Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 9
Sentimentos mútuos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383981/chapter/9

Todas as roupas de Vampira estavam espalhadas pelo quarto. Daqui a algumas horas, ela finalmente se encontraria com Gambit, e não fazia idéia de como se vestiria. Parecia que nenhuma roupa estava boa. Na verdade, esta indecisão era apenas fruto de sua ansiedade e alegria.

Vampira estava sentada no chão, olhando alguns pares de sapatos, quando alguém bateu em sua porta.

- Ei, Vampira! Eu posso entrar? – Disse Jubileu, que já tinha aberto a porta.

- Claro! Você já entrou mesmo.

- O que aconteceu aqui, Vampira? Parece que um furacão passou pelo seu quarto!

- Eu preciso sair hoje à noite, mas não consigo achar nenhuma roupa legal para usar.

- Vai sair com aquele bonitão que estava com você aqui ontem?

- O quê? Como você sabe disso? - Vampira se levantou surpresa.

- Hoje na aula todas as garotas só falavam sobre este cara! Eu não vi nada, mas todo mundo está dizendo que você estava com um homem muito bonito aqui no instituto.

O rosto de Vampira começou a se avermelhar, e ela tentou disfarçar, mas era praticamente impossível escapar da curiosidade de Jubileu.

- Aah... é mesmo?

- Sim, é verdade. Você está saindo com ele?

- Bem, ainda não. Eu acho...

- Nossa,Vampira! Como você é rápida, hein !? Você mal terminou com o Bobby e já está saindo com outro?

- Eu não vejo nada de mal nisso. Eu já superei, agora sou uma pessoa livre e desimpedida. Aliás, o meu relacionamento com Bobby já estava perdido há muito tempo.

- Mas e quanto aos...

- Meus poderes? – Vampira parecia irritada com a curiosidade de Jubileu, pois ela nunca se sentia muito à vontade para falar de seus poderes e relacionamentos.

- Poxa! Me desculpe, Vampira! Eu não quis te ofender! – Jubileu se assustou com a reação de Vampira.

- Não, tudo bem! – Vampira suspirou fundo – Eu é que peço desculpas. Só estou um pouco nervosa. Faz muito tempo que eu não saio com ninguém, e nem sei o que vestir!

- Não se preocupe, Vampira. Eu posso te ajudar a encontrar alguma coisa legal para usar!

- Obrigada Jubileu! Mas eu acho que não tenho nenhuma roupa bonita!

- Não exagera, Vampira! Vamos ver o que você tem aqui - Jubileu começou a olhar as roupas que estavam em cima da cama. O bom humor voltou após o breve momento de tensão.

Jubileu e Vampira passaram um longo tempo procurando as roupas, mas parecia que nada estava bom para Vampira.

- Então que tal este vestido? – Jubileu segurava um vestido preto. Era simples, mas bonito. Ele tinha alças e o decote não era muito chamativo. Era justo até a cintura, e sua saía batia até um pouco antes da altura dos joelhos.

- Mas nós vamos de moto!

- E o que isso tem a ver? Você pode usá-lo com uma meia-calça preta.

Vampira pegou o vestido e a meia-calça, e ficou os encarando com uma expressão não muito satisfeita. No entanto, ela acabou aceitando esta sugestão, já que estava quase na hora de sair.

- Ok, mas e os sapatos?

- Eu acho que estas botas ficariam legais – Jubileu mostrava à Vampira um par de botas pretas.

- É, pode ser! – Vampira não parecia muito animada com o visual.

Para completar, Vampira também decidiu usar uma delicada jaqueta, pois poderia fazer frio naquela noite.

- Obrigada Jubileu! Eu acho que, sem a sua ajuda, nunca conseguiria decidir o que vestir!

- Amigas são para estas coisas! – Disse Jubileu enquanto abraçava Vampira – Mas me diz uma coisa: esse cara é muito bonito mesmo?

