando-me daquele torpor estranho, e avancei.

− Lembro, sim. Oi, Adam. – Sorri pra ele. – Ela não cala a boca sobre você, então espero que você seja um cara legal. – O rosto de Emily ficou vermelho que nem uma pimenta, e eu ri dela. – Bem vindo a Portland.

− Obrigado – Ele sorriu pra mim, e um calorzinho legal se espalhou por mim. É, ele era bacana.

Muito bacana.

Nem por isso a sensação do perigo amainou dentro de mim.

*Mihaela*

As ruas eram alheias à conversa do casal que passava por ali.

− Mas, cara, que merda que você não deve estar sentindo – A loira riu. – Ver o que você viu...

− Dê mais um tempo. Você vai ver, a escória voltará a ser a escória, e eu serei o único.

− Ela não te disse a mesma coisa mais cedo?

− Calada, Scheila – O homem rebateu. – Precisamos prosseguir com tudo.

− Achei que queria derrubá-la, como nós.

− Eu quero. Mas pra isso, é necessário um pequeno sacrifício – Ele se justificou. – Se ela tem que ser esse sacrifício...

− Credo, cara. Se manque.

− Relaxe, meu plano não é deixá-la morrer. Mas até que ela esteja acorrentada em algum lugar escuro, faminta e morrendo, nossa milady não vai acreditar que ganhou. Só tenho medo que ela a mate.

− Não vai. Eu analisei a condição dela, e hackeei os arquivos da Verrat. Eu concluí que ela apresenta uma espécie de obsessão, mistura com um transtorno do afeto às avessas. Ela passou a odiar tanto nosso alvo que agora é só o que ela tem, e ao mesmo tempo, ama-a de um jeito conturbado. Antes, era seu status. Agora, é sua inimiga.

− Quer dizer... Que ela só quer torturá-la muito, muito mesmo? Tipo Joker*?

− É. Tipo Joker. Com a Harley Quinn, mais especificamente.


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE @DEUS
Explicações (ai que sdds delas):
Joker: Referência ao Joker no trailer de Suicide Squad, ele fala isso.
BJOS GALERA NOS VEMOS NOS REVIEWS



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