Vampira ficou sem jeito e não sabia como responder exatamente.

- Bem... sim.

- E como ele é? – A curiosidade de Jubileu se aguçava cada vez mais.

- Ah... ele é alto, forte, cabelo castanho e tem um sorriso e olhar encantadores! – Vampira sentia um frio na barriga enquanto se lembrava da fisionomia de Gambit.

- E como ele se chama?

- Gambit.

- Gambit? Mas qual é o nome de verdade dele?

- Eu não sei. Ele também não sabe o meu nome.

- Você não acha que isso seja um pouco estranho?

- Eu acho que você está me fazendo perguntas demais, Jubileu! - Vampira já estava ficando sem jeito com o interrogatório da amiga.

______________________________________________________

Já estava quase na hora do encontro quando Jubileu saiu do quarto de Vampira. Assim ela que saiu, Vampira tomou um rápido banho e foi se arrumar. Quanto à maquiagem, Vampira preferiu passar um batom vermelho e uma leve sombra cinza nos olhos. Já o cabelo, ela não quis fazer nada diferente, apenas o penteou. E assim que ficou pronta, ela pegou a sua bolsa e foi rumo ao portão do instituto.

No entanto, quando tudo parecia que ia dar certo, Vampira se deparou com Logan enquanto descia as escadas.

- Vampira !? – Logan a reparou dos pés à cabeça.

- Oi Logan! – Vampira desviava o olhar e continuou descendo as escadas.

- Ei! Espere! Você está saindo? Não me diga que você vai encontrar com aquele cara de novo?

- Não se preocupe, Logan. Eu vou ficar bem – Vampira parou e passou o encarar – Aliás, eu já sou adulta e tenho o direito de sair com quem eu quiser.

- Você já o conhecia antes! O cheiro que senti em você na semana passada era dele. Foi ele quem te magoou daquele jeito?

- Logan, foi apenas um mal entendido. Está tudo bem agora, eu juro!

- E se este traste te decepcionar de novo?

- Eu sei me cuidar, Logan. Eu já estou bem grandinha para tomar as minhas decisões.

Vampira estava certa, e deixou Logan sem resposta. Ela era como uma filha para ele, e  seria estranho se ele não se preocupasse.

- Eu tenho que ir agora. Depois a gente se fala! Tchau! – Vampira saiu de lá rapidamente, não dando tempo a Logan para se despedir.

Vampira partiu às pressas para a saída do Instituto. E assim que saiu, ela já se deparou com Gambit a esperando, sentado em sua motocicleta.

- Bon jour, chérie! – Disse ele enquanto descia da moto e ia em direção a ela

- Oi! – Vampira disse timidamenteHá quanto tempo está me esperando?

- Eu acabei de chegar, e você está ainda mais linda, chérie – Gambit a olhava inteiramente.

Vampira sentiu o seu rosto corar, e apenas o respondeu com um sorriso. Gambit percebeu que ela ainda ficava sem jeito quando estava ao seu lado. Além disso, ele também esperava ser recebido com, pelo menos, um abraço.

- Bem, então vamos?

- Como quiser, chérie.

E assim, eles subiram na moto, colocaram os capacetes e foram embora. Vampira, que estava se segurando em Gambit, conseguia sentir o perfume dele. Era uma fragrância forte e boa, que o deixava ainda mais irresistível.

- Para onde vamos? 

- Já estamos quase lá, chérie.

Vampira começou a ficar curiosa. Ela não fazia idéia para que lugar estava indo. Mas não demorou muito para que descobrisse.  

Era um restaurante muito elegante, perfeito para um encontro. Ele lembrava à Vampira os ares do sul, e isso a deixava alegre, já que havia anos que ela não ia lá.

- Espero que você goste daqui, chérie – Gambit puxava a cadeira de uma mesa para Vampira se sentar.

- Obrigada! – Vampira se sentou e começou a folhear o cardápio – É um restaurante de culinária típica do sul?

- Sim, eu imaginei que você ia gostar – Disse Gambit enquanto se sentava em frete a ela.

- Mas acho que não eu tinha te contado que eu vim do Mississipi. Então como soube?

- Eu descobri pelo seu sotaque, chérie.

- Ah sim! Também acho que não é preciso você me dizer que veio da Louisiana. Estou certa?

- Ouí. Mas faz um longo tempo que eu não vou lá – Gambit desviou o olhar para o cardápio, tentando disfarçar certa preocupação que se lembrou ao tocar no nome de sua terra.

- Eu também não vou ao Mississipi há anos. Desde que fugi de casa, eu nunca mais voltei – Vampira abaixou a cabeça. As suas memórias também a magoavam um pouco.

- Você fugiu de casa?

- Sim. Os meus pais adotivos não me aceitaram quando descobriram que eu era uma mutante.

- Eu sinto muito, chérie.

- Está tudo bem – Vampira parecia não estar mais decepciona com as lembranças – Depois disto, eu conheci o Logan, e fomos encontrados pelos X-Men. É uma longa história.

De repente, a conversa foi interrompida por uma garçonete. Assim que chegou à mesa para anotar os pedidos, os seus olhos caíram sobre Gambit.

- Boa noite! Já decidiram o que querem?

- Bon jour, chérie. Eu gostaria de um filé de frango e um copo de vinho tinto.

- E quanto a você? – A garçonete se referiu à Vampira, mas os seus olhos continuaram em Gambit.

- Eu vou querer o mesmo, só que ao invés do vinho eu prefiro um copo de água, por favor – Vampira ficou um pouco intimidada pela atitude da garçonete.

- Tudo bem. Eu volto daqui a pouco com os seus pedidos – A garçonete se foi, mas antes lançou uma “piscadinha” para o Gambit.

Após responder à garçonete com apenas um sorriso, Gambit voltou à sua atenção à Vampira.

- Então, como foi o seu dia, chérie?

- Bem. Passei a maior parte do dia procurando o que vestir para hoje à noite – Disse Vampira, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- Mas por quê? Você está tão linda!

- Sabe como são as mulheres, né !? – Vampira sorriu um pouco sem jeito – E quanto ao seu dia, como foi?

- Também passei o dia pensando em você, chérie.

- Isso é uma desculpa para não me dizer que estava em outro crime? – Vampira falou com um tom e olhares sarcásticos.

- Mas é verdade, chérie. E sim, eu também estava resolvendo algumas outras “coisas” – Gambit pôde sentir que Vampira ainda não tinha esquecido o incidente na joelharia, e se sentia um pouco incomodada pelo seu “trabalho”.

Alguns minutos depois, a garçonete retornou com os seus pedidos, e flertando Gambit novamente.

Gambit possuía um gosto apurado. Além de o restaurante ser elegante, a comida era saborosa. Os dois jantaram em silencio, até porque Vampira não tinha muitos assuntos para conversar com Gambit no momento, mas não demoraram muito para que ambos terminassem as suas refeições.

- Você gostaria mais de alguma coisa, chérie?

- Não, obrigada. Eu já estou satisfeita.

- Então, você gostaria de dar um volta por aí?

- Sim, eu adoraria!

Logo, Gambit pediu a conta, e assim que a pagou, os dois saíram do restaurante.

- Obrigada pelo jantar, Gambit. Estava ótimo! – Disse Vampira enquanto caminhava pela calçada.

- Fico feliz por ter gostado, chérie.

Gambit sentiu que aquele era o encontro mais estranho que já tinha dito. Ao invés de andarem abraçados ou de mãos dadas, Vampira caminhava a uma determinada distância ao seu lado, segurando as suas próprias mãos, enquanto Gambit estava com mãos dentro dos bolsos da jaqueta. Ao reparar nisso, ele viu que Vampira usava luvas.

- Não precisa usar luvas comigo, chérie.

- Eu sei... Não é nada pessoal, é apenas força do hábito. Eu confesso que quando perdi os meus poderes, eu até sentia falta delas – Vampira falava com humor.

- Entendo. Eu lembro que você me disse algo sobre o retorno de seus poderes.

- Sim, eu estava chateada por eles terem voltado – Vampira não se sentia mais incomodada em contar o seu passado para Gambit – Foi horrível. Foi como uma volta ao passado! Eu estava com o Bobby, e justamente quando o beijei, os meus poderes voltaram. Então sabe o que aconteceu depois.

Gambit se sentiu um pouco incomodado quando Vampira se referiu ao seu ex-namorado. Na verdade, ele sentia uma espécie de inveja do Bobby por ter tido a chance de beijá-la, apesar das conseqüências seguintes.

- Eu realmente sinto muito, chérie...

- Tudo bem... O nosso relacionamento já não estava indo bem antes de eu tomar a cura.

- Você já estava com ele antes de perder os poderes? – Gambit estranhou este fato.

- Sim, mas não havia nenhum contato. Quer dizer, o Bobby podia bloquear os meus poderes congelando os lábios com os poderes dele, mas isso tinha pouquíssima duração. Depois apareceu a Kitty. Nós duas nos dávamos muito bem, até que o Bobby se aproximou dela e... Então você pode imaginar o que aconteceu.

- Imagino o quanto deve ter sido difícil para você, chérie.

 Gambit, na verdade, tentava esconder o seu ciúme. No entanto, Vampira percebeu que ele havia ficado estranho com a conversa.

- Eu acho que não é legal ficar falando de meu ex com você. Me desculpe. – Vampira se sentia envergonhada. Ela não sabia exatamente como se lidar em um encontro.

- Tudo bem, chérie. É apenas passado – Gambit a respondeu sem olhar para ela, apenas continuou caminhando.

Um silêncio, de repente, permaneceu entre os dois. Assim como Vampira, Gambit também não tinha mais idéias para um diálogo. No entanto, ele também queria falar um pouco sobre seu  passado, mas não se sentia pronto para isso. O silêncio começou a incomodar Vampira, então ela decidiu tomar à frente do novo diálogo.

- Os meus poderes se manifestaram durante o meu primeiro beijo.

- Sério? – Gambit pareceu surpreso e voltou olhá-la novamente.

- Sim. O garoto ficou em coma por quase três semanas. Foi muito frustrante. ­­­Eu tinha acabado de completar 17 anos.

- O seu primeiro beijo foi aos 17 anos? – Gambit ficou ainda mais surpreso e também parou de caminhar.

- Sim. Qual é o problema nisso? – Vampira sorriu e também parou em frente a ele.

- Não é nada, chérie. Eu agora só não sei se eu fui muito precoce ou você foi atrasada nisso – Gambit falava humoradamente.

- Eu sempre fui um pouco tímida, Ok?

- Eu imaginei isso, chérie.

De repente, enquanto eles se entreolhavam, uma voz desconhecida surgiu ali perto.

- Olá, Boa noite!

Gambit e Vampira tinham parado em frente a uma loja de doces. Na porta, havia um senhor vendendo maçãs-do-amor.

- Me desculpe em interromper, mas você gostaria de comprar uma maçã-do-amor para a sua namorada?

Ao ouvir isso, Vampira sentiu o seu rosto esquentar. Gambit olhou para ela sorrindo e pôde perceber que ela havia ficado sem graça.

- Claro! – Disse ele indo comprar o doce. Assim que comprou, ele entregou a maçã à Vampira.

- Obrigada! – Vampira aceitou, mas não conseguia encará-lo nos olhos.

- Bem, acho melhor encontrarmos um lugar para sentar. O que achar de irmos àquele parque?

- Sim, pode ser.

Havia um parque de brinquedos próximo de onde estavam. Mas chegando lá, eles perceberam que não havia bancos, então se decidiram em sentar em duas gangorras. Eles estavam sozinhos naquele lugar, e assim que se acomodaram, um silêncio voltou a permanecer entre eles. Enquanto Vampira comia a sua maçã, Gambit pensou que aquele poderia ser o momento propício para contar um pouco sobre a sua história.

- Chérie, às vezes eu sinto que não fui totalmente perdoado por aquele dia na joalheria.

- Está tudo bem. O que você estava fazendo era errado. Mas eu creio que você tenha os seus motivos para isso.

- Na verdade eu tenho sim – Gambit levantou a cabeça, e passou a encará-la profundamente – O meu nome é Remy LeBeau e eu sou oriundo de uma família de ladrões.

Vampira sentiu o seu corpo gelar e deixou o resto de sua maçã cair no chão quando ouviu as primeiras declarações sobre quem Gambit realmente era.

- Na Louisiana, há duas famílias vigentes e rivais: o clã dos ladrões e dos assassinos. E como disse, eu pertenço à família dos ladrões. Eu fui criado e altamente treinado desde criança. Então, eu acho que a vida não me ofereceu muitas opções. Eu apenas faço o que me ensinaram para sobreviver. Por isso eu estava na joalheria àquela noite, chérie.

Vampira não sabia o que dizer. Finalmente aquele homem misterioso estava se abrindo para ela, e a história parecia ser triste, assim como a sua.

- Na verdade, eu fui adotado pelo clã devido aos meus poderes. Mas o meu pai nunca admitiu totalmente isso. Ele é o líder do clã, e por causa de meus poderes, eu fui escolhido para herdar a liderança – Gambit fez uma pausa e pensou se poderia contar a segunda parte da história – Mas quando chegou o dia de eu assumir o clã, eu tive que fugir.

- Você também fugiu de casa? – Finalmente Vampira conseguiu dizer alguma coisa. Ela começou achar a história de Gambit parecida com a sua.

- Ouí, chérie. Eu não tive escolha. E foi durante o meu exílio que o Striker me capturou e levou para a ilha. Eu passei dois anos me definhando naquele inferno, até que um dia eu consegui escapar.

- O que aconteceu? Eles machucaram você? – Vampira se preocupou. O seu coração começou a doer ao imaginar o que deve ter acontecido com Gambit.

- Eles faziam “estudos” com mutantes, extraindo os nossos poderes. Éramos tratados como animais lá – Gambit pôde sentir a preocupação contida no olhar de Vampira – Mas não se preocupe, chérie. Eu consegui superar tudo isso.

- Eu realmente lamento muito por você ter passado por tudo isto.

- Tudo bem. Mas então, após algum tempo, eu encontrei com o seu amigo Logan. Na verdade foi ele quem me encontrou – Gambit começou a sorrir - Ele “insistiu” para que eu o levasse até a ilha do Striker. Eu o levei e quando o reencontrei lá, ele tinha perdido a memória.

O coração de Vampira ficou apertado. As histórias de Gambit, de alguma forma, a abalaram. Eles eram muito parecidos. Além de terem sido adotados, e apesar dos diferentes motivos, eles tiveram que fugir de casa para nunca mais voltar. Vampira sabia como era difícil suportar a dor de estar sozinho.

Assim que Gambit terminou a sua história, Vampira se levantou da gangorra e ficou de costas a ele.

- Alguma coisa errada, chérie? – Ao perceber o estranhamento de Vampira, Gambit também se levantou, indo até ela.

Vampira não sabia como explicar exatamente. Ela apenas se virou a ele, e decidiu dizer as palavras que vinham à sua cabeça.

- Pela primeira vez sem usar os meus poderes, eu pude sentir as lembranças de alguém – Vampira abaixou a cabeça quando sentiu que seus olhos encheram de lágrimas – Eu consigo sentir os seus sentimentos, eu posso sentir a sua dor.

Gambit ficou perplexo. Ele imaginava que, assim que Vampira descobrisse o seu passado com os ladrões, ela ficaria com medo e não quisesse mais vê-lo. No entanto, ela pôde compreendê-lo até demais.

- Pardon, chérie. Eu não tive a intenção de abalá-la.

Vampira, em um impulso, o abraçou fortemente.

- Você não merecia passar por tudo aquilo! – As lágrimas já escorriam pelo rosto de Vampira.

Gambit pôde perceber que ela era mais pura do que ele já imaginava. A sua sensibilidade e ternura também o comoveram. Após o forte abraço, Vampira olhou para Gambit, e ele começou a limpar as lágrimas de seu rosto.

- Não chore, chérie. Eu estou aqui com você. Agora eu sempre estarei aqui por você.

Foi como se estas palavras tivessem hipnotizado Vampira. Ela pôde sentir toda a sua paixão de uma vez só. Então, em um breve momento, eles voltaram a se encarar. Além disso, eles foram se aproximando, até que, finalmente, se beijaram.

Eles já haviam se beijado antes, mas parecia que esta tinha sido a primeira vez. Vampira sentiu todas as sensações que havia sentido antes. Mas desta vez, eram ainda mais intensas. Gambit a puxava contra o seu corpo, e também não acreditava no que acabara de realizar. De repente, ele parou e sussurrou bem próximo aos lábios dela:

- Eu estava esperando por isso há bastante tempo, chérie!

- Eu também! – Vampira se estremeceu. E sem perceber, ela confessou que esteve pensando nele durante todo este tempo.

E assim, eles ficaram se beijando apaixonadamente no parque durante aquela noite de lua-cheia. Gambit pensou em chamá-la para o seu apartamento, mas ele se lembrou do que aconteceu quando se conheceram. Então, para não estragar o momento de novo, ele preferiu dar mais tempo ao tempo.

O tempo parecia que havia congelado para os dois, até que Vampira se lembrou que tinha que voltar para casa. Ela queria ficar mais. No entanto, ela também tinha que evitar novos problemas com o pessoal da mansão, especialmente com Logan. Gambit também queria que ela ficasse mais, mas ele compreendia a situação, e aceitou em levá-la de volta à mansão.

Quando estavam saindo do parque, Gambit pôde perceber que Vampira começou a sentir frio. Então ele, delicadamente, a contornou com o braço, até segurar em sua cintura. Fazia um bom tempo que Vampira não andava tão próxima de um homem. Ela apenas olhou para ele e sorriu.

______________________________________________________

 Assim que chegaram ao instituto, eles desceram da moto para se despedirem.

- Obrigada pelo passeio. Eu adorei! – Vampira parecia muito alegre e satisfeita com a noite que tivera.

- Fico feliz em saber disto, chérie. Tudo foi perfeito, especialmente você.

Vampira sorriu e ainda sentia o seu rosto corar. Eles se olharam novamente, e se dependesse dos dois, este momento seria eterno.

- Eu tenho que ir agora...

-Nos vemos de novo, chérie?

- Claro! – Vampira o respondeu com felicidade, e viu que ele também sorriu com a sua resposta – Então, até mais!

Assim que Vampira se virou para entrar, Gambit a segurou pelo braço, puxando-a para ele, e dando-lhe um profundo beijo de despedida.

- Bon jour, ma chèrie – Ele sussurrou bem próximo a ela.

- Boa noite... Remy!

Após as despedidas, Vampira entrou no instituto. Gambit estava feliz, e pôde sentir o seu coração bater ainda mais forte quando a ouviu pronunciar o seu nome pela primeira vez.

Os olhos de Vampira também brilhavam de tanta felicidade. Enquanto se arrumava para ir dormi, ela se lembrava cuidadosamente de cada detalhe daquele momento perfeito. Assim que se deitou, ela soltou um longo suspiro apaixonado. E ao fechar os olhos, ela torceu para que tudo isto não fosse apenas um sonho para quando acordasse de manhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!